quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Heróis, Anti-heróis e Heroínas

Quem são os senhores do ópio?

O aumento das plantações de papoula no Afeganistão resulta das conexões políticas e financeiras do narcotráfico na Europa e nos Estados Unidos
26/11/2013
Achille Lollo
De Roma (Itália) 
Depois de dez anos de permanência no Afeganistão nas fileiras do contingente ISAF, criado pelo Comando Geral da OTAN para garantir a “democracia” do governo de Hamid Karzai, os primeiros 400 soldados italianos desembarcaram no aeroporto de Ciampino. O governo italiano anunciou seu desempenho da guerra no Afeganistão, programando a saída gradual de seu contingente que ficará limitado a 1.800 soldados, dos quais 700 “conselheiros” militares. Uma decisão tomada depois que os estrategistas da OTAN reconheceram que a guerra contra os “terroristas taleban” está, de fato, perdida.
Um cenário político pouco animador para os “conselheiros da OTAN”– Organização do Tratado do Atlântico Norte –, tendo em mente que nestes dez anos de guerra o contingente de estadunidenses e o da OTAN conseguiu “libertar”apenas 50% do território nacional e alguns grandes eixos rodoviários que, entretanto, durante a noite, tornam-se território de ninguém. O restante 50 % pode ser atribuído aos taleban (30%), aos senhores do ópio (10%) e aos grupos jihadistas Haqqani e Hezbi Islami (10%).
Por isso a Loya Jirga [Assembleia Nacional Tradicional] que reúne 2,5 mil integrantes, na maioria chefes tribais,votou pela manutenção do corpo de expedição  estadunidense que ficará concentrado em sete grandes bases operativas. Uma decisão que não contou com a simpatia do presidente Hamid Karzai,que continua cada vez mais desconfiado com as  promessas de Barack Obama,depois que o Departamento de Estado dos EUA, em 2012,  abriu, separadamente, um canal de negociação com os taleban em Doha, capital do Qatar, onde o emir havia oferecido um “escritório para conversações reservadas”.
Em junho deste ano, os emissários do Departamento de Estado foram, novamente a Doha, para se encontrar com Zabihullah Mujahid e tentar criar uma agenda de negociações oficiais entre os EUA e os taleban que ainda se consideram os legítimos governantes do Afeganistão. Infelizmente os negociadores estadunidenses insistiram demasiadamente na ruptura dos taleban com a Al Qaeda, obtendo de Zabihullah Mujahid apenas uma resposta muito vaga, segundo a qual “o Taleban apoia a solução política do conflito no Afeganistão e os esforços feitos para repristinar a paz.” Apenas isso.
Nem uma palavra sobre o futuro do governo chefiado por Hamid Karzai, sobre a Loya Jirga [Assembléia Nacional Tradicional] e sobre a relação institucional que o novo governo deverá manter com os “senhores do ópio”.
De fato, ninguém sabe o que vai acontecer após 2014, isto é, quando o contingente da OTAN e grande parte do estadunidenses deixarão definitivamente o Afeganistão. Certo é que o presidente Hamid Karzai, terá a sua disposição um exército com 400 mil soldados, bem equipados e treinados por instrutores originários dos exércitos da OTAN.Um exército que, potencialmente, deixa o governo de Cabul  com uma boa margem de segurança, mesmo se os problemas permanecerem nas províncias que a guerrilha dos taleban e dos senhores do ópio controlam.

“Senhores do ópio”
Durante esse 12 longos e extenuantes anos de guerra, que para muitos soldados estadunidenses foi um longo pesadelo, os dirigentes civis e militares dos EUA sempre sublinharam que a manutenção  do corpo de expedição no Afeganistão, além de combater o terrorismo, pretendia, também, acabar com os “senhores do ópio”, e assim combater a expansão do narcotráfico no mundo.
De fato, era isso que devia acontecer, tendo em vista que o Afeganistão é o maior produtor mundial da papoula (de onde os camponeses extraem o látex do qual se obtém o ópio).
Segundo o UNODC, – Escritório das Nações Unidas contra Drogas e o Crimes – o bloqueio do cultivo da papoula no Afeganistão implicaria a queda  imediata dos negócios do narcotráfico,  visto que 90% do consumo de heroína  na Europa e 82 % nos EUA dependem do látex de ópio produzido no Afeganistão.
Hoje, após 12 anos de investimentos em programas para convencer os camponeses a trocar o cultivo da papoula com outros produtos agrícolas, os resultados são mais que desanimadores. Aliás, mostram-se como um verdadeiro fracasso, visto que em 2005 havia 154 mil hectares plantados com a papoula. Em 2007, a área de cultivo da planta entorpecente aumentou para 193 mil hectares e, depois, em 2013, a mesma havia alcançado o recorde de 209 mil hectares, produzindo aproximadamente 6 mil toneladas de látex de ópio.
Um negócio que movimenta cerca de 1 bilhão de dólares por ano, tendo em conta que, em média, um quilo de látex de ópio afegão é vendido entre um máximo de 150 dólares e um mínimo de 145 dólares. Um negócio que enriquece um punhado de clãs denominado “senhores do ópio” e também os grandes proprietários de terras férteis que alugam ou realizam parcerias com os camponeses, a quem impõem o cultivo da papoula, dando-lhes, para isso, uma miserável gratificação.
Hoje, em 19 das 34 províncias do Afeganistão, se registra um considerável plantio da papoula, cujo cultivo é quantitativamente massivo nas nove províncias do sul do país e, mais recentemente, também na província de Badaksghan, no norte do país. Não se trata de cultivos feitos em áreas escondidas, visto que no Afeganistão a papoula é praticamente cultivada diante de todo o mundo. Por isso, não deveria ser difícil destruir essas plantações, sobretudo se existe um fundo de 6 milhões de dólares que o governo dos Estados Unidos sancionou para financiar a erradicação do plantio da papoula.
Na realidade nunca se conseguiu porque faltou a vontade política em acabar com os “senhores do ópio”. Por isso, os narcotraficantes conseguem convencer os proprietários de terras em investir cada vez mais no cultivo da papoula.

Bancos e consumo de drogas
Todo o mundo sabe que o consumo mundial de drogas pesadas (cocaína, heroínas, crack e drogas químicas) gera, a cada ano, um volume de negócios de quase 300 bilhões de dólares que os narcotraficantes depositam, quase na totalidade, nos bancos dos paraísos fiscais. Tais bancos, chamados de offshore, por sua vez, reciclam os capitais da economia ilegal, sobretudo nas bolsas de valores efetuando inúmeras operações especulativas.
Isso significa que sem a cumplicidade explícita dos bancos offshore, na maioria estadunidenses e britânicos, os narcotraficantes não teriam como sustentar suas estruturas e investir no aumento da produção, tal como aconteceu nos últimos trinta anos.
De fato, o aumento das plantações de papoula no Afeganistão depende, também, do aumento do consumo e da capacidade de oferecer esse produto proibido em sociedades que dizem gastar milhões e milhões de dólares na repressão do narcotráfico.
Em todas suas alocuções, os presidentes dos EUA e os primeiros-ministros dos países da União Europeia nunca questionam o papel dos bancos que reciclam os lucros dos narcotraficantes. Nunca denunciam a atividade nefasta dos bancos dos paraísos fiscais, sem os quais o narcotráfico não poderia sobreviver.
Infelizmente, os bancos europeus e os estadunidenses precisam “movimentar e investir” os dólares da economia ilegal do narcotráfico. Por isso, no Afeganistão, o cultivo da papoula alcançou o recorde de 209 mil hectares, alimentando também um numero enorme de viciados em heroína nos bairros pobres de Cabul e de outras cidades do país.
Fonte: BRASIL DE FATO

