quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Gol de Placa





Em rodada de protestos, Rogério Ceni questiona Globo por tabela


A rodada desta quarta-feira do Brasileirão contou com protestos do Bom Senso F.C. por parte de atletas de diferentes clubes em todas as partidas. O jogo entre São Paulo e Flamengo no Novelli Júnior, mais marcante, contou com a ameaça do árbitro Alício Pena Júnior de distribuir cartões amarelos a todos os 22 jogadores se estes parassem a partida por um minuto após o apito inicial. Passada a ameaça – driblada por Ceni e outros atletas – e acabado o jogo, com vitória tricolor por 2 a 0, o goleiro e capitão são-paulino falou sobre o tema e direcionou críticas à Rede Globo.

"Por que a Globo não pode ter jogo de segunda-feira? Futebol para o país, dá audiência todo dia. Os atletas se predispõem a ajudar, a jogar. Só não pode jogar quarta, domingo, quarta, domingo. Podemos desmembrar uma rodada no fim de semana. Campeonato Paulista não pode ter 23 rodadas. Isso não é encrenca, chama-se bom senso, que dá nome ao movimento. E não é nada político. Se tiver algo político nesse movimento um dia, eu sou o primeiro a ir embora", falou Ceni, após a partida, sobre a emissora que detém os direitos de transmissão dos principais torneios do Brasil.

No jogo, Ceni discutiu com Alício Pena Júnior antes mesmo do apito final, ao saber que o árbitro poderia distribuir amarelos por conta do protesto – nenhum outro árbitro puniu a manifestação. Ceni, então, organizou os atletas para que tocassem a bola durante o primeiro minuto, de um campo para o outro, e só a partir de um minuto de jogo "liberou" a partida.

"Mais importante é que isso aqui tem uma conotação muito maior do que imaginam. Significado é muito grande. Acho que o que a gente defende é algo muito importante para todo mundo. É para vocês [jornalistas], para mídia, imprensa, Rede Globo de televisão, que paga os direitos", acrescentou.

Ainda referindo-se à imprensa e à emissora detentora dos direitos, Ceni suplicou para que os apelos do Bom Senso F.C. sejam atendidos. O movimento pede mudanças no calendário para evitar desgaste excessivo dos atletas e criar empregos a divisões menores do futebol, que ficam paradas após os estaduais.

"Nós queremos ser atendidos, pelo amor de Deus. Por que vamos deixar chegar a esse ponto? O Brasil para pelo futebol. Não é possível que vocês vão comprar uma briga que não se faz necessária. Não há necessidade desse conflito", disse Ceni.

"Se tiver mais jogos de times menores, que ficam parados durante sete meses, vai ter mais jogadores, mais arbitragem. O que a gente defende é mais partidas, mais mão de obra para todos, para vocês da imprensa também. A gente não está aqui para brigar. Não queremos chegar ao ponto de fazer greve. Queremos que se possa fazer um campeonato estadual para 80 times paulistas. Por que não, no meio do ano, para times menores? Estado de São Paulo tem mais de 100 equipes de futebol, com jogadores que ganham dois ou três salários mínimos. Isso é como injetar dinheiro na economia", completou.

Após a ameaça de cartão amarelo coletivo por parte do árbitro Alício Pena Júnior, o meia Elias e o zagueiro Chicão, do Flamengo, classificaram a atitude como "ditadura", ao deixar o gramado no intervalo de jogo.
Fonte: BOL

Uma mudança na estrutura do futebol brasileiro só pode acontecer se a iniciativa de mudança partir dos jogadores.
Em uma estrutura viciada, onde CBF, federações ,emissoras de tv e patrocinadores, agem em benefício próprio, a mudança deve partir dos responsáveis pelo espetáculo.
Em um setor que movimenta quantias gigantescas em um universo de centenas de clubes , poucos se benefeciam dos lucros.
As principais estrelas do espetáculo, os jogadores, vivem em estado desolador.
São poucos, proporcionalmente ao número de atletas, os que desfrutam do estrelato e grandes salários e, mesmo as estrelas, são sugados de todas as formas pelos meios de comunicação e empresas que sempre querem mais e mais. 
Assim sendo, jogadores como Neymar, indiscutivelmente um grande talento, são inflados de forma desproporcional pelos meios de comunicação sempre famintos por mais audiência e lucros fáceis advindos da imagem  ( talento e inteligência) do atleta. 
Outros ,por vezes, fazem pontas em novelas ou reality shows que certamente terão um ganho a mais na audiência.
É uma ilusão achar que o sucesso no futebol é um caminho fácil. 
Isso só acontece para poucos, bem poucos.
O talento de um jogador de futebol necessariamente passa por um dom, uma habilidade especial, uma inteligência privilegiada, uma capacidade criativa , que combinados adequadamente tem como resultante uma grande inteligência.
E é lamentável, e pouco inteligente, que a estrutura do futebol brasileiro viabilize a exportação de inteligência sem nenhum valor agregado, em sua forma bruta de matéria - prima, que é o jogador de futebol.
O computador é importante, mas a inteligência maior está nos softwares.
O jogador de futebol é um misto de atleta e artista, e sua arte se manifesta nos campos, nas partidas, nos espetáculos. 
Imagine, caro leitor, os EUA exportando atores e atrizes no lugar de exportar os filmes e shows.
A realidade de futebol brasileiro prioriza a exportação de matéria-prima, talento, cérebro, sem nehum valor agregado, o que é lamentável.
O futebol com maior número de títulos mundias ainda não se libertou de estruturas ultrapassadas e retrógradas, além de pouco, ou nada, democráticas.
Deveríamos estar, hoje, exportanto nossos campeonatos nacionais para todo o mundo, como um grande espetáculo, com os nossos talentos desfilando inteligência e arte em nossos campos. 
Infelizmente a realidade é bem diferente.
Isto posto, a iniciativa do Bom Senso F.C. , caso privilegie um senso de  pulso firme, pode ser o início de uma grande reforma na estrutura de nosso futebol, onde todos os clubes, grandes e pequenos, tenham condições de evoluir sistematicamente.
No tocante as transmissões por TV, não se pode mais tratar o futebol como um produto de uma única emissora de TV, onde o horário das partidas segue uma lógica inserida na grade da emissora como sendo mais um programa, sempre em poucos e determinados dias e nos mesmos horários.
Na TV globo, os comentaristas de partidas de futebol são proibidos de fazer qualquer tipo de comentário sobre os horários das partidas, pois na lógica da emissora, os horários são assuntos da esfera comercial e não técnica. 
O caro e bem informado leitor deve se lembrar da Copa do Mundo de Futebol realizada nos EUA, em 1994.
Motivada apenas por interesses comercias da FIFA, as partidas de futebol foram jogadas em horário próximo do meio dia, em pleno verão, com um calor infernal, o que contribuiu para a queda de nível técnico da competição.
Por aqui partidas tem início as 22 horas, depois da novela.
Muitos torcedores, trabalhadores,  sequer podem assistir as partidas pela TV  devido ao horário avançado, já que no dia seguinte necessitam acordar por volta das cinco horas da manhã para o trabalho. 
Ir aos estádios, nem pensar.
O comparecimento aos estádios, na estrutura atual do futebol, tem sido cada vez mais de pessoas ao estilo rei dos camarotes, o  idiota herói da revista Veja. 
O futebol é um patrimônio do povo brasileiro e, mais do que isso, uma forma de diversão e de entretenimento que vem sendo elitizada , vorazmente, em benefício de poucos.
Espero que o Bom Senso F.C., que ao que parece tem o apoio da população, siga firme em suas idéias, propostas e ações  em benefício de uma profunda transformação nas estruturas do futebol brasileiro.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Picadinho de Globo

