quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O globo beija a flor da ditadura africana

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015


Internautas, jornais e o caso HSBC

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O caso HSBC é sintomático dos compromissos de alguns grupos de mídia com a transparência.

Nos anos 80 e 90 teve início uma disputa sem regras no mercado financeiro internacional. Com a ajuda da rede de paraísos fiscais, grandes instituições passaram a reciclar toda sorte de dinheiro, de magnatas, traficantes, petrodólares, da corrupção política, da sonegação, do tráfico de pessoas e do caixa 2 em geral.

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Essa fase de extrema balbúrdia bateu no limite com o atentado das Torres Gêmeas. Percebeu-se que, graças a esse sistema, o crime organizado tinha ascendido a patamares inéditos de influência mundial.

Teve início, então, um gigantesco trabalho de construção de barreiras institucionais à atuação dos criminosos. Iniciou com novas legislações nacionais. Depois, com o aprimoramento da cooperação internacional. E com o controle gradativo sobre as transações eletrônicas.

No Brasil, o então Ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos montou o Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência) justamente para reunir todos os órgãos que trabalhavam no combate ao crime organizado, da COAF (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) ao Banco Central, do Ministério Público Federal à Receita, da Polícia Federal à CGU (Controladoria Geral da União).

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A ação do Ministro foi resultado da frustração de duas CPIs que bateram no centro do crime financeiro instalado: a dos Precatórios e a do Banestado.

No primeiro caso, batia de frente com o então prefeito Paulo Maluf e com senadores envolvidos na autorização de aumento do endividamento público. No segundo, batia em tantas figuras de vulto, em tantos políticos de todos os partidos, que terminou em pizza.

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O caso Wikileaks foi o primeiro ensaio de colaboração internacional para desvendar os grandes segredos globais, onde se misturam geopolítica, manobras financeiras, jogadas internacionais. Um funcionário do governo dos EUA disponibilizou um enorme banco de dados de escutas do governo norte-americano. E uma organização internacional de jornalistas, de vários países, tratou de destrinchar os dados.

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O caso HSBC, ou Swissleaks, é a segunda experiência. Houve o vazamento das contas do banco na Suíça, junto com a informação de que sua especialidade era a de orientar clientes sobre como esconder patrimônio. O banco de dados foi repartido com uma equipe de jornalistas transacional, através da ICIF, uma fundação de jornalismo investigativo.

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Em vários países as investigações andaram céleres. Em outros, bateram em interesses ligados aos grupos jornalísticos.

Na Inglaterra, Peter Oborne, principal colunista político do Telegraph, pediu demissão denunciando que os jornalistas foram impedidos de investigar o HSBC devido a interesses na publicidade.

Na França, a redação do Le Monde denunciou a tentativa dos acionistas de impedir os trabalhos.

No Brasil, as investigações foram literalmente escondidas sob o argumento mais canhestro. A pretexto de não cometer injustiças, o jornalista responsável pelos dados informou ter repassado os dados para a Receita, em dezembro, e estaria aguardando que os técnicos fizessem seu trabalho.

Por aqui, iniciou-se um trabalho colaborativo visando filtrar as informações do caso. O endereço é http://www.jornalggn.com.br/mutirao/mutirao-do-hsbc-0

Fonte: Blog do Miro

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O silêncio da velha mídia sobre o Swissleaks  diz muito , talvez até mais do que qualquer reportagem , notícia, artigo, publicado nos grandes jornais e emissoras de TV.

No entanto, hoje, na retomada da folia, já que a seriedade terminou ontem com a apuração dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, o jornal o globo , ou extra, não me recordo exatamente - são do mesmo dono - apresenta em primeira página uma declaração de um integrante da escola Beija-Flor - campeã do carnaval carioca - de que a fortuna que a escola recebeu do governo da Guiné Equatorial teria sido repassada por empreiteiras brasileiras ligadas a Petrobras  que executam obras no país africano.

Em se tratando de  folia o grupo globo bota pra quebrar, tanto que já saiu com essa no início das festas, dos delírios , das fantasias alucinantes, das alegorias fantásticas, e tudo dentro do enredo sobre a movimentação do ouro negro que teria também ramificações em terras  da Guiné Equatorial.

É uma pena que a população só tenha quatro dias no ano de lucidez e contato com a realidade.
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Raissa de Oliveira, da Beija Flor, saúda o Teodorinho da Guiné Equatorial; Boni (de amarelo) de olho; ao fundo, placa do Swisssamba da Tijuca (foto Cristina Boeckel, do G1)
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O ditador e seus amigos

Marco Antonio Cavalcanti/ Riotur
Como o dinheiro do 
presidente da Guiné 
Equatorial comprou – além 
do carnaval - apoio de 
lobistas, advogados, políticos 
e ONGs nos EUA