O PAPIRO já denunciou, por mais de uma vez, que os planos de combate as drogas, a maioria conduzida pelos EUA, são uma grande na farsa. 
Na realidade tais planos e ações tem por objetivo justo o oposto do combate as drogas, e sim garantir sua produção e comercialização, além claro de fixar a presença americana em locais de interesse estratégico no campo da geopolítica.
Isso serve para os planos Colômbia e mesmo no Afeganistão.
Antes do início da invasão americana no Afeganistão, em  finais de 2001 e início de 2002, o país cemitério de exércitos era governado pelos talibãs.
Sem querer apoiar ou condenar o governo talibã, o certo era que os talibãs proibiram o cultivo da papoula e estavam reduzindo drásticamente a produção no país.
Iniciada a operação bélico-pirotécnica estadunidense no Afeganistão, de grande apelo e aprovação midiática, com direito a imagens de  bombas explodindo cavernas nas montanhas, suposto esconderijo de bárbaros e perigosísssimos terroristas que das gélidas montanhas tramavam destruir o mundo civilizado, o que se viu logo em seguida foi a queda do regime talibã e a restauração de um novo governo, tudo com direito a imagens do povo votando para caracterizar  a chegada da democracia e do processo civilizatório, como gostavam de afirmar os governantes dos EUA.
Passados pouco mais de dez anos  do início da "guerra sem fim contra os inimigos de nossos valores" o que se tem de verdade é um país imerso em conflitos, com os talibãs  controlando grande parte do território afegão.
Por outro lado, o plantio de papoula cresceu e continua a crescer, alimentando bancos e movimentando bilhões de dólares, além de garantir remédio para uma legião de dependentes , principalmente nos EUA.
Quanto as mídias comerciais pelo mundo que deram amplo destaque e apoio a "guerra sem fim contra os inimigos da civilização", nada produzem ou noticiam de relevante sobre  verdade dos fatos, principalmente sobre as instituições financeiras que fazem o trabalho de lavagem do dinheiro oriundo do negócio das drogas.
No processo "civilizatório" conduzido pelos EUA, pode-se dizer desde a queda do muro de Berlin, o que se vê hoje, claramente , é justo o oposto de civilização.
No mundo atual da era das corporações, grandes organizações criminosas, instituições financeiras e corporações legalmente constituídas, porém não menos criminosas , são de fato o governo mundial.
Enquanto isso, as penitenciárias dos EUA estão abarrotadas de presos, sendo que muitos condenados a trinta anos de reclusão por crimes, como por exemplo, o furto de uma camisa em uma loja de departamentos.
Quando se aplica e se exige muito rigor para os desvios do povo, é sinal que as autoridades constituídas praticam desvios gigantescos, sendo o discurso e aplicação de práticas moralistas o escudo para ocultar ações criminosas.
O mundo é governado e controlado por criminosos de alta periculosidade, que em muitos de seus discursos enaltecem a ética e a família e ainda falam que agem em nome de Deus.
Qualquer semelhança com um certo julgamento não é coincidência.
É o modus operandi do sistema criminoso.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

PIG Deplorável

Como se manipula a informação

William Bonner, ao vetar esta ou aquela reportagem, diz: "essa o Homer não vai entender". Ele refere-se ao "telespectador médio" do Jornal Nacional.


Mário Augusto Jakobskind, do Direto da Redação Latuff
Não é de hoje que vários pensadores sérios estudam o mecanismo da manipulação da informação na mídia de mercado. Um deles, o linguista Noam Chomsky, relacionou dez estratégias sobre o tema.

Na verdade, Chomsky elaborou um verdadeiro tratado que deve ser analisado por todos (jornalistas ou não) os interessados no tema tão em voga nos dias de hoje em função da importância adquirida pelos meios de comunicação na batalha diária de “fazer cabeças”.
Vale a pena transcrever o quinto tópico elaborado e que remete tranquilamente a um telejornal brasileiro de grande audiência e em especial ao apresentador.
O tópico assinala que o apresentador deve “dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade ou deficientes mentais. A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantil, muitas vezes próxima da debilidade, como se o espectador fosse uma pessoa de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se tenta enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantil”.
E prossegue Chomsky indagando o motivo da estratégia. Ele mesmo responde: “se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, por razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos”.
Alguém pode estar imaginando que Chomsky se inspirou em William Bonner, o apresentador do Jornal Nacional que utiliza exatamente a mesma estratégia assinalada pelo linguista.
Mas não necessariamente, até porque em outros países existem figuras como Bonner, que são colocados na função para fazerem exatamente o que fazem, ajudando a aprofundar o esquema do pensamento único e da infantilização do telespectador.
De qualquer forma, o que diz Chomsky remete a artigo escrito há tempos pelo professor Laurindo Leal Filho depois de ter participado de uma visita, juntamente com outros professores universitários, a uma reunião de pauta do Jornal Nacional comandada por Bonner.
Laurindo informava então que na ocasião Bonner dissera que em pesquisa realizada pela TV Globo foi identificado o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se, segundo Bonner, que “ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como o BNDES, por exemplo. Na redação, o personagem foi apelidado de Homer Simpson, um simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão do mundo”
E prossegue o artigo observando que Homer Simpson “é pai de família, adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja, é preguiçoso e tem o raciocínio lento”.
Para perplexidade dos professores que visitavam a redação de jornalismo da TV Globo, Bonner passou então a se referir da seguinte forma ao vetar esta ou aquela reportagem: “essa o Homer não vai entender” e assim sucessivamente.
A tal reunião de pauta do Jornal Nacional aconteceu no final do ano de 2005. O comentário de Noam Chomsky é talvez mais recente. É possível que o linguista estadunidense não conheça o informe elaborado por Laurindo Leal Filho, até porque depois de sete anos caiu no esquecimento. Mas como se trata de um artigo histórico, que marcou época, é pertinente relembrá-lo.
De lá para cá, o Jornal Nacional praticamente não mudou de estratégia e nem de editor-chefe. Continua manipulando a informação, como aconteceu recentemente em matéria sobre o desmatamento na Amazônia, elaborada exatamente para indispor a opinião pública contra os assentados.
Dizia a matéria que os assentamentos são responsáveis pelo desmatamento na região Amazônica, mas simplesmente omitiu o fato segundo o qual o desmatamento não é produzido pelos assentados e sim por grupos de madeireiros com atuação ilegal.
Bonner certamente orientou a matéria com o visível objetivo de levar o telespectador a se colocar contra a reforma agrária, já que, na concepção manipulada da TV Globo, os assentados violentam o meio ambiente.
Em suma: assim caminha o jornalismo da TV Globo. Quando questionado, a resposta dos editores é acusar os críticos de defenderem a censura. Um argumento que não se sustenta.
A propósito, o jornal O Globo está de marcação cerrada contra o governo de Rafael Correa, do Equador, acusando-o de restringir a liberdade de imprensa. A matéria mais recente, em tom crítico, citava como exemplo a não renovação da concessão de algumas emissoras de rádio que não teriam cumprido determinações do contrato.
As Organizações Globo e demais mídias filiadas à Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) raciocinam como se os canais de rádio e de televisão fossem propriedade particular e não concessões públicas com normas e procedimentos a serem respeitados.
Em outros termos: para o patronato associado à SIP quem manda são os proprietários, que podem fazer o que quiserem e bem entenderem sem obrigações contratuais.
No momento em que o Estado fiscaliza e cobra procedimentos, os proprietários de veículos eletrônicos de comunicação entram em campo para denunciar o que consideram restrição à liberdade de imprensa.
Os governos do Equador, Venezuela, Bolívia e Argentina estão no índex do baronato midiático exatamente porque cobram obrigações contratuais. Quando emissoras irregulares não têm as concessões renovadas, a chiadeira do patronato é ampla, geral e irrestrita.
Da mesma forma que O Globo no Rio de Janeiro, Clarin na Argentina, El Mercurio no Chile e outros editam matérias com o mesmo teor, como se fossem extraídas de uma mesma matriz midiática.
Fonte: CARTA MAIOR
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COBERTURA DA CORRUPÇÃO