O fim das bancas de jornal

Por Luciano Martins Costa em 13/11/2013 na edição 772
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa, 13/11/2013
Os programas locais de rádio dedicaram bastante tempo, na tarde de terça-feira (12/11), ao projeto de lei que transforma as antigas bancas de jornais e revistas de São Paulo em lojas de conveniência. Tão tradicionais quanto as padarias na paisagem da capital paulistana, as bancas podem agora vender praticamente tudo: aparelhos eletrônicos de pequeno porte, guarda-chuvas, jogos para computador, doces, salgados, bebidas não alcoólicas e serviços, como acesso à internet e entrega de encomendas dos Correios.
Podem também vender jornais, revistas e livros.
Oficialmente, apenas 25% do espaço interno das bancas poderão ser destinados a produtos não relacionados ao mercado editorial. Mas, conforme se podia ouvir nas entrevistas de representantes do setor, o que já ocorre e deverá se tornar padrão é que os clientes se aproximam para comprar outras coisas e, eventualmente, levam uma revista ou jornal.
Na prática, o que acontece é que os estabelecimentos tradicionalmente dedicados à distribuição de produtos da imprensa têm que vender outras mercadorias, porque o comércio de jornais e revistas não é mais suficiente para cobrir as despesas. O assunto, que certamente vai ser registrado por pesquisadores do negócio de informações nesta segunda década do século, foi praticamente ignorado pelos grandes jornais da quarta-feira (13/11). Apenas a Folha de S. Paulo fez o registro da sanção da lei por parte do prefeito, em uma nota de pé de página.
A rigor, a medida apenas legaliza uma situação de fato: há alguns anos, os donos desses pequenos comércios são obrigados a oferecer qualquer coisa para garantir o faturamento, porque as vendas de publicações estão praticamente estagnadas. Segundo dados do sindicato do setor, São Paulo, que tinha cerca de 5 mil bancas em 2007, perdeu mais de mil desses estabelecimentos até 2012, principalmente por causa da mudança de hábitos dos leitores, que progressivamente trocam as edições de papel pela leitura em aparelhos eletrônicos.
A queda das vendas afeta principalmente empresas como a Editora Abril: a venda avulsa em quiosques significa 50% da circulação de seus títulos. Um jornal como o Estado de S. Paulo, por exemplo, tem menos de 10% de suas vendas feitas em bancas.

Secos e molhados
A transformação desses tradicionais pontos – que representam o último elo na cadeia de produção do jornalismo impresso – em minimercados de conveniência pode representar a pedra tumular do período industrial da imprensa, que não parece encontrar um lugar no mundo pós-impressão. A rigor, as bancas vinham funcionando apenas como vitrinas de produtos editoriais, e é comum encontrar em algumas delas publicações antigas cujos editores esqueceram de fazer o recolhimento.
Na impossibilidade de sobreviver atrelados à indústria de informação, os donos desses pequenos estabelecimentos foram obrigados a buscar alternativas, negociando sua permanência no congestionado comércio da cidade. A falta de reação dos jornais, que praticamente ignoraram o assunto, pode significar que, também para a imprensa, a transformação dos quiosques em lojas de conveniência é uma chance de continuar exibindo suas manchetes. Quem sabe, entre um refrigerante e um pacote de amendoim se vende algum jornal.
O problema é que o negócio da imprensa não pode depender basicamente da compra por impulso, estimulada por uma fotografia chocante na primeira página, ou pela promessa de uma história instigante exibida por um título bem elaborado. Ao contrário do que se podia observar há poucas décadas, a relação do cidadão com a notícia se dá, cada vez mais, como um complemento de seus vínculos sociais.
Se antes a posse da informação determinava o valor social do indivíduo, agora o sinal se inverte e a posição do cidadão no jogo das vinculações é que pode fazer uma informação circular, ganhar credibilidade ou desaparecer. Não é por outra razão que as agências de marketing digital investem na identificação dos protagonistas das redes sociais que conseguem agregar em torno de si o maior número de ativistas da comunicação.
A mídia tradicional perde sua posição de centralidade no ecossistema da comunicação e da cultura. A transformação das bancas de jornais em lojas de secos e molhados é parte desse processo. 

A  diversidade de produtos nas bancas de jornais já vem de longa data.
Pode-se encontrar de quase tudo um pouco nesses simpáticos ambientes, que anteriormente se dedicavam apenas aos impressos.
Incensos, aparelhos de barbear, absorventes higiênicos, canetas, envelopes, loterias instantâneas, brinquedos, saquinhos de bola de gude,  isquieros, caixas de fósforos, balas&doces, cigarros ( inclusive a varejo), refrigerantes, cintos, meias, bonés, preservativos, adesivos, rolo de papel higiênico, guardanapos de papel,  pilhas&baterias, sanduíches ( inclusive os naturais), camisas, camisetas, bermudas, posters do Papa, sandálias, água mineral ( inclusive em garrafão ) são vistos na maioria das bancas. 
Ainda não se tem relato da venda de ovo cozido, sanduíches de bife a milanesa , pizzas e cachaça.
Acredita-se que em breve as bancas terão uma variedade ainda maior de produtos para oferecer aos seus clientes.
Com  isso cria-se de forma legalizada, já que uma lei autoriza a transformação das bancas em um comércio, mais um espaço que irá fazer concorrência aos estabelecimentos comerciais. 
Cabe lembrar que os lojistas vivem em constante atrito com os vendedores de rua, que montam suas barracas nas calçadas para vender seus produtos. 
As bancas de jornais são isentas de impostos. 
Os vendedores ambulantes, com suas barracas, também não vão gostar da nova concorrência e certamente não terão a menor vontade de vender jornais ou revistas, pois sabem muito bem que caso entrem nesse negócio irão morrer de fome.
Com a decadência acentuada dos jornais e revistas impressas por conta das mídias digitais, além da irrelevância dos conteúdos da velha mídia brasileira, as bancas de jornais, muitas com refrigeração interna, passam a assumir o posto de ambulantes chiques, onde o freguês pode inclusive sentar a messa,  fazer um lanchinho e mesmo assistir uma partida de futebol, já que algumas bancas tem assinaturas de tv fechada com direito a antena instalada no estabelecimento. 
Os quiosques da orla, no caso aqui do Rio de Janeiro, também ganham mais um concorrente, já que algumas bancas de jornais, assim como em muitos quiosques, organizam shows musicais, rodas de pagodes de mesa e outras performances artísticas.
Já que o assunto entrou na pauta, seria interessante que as bancas, além de vender os decadentes impressos, se transformassem de forma padronizada em um espaço cultural, assim como os cafés que existem em muitas livrarias. 
Para tanto deveriam passar por um processo de redefinição das instalações já que manuseiam alimentos em ambiente sem instalações hidráulicas e sanitárias.
Atualmente assemelham-se aos traillers, que vendem churrascos e sanduíches sem nenhuma infraestrutura de bar.
O assunto é polêmico e ainda vai render muito.
De certo , sabe-se que os impressos da velha mídia não servem para mais nada.

O Trem Fantasma

Folha (*) vira piada de mau gosto

“Follow Mauro Ricardo !”, bradou o editor do Washington Post aos repórteres que cobriam Watergate

Valor inventa ferrovia que não existe

Se funciona, não funcionará, porque não há infraestrutura. Como bondinho do Pão de Açúcar

O absurdo é tão escandaloso que a velha imprensa é o melhor programa de humor  no momento.
A Folha de SP, nesse caso da corrupção de Nunkassabe que certamente tem ligações históricas com os tucanos,inverteu a realidade. Criou o sol da noite e da madrugada.
Já o Valor, uma suruba entre globo e folha, fala da ferrovia ligando o Brasil a Lima no Peru. 
A ferrovia não existe e a ligação com o pacífico, até Lima, já foi concluída nos governos Lula e Dilma por rodovia asfaltada. 
Inclusive uma empresa de transporte do Peru, já opera uma linha de ônibus entre São Paulo e Lima.
O globo e folha estão a deriva, e se esquecem de comentar  a ligação ferroviária, em fase avançada de construção, entre São Paulo e Auckland, na Nova Zelândia.
 Fonte: CONVERSA AFIADA

















































terça-feira, 12 de novembro de 2013

Black Blocs Overseas


Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
Enquanto falcatruas depredam o patrimônio público, PF caça black blocs





Não é por falta de escândalos que os órgãos responsáveis por investigações e punição no Brasil deixam de atuar. Irregularidades, denúncias, saque aos cofres públicos, negociatas entre governo e empreiteiras... Os exemplos são muitos e não param surgir, alimentados pela impunidade que reina no país.