19/02/2015
Por Ken Silverstein

Por mais de uma década, o ditador da Guiné Equatorial, país na África subsaariana, e a sua família gastaram uma fortuna nos Estados Unidos, comprando desde imóveis até roupas em lojas como Dolce & Gabanna e Louis Vuitton. No final de outubro do ano passado, o governo americano finalmente decidiu agir para refrear as compras do círculo íntimo do presidente Teodoro Obiang Nguema; o Departamento de Justiça abriu um processo pedindo o confisco de dezenas de milhões de dólares em bens do filho e herdeiro de Nguema.
A petição, obtida pelo site 100Reporters, parceiro da Pública, afirma que Teodorin, filho do ditador e ministro de florestas do país, usou recursos provenientes de lavagem de dinheiro para comprar uma mansão de US$30 milhões em Malibu, em Los Angeles, um jatinho particular e até relíquias que pertenceram a Michael Jackson – como a luva encravada de cristais usada pelo astro pop na turnê do álbum “Bad”.
Segundo a petição, oficiais do alto escalão do regime de Obiang “adquiriram uma enorme fortuna” através de métodos como “extorsão, Teodoro Obiang Nguema, presidente da Guiné Equatorialapropriação indébita, roubo e desvio de verbas públicas”. Ao anunciar a abertura do processo, o assistente da promotoria Lanny Breuer afirmou: “Estamos enviando uma mensagem clara: os Estados Unidos não servirão de esconderijo para a riqueza de líderes corruptos”.
Não é bem assim. Afinal, a base da riqueza do regime de Obiang é o petróleo explorado por empresas americanas como ExxonMobil e Amerada Hess. Com uma produção estimada de cerca de 300 mil barris por dia, a Guiné Equatorial é o terceiro maior produtor na África subsaariana. A ação do Departamento de Justiça – que vem muito depois de dois relatórios do Senado detalharem, já em 2004, a apropriação da renda do petróleo pelo clã de Obiang – confirma a reputação do regime como um dos mais corruptos do mundo.
Mas passou quase desapercebido que tamanha corrupção tenha sido facilitada por agentes dos Estados Unidos: empresas de energia que enriqueceram Obiang fazendo acordos mais que amigáveis com ele; banqueiros e contadores que ajudaram o clã a lavar seu dinheiro; lobistas generosamente pagos que fizeram propaganda para ganhar apoio político nos EUA; e até duvidosos grupos pró-democracia que, com financiamento das petroleiras, enviaram observadores para validar eleições fraudulentas no país africano.
A maior parte dos facilitadores do regime não fizeram nada ilegal; porém, sem cerimônia, deram proteção política ao regime de Obiang. Apenas seus intermediários financeiros podem ser vir a ser escrutinizados legalmente – além de eticamente.
“Corrupção em grande magnitude não é apenas um problema local, é internacional, pois muitas vezes envolve múltiplas jurisdições”, explica Mark Vlasic, professor de direito na Universidade de Georgetown e ex diretor da Iniciativa para Recuperar Bens Roubados, do Banco Mundial.
“Oficiais corruptos não usam o PayPal para fazer transações com largas somas em dinheiro”, diz Vlasic. “Eles precisam de pessoas que os auxiliem, e esses facilitadores também têm que ser punidos pelos crimes”.
Auxílio classe A
Ainda hoje, o herdeiro Teodorin consegue obter auxílio Classe A nos EUA para resolver seus crescentes problemas. Advogado de escritórios renomados como Cleary Gottleib estão sempre à mão para lidar com seus problemas legais.  Tanto ele quanto seu pai pagam uma das maiores empresas de Relações Públicas em Washington para polir a sua imagem. Documento judiciais e entrevistas conduzidas pelo 100Reporters mostram que Teodorin emprega também intermediários americanos para constituir empresas para ele, gerir suas transações financeiras e atuar como testas-de-ferro.
Até 1990, ninguém prestava muita atenção à Guiné Equatorial. Era um dos países mais pobres e isolados do mundo. Obiang, que chegara ao poder através de um golpe de Estado em 1979, era internacionalmente considerado um pária.
Mas isso mudou no começo dos anos 90, quando a Walter International, uma empresa sediada do Texas, começou a explorar um campo de gás natural no país. Para conseguir a permissão de exploração, a Walter (que depois conseguiu vender seus direitos sobre a operação por nada menos que US$ 46 milhões) financiou os estudos de Teodorin em um curso de inglês na universidade de Pepperdine, em Malibu.
Para seu desgosto posterior, a Walter concordou em pagar todas as despesas de Teodorin, despesas que chegariam a US$ 50 mil em cinco meses, incluindo excursões para compras luxuosas em Beverly Hills e uma suíte no hotel Beverly Wilshire.
A entrada da Walter International na Guiné Equatorial foi negociada com o então embaixador americano, Chester Norris, que mantinha uma relação amigável com o regime de Obiang. Tanto que, depois de se aposentar na carreira diplomática em em 1991, ele virou representante oficial do presidente da Walter International.
O governo de Obiang gostava tanto de Norris que deu o seu nome a uma rua em uma área residencial de luxo para executivos da indústria petroleira, na capital do país.
Apesar do conhecido histórico de repressão política do governo, Norris diz acreditar que Obiang é um líder “bem intencionado”, embora reconheça que não havia feito o suficiente para ajudar os pobres, e que “deveria estar construindo casas, escolas e hospitais”.
A entrada das petroleiras
O verdadeiro frenesi a respeito de Obiang teve início em meados da década de 90, quando empresas americanas descobriram grandes reservas de petróleo no litoral do país que governa. Meses antes, a embaixada americana local havia fechado suas portas, em parte porque o novo embaixador John Bennett, sucessor de Norris no cargo, foi menos indulgente com os excessos do regime, e passou a ser ameaçado de morte por suas críticas às violações contra direitos humanos.
Assim, as petroleiras passaram a ajudar Obiang, na esperança de melhorar as suas relações com os Estados Unidos. Em 1996, antes da sua fusão com a Exxon, a Mobil ajudou a custear a viagem de observadores da Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais por ocasião das primeiras eleições sob o governo Obiang. O conselho executivo da fundação, na época, incluía Peter G. Kelly, um lobista que representava o regime de Obiang em Washington.
A fundação criticou a eleição – Obiang ganhou com 98% dos votos – mas não tanto quanto a maioria dos observadores internacionais independentes. No ano seguinte, ela enviou uma delegação ao país que concluiu que, apesar dos problemas, havia “oportunidades para o governo, para os partidos políticos e para a comunidade internacional trabalharem conjuntamente em prol da ampliação do espaço democrático”.
Quatro anos depois, a Mobil contratou uma ONG chamada Instituto para Estratégias Democráticas para enviar observadores às eleições municipais. De novo, observadores independentes criticaram veementemente aquelas eleições, mas a equipe paga pela indústria de petróleo apresentou uma visão diferente, relatando que as eleições foram livres e justas.
No mesmo ano, um deputado do estado de Louisiana, William Jefferson, encabeçou a primeira delegação de congressistas dos EUA a visitar a Guiné Equatorial. Foi recebido com entusiasmo pelo governo e recebeu a chave da capital, Malabo.
Nove anos depois, Jefferson (popularmente conhecido no seu estado natal como “Dólar Bill”) foi sentenciado a 13 anos de prisão por pagamento de propinas e conspiração para violar a Lei Anti-Corrupção no Exterior (FCPA, na sigla em inglês). Parte desses crimes se devia aos seus esforços para ajudar empresas americanas a ganhar concessões de petróleo na Guiné Equatorial.
Foi mais ou menos nesta época que a empresas americanas começaram a produzir grandes quantidades de petróleo no país, que se tornou um importante aliado energético dos Estados Unidos. Isso levou a uma aproximação política entre Washington e Malabo, lubrificada por intenso lobby pago pela empresa petrolífera Amerada Hess. O coordenador dessa campanha de lobby era K. Riva Levinson, que havia trabalhado anteriormente com o lobista Peter G. Kelly.
“A maior parte das concessões de petróleo e gás natural na Guiné Equatorial acabam nas mãos de empresas americanas”, escreveu Levinson em um memorando para a administração Bush em 2001. “Diferentemente dos outros países da região, onde o Estado Unidos perdem para competidores [europeu]”.
Logo depois deste documento, a administração anunciou a reabertura da sua embaixada.
Entram os bancos
Enquanto isso, a Guiné Equatorial estava depositando centenas de milhões de dólares de receita provenientes do petróleo no Riggs Bank em Washington, numa conta estatal efetivamente controlada por Obiang.
O banco Riggs também abriu dezenas de contas pessoais para o presidente e os seus parentes, algumas delas em paraísos fiscais. “O banco Riggs… ignorou evidências de que estava administrando dinheiro proveniente de corrupção internacional, e permitiu que diversas transações suspeitas ocorressem sem jamais alertar as autoridades”, concluiu uma investigação do Senado em 2004.
Mais do que isso: o banco designou o seu vice-presidente, Simon Kareri, para servir como gerente pessoal da família de Obiang. O diligente Kareri aumentou  o limite pessoal do cartão de débito da primeira dama para US$10 mil por dia, para se adequar às suas ambições de compras quando ela viajava aos EUA. “O limite de US$ 2.500 é insuficiente para as suas necessidades”, explicou o banqueiro em um memorando obtido pela comissão do Senado.
Kareri, já falecido, ajudou o presidente a comprar duas mansões em Potomac, Maryland, por cerca de US$ 4 milhões. Em dinheiro vivo. Ele também ajudou o irmão de Obiang, Armengol Ondo Nguema, a comprar uma casa de US$ 349 mil na Virginia, no ano de 2000.
Apenas um ano antes, um relatório do Departamento de Estado americano sobre violações de direitos humanos na Guiné Equatorial havia mostrado que Ondo Nguema, à época chefe do aparato de segurança do país, ordenara a seus homens urinar em prisioneiros, cortassem suas orelhas à faca e jogar óleo sobre eles, para atrair a picada de formigas. “O senhor Armengol Ondo Nguema é um prezado cliente do banco Riggs Bank”, escreveu o vice-presidente Kareri a um agente imobiliário a respeito da compra da propriedade na Virgínia, garantindo que seu cliente tinha dinheiro para pagar pela propriedade.