A notícia embaixo do entulho

Por Luciano Martins Costa em 27/11/2013 na edição 774
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa, 27/11/2013
Os jornais de quarta-feira (27/11) tentam se equilibrar entre duas linhas paralelas que vão se encontrar num ponto futuro: numa delas, compram a tese de que o caso do pagamento de propinas para aumentar preços de obras no metrô paulistano é apenas uma manobra política; na outra, dão credibilidade às suspeitas de que a máfia dos fiscais era na verdade um esquema sofisticado, envolvendo grandes empresas e operando desde pelo menos 2005.
As manchetes do Estado de S.Paulo e do Globo, ou seja, aquilo que os dois jornais consideram mais importante neste dia, são feitas com declarações de políticos do PSDB: eles afirmam que um documento apresentado no processo por formação de cartel em obras do metrô e do trem metropolitano de São Paulo foi forjado, com a inclusão de referência ao seu partido. O assunto também é destaque na primeira página da Folha de S.Paulo.
Trata-se, como se diz por aí, de muito fermento para pouca massa – sob o critério da suposta objetividade que justifica moralmente a imprensa, uma declaração desse tipo mereceria pouco mais que uma nota de rodapé, diante dos outros acontecimentos do dia.
Trata-se de amontoar entulho declaratório sobre os fatos que insistem em emergir das investigações do Ministério Público – a despeito da ação de alguns procuradores interessados em engavetar parte dos autos.
Concretamente, se os jornais aplicassem aos casos do metrô paulistano e da máfia dos fiscais o mesmo critério adotado durante todo o escândalo que ficou conhecido como “mensalão”, teriam que registrar que os dois esquemas ocorreram durante mandatos do tucano José Serra no governo do estado e na prefeitura da capital.
Se, como parecem acreditar os jornais, as denúncias contra representantes do PSDB têm como motivação diminuir o impacto das prisões de líderes do PT na Ação Penal 470, o mesmo se pode dizer da apreensão de quase meia tonelada de cocaína num helicóptero pilotado por um assessor parlamentar da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, cujas relações a imprensa está pouco interessada em devassar.
Como se vê, se o jornalismo se limita a repetir declarações, a barulheira das manobras políticas vai encobrir os fatos, e a suposta objetividade da imprensa vai virar ficção.

Condicionando a história
Portanto, deve-se considerar que o noticiário não é objetivo porque não é do interesse dos jornais esclarecer os fatos, mas dar a eles uma versão mais condizente com os interesses da própria imprensa e de seus aliados.
Por exemplo, o que vale mais como notícia: uma declaração de suspeita sobre um dos milhares de documentos comprovando fraudes milionárias em obras públicas, ou as evidências de que o esquema vinha funcionando há uma década, portanto, com grandes possibilidades de envolver autoridades mais elevadas do que ex-diretores de estatais?
Até a semana passada, a Folha de S.Paulo se esforçava para direcionar o caso dos fiscais ao atual prefeito paulistano, Fernando Haddad, por conta da suspeita de ligações de um ex-secretário com os principais acusados. Na quarta-feira, todos os jornais são obrigados a noticiar que o esquema existe há muito mais tempo.
Segundo o Globo, o esquema de corrupção não começou em 2010, como suspeitavam os promotores do Ministério Público, “mas em 2005, no início da gestão do ex-prefeito José Serra (PSDB)”. O Estado de S.Paulo afirma que os promotores investigavam operações da quadrilha desde 2007, quando Gilberto Kassab (PSD) sucedeu José Serra na prefeitura paulistana, mas acabam de ampliar o período de apuração “para até o ano de 2005, na gestão José Serra”. A Folha de S. Paulo informa que o esquema de cobrança de propina existe “pelo menos desde 2005”.
O que se analisa aqui não é uma malversação das investigações, porque nas entrelinhas, e em textos esparsos, qualquer pessoa mais atenta vai perceber que os dois escândalos têm procedimentos comuns e se cruzam em personagens bastante conhecidos da política nacional.
Daqui a dez anos, quando e se o caso chegar a julgamento, alguns desses personagens estarão mortos, aposentados, esquecidos ou alienados, e ninguém deve apostar um centavo na conclusão das investigações.
Interessante é observar como a imprensa tenta todos os dias condicionar o rumo da história entulhando sobre os fatos declarações criteriosamente selecionadas.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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1- Mídia A

Hoje, 26.11.13, terça-feira.
Chove no Rio de Janeiro.
As ruas estão escorregadias.
O risco de acidentes no trânsito aumenta.
Os automóveis podem sofrer prejuízos.
Os veículos de transporte coletivo são pesados.
Pessoas correm por causa da chuva, aumentando o risco de prejuízos para os automóveis.
O vento, comum nesses dias de chuva, pode derrubar árvores.
Mais um risco em potencial para os automóveis.
Cabos da rede elétrica despecam, e prejudicam o fluxo de veículos.
Atrasos aumentam.
Pequenos bolsões d'água podem afetar a parte elétrica dos veículos.


2 - Mídia - B

Hoje, 26.11.13, terça-feira.
Chove no Rio de Janeiro.
As ruas estão escorregadias.
O risco de acidentes no trânsito aumenta.
Os pedestres devem ficar mais atentos.
Os veículos derrapam nas pistas encharcadas.
Pessoas devem evitar correr nas travessias.
Atenção para o vento , para não ser atingido por ávores e galhos. 
Mais um risco para o pedestre que sofre com calçadas esburacadas.
Os cabos da rede elétrica, expostos  potencializam ainda mais o risco para os pedestres em dias de chuva.
O contato com água acumulada nas ruas pode causar doenças nos transeuntes.

O dia é o mesmo, a cidade é a mesma, as condições climáticas são as mesmas , mas o enfoque da notícia é completamente diferente.
Não se pode dizer que sejam falsas as informações dadas pelas mídias acima pelo contrário, ambas são verdadeiras.
A mídia A prioriza o automóvel particular, enquanto a B prioriza o pedestre.
Ambas noticiam, mas não informam corretamente.
As notícias são apresentadas através de filtros , específicos para cada mídia.
Filtros ideológicos, econômicos, sociais.
Assim se comportam as mídias privadas, ou como o caro leitor já se acostumou a ler e ouvir, a velha mídia comercial.
Em lugar do dia chuvoso poderiam ser notícias sobre o julgamento da ação penal 470, o protesto dos jogadores do Bom Senso F. C,  cuidados com a saúde e a nutrição, o desempenho do governo do PT , as oscilações de humor do mercado, os esquemas escandalosos de corrupção nos governos tucanos de São Paulo, o perfil do novo Papa, as lei que regulamentam as mídias em países da América do Sul, as novas decisões do FED, a interpretação sobre as pesquisas de intenção de votos da corrida presidencial e até mesmo bolinhas de papel que voam.
Em outras palavras, o que o caro leitor consome como notícia e informação, nada mais é do que aquilo que a velha mídia deseja que seja notícia e informação e, em muitas vezes, o que a velha mídia deseja que o leitor consuma como notícia e informação não tem o menor compromisso com a completeza dos fatos, com a verdade e mesmo com a realidade.
Assim sendo não é de se estranhar, que asteróides cruzando céu não existem, como já noticiou uma certa mídia carioca. 
Ficar atento a essa turma é um bom remédio para não viajar na maionese.
Já que remédio foi citado, cabe lembrar que o tom de voz em off,  ao final dos comerciais de medicamentos , apresenta a recomendação sobre o uso indevido de medicamentos como exigido pela Ministério da Saúde em uma velocidade de fala impressionante e  de sugestão altamente imbecilizante à recomendação dos órgãos do governo.
Com a intenete, o caro e bem informado leitor não necessita mais da leitura de jornalões ( globo, folha , estadão, etc ) revistonas ( veja, época, isto é, etc ) , telejornais higiênicos com apresentadores vestidos como banqueiros,  e jornalistas de emissoras de rádio, claro, todos pertencentes ao deplorável PIG.
Em tempos de mídias digitais deve-se seguir a seguinte máxima: 
Monte, você mesmo, seu jornal diário.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