Enquanto as falcatruas se sucedem, as autoridades parecem mais preocupadas em atacar outras frentes, reprimir outro tipo de ação, ação que se revolta exatamente contra os maus governantes que priorizam seus interesses.


Enquanto o desmando impera nas grandes esferas do poder e vandaliza o patrimônio público em proporções incalculáveis, a Polícia Federal concentra suas forças na investigação contra os black blocs, seus paus e pedras.
No Congresso, os supersalários, mesmo ilegais, parecem intocáveis. Parlamentares chegam a receber mais R$ 60 mil brutos, somando remunerações e aposentadorias, enquanto o teto constitucional é de R$ 28 mil. O que diz a Constituição e as leis pouco importa para os que embolsam além do permitido.

Mesmo proibido pela Constituição, parlamentares ganham supersalários

Em São Paulo, o escândalo dos fiscais que teriam fraudado Impostos sobre Serviços e até o IPTU pode chegar a casa dos R$ 500 milhões. Escutas, ameaças e muito dinheiro circulam na esfera do município, enquanto o ex e o atual prefeitos trocam acusações.
"Havia degradação na prefeitura de São Paulo", afirma Fernando Haddad.
"Descalabro é primeiro ano do atual governo", rebate Gilberto Kassab.
No Rio de Janeiro, superfaturamento e denúncias envolvendo empreiteiras e o governo tomaram conta dos noticiários. A Delta e sua coleção de escândalos causou indignação à sociedade, detonando protestos até em frente à casa do governador Sérgio Cabral.
A Delta monopolizou as grandes obras com dinheiro público no Rio, passando pelo PAC e pelo Maracanã. A empreiteira de Fernando Cavendish protagonizou uma das maiores ascensões empresariais já vistas no país, até sua relação com o contraventor Carlinhos Cachoeira vir à tona.
O deputado federal Paulo Maluf é mais um personagem do mundo político que, apesar das denúncias e acusações, parece ressurgir das cinzas e se mantém no cenário, talvez até participando das próximas eleições. O capítulo mais recente foi sua condenação  por superfaturamento em obra do complexo viário Ayrton Senna, de 1990.
Soma-se a estes casos o de Ângelo Calmon de Sá - ex-dono do Banco Econômico - que, com mais de 30 processos criminais, muitos ainda sem decisão de sentença, continua em liberdade, mesmo após ter sido condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a 13 anos de reclusão por gestão fraudulenta de instituição financeira.
E há ainda o caso do Banco Cruzeiro do Sul. O escândalo mais recente dá conta de que credores pedem R$ 113 milhões ao Morgan Stanley, com notificação judicial, referente à venda de ações pelos ex-controladores Luís Octavio e Luiz Felippe Índio da Costa, justamente duas semanas antes da intervenção do Banco Central. Os dois são acusados de provocar a falência do banco e causar prejuízo de R$ 3,8 bilhões ao Sistema Financeiro. Ficaram conhecidos também pela contribuição a campanhas de políticos. O principal beneficiado teria sido José Serra, que se candidatou à presidência tendo o sobrinho e primo dos ex-controladores - o ex-deputado Índio da Costa - como vice.
Enquanto isso, o BNDES abre generosamente seus cofres públicos para empréstimos de grande vulto. Somente para o empresário Eike Batista - que amarga prejuízo histórico e de proporções internacionais - as cifras chegam a R$ 1 bilhão, fora os para empreiteiras que, além de ganhar licitações para grande obras, ainda contam com a ajuda do dinheiro do governo.
Perto destes e tantos outros exemplos de depredação do patrimônio público e vandalismo contra os princípios da ética e da dignidade da sociedade, os black blocs mais parecem meninos indefesos e inofensivos.
Marcus Ianoni, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fuminense (UFF), ressalta que a sociedade brasileira ainda precisa percorrer um longo caminho para que a igualdade de todos perante a lei se efetive plenamente. A desigualdade no tratamento a cidadãos é feita pelo Estado, reforça, com respaldo de setores da própria sociedade.
"As ilegalidades dos 'vândalos' atentam contra o Estado de Direito assim como as ilegalidades de empresários e políticos. Não deveria haver dois pesos e duas medidas. Ilegalidade  é ilegalidade. O Estado e a opinião pública não devem fazer vista grossa ou dar desconto às ilegalidades de uns e ser rigoroso em relação à ilegalidade de outros. Fazer isso é oferecer tratamento privilegiado a alguns grupos, o que é um comportamento que reproduz hierarquias sociais de corte oligárquico. Precisamos acabar com os privilégios oligárquicos. A República Democrática deve aplicar a lei igualmente para todos. Um dos principais conteúdos da democracia é a igualdade", explica

Fonte: JORNAL DO BRASIL
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Blindagem dos tucanos inclui promotor em cargo público, denuncia deputado; Suiça pode ligar corrupção a campanhas

 


Montagem de Ivan Freitas, no Facebook, com a manchete que saiu (superior) e a que deveria ter saído

Fonte: VIOMUNDO

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MÁFIA DOS FISCAIS

Quem é o sujeito oculto?