O Senado também descobriu que as empresas petroleiras estavam pagando milhares de dólares ao núcleo duro do governo do país, o que “pode ter contribuído para práticas corruptas”, segundo o relatório.
A ExxonMobil vendeu ao presidente Obiang 15% em uma negociação de venda de petróleo, pela qual ele pagou à época US$2.300. Em seis anos, o valor da sua parcela no contrato havia aumentado em 280 vezes.
Tanto a ExxonMobil quanto a Amerada Hess contrataram a empresa de segurança privada Sonavi, cujo diretor era ninguém menos que Ondo Nguema, o torturador.
A Amerada Hess pagou a membros do governo e seus familiares mais de US$2 milhões para alugar propriedades no país, dos quais cerca de ¼ foram pagos a um menino de 14 anos, parente de Obiang, num contrato assinado em 2000.
O relatório do Senado acabou sendo altamente vexaminoso para a Guiné Equatorial e seus amigos americanos.
O banco Riggs foi multado em US$16 milhões por violações à Lei do Sigilo Bancário, e acabou sendo vendido para o banco PNC Financial Services.
Executivos das petroleiras foram intimados a testemunhar em uma audiência pública sobre o relatório, na qual o senador Carl Levin afirmou: “Não vejo nenhuma diferença fundamental entre  negociar com Obiang e com Saddam Hussein.”
Eles sabiam
Na audiência, Andrew Swiger, executivo da ExxonMobil, afirmou que na Guiné Equatorial “muitas empresas têm relações familiares com algum membro do governo, e virtualmente todos os servidores do governo têm seus próprios interesses comerciais”. Ele contou que era “virtualmente impossível fazer negócios…sem fazer negócios com um membro do governo ou o parente de algum membro do governo”.
A ExxonMobil e a Amerada Hess disseram ao Senado que a Sonavi monopoliza os serviços de segurança, então não havia outra opção a não ser contratá-la.
Porém, o relatório do Senado não evitou que o clã Obiang recrutasse mais facilitadores americanos, em especial o herdeiro Teodorin.
Embora alguns bancos tenham se recusado a abrir contas para ele, o herdeiro contratou Michael Berger e George Nagler – um advogado especialista em falência sediado em Los Angeles e outro que trata de direito imobiliário e financeiro, de Beverly Hills – para montar empresas de fachada e contas bancárias controladas por Teodorin, mas sem vínculos legais com ele.
Foi através de uma dessas empresas, a Sweetwater Malibu Inc., que Teodorin comprou a sua mansão em Malibu. E no caso de outra empresa, a Sweet Pink, Teodorin nomeou como presidente a rapper Eve, sua namorada à época.
Todo ano, o herdeiro do ditador da Guiné fazia uma festança na sua casa que tinha até nome próprio, a “Nguema Summer Bash”. Em 2007, o advogado Berger marcou presença. “Muito obrigada por me convidar para a sua festa e por ser tão bom para mim”, escreveu o advogado, por email, no dia seguinte. “A comida estava excelente, a bebida estava melhor ainda, a casa, a vista, o DJ, e o tigre branco… SO COOL!”
No mês seguinte Teodorin conseguiu que Berger fosse convidado ao “Kandy Halloween Bash”, a festa de Dia das Bruxas realizada na mansão da revista Playboy. O flyer da festa prometia “modelos com o corpo coberto de pinturas”, “go-go dancers” e “mil gatas escolhidas a dedo e com os modelitos mais sexy”.
Depois dessa festa, Berger enviou outro email efusivo a Teodorin. “Me diverti horrores. Conheci muitas mulheres bonitas… Se elas souberem você está procurando uma noiva, mulheres do mundo todo vão ficar ainda mais loucas por você”.
Os lobistas e profissionais de RH não pensaram duas vezes sobre trabalhar para Obriang, apesar da corrupção flagrante e das violações de direitos humanos cometidas pelo seu regime – desde que ele pagasse bem.
Um dos especialistas contratados foi Lanny Davis, ex consultor especial do presidente Bill Clinton, um proeminente oportunista de Washington que já teve na sua carteira de clientes apoiadores do golpe de 2009 em Honduras e Laurent Gbagbo, presidente da Costa do Marfim que foi forçado a sair do poder.
Ironicamente, Davis, que tinha um contrato anual de US$ 1 milhão, processou seu antigo chefe por não pagar a conta.
A investigação inicial do Departamento de Justiça dos EUA e da ICE a respeito das atividades de Teodorin no país veio a público em 2009, em reportagem na revista Harper’s. Documentos da investigação mostravam que Teodorin conseguiu complementar o seu parco salário ministerial de US$5.000  por mês criando um “imposto revolucionário” sobre a extração de madeira, que as madeireiras internacionais deviam pagar a uma empresa de sua propriedade.
No ano passado, um relatório do Senado dos EUA detalhou as atividades de Berger, Nagler e outros profissionais que trabalhavam para Teodorin, mostrando que ele transferiu mais de US$100 milhões para os Estados Unidos através dessas empresas de fachada.
A luva brilhante de Michael Jackson
Hoje em dia, Teodorin ainda consegue contratar americanos para ajudá-lo a resolver seus problemas financeiros e corporativos. Além das empresas que já trabalham para ele, o filho de Obiang contratou os serviços de uma pequena empresa de contabilidade de Los Angeles chamada James McCaleb.  De acordo com o seu site, a McCaleb – que também tem um escritório em Honolulu, no Havaí – ajuda seus clientes a “concentrar todos os recursos no que mais importa: aumentar a renda e pagar menos impostos”. A McCaleb, que registrou várias das empresas usadas por Teodorin, não respondeu aos telefonemas do site 100Reporters pedindo uma entrevista.
A petição governamental para confisco de bens afirma que um intermediário não identificado de Los Angeles ajudou Teodorin a comprar as relíquias de Michael Jackson, registrando-se para o leilão em Beverly Hills e na China.
O intermediário enviou um email para a casa de leilões em que dizia: “Por favor, certifique-se que o nome Teodorin não apareça em lugar algum, ele deve ser invisível”. Logo depois, o mesmo intermediário fez lances vencedores sobre diversos itens, num total de US$ 1,4 milhão. As mercadorias foram então faturadas na conta de “Amadeo Oluy” e enviadas para a Guiné Equatorial.
Teodorin contratou diversos advogados para lidar com seus problemas legais nos Estados Unidos. Um dos maiores é a atual tentativa do governo de bloquear seus bens em função das diversas ações judiciais movidas por ex-empregados de sua propriedade em Malibu, em Los Angeles, que denunciam falta de pagamento. Nos processos, os ex empregados fornecem muitas informações sobre o luxuoso estilo de vida de Teodorin.
A equipe de advogados recém contratada inclui alguns peixes pequenos, mas também renomados advogados como Duane Lyons do escritório Quinn Emanuel (Luons foi defensor do governo de Los Angeles) e Juan Morillo, do escritório Cleary Gottlieb, que figura na lista dos 50 melhores advogados com menos de 45 anos dos Estados Unidos.
Teodorin e o governo de seu pai empregam também a Qorvis Communications, empresa de relações públicas de Washington que chegou a faturar US$ 70 mil por mês dos dois clientes. Como mostra um recente artigo no site Salon, a Qorvis, que também trabalha para os governos do Bahrein e da Arábia Saudita, é especialista em tentar enganar o algoritmo do Google ao soltar um fluxo constante de press releases positivos a respeito de seus clientes na esperança de enterrar as inevitáveis notícias ruins relacionadas aos seus nomes.
Ainda em 2009, o procurador-geral Eric Holder disse, no Fórum Global em Doha, que “quando os ‘cleptocratas’ saqueiam os cofres de suas nações, roubam seus recursos naturais e desviam a ajuda para o desenvolvimento, eles estão condenando suas crianças à fome e doenças. Em face desta injustiça, recuperar os ativos [desse saque] é um imperativo global”.
Assim como o auto-controle por parte dos países que se beneficiam desse saque.
Jantares e black-tie
No dia 15 de dezembro de 2011, o presidente Obiang recebeu uma ajuda de outro facilitador americano, quando ganhou o prêmio “Inspiração da África”, concedido em um jantar na Fundação Leon H. Sullivan, no hotel Marriott-Wardman Leon, em Washington.
O evento foi realizado para homenagear os destinatários de suas “exemplares contribuições para melhorar a vida das pessoas mais vulneráveis da África”. O prêmio foi dado à União Africana, e Obiang o recebeu como presidente da entidade. O governo da Guiné Equatorial alegou, como era previsto, que o presidente foi pessoalmente honrado.
Um comunicado de imprensa dizia que a elegante Hope Masters, líder da fundação, elogiou-o “pela sua liderança exemplar e por suas contribuições na reconstrução de Guiné Equatorial”. Na página do governo no Flickr há diversas fotos de Obiang durante a cerimônia – incluindo uma com Masters –, todas com a legenda: “presidente Obiang ganha prêmio Sullivan”.
A fundação diz que “capacita pessoas desprivilegiadas ao redor do mundo”, o que faz, na maioria das vezes (julgando pelo seu site) através de videoconferências, happy hours, jantares chiques em estilo black tie e premiações. Pelos seus esforços diligentes em ajudar os menos afortunados do mundo, somando salário e benefícios, Masters recebeu cerca de US$ 194 mil em 2006. Seu marido, Carlton, que é afiliado á fundação, dirige uma firme de consultoria que faz negócios na África.
O presidente da fundação é Andrew Young, o antigo embaixador estadunidense nas Nações Unidas e também ex-prefeito de Atlanta. Ele agora dirige a GoodWorks Internacional, uma empresa de consultoria que já trabalhou com diversos governos africanos notoriamente corruptos. Seu sócio na Goodworks, Carlton Masters, é casado com Hope Masters.
Em outubro de 2011, ativistas reclamaram para a fundação depois que ela lançou um release que incluiu Obiang na lista de pessoas que deveriam receber uma menção honrosa no jantar. A fundação lançou então uma série de tweets se desculpando, negando que seria uma homenagem a Obiang. A confusão seria resultado de “um infeliz erro no release”, erro taxado como “HORROROSO”. A fundação, diz outro tweet, “NUNCA faria tal homenagem”.
Em resposta a perguntas enviadas por e-mail, Aly Ramji, coordenador de projetos especiais na Fundação Sullivan, negou que o presidente Obiang ou seu governo tenham feito doações para a fundação. Ainda assim, segundo a transcrição do seu discurso feito no jantar, Obiang diz que “a Guiné Equatorial contribui hoje no financiamento” da fundação “como já foi feito no passado”.
Ken Silverstein é bolsista da Open Society Foundation e editor contribuinte da Revista Harper’s.
Clique aqui para ler o texto original, em inglês, no site 100Reporters.
Fonte: BRASIL DE FATO