João Cândido às Avessas

O bode na sala da Justiça

Por Luciano Martins Costa em 25/11/2013 na edição 773
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa, 25/11/2013
Os jornais noticiam nas edições de segunda-feira (25/11) a substituição do juiz das execuções penais do Distrito Federal encarregado de providenciar o cumprimento das sentenças do Supremo Tribunal Federal contra alguns dos condenados na Ação Penal 470. A principal controvérsia se refere ao tratamento conferido ao deputado José Genoíno, que foi encarcerado precipitadamente por ordem do presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, mesmo em convalescença após um grave procedimento cirúrgico.
A imprensa observa que o novo juiz encarregado de determinar as condições de cumprimento das penas em Brasília é filho de um dirigente do PSDB e de uma funcionária do Ministério da Ciência e Tecnologia que milita ativamente na campanha presidencial do senador Aécio Neves. Em sua página no Facebook (ver aqui), a mãe do magistrado não esconde a orientação política da família.
Esse é apenas um dos aspectos da confusão em que se transformou aquilo que a imprensa brasileira tem considerado como o “novo tempo” da Justiça no Brasil. O protagonismo exagerado do presidente da Suprema Corte contribui para acirrar radicalismos e se constitui, hoje, em fator de desestabilização política.
Bastaram poucos dias para que os fatos desmontassem a versão construída pela imprensa em torno do julgamento da Ação Penal 470. Logo após o início do cumprimento das penas, algumas personalidades do mundo jurídico se dão conta de que o que rege as decisões da mais alta corte nacional não é o propósito de fazer Justiça, mas um obscuro sentimento de vingança cujas razões precisam ser esclarecidas.
A se considerar certos comportamentos obsessivos do ministro, há alguma coisa de doentio nesse processo, que extrapola questões penais e ideológicas. Com a cautela que o protocolo exige, personalidades do mundo jurídico têm feito chegar à mídia seus cuidados com relação ao acúmulo de erros nesse processo.

Crimes onipresentes
Como nos cabe aqui observar a imprensa e não as instituições diretamente, convém fazer um retrospecto dos acontecimentos para estabelecer algumas responsabilidades.
Não é preciso grande esforço para reconhecer que, independentemente dos elementos objetivos que formam o processo da Ação Penal 470, a imprensa teve um papel central nas decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal, em especial nas funções do presidente da Corte.
Joaquim Barbosa, transformado em herói nacional, e outros ministros, revelaram possuir personalidades sensíveis à bajulação, o que transformou as sessões do Supremo em espetáculos midiáticos nos quais o princípio da Justiça foi submetido ao crivo da popularidade de seus protagonistas.
O encarceramento precipitado de onze dos doze condenados, em feriado nacional, explicita o propósito de ganhar as manchetes no fim de semana prologado, mais do que uma decisão baseada nas normas penais.
Valeu pelas manchetes.
Mas, daqui para a frente, a imprensa terá que administrar cuidadosamente o desempenho midiático do presidente do STF. A figura de Barbosa representa o bode na sala, que a imprensa vai ter que remover antes que comece o julgamento daquele outro processo por corrupção chamado de “mensalão tucano”.
A “nova era na democracia brasileira – a Era dos Corruptos na Cadeia”, anunciada na semana passada pela revista Época, será revelada, então, como mais uma dessas farsas que enchem nossos livros de História.
O Judiciário, que já arrastava a tradição do nepotismo e a maldição de produzir, em sua face mais perversa, os frutos da desigualdade social, agrega ao seu prontuário o personalismo a reboque da mídia.
Enquanto isso, na vida real seguem se acumulando nos cartórios as ações sem julgamento, e consolida-se na sociedade a convicção de que o crime sempre compensa – o caso da Ação Penal 470 é apenas “um ponto fora da curva”. Relatos de procuradores e juízes distritais indicam, por exemplo, que a violência contra a mulher se agrava no Brasil, a despeito da legislação específica, porque os culpados, mesmo quando condenados, cumprem apenas uma fração de suas sentenças. O crime organizado se sofistica, a corrupção virou estratégia em todas as instâncias do poder.
O livro intitulado Crimes onipresentes – Histórias reais sobre assassinatos, responsabilidade moral e impunidade, traz uma fração desse descalabro. O autor, o promotor de Justiça Ricardo Rangel de Andrade, descreve com realismo cruel como o crime é consentido e até estimulado pela inoperância da Justiça e pela corrupção policial. A verdadeira Justiça brasileira está descrita em suas páginas; a politicagem que desmoraliza o STF é a joia da coroa.
Fonte: OBSERVATORIO DA IMPRENSA