Por Luciano Martins Costa em 12/11/2013 na edição 772
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da Imprensa, 12/11/2013
Quando a ombudsman da Folha de S. Paulo alertou, no domingo (10/11), para a malícia presente na manchete do mesmo jornal, na sexta-feira anterior (8), ela estava se referindo a um caso específico, mas também abrindo a possibilidade de o leitor atento observar como a imprensa atua na manipulação da opinião do público.
“Prefeito sabia de tudo, diz fiscal preso, em gravação” – essa era a manchete criticada pela ombudsman, anotando que o prefeito de São Paulo chama-se Fernando Haddad e o personagem da notícia era o ex-prefeito Gilberto Kassab.
O fiscal em questão foi subsecretário da Receita do município durante a gestão de Kassab, e está envolvido em um esquema que pode ter desviado pelo menos R$ 500 milhões de reais. A quantia pode ser ainda maior, se considerada a suspeita de que o grupo vinha atuando desde 2002, quando Marta Suplicy era a prefeita.
O título na primeira página do jornal paulista foi visto pela ombudsman como um erro, nascido da disposição dos editores de transcrever na íntegra a declaração do personagem. “O jornal foi mais realista que o rei, numa cobertura bem delicada”, diz a defensora dos leitores.
Acontece que sempre há um dia depois do outro, caso contrário não haveria jornais. E a sequência dos dias induz o leitor e a leitora atentos a desconfiarem de que houve mais malícia do que realismo naquela escolha da sexta-feira.
Na verdade, não apenas a Folha mas os outros jornais e o noticiário da televisão estão divulgando uma versão diferente daquela que se pode ouvir claramente nas conversas entre supostos membros da quadrilha. Em telefonema gravado no dia 18 de setembro e incluído no inquérito, com autorização judicial, um dos envolvidos fala claramente, logo após o trecho que foi destacado pela manchete da Folha: “Chama o secretário e os prefeitos com quem trabalhei. Eles tinham ciência de tudo”.
O teor da declaração pode ser conferido no arquivo do Jornal Nacional, da TV Globo, edição do dia 7 de novembro (ver aqui), com a amplificação do áudio.
Na conversa com outra funcionária da Prefeitura, o auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, acusado de chefiar a máfia da propina, se refere ao secretário e aos “prefeitos” com quem havia trabalhado, ou seja, insinua que o esquema começou antes do mandato de Gilberto Kassab.
Por que razão os jornais insistem em que ele se referiu apenas a um dos prefeitos com quem havia trabalhado? E qual seria o interesse da Folha em envolver o atual prefeito, que está patrocinando a investigação?
Picotando o noticiário
Os personagens do esquema eram ligados à Secretaria de Finanças do Município, cujos chefes foram herdados por Kassab da gestão anterior, do ex-prefeito José Serra. A rotina do grupo era abater impostos de grandes construtoras e quitar débitos com a Prefeitura, mediante pagamento de propina. A prática minou a capacidade de investimento do município.
Entre outras suspeitas, por exemplo, os jornais poderiam investigar o destino do processo envolvendo diretores da CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, que tinha reflexos nas finanças da capital paulista. Por outro lado, a curiosidade jornalística deveria induzir os editores a buscar conexões entre esse escândalo e o caso de superfaturamento nas obras do metrô e do sistema de trens metropolitanos, porque a lógica dos crimes é a mesma.
Mas o interesse da Folha de S. Paulo não parece ser o de esclarecer os fatos de uma forma ampla. Na edição de terça-feira (12/11), por exemplo, a manchete do jornal outra vez ignora os indícios de que a quadrilha atuava ainda antes da posse de Gilberto Kassab e anuncia: “Fiscal suspeito foi da equipe de secretário de Haddad”.
Se um dos acusados afirma ter documentos “desde 2002”, e ameaça delatar todo o grupo, causando um megaprocesso, “igual ao da máfia italiana na década de 90”, por que razão a Folha foge da grande história e tenta a qualquer custo envolver o atual prefeito, que criou a Corregedoria do Município e resolveu quebrar a quadrilha?
A cobertura do Estado de S. Paulo limita o período de atuação da quadrilha aos dois mandatos de Kassab (2006-2012) e ainda se concentra nos conteúdos das gravações, o que produz um noticiário fragmentado e induz o leitor a imaginar que se trata de um caso eventual de corrupção.
O Globo, que se baseia em informações do Ministério Público do Estado, oferece aos seus leitores um quadro mais amplo, com dados sobre os grandes valores desviados para contas no exterior e informando mais sobre a sofisticação do esquema.
Quem a Folha de S. Paulo estaria tentando proteger?
Parodiando a ombudsman do jornal, quem seria o “sujeito oculto”?

Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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Falta diversidade e sobra concentração na mídia brasileira

Por Cristiano Aguiar Lopes em 12/11/2013 na edição 772

Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

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Mais jornais, melhor jornalismo

Por Alberto Dines em 12/11/2013 na edição 772

Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

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Enquanto tudo isso acontece na terra do cruzeiro, principalmente no ninho de aves famintas, a revista Época, das empresas globo, circula esta semana com matéria de primeira página sobre o "fenômeno criminoso que assola o país", conhecido como black bloc.
Não é  a primeira vez que as empresas globo investem de forma pesada contra a idéia black bloc, como sendo os adeptos da tática os  principais responsáveis pelos atos de violência que tem acontecido nos protestos recentes do país, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Recentemente o jornal o globo foi alvo de duras críticas por conta de matéria em primeira página onde acusava, de forma violenta e preconceituosa, algumas pessoas que supostamente seriam adeptos dos black blocs (ver postagem do PAPIRO de 18.10.13, ANARQUISTAS ? SIM  ). A investida , inclusive, teve o apoio dos órgãos de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, com direiro a aparição planejada nas principais mídias, da Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que, seguindo o noticiário, também apresentava de forma categórica os black blocs como sendo uma organização criminosa de "alta periculosidade e de grande capacidade organizacional ".
Que existe , por parte da velha imprensa, uma obsessão em rotular todo e qualquer ato de violência que acontece durante manifestações como sendo reponsabilidade de balck blocs, isso é fato bem conhecido.
Naturalmente, tal obsessão abre espaço para especulações, já que também é sabido que durante as manifestações uma variedade  de grupos se faz presente nas ruas, aproveitando a oportunidade para cometer toda espécie de delitos, de simples furtos, passando por atos de revoltas inconsequentes, e até mesmo em atos orquestrados para fins políticos.
A obsessão da velha mídia não é fruto do acaso, e os black blocs não tem a importância que tem sido atribuída ao grupo. Existe muita mais coisa nas ruas de Rio e São Paulo durante as manifestações.
Enquanto isso, a folha de SP promove um ato de barbárie jornalística, em uma tentativa clara, ou melhor, claríssima, em preservar seus aliados políticos da cidade e do estado de São Paulo.
Não há limites para a desinformação na velha mídia.
Já o o programa fantástico, apresenta um "fantástico quadro" chamado de 'Quem Paga é Você', onde semanalmente diverte o telespectador com contorcionismos jornalísticos supostamente investigativos, onde o alvo das "sérias e bem produzidas denúncias" é sempre o governo do PT com suas obras de infraestutura tão necessárias para o país, mas que sofrem com " incompetência e corrupção do governo".
1- Falta Diversidade e Sobra Concentração na Mídia Brasileira.
2 -Mais Jornais, melhor Jornalismo.
São os títulos de dois artigos da edição 772 do Observatório da Imprensa, e que dizem muito sobre a situação anti democrática e preocupante da imprensa e da mída brasileiras.
E quem paga pela falta de uma redemocratização dos meios de comunicação  é o povo brasileiro, sequestrado por um pequeno grupo de mídias ideologicamente homogêneo, que não tem limites para a desinformação, a omissão, a manipulação e a mentira escancarada.
Enquanto a população brasileira não abraçar, de forma radical, a campanha pela  democratização dos meios de comunicação, através da PLIP - projeto de lei de inciativa popular - quem continuará pagando pelo atraso midiático e jornalístico  em que vivemos, será você, caro leitor, com todo o repertório de desdobramentos na vida democrática que tal atraso contempla.

PS. Cadê o DARF ?
 
 

domingo, 10 de novembro de 2013

Saravá, Obama.

Santayana: mundo onde viverão
seus netos não será o do Tio Sam

Se você pensa em um dia visitar Miami ou acha que seus netos vão crescer em um mundo regido pelo Tio Sam, está na hora de rever seus conceitos.



O Conversa Afiada reproduz texto de Mauro Santayana, extraído da Rede Brasil Atual:


Brics: o mundo onde viverão seus netos não será o do Tio Sam



Se você pensa em um dia visitar Miami, mandar seu filho estudar nos Estados Unidos, ou acha que seus netos vão crescer em um mundo regido pelo Tio Sam, está na hora de rever seus conceitos

por Mauro Santayana

“A civilização é um movimento, e não uma condição. Uma viagem, e não o porto de destino.” A frase, do historiador inglês Arnold J. Toynbee, define como poucas o curso da história. Raramente percebemos a história, enquanto ela ainda está acontecendo, a cada segundo, à nossa volta. O mundo se transforma, profundamente, o tempo todo. Mas as maiores mudanças são as imperceptíveis. Aquelas que quase nunca aparecem na primeira página dos jornais, normalmente tomada por manchetes que interessam a seus donos, ou por chamadas de polícia ou futebol. Esse é o caso das notícias sobre os Brics.

Quem já ouviu Pink Floyd (Another Brick in the Wall) pode confundir o termo com brick, palavra inglesa que quer dizer tijolo. Se gostar de economia, vai lembrar que essa é uma sigla inventada em 2001 por um economista do grupo Goldman Sachs.