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Povo pede impitimam do grupo globo

Impitiman é meuzovo


Por Renato Rovai -  fevereiro 15, 2015 12:51 


Impitimam é meuzovo


E de repente lá da cobertura global do Carnaval do Ceará vem o grito de guerra mais pop contra a tentativa de golpe da oposição que não sabe perder, impitiman é meuzovo.

É o resgate do humor na batalha da comunicação contra o raivoso discurso midiático. É uma chama de lucidez discursiva entre os aliados de Dilma.

Em política, quem perde o humor em disputas de caráter popular, em geral é derrotado.

Do Ceará vem o grito de guerra que pode tirar Dilma e o seu governo das cordas: impitiman é meuzovo.


Fonte: Blog do Rovai
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Os foliões do RJ e o 'Chora, Merval'

Por Miguel do Rosário, no blog Tijolaço:

Todo ano é a mesma coisa. A mídia tenta impor um “tema” para máscaras de Carnaval.

Desta vez foi a máscara de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás acusado (mas ainda não condenado, portanto inocente até prova em contrário) de envolvimento com os esquemas de corrupção da Petrobrás.

A mídia, Globo à frente, claro, veio com a história de que a máscara seria um “sucesso”.

Não se viu uma alma viva usando a máscara.

No ano passado (ou no anterior), foi a máscara de Joaquim Barbosa. Dizia-se que um fabricante estava produzindo milhares. Bem, encalhou tudo.

Ninguém usou máscara de Joaquim Barbosa.

No carnaval deste ano, o que se viu, isso sim, foram foliões usando a Globo para mandar mensagens contra o impeachment da presidenta Dilma. Isso em Fortaleza.

No Rio, um grupo de foliões saiu com a máscara de “Chora, Merval” (foto acima), onde o colunista mais obediente à linha editorial dos Marinho aparece chorando com a derrota de seu candidato, Aécio Neves.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015


Globo ainda vai destruir o Carnaval

Por Antônio Mello, em seu blog:

Qualquer um que conheça o mínimo da história dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro sabe da importância de Fernando Pamplona.

Pois a São Clemente saiu com um enredo em homenagem a ele, sob a batuta de outra das grandes personagens dos desfiles, Rosa Magalhães.

E o que faz a Rede Globo, que detém a exclusividade da transmissão?

Ignora.

A emissora que detém o direito exclusivo da transmissão nos privou de ver ao vivo essa homenagem a Pamplona. Passou novela e bbb.

Aliás, mesmo os desfiles que transmitiu a Globo não nos deixou assistir, com uma edição que não leva em conta a ordem das alas, com entrevistas com subcelebridades, com repórteres no meio das alas atrapalhando a evolução e o conjunto, privilegiando turistas que desfilam para suas câmeras e têm seus cinco segundos de fama...

É um espetáculo para ser empacotado, com globeleza, rainhas de bateria e alegorias com LED.

Sei não, mas as escolas devem "repensar a relação" com a Globo, ou ela pode matar o desfile como vem fazendo com o futebol brasileiro ...

Fonte: Blog do Miro
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É no carnaval, nos dias de folia, descontração, brincadeiras e festas que a realidade brasileira se faz presente.
 
Quando o povo se manifesta, se utilizando das brincadeiras para estabelecer a seriedade e a verdade.

Ao longo de dias , meses e anos , cabe a velha mídia pautar, ou tentar fazê-lo, as notícias e até mesmo o destino do país, já que assim pensam os donos de mídia.

E eis que surge o carnaval e, como ele, a verdade, o sentimento das pessoas com os temas nacionais de maior relevância.

Mais uma vez, a velha mídia foi o  mico do carnaval .

Embalados pelo seu noticiário , e acreditando que seu noticiário é a realidade  e que a maioria da população acredita, globo iniciou campanha para que a população usasse, durante os dias de carnaval,  máscaras de um ex-diretor da Petrobras acusado nas investigações da operação lava jato.

E a realidade se fez presente
.
Assim como o ex -presidente Fernando Collor que  dias antes de seu impeachment pediu a população para sair às ruas -  em um domingo -  vestida de verde e amarelo para protestar  contra o processo que a população desejava, ou seja, seu impeachment, e viu a população sair às ruas vestida de preto, globo viu grande parte da pessoas , nas ruas usando máscaras, não do diretor da Petrobras, mas sim de seu principal jornalista articulador de golpes de estado através de seus textos  e comentários nos veículos do grupo globo.

Também viu, como todos viram, um cartaz postado atrás de um repórter de globo em uma entrada sobre o carnaval do Ceará, com os dizeres que se tornaram o lema do carnaval:
globo_trollada

' impitimam é meuzovo '

O impeachment que a população desejava em 1992, e foi às ruas de preto, é o mesmo que a população nos dias de hoje também deseja, com máscaras de Merval e o slogan do ano ,
impitimam é meuzovo.

Em 1992 a população queria , e conseguiu, o impeachment do ex-presidente Collor.

Hoje, a população deseja, e esperamos que consiga, o impitimam da velha mídia, ou seja, a democratização dos meios de comunicação.

O recado foi claro e direto e a velha mídia comprovou, na realidade das ruas, sua irrelevância.

Um outro aspecto que deve ser amplamente discutido , diz respeito ao monopólio de transmissão dos desfiles das escolas de samba do Rio de janeiro, que pertence a TV globo.

No ano passado a TV globo deixou de transmitir, em TV aberta, o desfiles das campeãs, no sábado seguinte ao carnaval, sem repassar os direitos de transmissão para outra emissora.

Este ano, além de não transmitir o desfile de campeãs no próximo sábado, a TV globo inciou a transmissão dos desfiles já na segunda ou terceira escola que desfilava, no caso dos desfiles do grupo de acesso e na segunda escola que desfilava, no caso do grupo especial.

Além disso a quantidade de idiotices e asneiras proferidas pelos apresentadores e repórteres que cobrem o desfile é algo assustador e até mesmo indecente , revelando total desconhecimento sobre a arte popular e também revelando uma estética de tomada de imagens que não contribui para o entendimento do público em casa, ao contrário, criando uma confusão de imagens, com corte a todo instante, que leva o telespectador ao cansaço.

É importante rever esse monopólio, para o bem da cultura popular.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Avanço das esquerdas

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Avanço das esquerdas e lições da Europa
Por Igor Fuser, no jornal Brasil de Fato:

A instalação de um governo verdadeiramente de esquerda na Grécia, com a vitória eleitoral do Syriza, gerou uma onda de esperança em toda a Europa.

Em especial nos países mais devastados pelo desemprego e pelo corte de direitos sociais, como Espanha, Portugal e Irlanda, a luta por uma alternativa à austeridade neoliberal adquire agora uma inédita viabilidade nas urnas. Na Espanha, são grandes as chances de vitória do Podemos, o partido que nasceu dos protestos dos Indignados. Aqui, do outro lado do oceano, acompanhamos com o coração alegre esses avanços, procurando extrair lições da experiência europeia.

A primeira lição se refere à centralidade da luta pelo poder político. O Estado é o lugar da sociedade onde se condensa a correlação de forças, que se expressa em leis e em políticas públicas, adotadas a favor ou contra os interesses dos trabalhadores. É para o Estado que se voltam todas as expectativas da sociedade. Ignorar isso, na crença ingênua de que se pode “mudar o mundo sem tomar o poder”, significa entregar o terreno da política às classes dominantes.

Uma segunda lição se refere à necessidade de organizações políticas permanentes, com líderes visíveis e respeitados. O Syriza é uma coligação de pequenos partidos com raízes na longa tradição do marxismo na Grécia. Já o Podemos, com menos de um ano de existência, foi formado a partir da frustração com o declínio dos Indignados, iniciativa que se mostrou incapaz de traduzir as gigantescas manifestações de rua em força suficiente para alterar o rumo da política institucional.

Outro ensinamento dos companheiros gregos e espanhóis é a sabedoria em definir o inimigo principal e dirigir contra ele toda a energia da luta popular. Esse alvo é a política de “austeridade”, causadora do atual desastre social, e os políticos e burocratas que a executam. É claro que as medidas neoliberais nada mais são do que a expressão dos interesses da classe hegemônica no capitalismo global, a grande burguesia financeira. Mas é contra essas políticas, e não contra o capitalismo em geral, que se volta o descontentamento crescente das pessoas comuns, os famosos “99%”. Esse entendimento explica a clareza e a eficácia das lideranças políticas que impulsionam a atual guinada à esquerda na Europa
Fonte: Blog do Miro
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A crise do jornalismo