Quanto mais a velha mídia noticia e "explica" os desdobramentos deste capítulo do julgamento da ação penal 470, mais superficial e partidarizado torna-se o seu noticiário.
Com o grande volume de matérias nas mídias digitais que trazem o contraditório sobre o tema, o noticiário da velha mídia pode ser comparado a uma criança de olhos fechados  fazendo beiço em pirraça explícita  ( os olhos fechados na criança são para evitar o contato com a realidade), ou ainda a um bandido flagrado em crime que nega com veemência seu ato.
A omissão sobre os atos de destempero, autoritarismo e exibicionismo protagonizados por um  BBB (Batmam Barbosa Brasil ) que está com tudo e está prosa, é um perfeito retrato de um segmento  que, tal qual a ideologia que abraça, agoniza em decadênca e irrelevância.
A velha mídia, tal qual se apresenta  e produz seus conteúdos, é um problema para a democracia do país, mas não é o principal. 
Com o protagonismo cada vez mais atuante e relevante das mídias digitais, as omissões e mentiras, tão comuns na  escancarada verdade midiática, atualmente não mais passam da página dois, isso em um texto de duzentas páginas.
A famosa alegoria da pedra jogada no centro de um lago, sendo a pedra jogada a notícia desejada, de maneira que o movimento de círculos concêntricos na aǵua pelo impacto da pedra chegaria as margens do lago, o crescimento e abrangência da notícia, não mais alcança sucesso em tempos de mídias digitais. 
Isso é fato e também não é noticia na velha mídia.
A velha mídia burguesa, que hoje é composta pelos principais jornalões, revistonas, emissoras de rádio e de tv, é uma ilha de expressões racistas, autoritárias e elitistas que se debate em tintas e decibéis pela manutenção de um espaço que não mais ocupa. 
Ainda se matêm no alto de sua torre, porém , ao seu redor , novas edificações e torres bem mais altas passaram a existir. 
Com seu explícito ranço elitista a aristocrático, pode muito bem ser comparadara a ilha Fiscal, e ao famoso baile que decretou o final de um período na história do páis.
Nesses onze anos de governos populares de democráticos do PT, ou seja do povo, onde de certa forma a cultura popular tem um papel importante no país, a velha mídia ficou exposta, e , como tal, revelou seu DNA burguês, colonizado e contrário ao crescimento de uma identidade  nacional que contemple todo o conteúdo do caldeirão cultural do povo brasileiro, com todos os desdobramentos na política, economia e cultura. 
Justo em um período onde a hegemonia americana no campo político, econômico e cultural, emite claros sinais de decadência acelerada, a velha mídia brasileira com suas expressões ,comportamentos, idéias e valores, assemelha-se , em alegoria, aos aristocratas do período da belle époque, embarcados no Titanic, com fraque e cartola, bebendo champangne, mesmo enquanto as águas que levaram o navio à pique já se aproximavam de seus pescoços.
A burguesia, quando raramente é detida, presa, julgada e  posteriormente condenada, pode ser vista em seu calvário para o cárcere sempre com a cabeça erguida e o tórax estufado para frente. 
Uma explícita expressão de uma suposta e ancestral superioridade.
Já setores do campo popular, como artistas ou mesmo políticos, sempre que detidos, e com frequência são detidos e julgados de "forma exemplar", podem ser vistos com os braços ao alto com os punhos cerrados, em uma demonstração que continuam na luta por um país democrático.
Expressões, comportamentos e gestos que dizem muito sobre a realidade brasileira.
Como o caro e atento leitor leu anteriormente nesta postagem, a velha mídia é um problema para o avanço da democracia, mas não é o principal. 
Muitos de seus jornalistas continuam frequentando o Country Club,reduto das elites,  em Ipanema, em frente ao mar, bem pŕoximo da comunidade da Cruzada de São Sebastião, uma favela edificada no marco geodésico entre as Monarquias de Ipanema e do Leblon.
A água um dia pode subir-lhes ao pescoço. 
A questão principal que impede o avanço democrático, não apenas  no Brasil como também em muitos países da América Latina que ousou ser livre , soberana e democrática , é o novo protagonismo do Judiciário como esfera de Poder incontestável e também como último reduto e voz definitiva para resolução de conflitos. 
O  que hoje acontece no Brasil, já aconteceu no Paraguai, já serviu de referendo para uma arbitrariedade em Honduras e foi tentado na Bolívia. Curiosamente, na Argentina, as mesmas elites européias do continente desejaram apelar para cortes internacionais  para que seus privilégios, que não são direitos, são inconstitucionais e não atendem ao povo, fossem preservados.
Diante do reestabelecimento de eleições livres e democráticas em todo o continente latino americano, e a consequente ascensão a partir do início deste século de governos populares na maioria dos países do continente que se deslocaram da decadência americana, o poder Judiciário desses países passou a ser o instrumento  de contenção e mesmo de ruptura do processo democrático.
Foi a opção dos botes de salva vidas, claro, somente para a aristocracia.
No teatro de aparências e superficialidades em que o país está imerso, está em jogo uma das maiores trapaças para afastar, se possível definitivamente ,o povo enquanto protagonista principal do país.
O espetáculo grotesco e asqueroso protagonizado pelo BBB, com o amplo apoio da mídia burguesa deslocada do povo, não tem o menor objetivo de criar uma nova era no país onde os ladrões corruptos serão levados ao banco dos réus e condenados exemplarmente, como anunciou a revista época, de seu camarim na classe de luxo.
O caro, atento e bem informado leitor sabe que os grandes ladrões do país , empresários e políticos continuam  ao sol e a brisa dos ventos na piscina do convés.
Sabe também que por sempre estarem no poder central, se aproveitaram para enriquecer e roubar com frequência o patrimônio do povo brasileiro.
Entretanto, afastados democraticamente do poder pelo governo do povo, criaram a farsa de um julgamento exemplar, onde os condenados  que tem como patrimônio apenas a casa onde vivem com suas famílias são apresentados como corruptos deploráveis.
Cabe lembrar que os condenados são pessoas do povo, não costumam viajar na primeira classe.
Está em jogo, mais do que a farsa do julgamento, a consolidação de um conceito de que pessoas do povo que não frequentaram unversidades,  que não tiveram acesso a cultura e ainda são oriundas de setores pobres da sociedade , não tem caráter , competência e honestidade para assumir o leme.
Quanto aos verdadeiros ladrões  e corruptos, continuam livres, e não se tem a mínima idéia se de fato um dia serão detidos para que o país de fato inicie uma nova era de transparência.
E para comandar essa farsa grotesca e mentirosa, de maneira que subliminarmente não pairem dúvidas sobre a lisura do julgamento, nada melhor que um magistrado preto e oriundo do povo.
Enredo melhor para burguesia  seria impossível.
'há muito tempo nas águas da Guanabara
 o dragão do mar reapareceu...
Assim como a belíssima canção que  o caro leitor tão bem conhece, a farsa do julgamento está na boca do povo, em cada esquina, nas favelas, nos sindicatos, nos bares, nas escolas, no campo, em todos os lugares onde a razão predomina. 

sábado, 23 de novembro de 2013

Mais um que Agoniza

'O Dia' volta a ter formato 'standard'

O jornal carioca "O Dia" prepara mudanças para este fim de ano. No próximo dia 8 de dezembro, a publicação abandona o formato europeu "berliner" e volta a adotar o maior, o "standard".


O jornal espera voltar a vender 100 mil exemplares por dia com a mudança. Hoje está na casa dos 30 mil, segundo o IVC.
Fonte: JORNAL DO BRASIL

O Dia pode adotar o formato que bem entender, até mesmo em gigantescos banners.
Vender 30 mil exemplares por dia, para um jornal vagabundo como é , já se trata de um fenômeno.
O DIA , nos últimos anos, já mudou de cor, de tamanho e até de dono. Porém, o problema é mais profundo, não é apenas estético.
Com as redes sociais, os impressos , na linha de O DIA, tendem ao desaparecimento.
Se isso não bastasse, o conteúdo do jornal é sofrível, como também o são globo, extra, e outras barbaridades que existem por aí.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Há um Surto no Ar

Globo dá sinais de que, se farsa ruir, Barbosa vai pagar a conta


Conquistada a condenação dos réus da Ação Penal 470, o chamado mensalão, a Globo agora quer transferir o ônus do golpismo para o STF, mais especificamente para Joaquim Barbosa. Não parece ser por virtude, mas por esperteza, que William Bonner passou um minuto no Jornal Nacional de quarta-feira (20) lendo a notícia: "Divulgada nota de repúdio contra decisão de Joaquim Barbosa".

Por Helena Sthephanowitz*, na Rede Brasil Atual



Os ministros Ricardo Lewandowski (à esq.) e Joaquim Barbosa entram no plenário para julgamento do mensalão |Foto: Roberto Jayme

O manifesto é assinado por juristas, advogados, lideranças políticas e sociais repudiando ilegalidades nas prisões dos réus do mensalão efetuadas durante o feriado da Proclamação da República, com o ministro Joaquim Barbosa emitindo carta de sentença só 48 horas depois das ordens de prisão.


O locutor completou: "O manifesto ainda levanta dúvidas sobre o preparo ou boa-fé do ministro Joaquim Barbosa, e diz que o Supremo precisa reagir para não se tornar refém de seu presidente".

A TV Globo nunca divulgou antes outros manifestos em apoio aos réus, muito menos criticando Joaquim Barbosa, tampouco deu atenção a reclamações de abusos e erros grotescos cometidos no julgamento. Pelo contrário, endossou e encorajou verdadeiros linchamentos. Por que, então, divulgar esse manifesto, agora?

É o jogo político, que a Globo, bem ou mal, sabe jogar, e Joaquim Barbosa, calouro na política, não. E quem ainda não entendeu que esse julgamento foi político do começo ao fim precisa voltar ao be-a-bá da política. O PT tinha um acerto de contas a fazer com a questão do caixa dois, mas parava por aí no que diz respeito aos petistas, pois tiveram suas vidas devassadas por adversários, que nada encontraram. O resto foi um golpe político, que falhou eleitoralmente, e transformou-se numa das maiores lambanças jurídicas já produzidas numa corte que deveria ser suprema.

A Globo precisava das cabeças de Dirceu e Genoino porque, se fossem absolvidos, sofreria a mesma derrota e o mesmo desgaste que sofreu para Leonel Brizola em 1982 no caso Proconsult, e o STF estaria endossando para a sociedade a tese da conspiração golpista perpetrada pela mídia oposicionista ao atual governo federal.

A emissora sabe dos bastidores, conhece a inocência de muitos condenados, sabe da inexistência de crimes atribuídos injustamente, e sabe que haverá uma reviravolta aos poucos, inclusive com apoios internacionais. A Globo sabe o que é uma novela e conhece os próximos capítulos desta que ela também é protagonista.