Mas poucas pessoas têm ideia de como o Bric vai mudar o mundo e sua própria vida nos próximos anos. Antes um termo econômico, o Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está caminhando – aceleradamente, em termos históricos – para se transformar na aliança estratégica de alcance global que vai mudar a história no século 21.

O que juntou esses países? Para Jim O’Neill, criador do vocábulo, foi seu potencial econômico e de crescimento. Mas, para esses países, o que os aproxima é seu desejo de mudar o planeta. Dominados ou combatidos pelos Estados Unidos e pela Europa, no passado, eles pretendem desafiar a hegemonia anglo-saxônica e “ocidental”, e mostrar que outro mundo é possível, na diplomacia, na ciência, na economia, na política e na questão militar.

Três deles, Rússia, Índia e China, já são potências atômicas e espaciais. O Brasil e a África do Sul, embora não o sejam, têm indiscutível influência em suas respectivas regiões, e trabalham com a mesma filosofia. A construção de uma nova ordem mundial, mais digna e multipolar, em que haja menor desigualdade entre os países mais ricos e os que estão em desenvolvimento.

A união faz a força. O Brics sabe disso, e seus concorrentes, também. Por isso, os meios de comunicação “ocidentais” e seus servidores locais movem forte campanha contra o grupo, ressaltando pontos negativos e ocultando e desencorajando as perspectivas de unidade.

Mesmo assim, eles estão cada vez mais próximos. A cada ano, seus presidentes se reúnem. Na ONU, votam sempre juntos contra ataques ocidentais a países do Terceiro Mundo, como aconteceu no caso da Síria, há poucas semanas. Controlam 25% do território, 40% da população, 25% do PIB e mais de 50% das reservas internacionais do mundo. China e Brasil são, respectivamente, o primeiro e o terceiro maiores credores dos Estados Unidos.

Por crescerem mais que a Europa e os Estados Unidos, e terem mais reservas internacionais, os Brics querem maior poder no Banco Mundial e no FMI. Como isso lhes tem sido negado, estão criando, no próximo ano, o próprio banco, com capital inicial de US$ 100 bilhões.

No final de outubro, o Brasil – que já compra helicópteros militares russos, tem um programa conjunto de satélites de monitoramento com a China, vende aviões radares para a Índia e desenvolve mísseis com a Denel Sul-africana – foi convidado a juntar-se a russos e indianos no desenvolvimento e fabricação de um dos aviões mais avançados do mundo, o Sukhoi T-50, caça-bombardeiro invisível a radares, capaz de monitorar e atingir alvos múltiplos, no ar e em terra, a 400 quilômetros de distância.

Também em outubro, Brasília recebeu a visita do chanceler indiano Salman Khurshid, que, em conjunto com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, estabeleceu como meta aumentar o comércio Brasil-Índia em 50%, de US$ 10 bilhões para US$ 15 ­bilhões, até 2015.

Na área de internet, Rússia e Índia  já declararam apoio ao novo marco regulatório defendido pelo Brasil para a rede mundial. E planeja-se o Brics Cable, um cabo óptico submarino de 34 mil quilômetros que, sem passar pelos Estados Unidos ou pela Europa, ligará o Brasil à África do Sul, Índia, China e Rússia, em Vladivostok. No comércio, na cooperação para a ciê­ncia e o ensino, na transferência de tecnologia para fins pacíficos não existem limites para os Brics.

Se você pensa um dia em visitar Miami, mandar seu filho estudar nos Estados Unidos, ou acha que seus netos vão crescer em um mundo regido pelo Tio Sam, está na hora de rever seus conceitos.

Há grande chance de que a segunda língua deles seja o mandarim. De que viajem, a passeio, para Xangai, e não para a Flórida. De que usem uma moeda Brics, e não dólar. E vivam em uma era em que não existirá mais uma única grande potência, mas seis ou sete, entre elas o Brasil. Em um mundo em que a competição geopolítica se dará, principalmente, entre os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e os que comporão outro organismo internacional, liderado pelo Brics. 


Fonte: CONVERSA AFIADA 

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Acabou a segunda grande guerra.
Os aliados são os vencedores.
A cultura americana começa a se espalhar pelo mundo e a mensagem do final da guerra é inequívoca:
" o que fizemos e o que somos capazes de fazer" 
Hábitos, costumes americanos invadem os países do mundo, incomodando alguns, se consolidando em muitos.
Porém, existia um muro que separava o mundo  em capitalista e comunista.
Cada lado procurava fazer e mostrar  o melhor,  o mais civilizado.
No capitalismo, a social democracia, com seu estado de bem estar social, repoduzia, em parte, conceitos e pŕaticas do outro lado, o socialista.
A propaganda era regra, e o esporte um bom palco para apresentar a supremacia de um lado sobre o outro.
Durante 44 anos se disputava a hegemonia nas pistas de atletismo, nas piscinas, na fabricação de armamentos, e até mesmo pelo espaço sideral.
Todos corriam, nos dois lados do muro, para ver quem chegava primeiro, quem era a nelhor civlização.
Em ambos os lados existiam defensores do lado oposto, alguns dissimulados, outros livres para expressar suas idéias e outros proibidos de pensar e escolher seu próprio caminho. 
Eis que o muro desaba, justo do lado comunista.
É a vitória da liberdade, afirmavam os mais entusiastas do lado capitalista.
O mundo , a partir de agora será moderno, próspero e civilizado, já que a globalização em curso fará de todas as nações  espaços de imensa  felicidade.
É o fim da História, afirmavam alguns acadêmicos.
A partir dos anos da década de 1990  a cultura ocidental tomava o mundo, com o ideal de vida americano fincando suas bandeiras por onde passava.
Países, bem poucos , é verdade, e grupos políticos que questionavam a nova ordem civilizatória, moderna, próspera e democrática, eram rotulados de delirantes, dinossouros, arautos da barbárie, lunáticos, e outras designações similares.
Os anos da década de 1990, talvez tenha sido o período de maior idiotice cultural, e no plano das idéias.
A globalização avançava com sua poderosa arma de um pensamento único, salvador, que iria reabilitar e salvar todas as criaturas do planeta que por décadas  insistiram em erros civilizatórios. 
Sem muro, sem barreiras, mas com novas ferramentas e tecnologias de comunicação e aproximação das pessoas , como a internete que ganhava musculatura mundial nos anos da década da idiotice, começava a crescer, entre os povos, o sentimento e a percepção de que a padronização das formas de vida , hábitos de consumo e de pensar, produtos de entretenimento, todos  padronizados por uma única cultura estariam criando um sentimento nas pessoas de despertencimento, de perda de suas identidades com a hegemonia de outras culturas.
A dominação que caminhava em todas as frentes, política, ideológica, cultural , assim como a proposta de seu ideal de vida, se apresentavam impossíveis para a maioria da nações, já que o centro disseminador da novidade  era responsável pelo consumo de 45 % dos recursos naturais do planeta, isso para beneficiar a felicidade de apenas 5 % da população desse mesmo planeta.
Além disso, a aproximação dos povos pela internete  contribuia para valorização da diversidade de culturas, no lugar de uma padronização hegemônica.
No campo político, a percepção do ideal modernizante, próspero, civilizatório e feliz , agora claramente impossível para todas as nações, começava a ganhar corpo e musculatura com países que passaram a buscar caminhos alternativos, mesmo que ainda dentro do sistema. 
No campo cultural, o colonizador mundial perde cada vez mais espaço , pois o valor está nas especificidades e não no padronizado.
Rejeições  ao modelo único, também se manifestram em formas violentas, onde a regressão civilizatória é a marca, ,como nos caos de racismo, xenofobia e intolerância religiosa.
Cabe ressaltar que os aspectos mais violentos da rejeição são oriundos e incentivados pelo próprio colonizador. 
A globalização em curso, não em sua face mais visível, mas nem por isso menos importante, acena para novas tomadas de consciência.
O muro caiu, mas o mundo não pode e não irá caminhar para um modelo único, e a história continua.
O conceito de liberdade, democracia e livre concorrência, tão alardeado nos tempos do muro de pé como sendo o único caminho civilizatório, se revelou, quando hegemônico e com o passar das duas últimas décadas, apenas como um instrumento de propaganda e retórica.
No mundo atual, os conceitos de liberdade, democracia e livre concorrência estão em processo de resignificação e  recontextualização, com o compartilhamento de lideranças e formação de polos econômicos, políticos e culturais.
O muro caiu, os regimes totalitários saíram de cena, e o que era apresentado como livre e democrático, se revela tão totalitário como o suposto perdedor.
As polaridades e as diversidades  de pensamento  vão se constituindo.
O ideal único fracassou.
A história continua.
Saravá.