A crise do jornalismo em discussão

13 fevereiro, 2015 - 15:25 — Simone
Mídia Ninja
Jornalismo século XXI – o modelo #midiaNINJA, e-book de Elizabeth Lorenzotti, debate a transformação do jornalismo diante da introdução das tecnologias digitais
13/02/2015
Por J.S.Faro    
A leitura do e-book Jornalismo século XXI – o modelo #midiaNINJA, de Elizabeth Lorenzotti, me traz duas sensações simultâneas e de igual intensidade.
A primeira delas é alimentada pela cultura romântica da cognição do mundo através do texto impresso. Não se trata de uma referência apenas pessoal: acredito que todos os que construíram sua vida escolar e intelectual nos pós-guerra, em especial nos anos 60, acostumaram-se a buscar nos textos convencionais – os dos jornais, das revistas, dos livros – as pistas fundamentais para a compreensão do que ocorria à sua volta.
Na verdade – e a própria autora do livro não deixa escapar essa compreensão –, esses produtos (suportes ou dispositivos, no glossário pós-moderno) ocupavam o espaço central da construção dos sujeitos, uma espécie de prova de fogo dos próprios acontecimentos – pois eles (os acontecimentos) só se consolidavam no imaginário do público se fossem referendados naqueles textos. Se não estavam lá, não tinham acontecido.
Repórteres, redatores, material de agência, fotos analógicas – tudo isso compunha um complexo de comunicação em torno do qual se organizavam os movimentos, as ideias sobre eles; e o trabalho do jornalista me parece ter sido, na sua essência, o núcleo mais importante da dinâmica social.
Indagado recentemente por um aluno a respeito da amplitude dessa conjuntura cultural, sintetizei com alguma liberdade poética uma definição que me pareceu adequada: o jornalista – disse – é (era?) o arquiteto da esfera pública, um personagem epistêmico em torno do qual gravitam (gravitavam?) os fatos.
Pois essa é a primeira das duas sensações que o livro de Beth Lorenzotti me desperta. Afinal, esse universo se perdeu, deixou de existir, funciona apenas na sua condição fossilizada e arquetípica?
Tenho a impressão de que ainda não chegou o momento histórico dessa decretação inapelável segundo a qual o jornalismo tradicional morreu. Ele está vivo e procura caminhos que possam compatibilizar suas práticas e suas características com as transformações do presente, mas já não ocupa a centralidade que a autora do livro refere todas as vezes que ela ressalta essa nova hierarquia atomizada que as tecnologias digitais – das quais as mídias sociais são o maior exemplo – constroem cotidianamente à nossa volta.

Encantamento  
A outra sensação é decorrente desse olhar para trás diante das mudanças, um olhar saudoso, mas não reacionário, que tem um indisfarçado encantamento com as possibilidades que se abrem para a democratização da informação e do conhecimento, e pelo empoderamento do sujeito, ele sim agora como núcleo nervoso do entendimento do real, a dessacralização da autoria (embora de existência socialmente legitimada e reconhecida), a horizontalização das fontes de referência.
No final das contas, é isto o que está acontecendo: um processo tecnológico-cultural (e não apenas um ou outro, como Lorenzotti deixa claro na investigação que faz sobre o Mídia NINJA) que torna o dinamismo da realidade mais apreensível com a redução da sua dimensão espaço-temporal.
Posso estar enganado e eventualmente sendo vítima do deslumbramento que me foi reforçado pelo livro, mas essas mudanças (que é preciso chamar de revolucionárias sem qualquer receio de exagero do conceito), que se dão na esteira das transformações eletrônicas do século XX (rádio e televisão) chegam ao século XXI – mais propriamente ao cotidiano do homem do século XXI - representando um Renascimento ressignificado, como disse numa entrevista o professor de Leipzig Alfonso de Toro.
O que aconteceu com a cobertura dos protestos de 2013, quando durante três meses quase completos, a sociedade exibiu seu descontentamento nas ruas das principais cidades brasileiras, parece-me ser a comprovação de que a convergência não é tecnológica, ainda que a tecnologia o permita; a convergência é simbólica e cognitiva e, diante disso, o jornalismo convencional ficou irremediavelmente comprometido, duplamente comprometido: com o dinamismo da técnica e com a amplitude da cultura.

Junioridade
E aqui faço referência a um outro aspecto que Beth Lorenzotti deixa percorrer em todos os enunciados de seu livro: essa convergência que é simbólica e cognitiva, cultural portanto, mais do que técnica, tem uma marca que me parece muito própria dos grandes processos de mudança de estruturas (neste caso, estruturas midiáticas e comunicacionais): a sua junioridade.
Eu não associaria a esse adjetivo a ideia de juventude porque não é verdade que se trata de uma noção geracional, como o termo pode enganosamente dar a perceber. Digo junioridade porque ela é principiante no ponto de partida e vai se mantendo inovadora o tempo todo, carregando consigo um geist de inquietação político-cultural, uma certa arrogância de quem se apossa do mundo.
Lorenzotti faz alusão sistemática a isso quando descreve a composição da liderança desse espectro que se construiu à margem das manifestações, e nos consegue demonstrar que o ritmo desse povo não decorre da geração à qual pertence, mas ao sentido de urgência que imprime à sua curiosidade (o que a faz carregar consigo alguns provectos velhos professores e jornalistas) para a qual vem em socorro à digitalização do discurso em várias disposições narrativas.
Deduzo disso que o jornalismo NINJA – ainda que se reproduza sob outras configurações – é júnior, mas não jovem. Cria em torno de si um movimento desregrado e algo indisciplinado, mas em sintonia com a diversidade do real e leva para esses espaços – que configuram uma dilatação da esfera pública habermasiana, processo para o qual o próprio Habermas está atento e maravilhado.
Nos dias transcorridos sob o impacto das manifestações de 2013, várias delas acompanhas por mim fisicamente, não foi difícil perceber como meus alunos da PUC e da Umesp hipotecavam credibilidade ao modus operandi do Fora do Eixo, ainda que tenham acompanhado as críticas surgidas em diversas oportunidades sobre os eventuais descaminhos do seu modus vivendi, dos que protagonizavam a experiência.

Lacuna
Esse espírito de pertencimento me parece pré-orgânico e aqui talvez valha a pena apontar a lacuna que considero a mais delicada do livro de Lorenzotti: a ausência de questionamento sobre uma certa desideologização das práticas jornalísticas do NINJA – um fenômeno que pode ter sido incorporado de fora para dentro ou o inverso.
Quero dizer da possibilidade que o movimento todo – e não apenas o seu perfil jornalístico – foi desorgânico e avesso a formulações programáticas como foi possível observar de uma recorrente rejeição que suas lideranças (mesmo que pulverizadas, como é do perfil do desorgânico) faziam (e ainda fazem) das formas tradicionais de representação política – os sindicatos, os partidos – e simbólica – os veículos de comunicação – igualando uns e outros como instâncias discursivas ilegítimas na função de lugar de fala.
Vi com meus próprios olhos explosões de ânimo, de rejeição, a bandeiras de partidos empunhadas por militantes que se aproximaram das manifestações mais numerosas (e ruidosas) meio sorrateira e insinuosamente, como quem dá tapinhas de falsa intimidade com os manifestantes e emite meio-sorrisos e gestos de assentimento com aquilo que observa. Junto com o pessoal da Globo, foram vaiados impiedosamente. Vaiados por quem? Ora... Pois esse vazio de organicidade – que também se traduz num certo autoritarismo massivo (eventualmente repressor) – é bem a marca política que eu acredito ter sido gerada pelo descentramento ao qual Lorenzotti se refere. Pode ser ao mesmo tempo “cruz e delícia” das jornadas de 2013, mas nesse aspecto serviram para colocar a mídia tradicional (quase digo “velha”) no lugar em que ela está institucionalizada – o lugar do poder.
Sintomático – e metafórico – o fato narrado por Lorenzotti logo na apresentação do livro: os jornalistas sitiados no topo de um edifício narrando o constrangimento em que se encontravam ao tempo em que cobriam as manifestações. Pois o jornalismo do século XXI – esse sobre o qual o livro se debruça – pode representar uma secção com o terreno de vizinhança que a mídia tradicional ocupa com os interesses que já não dizem muito para a sociedade.
Aqui é inevitável fazer referência a esse divórcio que desde as manifestações de maio de 2011 em Madri – que se alastraram pela Europa através das mobilizações feitas pelas redes sociais – passando pela cultura do Ocupa, as manifestações na China, no Egito, nos Estados Unidos, e agora na Grécia e novamente na Espanha: é uma mancha – encardida aos olhos dos saudosos da velha ordem hierárquica da comunicação e do jornalismo – que se espalha de forma intermitente, fazendo balançar um sistema de poder que se desdobrava do velho conceito (usado aqui apenas como associação de ideias) do broadcast. Não é por outro motivo que os heróis dessa turma sejam hackers ciberativistas como Julian Assange ou Edward Snowden – para fazer referência àqueles que pelo impacto do que compartilharam na rede ganharam maior exposição.