Hoje, em tempos de internet, as verdades desconhecidas do grande público não estão apenas nas gavetas da Rede Globo, como acontecia na ditadura, para serem publicadas somente quando os interesses empresariais de seus donos não fossem afetados. As verdades sobre o mensalão já estão escancaradas e estão sendo disseminadas nas redes sociais. A Globo, o STF e Joaquim Barbosa têm um encontro marcado com essas verdades. E a emissora já sinaliza que, se ela noticiou coisas "erradas", a culpa será atribuída aos "erros" de Joaquim Barbosa e do então procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Joaquim Barbosa, homem culto, deve conhecer a história de Mefistófeles de Goethe, a parábola do homem que entregou a alma ao demônio por ambições pessoais imediatas. Uma metáfora parecida parece haver na sua relação com a TV Globo. Mas a emissora parece que está cobrando a entrega antes do imaginado.
Fonte: VERMELHO
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revistaafroSTF
                                   aberta a temporada de caça na globo
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Globo dá jeito de enrolar PT em denúncia. Estadão fez o mesmo!

publicado em 21 de novembro de 2013 às 17:05

por Conceição Lemes

O Estadão publicou hoje reportagem, revelando a investigação de políticos do PSDB, DEM, PMDB,PTB e PPS no  esquema do cartel que fraudava licitações do Metrô de São Paulo e  da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos  – CPTM.
A denúncia consta de relatório do ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, entregue em abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).Ele disse ter documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo, durante os governos dos tucanos  Mário Covas, Geraldo  Alckmin e José Serra.

Como já dissemos aqui, tucano, quando denunciado em manchete, é apenas “político”

O Jornal Hoje, da TV Globo, fez o mesmo: Políticos são acusados de envolvimento em cartel.

As semelhanças não param na manchete.
Na tentativa desqualificar a acusação contra os tucanos, o Jornal Hoje, tal qual o Estadão, enrola o PT e Cade na denúncia.
Envolve deputado estadual licenciado Simão Pedro, do PT de São Paulo, atualmente secretário de Serviços da  cidade de São Paulo.
O Jornal Hoje afirma:
A reportagem diz ainda que Everton Rheinheimer admite ser o autor da carta anônima enviada em 2008, que deflagrou a investigação do cartel dos trens e que ele teve ajuda de Simão Pedro para se encontrar com o presidente do Cade.
Simão Pedro é deputado estadual do PT de São Paulo. Ele está licenciado e hoje é secretário de Serviços de Fernando Haddad, também do PT.
Segundo a reportagem do O Estado de S. Paulo, Rheinheimer disse que o acordo envolvia a indicação dele para um cargo executivo na Vale. A assessoria da empresa informou que Everton Rheinheimer nunca trabalhou na empresa.
O secretário municipal de Serviços de São Paulo, Simão Pedro, disse que quando era deputado estadual recebeu denúncias de pagamento de propina em contratos da CPTM e do metrô e que encaminhou tudo para o Ministério Público de São Paulo.

A Globo gastou 44s da reportagem de 6m42s  acusando o PT. Um lixo!

Abaixo o texto da matéria do Jornal Hoje.
Edição do dia 21/11/2013
21/11/2013 14h23 - Atualizado em 21/11/2013 14h28

Seis políticos são acusados de envolvimento em formação de cartel
Ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, fez a denúncia. Caso foi revelado em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.
Renato Biazzi, São Paulo
A edição desta quinta-feira (21) do jornal O Estado de S. Paulo revela que um ex-diretor da Siemens envolveu o nome de políticos do PSDB, do DEM , do PMDB e do PPS nas investigações sobre a formação de cartel em licitações do Governo de São Paulo. As licitações foram feitas entre 1998 e 2008.
Segundo a reportagem, em um relatório entregue em abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, disse que tem documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo, durante os governos Covas, Alckmin e Serra.
De acordo com Rheinheimer, esse esquema tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa dois do PSDB e do DEM. Ele afirmou que o lobista Artur Teixeira disse que atual secretário da Casa Civil do governo Alckmin, do PSDB, Edson Aparecido, recebia propina das multinacionais suspeitas de participar do cartel dos trens.
O deputado Arnaldo Jardim, do PPS de São Paulo, também é citado como outro beneficiário. Segundo a reportagem, outros quatro políticos são citados pelo ex-diretor da Siemens como envolvidos com a Procint, empresa do lobista Artur Teixeira, suspeita de intermediar a propina a agentes públicos.
Os políticos mencionados são o senador Aloísio Nunes Ferreira, do PSDB, e os secretários estaduais José Aníbal, de Energia, Jurandir Fernandes, dos Transportes, e Rodrigo Garcia, do Desenvolvimento Econômico.
Ainda de acordo com a matéria, Rheinheimer diz em seu texto que os nomes de Aparecido e Arnaldo Jardim foram mencionados por Artur Teixeira como os destinatários de parte da comissão paga pelas empresas.
Sobre Aloysio Nunes Ferreira, Jurandir Fernandes e Rodrigo Garcia, o ex-diretor afirmou que teve a oportunidade de presenciar o estreito relacionamento deles com Artur Teixeira. Sobre José Aníbal, o ex-executivo disse que Artur Teixeira tratava diretamente com o assessor do político, o vice-prefeito de Mairiporã, Silvio Ranciaro.
O ex-diretor da Siemens apontou também o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filipeli, do PMDB, e o ex-governador do estado, José Roberto Arruda, sem partido, como políticos envolvidos com a empresa MGE Transportes, apontada pelo Ministério Público como fornecedora da Siemens e de outras companhias do cartel.
A reportagem diz ainda que Everton Rheinheimer admite ser o autor da carta anônima enviada em 2008, que deflagrou a investigação do cartel dos trens e que ele teve ajuda de Simão Pedro para se encontrar com o presidente do Cade.
Simão Pedro é deputado estadual do PT de São Paulo. Ele está licenciado e hoje é secretário de Serviços de Fernando Haddad, também do PT.
Segundo a reportagem do O Estado de S. Paulo, Rheinheimer disse que o acordo envolvia a indicação dele para um cargo executivo na Vale. A assessoria da empresa informou que Everton Rheinheimer nunca trabalhou na empresa.
O secretário municipal de Serviços de São Paulo, Simão Pedro, disse que quando era deputado estadual recebeu denúncias de pagamento de propina em contratos da CPTM e do metrô e que encaminhou tudo para o Ministério Público de São Paulo.
Defesa
Em nota, o PSDB afirma que se pauta pela ética e repudia as acusações feitas ao partido. Também em nota, o DEM informou que o partido é originado do PFL, mas que não há registros nos dois de nenhuma contribuição proveniente da Siemens.
O secretário Edson Aparecido, chefe da Casa Civil do governo paulista, disse que nunca viu ex-executivo da Siemens e que vai entrar com uma ação criminal por calúnia e difamação contra o secretário municipal Simão Pedro, contra Everton Rheinheimer e contra o Cade. “Vou processar o deputado do PT que está por trás disso, vou processar o presidente do Cade, que não informou à Justiça e não informou também a corregedoria do estado sobre um documento que não faz parte desse acordo de leniência. E vou processar esse bandido, que faz uma denúncia desse tipo, em troca de cargo absolutamente ilegal”, afirma.
O secretário de Transportes disse que esteve com Artur Teixeira em duas ocasiões, em situações profissionais, e que Everton Rheinheimer cita seu nome, mas não o relaciona ao recebimento de propinas. “Meu nome ele cita, mas ele diz: ‘esses aqui apontados não se refere à propina’. No meu caso, não se refere. Ele fala: ‘mantém o relacionamento intenso com o cidadão Artur Teixeira’. Esse ano foram três encontros que ele teve no meu gabinete, totalmente profissional”, defende.
O Cade informou que o acordo de leniência firmado com a Siemens não tem nenhuma irregularidade e que a denúncia de cartel não partiu de uma pessoa e sim da própria empresa Siemens.
O deputado Arnaldo Jardim, do PPS, disse que nunca ouviu falar de Rheinheimer e que estuda processar o ex-executivo da Siemens por calúnia. Afirmou ainda que conhece Artur Teixeira porque os dois são engenheiros e participaram de vários eventos ligados ao setor de transportes, mas nega qualquer relação profissional com ele, ainda mais em esquemas criminosos.
O secretário de Energia do estado de São Paulo, José Anibal, do PSDB, disse que não conhece o ex-executivo da Siemens, nem tem relação com a empresa de Artur Teixeira. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia, do DEM, também negou qualquer tipo de relacionamento com Artur Teixeira.
O vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli, nega conhecer ou ter qualquer tipo de contato com o autor da denúncia e com a empresa citada pelo denunciante. Disse que vai entrar na Justiça contra o ex-diretor da Siemens.
A assessoria do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, disse que ele nunca se relacionou com a empresa de Artur Teixeira. O senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB, disse que conheceu Artur Teixeira quando foi secretário estadual dos Transportes, entre 1991e 1994, mas negou qualquer relação com o empresário.
O ex-vice-prefeito de Mairiporã, Silvio Ranciaro, não foi encontrado pela produção de reportagem do Jornal Hoje.
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Bandeira de Mello: PT tem que processar Barbosa