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El mundo se libera de EEUU



Durante el más reciente episodio de la farsa de Washington que ha dejado atónito al mundo, un comentarista chino escribió que si Estados Unidos no puede ser un miembro responsable del sistema mundial, tal vez el mundo deba separarse del Estado rufián que es la potencia militar reinante, pero que pierde credibilidad en otros terrenos.
La fuente inmediata de la debacle de Washington fue el brusco viraje a la derecha que ha dado la clase política. En el pasado se ha descrito a Estados Unidos con cierto sarcasmo, pero no sin exactitud, como un Estado de un solo partido: el partido empresarial, con dos facciones llamadas republicanos y demócratas.
Ya no es así. Sigue siendo un Estado de un solo partido, pero ahora tiene una sola facción, los republicanos moderados, ahora llamados nuevos demócratas (como la coalición en el Congreso ha dado en designarse): existe una organización republicana, pero hace mucho tiempo que abandonó cualquier pretensión de ser un partido parlamentario normal. El comentarista conservador Norman Ornstein, del Instituto Estadunidense de Empresa, describe a los republicanos actuales como una insurgencia radical, ideológicamente extremista, que se burla de los hechos y de los acuerdos, y desprecia la legitimidad de su oposición política: un grave peligro para la sociedad.
El partido está en servicio permanente para los muy ricos y el sector corporativo. Como no se pueden obtener votos con esa plataforma, se ha visto obligado a movilizar sectores de la sociedad que son extremistas, según las normas mundiales. La locura es la nueva norma entre los miembros del Tea Party y un montón de otras agrupaciones informales.
El establishment republicano y sus patrocinadores empresariales habían esperado usar esos grupos como ariete en el asalto neoliberal contra la población, para privatizar, desregular y poner límites al gobierno, reteniendo a la vez aquellas partes que sirven a la riqueza, como las fuerzas armadas.
Ha tenido cierto éxito, pero ahora descubre con horror que ya no puede controlar a sus bases. De este modo, el impacto en la sociedad del país se vuelve mucho más severo. Ejemplo de ello es la reacción violenta contra la Ley de Atención Médica Accesible y el cierre virtual del gobierno.
La observación del comentarista chino no es del todo novedosa. En 1999, el analista político Samuel P. Huntington advirtió que para gran parte del mundo Estados Unidos se convertía en la superpotencia rufiana, y se le veía como la principal amenaza externa a las sociedades.
En los primeros meses del periodo presidencial de George Bush, Robert Jervis, presidente de la Asociación Estadunidense de Ciencia Política, advirtió que a los ojos de gran parte del mundo el primer Estado rufián hoy día es Estados Unidos. Tanto Huntington como Jervis advirtieron que tal curso es imprudente. Las consecuencias para Estados Unidos pueden ser dañinas.
En el número más reciente de Foreign Affairs, la revista líder del establishment, David Kaye examina un aspecto de la forma en que Washington se aparta del mundo: el rechazo de los tratados multilaterales como si fuera un deporte. Explica que algunos tratados son rechazados de plano, como cuando el Senado votó contra la Convención de los Derechos de las Personas con Discapacidades en 2012 y el Tratado Integral de Prohibición de Ensayos Nucleares en 1999.
Otros son desechados por inacción, entre ellos los referentes a temas como derechos laborales, económicos o culturales, especies en peligro, contaminación, conflictos armados, conservación de la paz, armas nucleares, derecho del mar y discriminación contra las mujeres.
El rechazo a las obligaciones internacionales, escribe Kaye, se ha vuelto tan arraigado que los gobiernos extranjeros ya no esperan la ratificación de Washington o su plena participación en las instituciones creadas por los tratados. El mundo sigue adelante, las leyes se hacen en otras partes, con participación limitada (si acaso) de Estados Unidos.
Aunque no es nueva, la práctica se ha vuelto más acentuada en años recientes, junto con la silenciosa aceptación dentro del país de la doctrina de que Estados Unidos tiene todo el derecho de actuar como Estado rufián.
Por poner un ejemplo típico, hace unas semanas fuerzas especiales de Estados Unidos raptaron a un sospechoso, Abú Anas Libi, de las calles de Trípoli, capital de Libia, y lo llevaron a un barco para interrogarlo sin permitirle tener un abogado ni respetar sus derechos. El secretario de Estado John Kerry informó a la prensa que esa acción era legal porque cumplía con las leyes estadunidenses, sin que se produjeran comentarios.
Los principios solo son valiosos si son universales. Las reacciones serían un tanto diferentes, inútil es decirlo, si fuerzas especiales cubanas secuestraran al prominente terrorista Luis Posada Carriles en Miami y lo llevaran a la isla para interrogarlo y juzgarlo conforme a las leyes cubanas.
Sólo los estados rufianes pueden cometer tales actos. Con más exactitud, el único Estado rufián que tiene el poder suficiente para actuar con impunidad, en años recientes, para realizar agresiones a su arbitrio, para sembrar el terror en grandes regiones del mundo con ataques de drones y mucho más. Y para desafiar al mundo en otras formas, por ejemplo con el persistente embargo contra Cuba pese a la oposición del mundo entero, fuera de Israel, que votó junto con su protector cuando Naciones Unidas condenó el bloqueo (188-2) en octubre pasado.
Piense el mundo lo que piense, las acciones estadunidenses son legítimas porque así lo decimos nosotros. El principio fue enunciado por el eminente estadista Dean Acheson en 1962, cuando instruyó a la Sociedad Estadunidense de Derecho Internacional de que no existe ningún impedimento legal cuando Estados Unidos responde a un desafío a su poder, posición y prestigio.
Cuba cometió un crimen cuando respondió a una invasión estadunidense y luego tuvo la audacia de sobrevivir a un asalto orquestado para llevar los terrores de la Tierra a la isla, en palabras de Arthur Schlesinger, asesor de Kennedy e historiador.
Cuando Estados Unidos logró su independencia, buscó unirse a la comunidad internacional de su tiempo. Por eso la Declaración de Independencia empieza expresando preocupación por el respeto decente por las opiniones de la humanidad.
Un elemento crucial fue la evolución de una confederación desordenada en una nación unificada, digna de celebrar tratados, según la frase de la historiadora diplomática Eliga H. Gould, que observaba las convenciones del orden europeo. Al obtener ese estatus, la nueva nación también ganó el derecho de actuar como lo deseaba en el ámbito interno. Por eso pudo proceder a librarse de su población indígena y expandir la esclavitud, institución tan odiosa que no podía ser tolerada en Inglaterra, como decretó el distinguido jurista William Murray en 1772. La avanzada ley inglesa fue un factor que impulsó a la sociedad propietaria de esclavos a ponerse fuera de su alcance.
Ser una nación digna de celebrar tratados confería, pues, múltiples ventajas: reconocimiento extranjero y la libertad de actuar sin interferencia dentro de su territorio. Y el poder hegemónico ofrece la oportunidad de volverse un Estado rufián, que desafía libremente el derecho internacional mientras enfrenta creciente resistencia en el exterior y contribuye a su propia decadencia por las heridas que se inflige a sí mismo.