Pós-jornalismo
Todos esses fatos estão presentes de uma ou de outra forma no cenário sobre o qual Elizabeth Lorenzotti disserta no estilo de uma grande reportagem (como é de sua competência e do seu perfil de atuação profissional), mas de acordo com o caráter nervoso – mas não estressado – desses heróis de um novo tempo – que quase ganha espaço com a consagração do conceito de pós-jornalismo. Minha opinião é a de que o livro da Beth fica nessa história como uma referência para quem quiser entender o fenômeno da construção das redes sociais e o processo essencial que as alimentam – que é o de resgate do compromisso essencial do jornalismo em qualquer época – pré ou pós: a apuração dos fatos e a tradução do seu dinamismo no compartilhamento que o repórter faz da matéria-prima do seu trabalho.
Não haverá retorno ao normal, adverte o título de um dos capítulos do livro, sentença que vem acompanhada de um quase aforismo de Luis Nassif, citado por Lorenzotti: “A capacidade da mídia tradicional de pautar o país acabou”. Tudo indica que, sim, graças a essa extraordinária percepção que os ativistas digitais do Mídia NINJA revelaram até aqui: a apropriação cultural da técnica e, com ela, a possibilidade de radicalizar a democracia da informação.
O livro de Elizabeth Lorenzotti é de leitura fundamental para quem quiser entender isso em todas as suas dimensões.

J.S.Faro é professor dos cursos de jornalismo da Umesp e da PUC-SP.

Fonte: BRASIL DE FATO
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Manifestações e Protestos

Mídia tucana esconde greve no Paraná

Por Altamiro Borges

O Paraná está vivendo dias de convulsão social. O governador Beto Richa (PSDB) tentou impor um “pacotaço de maldades” contra o funcionalismo público e detonou uma onda de revolta no Estado. Várias categorias paralisaram suas atividades. Os grevistas ocuparam a Assembleia Legislativa. Nesta quinta-feira (12), os deputados que tentaram aprovar o projeto, “às escondidas”, foram transportados em camburões da polícia. Apesar do clima de tensão, a sociedade brasileira simplesmente desconhece estes fatos. A mídia privada, sempre tão seletiva na sua cobertura jornalística, faz de tudo para invisibilizar a greve e para proteger o governante tucano. Os protestos não são manchete nos jornalões nacionais e nem destaque na TV Globo. Os blogueiros paranaenses, sempre tão perseguidos pelo censor Beto Richa, são os únicos que furam o bloqueio informativo.

O blog de Esmael Morais, por exemplo, transmite ao vivo as assembleias e protestos das categorias em greve. Ele também acompanhou a ocupação da Assembleia Legislativa e postou o vídeo sobre a fuga dos deputados. Conforme informou nesta quinta-feira, a combativa greve do funcionalismo pode até “afrouxar a tanga” do grão-tucano. “Depois de bombas, tiros com balas de borracha, cães contra professoras e o furo de bloqueio policial por uma massa ensandecida, o governador Beto Richa (PSDB) retirou o ‘pacotaço de maldades’ da pauta da Assembleia Legislativa do Paraná. Os deputados governistas chegaram de camburão da PM e entraram em um anexo do legislativo pelas portas dos fundos. Diante da tomada total do espaço pelos manifestantes, os parlamentares encerram a ‘sessão secreta’ e se retiraram do local também dentro do rabecão policial”.

O advogado Tarso Cabral é outro blogueiro que tem acompanhado atentamente a mobilização no Paraná. Ele postou vários textos demonstrando a ilegalidade do “pacotaço de maldades” e deu ampla divulgação à nota de repúdio assinada pelos senadores Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), e pelos deputados federais Ênio Verri (PT), João Arruda (PMDB), Zeca Dirceu (PT), Christiane Yared (PTN), Toninho Wandscheer (PT) e Aliel Machado (PCdoB), contra a utilização dos fundos da previdência pública para cobrir o rombo nas contas do Paraná. Reproduzo a nota abaixo – já que ela não teve qualquer repercussão na chamada mídia imparcial deste Brasil varonil:

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O propalado recuo do governador Beto Richa em relação a alguns pontos de seu pacotaço, como o fim de quinquênios e anuênios, corte de auxílio-transporte, e suspensão do PDE, se realidade, deve-se, inegavelmente, à mobilização dos professores e de outras parcelas do funcionalismo. Mas, ao tempo que cumprimentamos os professores por esta possível conquista, é vital, como o ar que respiramos, que a mobilização continue, porque está em curso um assalto muito mais devastador contra o funcionalismo público paranaense.

A utilização dos oito bilhões de reais dos fundos da Paranaprevidência para o pagamento de salários e outras despesas, como propõe o governador, é um golpe certeiro contra a aposentadoria dos professores e demais servidores públicos estaduais. Esses recursos, acumulados nas últimas três décadas, são um patrimônio inviolável do funcionalismo paranaense. Aliená-lo, permitindo que o governador use-o para o pagamento de dívidas e da folha, trará como consequência previsível, o aniquilamento da Paranaprevidência.

A incompetência e a irresponsabilidade do atual governo estadual escancaram-se à vista de todos. Por todos os cantos, faz-se água. Não há remendo que estanque a sangria. Só para fornecedores e pequenos empreiteiros são mais de dois bilhões de reais de calote. Daí a fúria arrecadadora. No entanto, o aumento do IPVA e do ICMS, o arrocho dos salários e os cortes de benefícios não serão suficientes para cobrir o rombo.

O dinheiro que poderia, por algum tempo, representar efetivo alívio financeiro para o governador, é o dinheiro da Paranaprevidência, aqueles oito bilhões de reais de propriedade do funcionalismo público estadual, que vão garantir o pagamento da aposentadoria dos servidores e o bem-estar de suas famílias. O governador não tem direito de se apossar desse dinheiro. Os deputados não podem cometer o crime de votar uma barbaridade como essa. A aprovação dessa excrescência será, sem nenhuma dúvida, a maior violência praticada contra o funcionalismo público paranaense.

Esse é o verdadeiro foco do pacotaço de Beto Richa. O resto é simples fumaça, para distrair os funcionários públicos do que interessa.

Professores, servidores públicos, paranaenses, vamos continuar a mobilização para impedir que o governador meta a mão grande nos fundos da previdência estadual. Ele já dilapidou o Paraná e agora quer também suprimir o direito à aposentadoria.

Brasília, 10 de fevereiro de 2015

Senadora Gleisi Hoffmann (PT)
Senador Roberto Requião (PMDB)
Deputado Federal Aliel Machado (PCdoB)
Deputada Federal Christiane Yared (PTN)
Deputado Federal Ênio Verri (PT)
Deputado Federal João Arruda (PMDB)
Deputado Federal Toninho Wandscheer (PT)
Deputado Federal Zeca Dirceu (PT)


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As postagens dos blogueiros e a nota dos parlamentares confirmam o caos vivido pelo rico Estado do Paraná. Elas também explicam a radicalidade da greve e dos protestos das várias categorias do funcionalismo público. Apesar disto, a mídia privada – nos dois sentidos da palavra – não dá qualquer repercussão à grave situação. Ela faz de tudo para proteger os tucanos – seja censurando menções ao ex-presidente FHC na midiática operação Lava-Jato da Polícia Federal, ou escondendo a gravíssima crise da falta de água em São Paulo para garantir a reeleição de Geraldo Alckmin, ou tentando invisibilizar a poderosa greve contra o tucanato no Paraná. A seletividade e parcialidade da mídia nativa é algo repugnante, como demonstra o texto abaixo postado por Gustavo Magnani, no blog “Litera Tortura”:

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30 mil funcionários em greve, nenhuma palavra no Jornal Nacional!

A escolha de pauta nos grandes jornais brasileiros é muito interessante, veja bem:

No Paraná, 100% das escolas estaduais estão em greve. Três, das quatro universidades estaduais, também. Policiais e bombeiros, não, porque sua greve é inconstitucional.

Há poucos dias, os ônibus de Curitiba pararam. Pelo governo estadual.

Nesta semana, Beto Richa (PSDB) propôs um “pacote de maldades” para ser aprovado em critério de urgência pelos seus deputados mandados. Entre os desejos, além de aumentar impostos, Richa quer pegar 8 bilhões da Previdência Paraná. Pegar (pra não dizer roubar) porque esse dinheiro tem dono. Esse dinheiro é do contribuinte. [
Entenda todo o pacotaço aqui]

Entre tantos feitos, Beto deu calote em professores, bombeiros, policiais e outras classes, não pagando férias, atrasando décimo terceiro, demitindo professores PSS que haviam sido aprovados, além de faxineiros, merendeiros, porteiros etc.

Para o leitor entender, se uma escola abrir hoje, ela abre sem merenda.

Por outro lado, sorte da escola que abre, porque várias foram fechadas.

Qual governo, em pleno 2015, fecha escolas?

Qual jornal, em pleno 2015, com a internet aí, omite o caos que está acontecendo?

Talvez as informações sejam irrelevantes…

Talvez, como sempre acontece quando o bico do pássaro é grande, estejam acobertando.
Como o e-mail que vazou, da diretora da globo mandando tirar o nome de FHC dos vt’s sobre a Lava-Jato. Curioso que dois dias depois do e-mail vazar, fizeram uma matéria colocando o nome do FHC, em todos os jornais. Imparcialidade, sempre.