O Supremo nada mais foi do que a “longa mão” da Globo Overseas.
O Conversa Afiada reproduz do Brasil de Fato entrevista de Celso Bandeira de Mello, por sugestão do amigo navegante Igor Felippe:

“Direitos foram violados pelo STF”, diz jurista



Por Luiz Felipe Albuquerque

Do Brasil de Fato SP

O julgamento do caso do “Mensalão” foi político e inconstitucional, na avaliação de Celso Antônio Bandeira de Mello, que é reconhecido como um dos mais brilhantes e respeitados juristas brasileiros.

Professor Emérito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC- -SP), Bandeira completa 77 anos na próxima semana envergonhado com o papel cumprido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento.

“Esse julgamento é viciado do começo ao fim. Agora, os vícios estão se repetindo, o que não é de estranhar. Não vejo nenhuma novidade nas violações de direitos. Confesso que fiquei escandalizado com o julgamento”, diz.

Nesta semana, 11 condenados do processo foram presos, como o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, e o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu. Bandeira critica o “açodamento” das prisões e considera “gravíssimo” o tratamento dado a Genoíno, que passou recentemente por uma cirurgia no coração e está doente.




A prisão dos condenados da ação antes do julgamento dos embargos infringentes cumpriu o rito jurídico?
Houve um açodamento. Começaram a cumprir em regime fechado mesmo aqueles que deveriam estar em regime semi-aberto. A meu ver, todo o julgamento foi ilegal. Diria até inconstitucional. A começar, por suprimir uma instância, quando fizeram todos serem julgados no STF, o que não era o caso. Esse julgamento é viciado do começo ao fim. Agora, os vícios estão se repetindo, o que não é de estranhar. Não vejo nenhuma novidade nas violações de direitos. Confesso que fiquei escandalizado com o julgamento.


Por que José Dirceu e José Genoíno foram levados para Brasília, se trabalham em São Paulo?
Foi por exibição do presidente do Supremo [Joaquim Barbosa] , que saiu de foco por uns dias e quis voltar. Mas é uma mera interpretação subjetiva. Só posso dizer que é uma coisa lamentável. Não há nada que justifique. Em princípio, eles deveriam cumprir a pena o mais próximo possível das residências deles. Se eu fosse do PT ou da família pediria que o presidente do Supremo fosse processado. Ele parece mais partidário do que um homem isento.


Genoíno deveria receber um tratamento diferente pelo fato de estar doente?
É gravíssimo. Tenho quase 80 anos de idade e nunca na minha vida vi essas coisas se passarem. Nunca. Ele tinha que ter um tratamento em função do estado de saúde dele. É o cúmulo o que está se passando. É vergonhoso.


Genoíno e Dirceu dizem que são inocentes e que são presos políticos em plena democracia. Como o senhor avalia isso?
Eles têm razão: foi um julgamento político. Não foi um julgamento com serenidade e isenção como deveria ter sido. Basta ver as penas que eles receberam, piores do que de indivíduos que praticaram crimes com atos de crueldade e maldade.


José Dirceu foi condenado com base na teoria do domínio do fato. Existem provas concretas que o condenasse?
Esse é outro absurdo. Não existe nenhuma prova concreta que justifique essa atitude. É simplesmente um absurdo e um retrocesso no Estado de Direito. Primeiro, o próprio elaborador dessa teoria [o jurista alemão Claus Roxin] já afirmou que foi mal aplicada. Segundo, essa teoria é uma bobagem, pois contraria princípios do Estado de Direito. Uma pessoa é inocente até que se prove o contrário. Isso é uma conquista da civilização. Portanto, são necessárias provas de que realmente a pessoa praticou um crime ou indícios fortíssimos. Sem isso, não tem sentido.



Genoíno foi condenado por ter assinado um cheque de um empréstimo como presidente do PT. Depois, o valor foi pago pelo partido. Esse procedimento justifica a condenação dele?
Não justifica. As condenações foram políticas. Foram feitas porque a mídia determinou. Na verdade, o Supremo funcionou como a longa manus da mídia. Foi um ponto fora da curva.


E a atuação do ministro Joaquim Barbosa?
Certamente, ele foi o protagonista principal, mas não foi o único, porque não podia ter feito tudo sozinho. Quem brilhou nesse episódio foi o ministro Ricardo Lewandowski, que foi execrado pela mídia e pela massa de manobra que essa mesma mídia sempre providencia. Se o Judiciário desse sanções severíssimas à mídia, como multas nos valores de R$ 50 milhões ou 100 milhões, agiriam de outro jeito. Mas com as multinhas que recebem, não se incomodam a mínima.


Você acredita em uma contra ofensiva em relação ao Poder Judiciário, diante das contradições cada vez mais evidentes nesse episódio?
Acho muito difícil, porque a mídia faz e desfaz o que ela bem entende. Na verdade foi ela a responsável por tudo isso. O Supremo não foi mais que as longa manus da mídia.

Fonte: CONVERSA AFIADA
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Os artigos acima dizem tudo sobre a farsa montada.
Há um surto de grandes proporções no país.
O momento é gravíssimo.
O estado democrático de direito está sofendo um ataque, com nuances bem parecidas com o que ocorreu há quase 50 anos.
Justo por setores que ainda não passaram pelo processo de democratização, a mídia e o judiciário.
O PAPIRO não pretende se alongar neste texto. 
Para que o caro e atento leitor entenda com mais detalhes o que tem acontecido, reproduzo a justificativa de voto de um ministro do STF:
" não tenho provas para condenar José Dirceu. Porém, irei condená-lo, já que a 
  literatura jurídica me permite fazê-lo"
Sendo assim, podemos afirmar:
- não tive relações sexuais com ele. Porém, sua vontade em ter relações comigo    me permite afirmar que ele é o pai do meu filho;
- fui roubado na estação do metrô. Não sei quem me roubou, mas a aparência 
  daquele homem alí no banco, me permite dizer que foi ele o ladrão;
- ele é apaixonado por comidas árabes. Um forte indício para afirmar que 
  estamos diante de um perigoso terrorista.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um Vira-lata Raivoso

Eric Nepomuceno: Ressentimento se voltou contra Dirceu e Genoíno

publicado em 20 de novembro de 2013 às 21:00

Foto Fellipe Sampaio/SCO/STF
18/11/2013 – Copyleft


Anotações sobre uma farsa (II)
Era preciso expor José Dirceu ainda mais – e também José Genoino – à execração pública. Concentrar neles toneladas de ressentimento sem fim.

por Eric Nepomuceno, na Carta Maior
Quando se postulava a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o então juiz Joaquim Barbosa procurou José Dirceu, ministro-chefe da Casa Civil do primeiro governo de Lula (2003-2007).
Apresentou um pedido de rotina: apoio para que seu nome fosse levado ao presidente, a quem cabe indicar os membros da corte suprema.
Dirceu recebeu o pedido, e comentou com o postulante: “Bom mesmo será o dia em que os que pretendem chegar ao Supremo obtenham sua indicação por seus próprios méritos, e não por indicações políticas como a que está me pedindo”.
Barbosa foi escolhido por Lula porque Lula queria ser o primeiro presidente a indicar um negro para a corte máxima do país.
De origem humilde, Barbosa construiu sua carreira graças a um esforço descomunal. Teria méritos profissionais mais que suficientes para chegar aonde chegou. Mas não chegou por eles.
Antes, tentou entrar na carreira diplomática. Acabou frustrado pelo elitismo dominante na corporação: o teste psicológico do Itamaraty que o derrotou menciona uma personalidade insegura, agressiva, com profundas marcas de ressentimento. Com isso, não fez outra coisa além de reforçar a agressividade, a prepotência, o autoritarismo e, enfim, o ressentimento do candidato.
Não terá sido a única razão, mas certamente contribuiu para que toda essa história desse no que deu.
 
O sistema judiciário brasileiro está, como todo o sistema político, impregnado de vícios de raiz.
A condução mediática e espetaculosa do julgamento que levou Dirceu e Genoino para a cadeira é prova cristalina dos desmandos do Supremo Tribunal Federal.
Joaquim Barbosa tem vasta e sólida experiência. Não é um aventureiro doidivanas: sabe muito bem o que faz. E fez o que fez, ao expedir os mandados de prisão de maneira tão insólita, de propósito.
José Dirceu é uma espécie de ódio pessoal. Mais do que prendê-lo, era preciso expô-lo ainda mais – e também José Genoino – à execração pública.
Concentrar neles toneladas acumuladas de ressentimento sem fim.
Não há outra explicação para que a ordem expedida aos responsáveis pela sua execução tenha sido tão absurdamente imprecisa.
A pena a que estão condenados implica, necessariamente, legalmente, constitucionalmente, outro tipo de tratamento. Joaquim Barbosa tem plena consciência disso.
Tecnicamente, ao menos, não há como negar essa consciência.
Mas parece que nada disso importa. O que importa é que agora ele, paladino do moralismo hipócrita que viceja neste país, tem uma ampla e luminosa alameda para caminhar rumo a uma estrepitosa carreira política na maré da direita mais hipócrita.
Alguma vez, algum dia, esse país exumará essa história, da mesma forma que está exumando, junto aos restos mortais do presidente Jango Goulart, os detalhes das manipulações impostas ao país pelas suas elites malandras.
Agora, com meio século de atraso, admite-se que a farsa perpetrada por parlamentares submissos à elite civil que fez dos militares seus marionetes de ocasião seja desmascarada.
A começar, aliás, pelo começo: a tal revolução do 31 de março de 1964 não passou de um golpe torpe perpetrado no dia primeiro de abril de 1964. O dia da mentira.
Algum dia se conhecerá a verdade, os bastidores dessa farsa consagrada pelo Supremo Tribunal Federal e construída e alimentada pelos grandes blocos que controlam os meios de comunicação deste país.
Meios que não informam: deformam. Juízes que, em sua maioria, não fazem justiça: são figuras de um grande teatro de absurdos.

Quando os fracos e confusos adquirem poder o surto é apenas uma questão de pouco tempo, independente da robustez do poder adquirido. 
Isso vale até para um porteiro de edifício.
Diante dos fatos e acontecimentos que fazem parte desse julgamento, e mais do que a análise jurídica sobre o resultado, o que emerge de forma clara e transparente é uma explosão de ressentimento e raiva, que nada mais é que um encontro desses setores da sociedade com suas raízes, tão ignoradas por eles mesmos durantes séculos de negação.
Tal qual um animal selvagem que persegue seu inimigo para um ataque, assim como fazem os cães quando partem para um ataque sobre humanos, por exemplo, a aparente tranquilidade e a paz decorrente se manifestam após a explosão de fúria. 
Momentos de ódio e paz, alegria e tristeza, trocam de lugar em pouco tempo.
A sequência dos acontecimentos para aqueles que apenas observam tais processos e não se deixam contaminar pela disputa, mesmo que tenham um lado definido, revela um momento de um grande vazio e mesmo de perplexidade, quando os objetivos coléricos de uma parte são atingidos. 
A perplexidade torna-se ainda maior quando o que está em jogo é uma decisão da suprema corte do país e seu par na alcateia formada, a velha mídia.
A título de exemplo, para que o caro leitor possa se lembrar de algo em que vivenciou, os dias que antecederam as eleições para presidente da república em 2006, no primeiro turno, foram carregados de um noticiário histério e violento sobre uma suposta compra de dossiê por parte de pessoas do PT. Durante  pelo menos dez dias antes do pleito daquele ano, a velha mídia conduziu um noticiário que crescia em histerismo e denúnicas vazias, sem tempo para qualquer tipo de reflexão por parte da sociedade, até chegar ao pico no dia de véspera das eleições. 
No dia seguinte da eleição, com os resultados conhecidos e os objetivos alcançados, houve uma mudança brusca  no processo jornalístico e de informação, levando a população ao tal sentimento de vazio e perplexidade, que em um momento seguinte, naturalmente, permite a reflexão e compreensão da realidade.
É o que de certa forma a população brasileira está vivenciando agora com as decisões tomadas pelo STF no caso da ação penal 470 e também com o papel desempenhado pela velha mídia na cobertura do processo.
De forma clara, mídia e STF revelam sentimentos opostos ,que se modificam em poucos dias, com direito a comemoração , com vinho, sobre o resultado do julgamento.
Dirceu e Genoíno, alvos de toda a fúria e ressentimento, são políticos do PT, partido que desde a sua fundação simboliza e aglutina o mundo do trabalho, o povo trabalhador e, também, toda a identidade cultural desse povo que em um determinado momento da vida política do país, mais precisamente no final de 2002, conquistou a presidência da república e ao longo desses anos , enquanto povo com sua cultura, foi bem sucedido no governo, local até então destinado a intelectuais ou pessoas originárias de setores elitizados da sociedade que por séculos dominam o país.
O encontro da sociedade, mais precisamente a classe média, com ela mesma nesses anos de governo do PT produziu reações violentas, com expressões de várias formas de racismo  e elitismo, ao constatar que suas raízes e origens , tão negadas por ela classe média e elites, estão sendo bem sucedidas e admiradas pelo mundo.
Algo como  'eu podia e não sabia que podia' tomou conta de boa parte da classe média do país, com todos os desdobramentos advindos da transferência proporcionada pelo povo na presidência. 
Porém, com o comando das elites endinheiradas, representado pela velha mídia com seus conteúdos tanto de jornalismo quanto de entretenimento, uma parcela da sociedade ( classe média e mesmo alguns setores mais abaixo ), sem ter consciência dos significantes de suas  reações, também seguiram o mantra de combate a corrupção e punicção exemplar aos corruptos, isso sem o menor conhecimento do que realmente se disputa nessas esferas de poder.
Com o passar dos dias, a população brasileira , que não é assim ingênua como pensa a velha mídia, começa a costurar corretamente a trama que se formou com o espetáculo midiático do julgamento e , assim sendo, compreende que o circo montado em nenhum momento tenta criar um novo paradigma que viria para moralizar a vida pública do país, já que , entre os detidos de forma ditatorial, se  constata que são pessoas que possuem um patrimônio perfeitamente compatível com suas funções públicas e, mais ainda, que o dinheiro utilizado no pagamento de mesadas a parlamentares, não teve origem pública. 
Com isso, a população também percebe, de forma clara, que somente denúncias contra pessoas ligadas ao PT tem repercussão na velha mídia e, mais ainda, as grandes subtrações de dinheiro público acontecem até mesmo com o apoio desses meios de comunicação, em estados da federação onde  o ideário do capital se alia aos interesses da velha mídia.
O desequilíbrio na cobertura dos fatos assim como o desequilíbrio de pessoas encarregadas de julgar, se revela, cristalino, não durante o processo, mais ao término de suas fases, quando a população verifica os sentimentos opostos que afloram nos principais atores.
Há um surto de grandes proporções no judiciário e nas redações das grandes mídias, que certamente contribuirá para fragilizar  ainda mais os já fragilizados setores de oposicão ao governo federal.

Grande



Famoso apresentador da tv brasileira em um sensual ensaio de nu artístico, pós orgasmo, para a revista Caras