Noam Chomsky es profesor emérito de lingüística y filosofía en el Instituto Tecnológico de Massachusetts en Cambridge, Mass., EEUU. Su libro más reciente es Power Systems: Conversations on Global Democratic Uprisings and the New Challenges to U.S. Empire. Interviews with David Barsamian (Conversaciones sobre levantamientos democráticos en el mundo y los nuevos desafíos al imperio de Estados Unidos).

Fuente: http://www.jornada.unam.mx/2013/11/10/index.php?section=opinion&article=018a1mun
Traducción: Jorge Anaya

Fonte: REBELION
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O trem. A Internete. A Rua. Sistemas em Transformação



Internete é a rua, mas a rua não é a internete.
Ao lado da rua passa um trem.
Anjos e guardiões , na internete, anunciam a passagem do trem, ao lado da rua.
O trem percorre seu caminho sem parar, vinte quatro horas por dia, todos os dias, todos os anos.
Da internete avisa-se que o trem está passando.
Depois de parar em uma plataforma, onde muitas pessoas embarcam e outras desembarcam, o trem move-se lentamente para sair e continuar seu caminho.
Um grupo de pessoas , na plataforma, observa a saída do trem.
Crianças, nas janelas do trem que se move para sair, gritam que a plataforma começa a se mover.
Elas estão no trem, não percebem seu movimento, e acreditam que a plataforma se move.
Aqueles que jamais desembarcaram do trem , não o conhecem.
A internte é a rua, mas a rua não é a internete , assim como a plataforma não se move.
É preciso estar fora do trem para conheçê-lo.
É preciso estar na rua , para saber da internete.
É preciso estar na internte, para ampliifcar a rua.
Do antigo trem para a nova internete, pessoas se movem, outras movem pessoas.
O movimento é a regra.
Formas antigas cedem lugar para outras formas, mas para conhecê-las deve-se sair do trem, passear pelas ruas, navegar na internete, embarcar no trem.
O trem deve ser contido.
Grupos , nas ruas, estabelecem uma forma de interromper o caminho do trem, impedir sua passagem com barricadas, muito barulho, violência.
Grupos, na internete, estabelecem uma forma de interromper o caminho do trem, impedir sua passagem, com cyber barricadas, invadindo sistemas, pouco barulho.
Tais grupos pouco se conhecem, talvez acreditem que estejam em lados opostos, talvez por opções religiosas, talvez por questões de classe , ou, quem sabe, até mesmo estéticas.
A internte é a rua , mas a rua não é a internete.
Na internete a proposta é compartilhar, desde que algum lado prevaleça, independente do mesmo trem em que estão, mas que não o conhecem , pois jamais conseguiram enxergá-lo. 
Na rua, que não é a internete, pessoas mudas, caladas, quebram tudo que encontram pela frente.
Na internete, que não é a rua,  aliados do trem, mudos , calados, manipulam sistemas eletrônicos de controle remoto para matar pessoas a distância, quebrar tudo que estiver pela frente. 
O movimento é a regra. 
As crenças determinam as ações
As ações chamam a atenção de todos .
A negação é o resultado.
Na internete muitos conversam, poucos se veem.
Na rua, que não é a internete, poucos falam.
Muitos procuram se esconder, como se a rua fosse a internete.
No mundo em que o real e o virtual se confundem, muitos tentam entender, explicar.
Para tanto o antigo é a referência para um novo desconhecido.
Assim , a plataforma se move, a rua é a internete ,o trem cria asas,  a civilização não tolera dissidências.
A raiva desse ser contida, civilizada, bem comportada, assim como o mundo civilizado, moderno e próspero onde todos vivem, na rua, na internte, no trem, e na plataforma.
Uma mensagem, da rua, da intenete, sobre o trem, mesmo que inconsequente não é decifrada, apenas os perigos decorrentes, oportunistas que podem alterar o caminho civilizado, tornando-o ainda mais "civilizado".
O foco é no adversário,.
A raiva , da internete , da rua, real, virtual, local, mundial é desconhecida, residual.
Mensagens da internete, das ruas, somente se previamente protocoladas.
O mundo atual é civilizado, limpo, transparente, próspero e feliz.
Não comporta questionamentos, de qualquer espécie, de qualquer lugar.
O trem não pode parar.
Atos revolucionários, infantis,adultos, de esquerda, de direita., fundamentalistas, fascistas, focados, desfocados, inconsequentes, consequentes, niilistas, anárquicos, mercadológicos, conservadores, das forças armadas, nazistas, anarcopunks, religiosos e outros mais somente serão possíveis e aceitos se forem bem comportados.
Assim pensam todos os que estão no trem, da civilização, limpa, próspera, moderna e evoluída.

PS. " não sou candidato a nada,
            meu negócio é batucada,
            mas meu coração não se conforma,
            o meu peito é do contra
            e assim mete bronca,
            nesse samba plataforma."


 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Síndrome da China

Alguns fatos que todos deviam saber sobre Fukushima
Primeiro-ministro diz que situação está “sob controle”. Isto faz lembrar a história do homem que saltou de um edifício de dez andares e, à medida que ia passando por cada andar, dizia: “Até aqui, tudo bem”

Por Takashi Hirose, no Esquerda.net

No dia 7 de setembro de 2013, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe disse o seguinte na sessão nº 125 do Comitê Olímpico Internacional: “Pode ser que alguns tenham suspeitas no que diz respeito a Fukushima. Deixem-me assegurar-lhes que a situação está sob controle. Nunca houve nem jamais haverá qualquer dano a Tóquio”.
Os porta-vozes do governo japonês defendem a afirmação de Abe, dizendo que os níveis de radiação no oceano Pacífico ainda não ultrapassaram os limites das normas de segurança.
Isto faz lembrar a história do homem que saltou de um edifício de dez andares e, à medida que ia passando por cada andar, dizia: “Até aqui, tudo bem”.
Trata-se, recordem, do Oceano Pacífico – o maior depósito de água na Terra e, até onde sabemos, do universo. A empresa Tokyo Electric Power (TEPCO) verteu para o mar água do seu reator de Fukushima durante dois anos e meio e, até agora, o oceano Pacífico foi capaz de diluí-la sem superar os limites de segurança. Até aqui, tudo bem. Mas não há nenhuma perspetiva à vista de que a torneira vá ser fechada.
Há oito coisas que deveriam saber:

1. Numa zona verde residencial de Tóquio, a 230 quilômetros de Fukushima, descobriu-se que a terra tinha um nível de radiação de 92.335 bécquerels por metro quadrado. Esse é um nível perigoso, comparável ao que se encontrou ao redor de Chernobyl (o marco de uma catástrofe nuclear em 1986). A razão pela qual na capital se descobre tal nível de contaminação é que entre Tóquio e Fukushima não há montanhas suficientemente altas para bloquear as nuvens radioativas. Na capital, as pessoas que entendem o perigo recusam-se radicalmente a comer produtos provenientes da zona Leste do Japão.






2. No interior dos reatores nucleares Daiichi de Fukushima 1 e 3 as canalizações (pelas quais circulava a água fria) romperam-se, o que causou uma fusão. Isto significa que o combustível nuclear superaqueceu, derreteu-se e continuou a derreter qualquer coisa que aparecesse no caminho. Daí continuou para o fundo do reator e depois para o próprio solo do edifício, onde se afundou solo abaixo. Como se disse mais acima, durante dois anos e meio, os trabalhadores da TEPCO lançaram desesperadamente água no reator, mas não se sabe se a água está realmente atingindo o combustível derretido. Se houvesse um terremoto de força média, seria suficiente para destruir totalmente o já combalido edifício. De fato, nos últimos dois anos e meio os terremotos têm continuado a abalar Fukushima. (como dado adicional, precisamente enquanto esta carta era escrita, Fukushima foi castigada por outro terremoto de força média, ainda que no entanto pareça que o edifício resistiu uma vez mais. Até aqui, tudo bem). Está em estado especialmente perigoso o reator 4, no qual, numa piscina, se conserva uma grande quantidade de combustível nuclear, o que pode provocar outro desastre, dadas as circunstâncias.