Ontem, além do que já foi escrito e dos outros absurdos que você pode descobrir, caso se interesse pela política paranaense, mais de 20 mil professores e funcionários públicos, de diferentes cidades, ocuparam a Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, dando um corre nos deputados de situação, que fugiram pela porta dos fundos.

[Minha mãe, professora há mais de 25 anos, com outros professores de Guaíra, viajou mais de 660 km, para estar no protesto, tamanha a gravidade do assunto.]

Os professores permanecem na ALEP.

Hoje, Beto Richa conseguiu que decretassem a expulsão deles do local.

A PM,
em vídeo divulgado lá na nossa página, se recusou a cumprir tal ordem e foi embora.

Em comentário, a docente e leitora do site, Thais Vanessa Schmitz, escreveu: “A PM do PR também está sofrendo com um calote do governador e desvalorização. Para eles é inconstitucional fazer greve, mas estão nos apoiando, um deles mesmo disse: eu sei que vocês estão lutando por nós também.”

Entretanto, nada está garantido. Como se fosse piada, os parlamentares irão votar o projeto amanhã, a portas fechadas, no restaurante da Câmara.

Será que a população não vai invadir? Será que não teremos confrontos?

Tudo isso, absolutamente tudo isso [e muito mais], não parece importar aos grandes jornais, sendo transmitido apenas pela televisão local.

A pergunta que não quer e não pode calar é: e se fosse um governo petista?

Eu respondo:

Se fosse um governo petista, este site atuaria da mesma maneira. Infelizmente, porém, não podemos dizer isso da grande mídia, que não abre o bico sobre tais assuntos, porque o mesmo bico que abre é o bico que é atingido.
 
Fonte: Blog do Miro
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É grave a situação no Paraná e a velha mídia esconde da população.

Esconde , em primeiro lugar, pois trata-se de um protesto da população contra um governo do PSDB, aliado e protegido da velha mídia.

No entanto, acredito que o principal motivo para que a velha mídia omita  a situação seja mesmo por medo.

Medo que os protestos no Paraná tenham desdobramentos pelo país, já que medidas semelhantes estão sendo tomadas por um grande número de governos estaduais e principalmente pelo governo federal
.
Cortes e restrições, claro, somente atingindo a população assalariada e menos favorecida, tem sido a tônica dos governos eleitos em 2014.

Outro fato a ser destacado , pelo menos com base no texto acima do Miro, é que os manifestantes partiram com força para cima do governo do Paraná, ou seja, não aceitam diminuição de nenhum direito conquistado e, tal comportamento nos protestos pode revelar uma total  rejeição as medidas de arrocho, algo já bem presente no imaginário da população - não apenas  do Paraná mais de todo o Brasil - tendo em vista os exemplos devastadores que tais medidas produziram em outros países pelo mundo.

Pelo que entendi, não foi apenas um protesto contra as medidas anunciadas, mas um confronto direto para impedir a aprovação e implementação de tais medidas.

E penso que é aí que a velha mídia teme, e devido ao comportamento da população do Paraná resolveu omitir da população brasileira o que está acontecendo no estado do sul do país.

Como estamos no início do carnaval, a velha mídia tentará ocultar a situação priorizando o noticiário sobre o carnaval, no entanto , se o governo do Paraná não recuar a situação tenderá a um agravamento  e, se recuar servirá de exemplo para que  em outros estados aconteça o mesmo e , até mesmo , um grande protesto em nível nacional
.
Como citado aqui no PAPIRO recentemente, ainda nesta semana, afirmei que as manifestações seriam inevitáveis e que aconteceriam a partir de março, mas , pelo que emerge do sul, chegou a hora.

Ao povo do Paraná desejo sucesso e que não recuem até  que consigam seus objetivos.

Inventando o jornalismo

Primeiro a UOL condena Zé Dirceu na manchete garrafal; no texto em letra miúda, a miserável 'prova' do crime; leiam:
'Ao mencionar o suposto papel do ex-ministro, o doleiro não apresentou provas documentais de suas afirmações nem explicou como teria conhecimento da eventual participação de Dirceu no recebimento dos recursos'     

'Folha' coloca na 1ª pág. foto de Pizzolato na Itália, mas sonega ao leitor as imagens de uma Curitiba conflagrada pelos protestos de milhares de pessoas contra o pacote de arrocho do governo tucano de Beto Richa.

Isenção é isso, o resto é jornalismo ideológico .


Fonte: CARTA MAIOR
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A mesma UOL do grupo Folha de SP que está de posse da lista de sonegadores brasileiros, e são milhares, do HSBC da Suíça.

Este tipo de jornalismo da velha mídia só permite uma única linha ideológica, entre iguais.

Esse negócio de fazer tudo entre iguais tem outro nome, e ao que parece o deputado Eduardo Cunha está muito incomodado com isso já que pretende lançar o Dia do Orgulho Hétero.

Veja abaixo o artigo do Brito no TIJOLAÇO:

A “urgência gay” de Cunha está pegando mal

12 de fevereiro de 2015 | 20:04 Autor: Fernando Brito
cuuuuunha
Este blog não diferencia as pessoas pelo sexo ou por sua orientação sexual, nem faz do sexismo bandeira política.
Isso é um problema de cada um. Ou, melhor ainda, não devia ser um problema para ninguém.
Mas está pegando mal a “urgência gay” que Eduardo Cunha está mostrando na presidência da Câmara.
Isso já havia sido observado, dias atrás, pelo Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo.
Hoje, o deputado, segundo a Folha, mandou dar urgência ao projeto que proíbe a adoção de crianças por casais do mesmo sexo e o que cria o ridículo “Dia do Orgulho Hétero”.
Francamente, né, seu Cunha, será que o senhor está com algum problema neste assunto?
Com tanta coisa essencial para ser tratada na Câmara e a prioridade é para isso?
Vai proibir também também que o pessoal faça os “Blocos das Piranhas” no Carnaval?
Já imaginou um bando de marmanjos desfilando no “Dia do Orgulho Hétero” fantasiado de… homens?
O senhor vai de Braddock e o Jair Bolsonaro de Rambo?
A sociedade brasileira foi evoluindo muito sem que essa turma do sexismo desenfreado crie este tipo de confronto imbecil, que só abre fossos entre as pessoas.
Cada vez mais as famílias e os grupos sociais aprendem a conviver com as diferenças e cada vez mais a opinião pública condena que isso seja tratado na base da agressão – física e moral -, sem que seja preciso nenhum energúmeno fazer campanhas para ser ou não ser gay, como se isso fosse uma escolha, como ser Flamengo ou Vasco.
Mas, agindo deste jeito à frente da Câmara, fica a impressão de que o senhor Eduardo Cunha “só pensa naquilo”!
Depois não reclame se caírem na ironia com o senhor, depois deste implante capilar com que o senhor se embelezou, cantando, nestes dias de Carnaval, aquela marchinha antiga, dos anos 60:
“Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é…”
Isso se não acharem rimas menos, digamos, louváveis.

Como o assunto é jornalismo, diversificado e não entre coleguinhas, hoje é o dia do rádio.

Tomei conhecimento da efeméride ao ler mais um ótimo texto do Luciano Martins, no OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA.

Não sabia, mas o rádio também é invenção de um brasileiro, um padre.

Os brasileiros são sempre destaques.

Um inventou o avião, outro o rádio e o pessoal da TV globo inventou o Tony Ramos como ator e a Suzana Vieira como rainha de bateria de uma escola de samba.

Só falta , agora, a criação do Dia do Orgulho Hetero, por Eduardo Cunha.
 

Divulgar a lista de criminosos

Quem são os brasileiros que guardam $20 bilhões no HSBC?


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O escândalo do HSBC ou Swissleaks revela a hipocrisia abissal da nossa imprensa corporativa.
O caso traz o nome de milhares de indivíduos, muitos super-ricos, que escondiam fortunas no exterior, evitando o pagamento de impostos em seus países.
Para a nossa mídia, escândalos só tem importância se puderem ser usados como arma política para detonar o PT e o governo.
O Brasil é um dos países com maior número de pessoas envolvidas na evasão fiscal  e lavagem de dinheiro proporcionadas pelo HSBC, e até agora, à diferença de diversos outros países, onde o caso domina a agenda jornalística, nossos jornais vem abafando o caso.
O único grande órgão de imprensa a manter a guarda dos nomes  dos brasileiros envolvidos é o UOL, que já declarou que irá divulgar apenas se “houver interesse público”.
Em outras palavras, os nomes apenas serão divulgados se puderem ser usados para jogar lenha em algum escândalo da imprensa e puderem ser incorporados à alguma narrativa midiática.
É o que fez Fernando Rodrigues, que divulgou apenas os nomes envolvidos no escândalo do HSBC que também constam no inquérito da operação Lava a Jato.
Com extraordinária submissão, Rodrigues garante que outros nomes não irão vazar, apesar de informar que, no caso do Brasil, “são 6.606 contas bancárias (que atendem a 8.667 clientes) e um valor movimentado/depositado (em 2006 e/ou 2007) de cerca de US$ 7 bilhões – o equivalente a cerca de R$ 20 bilhões, um montante próximo ao que o governo da presidente Dilma Rousseff precisa economizar em 2015 para fazer o ajuste fiscal do país.”
20 bilhões de reais!
Rodrigues admite que, na lista, há “empresários, banqueiros, artistas, esportistas, intelectuais”.
Onde estão esses nomes? Por que não revelá-los?
Que história é essa de ”
O caso poderia gerar a um debate sobre o crime que mais retira recursos da economia brasileira: a sonegação e a evasão fiscal.
Mas esses assuntos são evitados por nossa imprensa com um fervor religioso.
Recentemente, a organização Tax Justice divulgou duas notícias envolvendo o Brasil que foram completamente abafadas por nossa grande imprensa.
Primeiro, foi o ranking internacional dos países que mais detêm fortunas em paraísos fiscais. O Brasil está em quarto lugar, com nossos super-ricos guardando no exterior, ilegalmente, mais de R$ 1 trilhão.
Em seguida, a mesma ONG divulgou outro estudo, posicionando o Brasil em segundo lugar no ranking dos países com maior taxa de evasão fiscal do mundo, só perdendo para a Rússia. Sendo que, em valor total, o Brasil sonega 280 bilhões de dólares por ano, contra 211 bilhões da Rússia.
Em valor, o Brasil só perde para os EUA.
A evasão fiscal dos EUA foi estimada em 337 bilhões de dólares, mas isso corresponde a somente 2,3% do PIB de lá.
A nossa evasão fiscal corresponde a 13,4% do PIB!
O engraçado é que a mídia poderia, facilmente, usar essa informação para bater no governo, exigindo maior controle sobre o vazamento de nossas divisas.
Por que não o fez?
Porque essa é uma crítica que a mídia não quer fazer ao governo.
O Globo prefere (como volta a fazer hoje), naturalmente, defender o ajuste fiscal do Levy, que ao lado de corrigir algumas distorções, dá umas mordidas desnecessárias em direitos dos trabalhadores.
Imagina se o Globo vai defender que a busca do saneamento das contas públicas se dê pelo aumento de rigor sobre a evasão fiscal?
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A nossa mídia prestou um silêncio obediente em relação ao escândalo de sonegação da Globo.
Foi um fenômeno incrível, mas que serviu maravilhosamente para iluminar a hipocrisia da nossa mídia.
O abafamento do escândalo revelou a existência de um cartel poderoso, encabeçado pela Globo, que exerce um controle absoluto sobre milhares de outras empresas de mídia.
Ninguém fala mal um do outro.
A nossa mídia é uma espécie de Estado Islâmico. Jornalista que foge à regra, tem sua cabeça cortada em frente às câmeras. Empresa afiliada ao cartel que divulga escândalo incômodo, perde contratos de publicidade.
 
 Fonte: O CAFEZINHO
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Mídia-bandida e os sonegadores do HSBC
Por Altamiro Borges

A descoberta de um esquema bilionário de corrupção do HSBC está agitando o mundo. É um dos maiores escândalos do sistema financeiro desde a eclosão das denúncias contra os bancos dos EUA nos anos 1990, que aceleraram a crise do capitalismo. No Brasil, porém, a mídia quase não trata deste assunto. Há várias explicações para esta omissão. A velha mídia está mais preocupada em destruir a Petrobras, na sua incansável campanha pela privatização da estatal, e atacar a presidenta Dilma. Além do fator ideológico e político, ela tem sólidos vínculos com os banqueiros – inclusive depende da sua farta publicidade. Mas podem existir outros motivos menos visíveis. Desde a eclosão do escândalo já se descobriu que o Grupo Clarín, da Argentina, desviou ilegalmente milhões de dólares para o exterior através das maracutaias do HSBC. Será que algum barão da mídia brasileira também está envolvido neste esquema de sonegação?

As primeiras denúncias contra o HSBC surgiram na semana passada. Alguns veículos da imprensa internacional divulgaram que o banco suíço “ajudou” os seus clientes ricos a desviarem bilhões de dólares devidos em impostos através da sua filial em Genebra. As denúncias foram feitas com base no acesso às contas de 106 mil ricaços, vazadas por um ex-funcionário do banco, Hervé Falciani, em 2007. O próprio HSBC já confessou o seu crime e agora é alvo de investigações nos EUA, França, Bélgica e Argentina. Elas confirmam que o banco não apenas fazia vista grossa à evasão de impostos, como também “ajudou ativamente” seus clientes a violarem a lei, enviando orientações por escrito sobre as formas de burlar os tributos.

Diante da gravidade dos vazamentos, obtidos primeiramente pelo jornal francês Le Monde, foi criado um Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) para apurar as denúncias. Ele é constituído pelo jornal The Guardian, a BBC britânica e mais de 45 veículos ao redor do mundo. O ICIJ já concluiu que o banco ajudou empresários, políticos e celebridades midiáticas a sonegarem impostos. Entre outros fatos assustadores, há indícios de que o esquema favoreceu “comerciantes de armas, assistentes de ditadores do Terceiro Mundo, traficantes de diamantes e outros delinquentes internacionais”. Do Brasil, cinco jornalistas integram o consórcio: Angelina Nunes, Amaury Ribeiro Jr., Fernando Rodrigues, Marcelo Soares e Claudio Tognolli.

Nesta terça-feira (10), uma revelação bombástica pode ter assustado os jornalistas investigativos. As apurações comprovaram que os donos do Grupo Clarín – um dos principais impérios midiáticos da América Latina – desviaram mais de US$ 100 milhões para o exterior através do esquema criminoso do HSBC. Dos 4.620 ricaços argentinos envolvidos nas denúncias de sonegação de impostos no país vizinho, os barões da mídia figuram entre os mais ousados – que acham que gozam de total impunidade. “O Grupo Clarín lidera a lista dos argentinos com fundos em Genebra não declarados na Administração Federal de Ingressos Públicos (AFIP)”, revelou a agência estatal de notícias. Será que algum barão da mídia brasileira também está envolvido no esquema criminoso? A Rede Globo, já acusada de sonegação de impostos, tem alguma culpa no cartório? Ela conhece as recomendações, por escrito, do HSBC?

Como aponta a jornalista Patrícia Faermann, do Jornal GGN, é muito estranho o silêncio da mídia brasileira sobre o escândalo da HSBC. “A lista dos nomes de mais de 100 mil correntistas da filial do HSBC em Genebra, que construiu uma indústria de lavagem de dinheiro, intermediada por empresas offshore como forma de fugir da fiscalização dos países de origem, está correndo pelo mundo. Aos poucos, as pessoas e entidades estão sendo reveladas. França, Espanha, Suíça, Dinamarca, Índia, Bélgica, Chile, Argentina e outros países divulgam reportagens detalhadas a cada dia, com novas informações. Menos o Brasil... O ICIJ formou um grupo menor de jornalistas para investigar os documentos do projeto denominado como ‘Swiss Leaks’. Participam todos os países do Consórcio. Do Brasil, Fernando Rodrigues, do UOL, é o único que tem em mãos as apurações dos clientes brasileiros”. Ela apimenta ainda mais suas suspeitas:

“Até o momento, as informações divulgadas pelo ex-repórter da Folha são de que os dados do HSBC indicam 5.549 contas bancárias secretas de brasileiros, entre pessoas físicas e jurídicas, em um saldo total de US$ 7 bilhões. Nenhum nome. Fernando Rodrigues explica que entrou em contato com as autoridades brasileiras para saber se há ilegalidade nessas operações bancárias, ou se os valores foram declarados à Receita. E estaria aguardando a resposta... Essa desculpa não bate com o histórico do jornalista. O fato de divulgar a existência da lista e segurar os nomes dá margem a toda sorte de interpretações”.
 
Fonte: Blog do Miro
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Com a lista de brasileiros  sujos no HSBC nas mãos de um jornalista do grupo Folha de SP, não se pode esperar que seja divulgada na íntegra.

Como afirmou O CAFEZINHO, o jornalista bandido somente divulgará nomes de interesse para prejudicar o governo.

É importante ter acesso a essa lista, por quaisquer meios - vale hackear e tudo mais - e divulga-la na íntegra para que a população brasileira conheça esses milhares de criminosos que enviam dinheiro para o exterior e não pagam impostos, além, claro, que uma boa parte desse dinheiro foi enviado para o HSBC para lavagem.

Na velha mídia o silêncio é total e sabemos que o jornalista do UOL é boi mandado, e não tem autonomia e nem coragem para , apenas, exercer sua profissão de jornalista, ou seja, divulgando a lista.