3. No Japão, considera-se que o maior problema é a água fria que foi lançada sobre o reator. Os jornais e as cadeias de televisão que antes se tinham esforçado por esconder os perigos da energia nuclear, agora informam sobre eles todos os dias, e criticam Shinzo Abe pela mentira que contou ao COI. A questão é que a água altamente radioativa está se infiltrando e misturando-se com a água do subsolo, uma goteira que não se pode parar, o que significa que está escorrendo para o oceano. É uma situação impossível de controlar. Em agosto de 2013 (um mês antes do discurso de Abe ao COI) no interior do lugar onde se encontra o reator Daiichi de Fukushima, a radiação medida atingiu os 8.500 micro Sieverts por hora. Suficiente para matar qualquer um que ficasse ali durante um mês. O que torna muito difícil que os trabalhadores possam fazer alguma coisa. Em Ohkuma-machi, a cidade onde se encontra o reator nuclear Daiichi, a radiação, em julho do 2013 – dois meses antes do discurso de Abe –, chegou, segundo as medições, aos 320 micro Sieverts por hora. Este nível de radiação mataria uma pessoa em dois anos e meio. Daí que, numa área de vários quilômetros à volta, esteja a aumentar o número de cidades fantasma.

4. Por causa dos jogos olímpicos de Tóquio de 2020, deixou-se de lado um facto crucial nos relatórios para o exterior. Só se informa que a água radioativa continua a escorrer pela superfície do solo em redor do reator. No entanto, a água do subsolo também está recebendo radiação, e essa água flui para o mar e mistura-se com a água marinha através das correntes subterrâneas. É demasiado tarde para impedi-lo.

5. Se for ao mercado central de peixe perto de Tóquio e medir a radiação no ar, registará cerca de 0,05 micro Sieverts – um pouco mais do nível normal. Mas se medir a radiação perto do lugar onde se situa o instrumento que mede a radiação do peixe, o nível é duas ou três vezes maior (segundo as medições em 2013). As verduras e o peixe que provém da zona de Tóquio, mesmo as que receberam radiação, não são jogados fora. A razão é o nível de tolerância à radiação na comida estabelecido pelo governo japonês – que, caso seja superado, não pode ser posta à venda – é o mesmo que o nível tolerado nos lixos de baixa radiação. É o mesmo que dizer que no Japão, hoje em dia, ao estar contaminado o país na sua totalidade, a única opção que resta é servir à mesa lixo radioativo. A distribuição da comida radioativa também se torna um problema. A comida proveniente da zona de Fukushima era enviada para outro município e, então, voltava a ser enviada, reetiquetada, como se tivesse sido produzida nesse segundo município. Um caso concreto: a comida distribuída pelas maiores empresas alimentares, bem como a que é servida nos restaurantes caros, não passa quase nunca por um teste de radiação.



6. No Japão, a única radiação provinda dos reatores nucleares Daiichi de Fukushima que se mede é o césio radioativo. Não obstante, grandes quantidades de estrôncio 90 e de trítio estão espalhando-se por todo o Japão. A radiação do estrôncio e do trítio consiste em raios beta, e são muito difíceis de medir. Mas ambos são extremamente perigosos: o estrôncio pode causar leucemia e o trítio pode produzir desordens cromossómicas.

7. Mais perigoso ainda: dizem que para se livrar da contaminação que invadiu a vasta zona do Leste do Japão, estão raspando a camada superior da terra e a armazenando em sacos plásticos, como se fosse lixo. Grandes montanhas destes sacos plásticos, todos expostos às inclemências climáticas, amontoam-se em campos do Leste do Japão, expostas ao ataque de chuvas torrenciais e de tufões. O plástico pode rasgar-se e o seu conteúdo espalhar-se. Quando isso ocorrer, não haverá qualquer outro lugar onde os levar.

8. Dia 21 de setembro de 2013 (de novo, enquanto escrevia esta carta) o jornal Tokyo Shimbum informou que o governador de Tóquio, Naoki Inose, disse numa conferência de imprensa que o que Abe comunicou ao COI foi a sua intenção de pôr a situação sob controle.
“Não está – disse Inose – “sob controle neste momento.”.

É uma triste história, mas esta é a situação atual do Japão e de Tóquio. Eu amava a comida japonesa e esta terra, até o acidente de Fukushima. Mas agora…
Os meus melhores desejos para a sua saúde e uma longa vida.

Takashi Hirose é o autor de “The Fukushima Meltdown: The World’s First Earthquake-Tsunami-Nuclear Disaster” (2011)
Publicado originalmente em Counterpunch
Tradução para castelhano de Betsabé García Álvarez, publicada em Sin Permiso
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net
Fonte: REVISTA FÓRUM 

A situação do reator de Fukushima é bem mais grave do que se imagina, se é que se imagina alguma coisa nesse universo jornalístico onde as notícias são selecionadas única e exclusivamente para preservar interesses de governos e corporações.
As barras do elemento combustível, juntamente com o combustível nuclear, entraram em processo de fusão. 
Essa fusão atingiu o vaso de pressão, núcleo do reator, e penetrou no solo.
Estamos diante de um dos acidentes mais graves em centrais nucleares, conhecido como Síndrome da China.
A fusão do combustível nuclear exerce uma pressão para baixo, atingindo o reator, o solo , e hipotéticamente atravessa toda a terra até chegar na China, o outro lado do mundo na visão dos ocidentais.
Certamente, aleḿ dos problemas citados no artigo acima, o subsolo está com índices elevados de radiação, contaminando lençois freáticos com desdobramentos em rios ,lagos e mares, e também afetando a agricultura.
No ano de 1979, foi lançado o filme Síndrome da China. A trama se passa em uma central nuclear dos EUA, onde jornalistas tem enormes dificuldades em obter informações sobre um acidente grave em uma central nuclear. 
Curiosamente, menos de quinze dias do lançamento do filme, um acidente de grandes proporções acontecia nos EUA na central nuclear de Tree Milles Island.
Passadas mais de três décadas do acidente de Tree Milles Island, e do lançamento do filme, o cenário envolvendo informações sobre centrais nucleares geradoras de energia elétrica envolvidas em acidentes pouco se modificou, sendo que as mudanças que ocorreram visam blindar ainda mais as informações e o verdadeiro impacto dos acidentes, tendo em vista que o lobbie nuclear é parte do sistema.
No ano de 1979, o jornalismo ainda surfava no caso watergate e ainda era possível encontrar jornalistas e veículos de mídia empenhados na verdade dos fatos.
O destaque na grande mídia mundial sobre Fukushima é irrisório, tendo em vista a gravidade do acidente e dos desdobramentos futuros, já que Fukushima é o acidente que ainda não terminou e que ainda irá produzir danos por muitos anos. 
Os técnicos da operadora da central não tem a mínima idéia do que se passa no núcleo do reator que entrou em processo de fusão.
Jornalistas como os do filme Síndrome da China,  atualmente só existem na mídia alternativa.
Tóquio é sede das olimpíadas de 2020, e mesmo que exista contaminação na cidade ou nos arredores da cidade e nos alimentos, não pega bem falar muito sobre o assunto para não prejudicar os negócios.
A mídia comercial mundial, como a brasileira especificamente abaixo, tem outras prioridades: