sábado, 28 de março de 2015

Amigo é pra essas coisas

TRAGÉDIA DA GERMANWINGS

Reflexos alpinos

Por Alberto Dines em 28/03/2015 na edição 843
Reproduzido da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) e Correio Popular (Campinas, SP), 28/3/2015; intertítulo do OI
              
A nova tragédia aérea, desta vez nos Alpes franceses, espalhou pelo mundo uma sensação de assombro e desconforto, perplexidade imprecisa, terrivelmente incômoda.

As insondáveis razões que levaram o copiloto alemão – 28 anos, desde os 14 no ar, maratonista, boa pinta, sem problemas financeiros – a deixar o comandante fora da cabine enquanto jogava a aeronave contra a montanha, colocam uma humanidade já desnorteada por tantos pavores diante de nova e surpreendente impotência.

O que fazer? Que providências tomar se Andreas Lubitz era deprimido, saturnino ou atrabiliário? Demitir imediatamente todos os tristes? Ou apenas os misantropos? Sem eles, porém, o mundo não teria avançado nem produzido tanta beleza. O “fígado negro” (schwarzer Leber, em alemão) é indispensável à introspecção. Ensimesmados sempre foram considerados os mais conscientes, sensíveis, por que são considerados como perigo?

Desta vez não houve um culpado em quem descarregar a revolta. Não apareceu até agora um vilão para ser demonizado e aliviar a imperiosa necessidade de punir este extermínio. Nenhum ismo está sendo empurrado para o banco dos réus, facção alguma está sendo incriminada como responsável.

Sem estúpidos para punir, a estupidez que resta avaliar é a própria condição humana. Complicado. Qual a mensagem que Andreas Lubitzer pretendia nos enviar ao estraçalhar tantos inocentes? Nossa fabulosa racionalidade e a inesgotável capacidade de interpretar estão sem elementos para armar teorias, explicar, justificar. Nem mesmo relativizar.



Dez minutos


Hobbes mais uma vez comparece à cena para sugerir que o homem é o lobo do homem. Antes sugerira o Estado como salvador – forte ou fraco, aberto ou fechado, ativo ou passivo, laico ou religioso, progressista ou conservador – o Estado seria o único ente capaz de oferecer saídas.

O Estado, porém, é integrado por seres humanos. E seres humanos encarregados de zelar pelo bem-estar dos concidadãos não podem alhear-se da tragédia alpina. Desafiar o mundo, dominá-lo e impor suas loucuras era coisa dos Neros, Hitlers, coisa de tiranos caducos. A nova onipotência parece consistir em trancar-se numa cabine inacessível, acionar as teclas e despedaçar a aeronave contra a muralha de pedras.

Com os dados de que dispomos até o momento, Andreas Lubitz nada inovou, teve inúmeros antecessores e neste exato momento há milhares de candidatos à imolação que se encarceram em cápsulas indevassáveis e diante do painel de comando estão prestes a clicar o fim do espetáculo.

Andreas Lubitz agiu sozinho. Este é o perigo. Prioritário salvar os que se sentem sozinhos, resgatá-los da solidão, derrubar portas trancadas, forçar a passagem de sons, luz, ar, palavras – nada pior do que o isolamento para toldar ainda mais o espírito daqueles que se imaginam enredados em impasses. Num mundo enganosamente franqueado, vigoram dispositivos aptos apenas a fabricar estados de sítio. Aos sitiados e sitiadores – igualmente estressados – devemos oferecer saídas, soluções, algum alívio. Talvez uma réstia de confiança de que não estão sozinhos.

A agonia de Andreas Lubitz e dos seus 149 parceiros demorou quase dez minutos. Neste imenso lapso de tempo é possível desfazer rancores, insinuar pactos, instilar alguma esperança e com o mindinho levantar o nariz do avião. Se todos parecem inimigos, dez minutos serão suficientes para estabelecer diferenças.

Diante da medonha façanha de Andreas Lubitz o mundo deveria parar e pensar.

Talvez esta tenha sido sua verdadeira intenção.



Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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A depressão é a culpada pela tragédia do vôo da Germanwings?

Andreas
Andreas Lubitz, o copiloto
Publicado na BBC Brasil.

Nas manchetes de jornais em todo o mundo aparece a afirmação de que o copiloto do avião da Germanwings, Andreas Lubitz, sofria de depressão.
O tablóide britânico Daily Mail, no entanto, foi mais além: “Piloto suicida tinha longo histórico de depressão – por que o deixaram voar?”
Ainda não se sabe exatamente o que aconteceu nos momentos finais do voo 4U 9525. O que sabemos é que na terça-feira, o avião foi deliberadamente pilotado para uma colisão nos alpes franceses, matando 150 pessoas.
Na sexta-feira, os investigadores revelaram que atestados médicos rasgados foram encontrados na casa de Lubitz, inclusive um para o dia do acidente, que a Germanwings diz não ter recebido.
Um hospital alemão confirmou que ele havia recebido tratamento médico em março e no mês passado, mas negou que o problema em questão fosse depressão.
A teoria de que uma doença mental teria afetado o copiloto ganhou espaço na mídia alemã, que cita documentos da autoridade nacional de aviação. Os documentos teriam dito que Lubitz sofreu um sério episódio depressivo durante seu treinamento para ser piloto em 2009.
No entanto, jornais britânicos que ligaram os problemas mentais de Lubitz a suas ações estão sendo acusados por especialistas e leitores de serem “simplistas demais”.

‘Tenho depressão e não quero matar pessoas’

Três dos principais grupos ativistas de saúde mental da Inglaterra – Mind, Time to Change e Rethink Mental Illness – divulgaram um comunicado em conjunto condenando a “especulação difundida” a respeito da condição do copiloto, dizendo que as manchetes contribuem “para o estigma que já existe ao redor dos problemas de saúde mental”.
“Todo mundo está tentando entender o que aconteceu neste acidente terrível com o avião, mas há um perigo real de que a correlação que está sendo feita entre depressão e este ato seja muito simplista e não tenha provas suficientes”, disse Paul Farmer, diretor executivo do Mind, à BBC.
“A impressão que se dá é a de que as pessoas com depressão podem ser perigosas, e não há nenhuma prova disso. Há milhares de pessoas que trabalham em cargos estressantes e importantes que lutam contra a depressão e fazem seus trabalhos muito bem.”
A hashtag #Timetochange (Tempo de mudar, em português), que critica a cobertura da imprensa, está entre os assuntos mais comentados do Twitter britânico. Personalidades pedem que o acidente não confunda pessoas deprimidas com “assassinos”.
O escritor Matt Haig disse no Twitter que “A depressão pode fazer com que a pessoa machuque a si mesma. Mas nunca fez – em 15 anos intensos – com que eu ou qualquer pessoa que eu conheço quisesse machucar outras pessoas”.
No Brasil, já começam a repercutir nas redes sociais as manchetes de portais de notícias afirmando que o copiloto “tinha depressão”

Especulação

Promotores alemães afirmam que Lubitz escondeu detalhes de uma doença da empresa onde trabalhava, mas o tablóide alemão Bild diz que sua pesquisa sobre o passado de Andreas Lubitz sugere um histórico de depressão.
A Lufthansa, segundo o tablóide, teria afirmado que Lubitz interrompeu seu treinamento para ser piloto para receber tratamento médico. Fontes não nomeadas na empresa, citadas pelo tabloide, teriam afirmado que a interrupção foi causada por um problema psicológico.
No total, Lubitz teria feito tratamento psicológico durante um ano e meio durante o treinamento e diagnosticado, em 2009, com um “episódio depressivo severo”.
A revista semanal Der Spiegel diz que investigadores teriam encontrado, no apartamento de Lubitz em Dusseldorf, provas de que ele sofria de um distúrbio psicológico. A revista, no entanto, afirma que não sabe exatamente que provas seriam estas.

Depressão poderia ter causado acidente?

A depressão é uma doença séria, que afeta cada pessoa de maneira diferente. Indivíduos que sofrem de depressão podem atingir um estado tal de alienação que são capazes de tentar tirar as próprias vidas – mas a maioria das pessoas deprimidas não tentaria causar dano a ninguém além de si mesmas.
A psicóloga britânica Jennifer Wild, da Universidade de Oxford, disse ao jornal The Times que o “pensamento irracional” por trás das ações de Lubitz na cabine podem ter sido motivados por depressão causada por algum episódio traumático recente. “Talvez nesse estado ele não tenha considerado as consequências de suas ações, ou talvez não se importasse por estar consumido pela ideia de pôr fim a sua vida”, afirma.
Wild diz ainda que o uso de drogas ou um acesso extremo de raiva também poderia explicar tais ações.
No entanto, o registro da caixa preta do avião mostra o que seria a respiração calma de Lubitz enquanto supostamente apertava botões que levariam o avião à queda. Isso levou à especulação de que o copiloto poderia ser um psicopata. No entanto, Wild explica que psicopatas geralmente evitam infligir dano a si mesmos.
“Devemos ter cuidado para não fazer julgamentos apressados”, disse o professor Simon Wessely, presidente do Royal College of Psychiatrists, na Grã-Bretanha. “Se realmente for comprovado que o piloto tinha um histórico de depressão, precisamos nos lembrar que milhões de pessoas também têm, incluindo pilotos que conduzem voos com total segurança até muitos anos depois de serem tratados.”
“A depressão geralmente é tratável. A maior barreira para que as pessoas consigam ajuda é o estigma e o medo de serem descobertas. Neste país, percebemos uma diminuição recente desse estigma e uma abertura maior para buscar ajuda. Recomendamos evitar decisões apressadas que podem tornar mais difícil que pessoas com depressão recebam o tratamento apropriado”, alerta.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Passados alguns dias do acidente nos Alpes franceses, começam a surgir, felizmente, análises equilibradas no universo midiático.
E obviamente, tais análises são exceção em uma mídia mundial sempre disposta a jogar tudo de encontro as rochas.
Assim como Alberto Dines, em seu excelente texto acima, fiquei perplexo com esse episódio e , no momento em que escrevo esse texto , em que faço com que as pontas de meus dedos se choquem com as teclas de um teclado frio e distante, mesmo estando tão próximo,  não encontrei nenhuma explicação para a tragédia, assim como tenho rejeitado todas as narrativas oriundas de  uma imprensa apressada em tudo justificar.
Como sempre tem acontecido desde o 11 de setembro, o terrorismo é sempre a primeira hipótese para acidentes com mortes e, uma vez descartada a hipótese matter, distúrbios mentais dos autores sempre surgem em segundo lugar.
Como se atos de terrorismo não fossem um distúrbio dos autores, uma irracionalidade em nome da razão.

Como se o reducionismo simplista , limitado e apressado também não fosse um distúrbio.
No mundo dos distúrbios, estados nacionais em nome da segurança agem da mesma maneira que os terroristas, de forma racional, em nome da segurança e em defesa da civilização próspera , civilizada, saudável.
O jovem alemão , bem sucedido profissionalmente, não foi o primeiro  a assombrar o mundo e certamente não será o último.
Centenas ou milhares de casos de atiradores  que resolvem sair por aí atirando e matando qualquer pessoa que encontram pela frente, tem sido lugar comum no noticiário, que , como de costume, tentar encerrar o assunto atribuindo problemas mentais aos criminosos.
Que uma pessoa que resolve  matar outros , conhecidos ou não, sem nenhum motivo aparente, certamente tem algum distúrbio, ou , quem sabe um mix de fast distúrbios, isso me parece óbvio.

No entanto, a velha mídia apressada, mesmo diante de tantas evidências que se repetem e não mais podem ser apenas justificadas como problemas pontuais, sempre volta aos distúrbios psicológicos do agressor como sendo a causa última .
Seria tal forma de relatar a realidade também um distúrbio ?
Um mundo de desequilibrados, onde a suposta alegria das pessoas  nada mais seria do que uma representação para atender códigos sociais.
Sorria, afinal, você está sendo filmado e deve ficar feliz também por esse fato.
Abra e beba a felicidade, diz o comercial do símbolo maior de todos os distúrbios.
Trabalhe muito, seja competitivo, desconfie de tudo e de todos, vigie seu vizinho, afinal, viver é uma guerra e somente os mais fortes irão sobreviver.
Caso se sinta triste, vá a um shopping center, compre uma roupa nova, o tênis da moda, ou quem sabe, até mesmo troque de carro,  a sensação de felicidade será instantânea, e você poderá mostrar para seus "amigos" como você é feliz e bem sucedido, afinal viver é ganhar e acumular, sempre o máximo.
As praças de alimentação de um shopping center são o divã da pós modernidade , que pode resolver todo tipo de angústia e de sofrimento, essa é a mensagem explícita e implícita de um mundo de distúrbios, ancorado em coisas, onde qualquer coisa passa a ter um valor , um preço.
Ao sucesso, mesmo que seja lembrado somente após a morte, como tem sido uma constante nos filmes de Hollywood:
"certamente se assim agirmos iremos morrer, no entanto eles também morrerão e nossos nomes serão nomes de escolas públicas, para eternidade"

A passagem acima é comum nos filmes atuais.

Sucesso, competição e coisas.

Tudo e todos são coisas, que se pode atribuir um valor, construindo, dessa forma, um fundamentalismo materialista, não muito diferente de outras expressões de fundamentalismos.

No mundo dos fundamentalismos, o distúrbio reina, naturalmente, socialmente aceito, no entanto sempre que atos extremos acontecem a causa apresentada pela mídia sempre diz respeito a um distúrbio, individual, pontual, algo fora da curva e que não merece grande destaque.

O estresse é a doença da pós modernidade, sendo que na mesma França que agora sente-se perplexa com o acidente, recentemente um estudo revelou o crescente número de suicídios de empregados em determinadas empresas.

Na Alemanha, os índices de absenteísmo e de alcoolismo no trabalho não devem ser desprezados.

No mundo das coisas , do quantitativo, a felicidade pode ser encontrada ao se abrir uma garrafa de refrigerante, pelo menos é o que diz a mensagem publicitaria.

Os momentos de  tristeza, como manifestações normais da natureza humana, são vistos como sérios problemas psicológicos e socialmente não são aceitos , já que no mundo civilizado e próspero seria inconcebível não ser  feliz, alegre, risonho.

Momentos de tristeza , assim como momentos de felicidade, são normais e fazem parte da natureza humana.

O excesso e a persistência de um ou outro em prevalecer, merece atenção.

Rir de tudo pode indicar sinais de desespero.

Uma tristeza crônica , também merece cuidados.

No entanto, qualquer tristeza no mundo civilizado atual, é imediatamente rotulado como um problema grave, que requer cuidados médicos e remédios pesados.

No mundo dos distúrbios, a doença é um grande negócio, talvez mais um distúrbio da natureza nada humana dos negócios da medicina humana.

Suicídios tem crescido em todo o mundo, talvez como uma forma de libertação por parte de seus praticantes e as razões , certamente são os tais distúrbios, e eles são muitos em um mundo de distúrbios, de desequilibrados - inclusive, você, caro leitor - de midiotas.

A partir de agora, pilotos não ficarão mais sozinhos no bunker que se tornou a cabine de comando de um avião pós 11 de setembro.

Serão vigiados em suas vidas particulares, assim como seus familiares, e devem sorrir o dia inteiro.

Essa , certamente, será a resposta para evitar que distúrbios não acabem com todos nas rochas.

Afinal foram 150 vidas, algo insiginificante para as centenas de vidas que desaparecem diariamente vítimas da fome, um distúrbio socialmente aceitável, já que os famintos são seres incapazes , fracos, inaptos, para um mundo alegre, civilizado , próspero e evoluído.

Talvez o jovem alemão tenha sofrido uma desilusão amorosa, algo normal na vida de qualquer pessoa.

Há mais ou menos 40 anos , Aldir Blanc escreveu a canção abaixo, que em uma passagem , o personagem triste e deprimido vê a morte como uma solução, no entanto teve um amigo para conversar.

No mundo atual, onde todos estão sitiados e paradoxalmente conectados, tem crescido o número de pessoas que encontram no suicídio a saída.

Afinal, para todo suicida, o suicídio é uma decisão racional e libertadora.

Mundo esquisito e doentio esse em que vivemos.

                                  Amigo é Para Essas Coisas
Autores: Aldir Blanc e Silvo da Silva

           
- Salve!
- Como é que vai?
- Amigo, há quanto tempo!
- Um ano ou mais
- Posso sentar um pouco?
- Faça o favor
- A vida é um dilema
- Nem sempre vale a pena
- Pô...
- O que é que há?
- Rosa acabou comigo
- Meu Deus, por quê?
- Nem Deus sabe o motivo
- Deus é bom
- Mas não foi bom pra mim
- Todo amor um dia chega ao fim
- Triste
- É sempre assim
- Eu desejava um trago
- Garçom, mais dois
- Não sei quando eu lhe pago
- Se vê depois
- Estou desempregado
- Você está mais velho
- É
- Vida ruim
- Você está bem disposto
- Também sofri
- Mas não se vê no rosto
- Pode ser
- Você foi mais feliz
- Dei mais sorte com a Beatriz
- Pois é
- Vivo bem
- Pra frente é que se anda
- Você se lembra dela?
- Não
- Lhe apresentei
- Minha memória é fogo!
- E o l´argent?
- Defendo algum no jogo
- E amanhã?
- Que bom se eu morresse!
- Pra quê, rapaz?
- Talvez Rosa sofresse
- Vá atrás!
- Na morte a gente esquece
- Mas no amor a gente fica em paz
- Adeus
- Toma mais um
- Já amolei bastante
- De jeito algum!
- Muito obrigado, amigo
- Não tem de quê
- Por você ter me ouvido
- Amigo é pra essas coisas
- Tá
- Tome um Cabral
- Sua amizade basta
- Pode faltar
- O apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará

sexta-feira, 27 de março de 2015

Não dá pra tirar, não é Rodrigues ?

Operação da PF desvenda rede de sonegação fiscal , lavagem de dinheiro e crimes tributários que soma golpes da ordem de R$ 19 bilhões contra a Receita. Escândalo dez vezes maior que a Lava Jato envolve grandes bancos, corretoras e empresas como a Gerdau. Ação evidencia o grande ralo da corrupção privada no país

Fonte: CARTA MAIOR

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Rodrigues alega sigilo para não entregar nomes do HSBC. 

Sigilo é da fonte, não da informação

27 de março de 2015 | 08:26 Autor: Fernando Brito
sigilohsbc
Diz o Artigo 5° , inciso XIV, da Constituição brasileira que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Portanto, temos uma proteção constitucional ao trabalho da imprensa que não existe nem mesmo nos Estados Unidos, onde, recentemente, a Suprema Corte derrubou a interpretação de que a Primeira Emenda da Constituição garantia o sigilo da fonte jornalística, ao permitir o seguimento do processo contra Judith Miller, do New York Times, e Matt Cooper, da revista Times, que lhes exigia o nome do informante que revelara a identidade de uma agente secreta, Valerie Plane.

O sigilo da fonte é indispensável ao exercício de minha profissão e deve ser preservado custe o que custar.

Mas a recusa de Fernando Rodrigues, ontem, na CPI do HSBC em fornecer a lista dos apontados como donos de contas secretas na Suíça, é obvio, nada tem a ver com sigilo da fonte. E não há, nem pode haver, sigilo sobre os dados de que dispõe o jornalista, até porque não há sigilo algum a preservar sobre a fonte das informações: é Hervé Falciani, ex-funcionário do banco, quem divulgou os cadastros de correntistas e os entregou aos jornalistas do Le Monde, que forneceram cópias ao ao governo francês e a um consórcio de jornalistas, que os repassou a Fernando Rodrigues.

Portanto, se as fontes são conhecidas de todo o mundo, qual a razão de recusar sua entrega ao órgão de investigação do Congresso?

Proteção do “sigilo da fonte” é que não pode ser.

Não existe, nem poderia haver, sigilo sobre informação. Ninguém tem o direito de esconder, para uso próprio – ainda que profissional – informação sobre indícios de crimes, neste caso de natureza fiscal.

Isso pode ser comprovado de maneira claríssima.

Imagine que eu, profissionalmente, receba a informação de vários possíveis homicídios. Tenho o direito de resguardar a origem da informação, jamais o conteúdo dela. Isso seria, na prática, acumpliciar-me aos eventuais assassinos. Tenho o dever de publicá-la, e na sua inteireza. Investigar se houve, de fato, os crimes é atribuição estranha ao jornalismo e eu sequer tenho o direito de dizer ao delegado: olha, eu lhe dou a informação de alguns, que envolvem pessoas “de interesse público”.

As exceções ao dever de testemunhar sobre o conteúdo só se aplicam àqueles que receberam a informação da parte que, potencialmente, pode ser punida pelo crime: o padre, o advogado, o contador ou a parentes. Rodrigues não foi informado pelos potenciais criminosos nem é parente deles.

Seu direito (e seu dever) é o de preservar o sigilo da fonte e que, neste caso, não existe.

A interpretação mais elástica que consigo alcançar seria a de entregar os nomes, mas não os valores, em nome de uma heróica defesa do sigilo bancário – o que nem é sua obrigação profissional .

Porque, embora sequer esteja expresso na Constituição, o sigilo bancário refere-se aos dados sobre a movimentação financeira ou informações particularíssimas (existência de mútuos, bens privados, fianças, etc) dos clientes dos bancos, não à existência de contrato entre fulano e o banco X.

Tanto não é que o “sigilo bancário” estaria sendo violado cada vez que se emitisse um talonário de cheques ou um cartão bancário, onde constam nome, agência e número da conta daquele correntista.

De qualquer forma, toda a argumentação jurídica é desnecessária porque Rodrigues não se apega a nenhuma questão de princípio, mas ao seu julgamento de conveniência e relevância para dar publicidade a este ou aquele nome.

Mas é um retrato terrível de como a imprensa, que deveria ser um instrumento de luz sobre o sombrio mundo da sonegação e do escondimento da riqueza, usurpou a condição de grande tribunal do país, denunciando, julgando e condenando segundo seus próprios critérios e apenas eles
.
PS. Porque não estendo estes conceitos aos jornalistas de O Globo que receberam de Rodrigues os dados? Por terem recebido a informação dele e sob condições de seguirem as regras que ele impôs. Compreendo a dificuldade ética de fazerem o que sua “fonte” não faz.
Fonte: TIJOLAÇO
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Fernando Brito: O Globo e UOL “esquecem” que Márcio Fortes, o da lista do HSBC, era tesoureiro do PSDB

publicado em 27 de março de 2015 às 08:41
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Fortes, o da lista do HSBC, era tesoureiro do PDSB . Mas “podemos tirar, se achar melhor”
Faltou um “pequeno detalhe” nas matérias de O Globo e de Fernando Rodrigues, do UOL, sobre Márcio Fortes, o político tucano com depósitos no HSBC de Genebra, cujas contas secretas vazaram e estão sendo conhecidas a conta-gotas.
É que ele é descrito, genericamente, como “membro da Executiva do PSDB”.
Faltou dizer que era, especificamente, o tesoureiro nacional do partido, e não faz muito tempo.
Você pode conferir aí em cima na página do próprio PSDB, em dezembro de 2008, aliás numa reunião presidida pelo Sérgio 10 milhões pela CPI Gerra.
Se a conta fosse de João Vaccari, do PT, ele seria apresentado como tesoureiro ou “membro da Executiva”?
Manchete garantida no Brasil inteiro.
Marcio Fortes é tucano de quatro costados, foi presidente do BNDES e  – segundo a Agência Podemos Tirar Se Achar Melhor Reuters- era atuante na coleta de recursos para a campanha de José Serra, em 2010:
“Outros tucanos, com bom trânsito junto à iniciativa privada, devem atuar na arredação, entre eles Márcio Fortes (candidato a vice na chapa de Fernando Gabeira ao governo do Rio) e Eduardo Jorge (vice-presidente executivo do PSDB)”.
Detalhes, pequenos detalhes, que podemos tirar, se achar melhor.

Fonte: VIOMUNDO
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Enquanto uma operação da Polícia Federal desvenda esquema de sonegação fiscal, evasão de divisas e outros crimes financeiros que somam 19 bilhões de reais, praticados por bancos , corretoras e empresas privadas, o jornalista do UOL, em depoimento na CPI do HSBC, se recusou a fornecer a lista de nomes de empresas e  pessoas físicas com conta no banco suíço.

Quem Rodrigues estaria tentando proteger ?


De qualquer forma a operação da PF revela que os maiores sonegadores e criminosos atuam livremente e não são punidos, e a imprensa, motivada unicamente por fins políticos, persegue ferozmente o governo do povo  e a Petrobras, com a intenção de derrubar um governo legítimo e ainda entregar a Petrobras para a turma que , certamente, estaria envolvida em boa parte dos crimes acima citados, assim como, provavelmente, juntamente com  muitos barões da imprensa.


No meio de toda essa armação contra o governo do PT e contra a Petrobras, deve-se lembrar que o mensalão tucano está parado, assim como  o trensalão de São Paulo.


Ambos aguardando julgamento.


Os casos de corrupção que estão aparecendo e revelando que o PSDB e outros partidos de oposição estão envolvidos em grandes esquemas, tem sido ocultados deliberadamente e de forma criminosa pela velha mídia ( podemos tirar se achar melhor ).


Irmãos gêmeos


Luciano Gretechen



Thammy Huck




Renata Vasconcellos (esq) é irmã gêmea da estilista Lanza Mazza. Por serem tão idênticas, os fãs da jornalista ficam confusos quando as duas saem juntas
O mesmo acontece com Thammy e Luciano.

É o DNA.

Terrorismo praticado pela velha mídia e oposições

 Serpente chocou os ovos que começam a eclodir: diretório do PT da Bela Vista, em SP, sofreu atentando com coquetel molotov na madrugada desta 4ª feira. O PSDB vai lançar nota de repúdio?

Fonte: CARTA MAIOR
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Sede do PT é atacada com bomba caseira em São Paulo

março 27, 2015 07:18
Sede do PT é atacada com bomba caseira em São Paulo

O artefato, que seria um coquetel molotov, destruiu parte da porta principal,
móveis e documentos, mas não deixou feridos.
Incidente é o segundo contra diretórios do partido em menos de mês

Por Guilherme Franco

O diretório municipal do PT em São Paulo, localizado na Bela Vista, 
região central da capital, foi alvo de uma bomba de fabricação caseira 
na madrugada de quarta (25) para quinta-feira (26).

O artefato, um coquetel molotov, não deixou feridos, mas destruiu parte da
porta principal de acesso ao escritório, atingindo a recepção. 
Na explosão, móveis e documentos foram destruídos.

De acordo com o site do partido, não havia ninguém no imóvel durante o ataque. 
O presidente municipal da legenda em São Paulo, Paulo Fiorilo, considerou 
o incidente parte de uma “onda de intolerância e ódio contra o PT”.

Este é o segundo ataque a diretórios do Partido dos Trabalhadores em menos de um mês. 
No dia 15 de março, data em que manifestantes contra o governo foram às ruas, 
a sede do PT em Jundiaí, interior de São Paulo, também foi alvo de um coquetel molotov.

Fonte: PORTAL FÓRUM
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Não se pode afirmar que é um caso isolado.

É a segunda vez que instalações do PT são atacadas com bombas, no estado de São Paulo.

O que se assiste é parte do resultado da campanha existente na velha mídia contra o governo e o PT.

Toda semana, em mais de um dia por semana, colunistas do jornal o globo miram no Partido dos Trabalhadores, sempre com críticas pesadas, em um revezamento de colunistas.

Hoje, Merval Pereira, em delírio e ao mesmo tempo incitando a violência, afirma que o PT está morto.

Já vi esse filme em 2005, e também no ano passado, quando por ocasião das eleições, o mesmo Merval, no jornal o globo, afirmou , ainda no primeiro turno, que caso Dilma
passasse para o segundo turno estaria ' frita', pois todos os demais candidatos ficariam contra o PT.

Isso mesmo , caro leitor, o imortal usou a palavra 'frita' e , agora diz que o PT está morto.

Se os textos de Merval fossem conversas de redes sociais no feicibuqui, tais expressões seriam normais, já que fazem parte do universo das redes sociais.

No entanto, Merval, o imortal, escreve no jornal o globo e ainda reproduz seu vocabulário nas emissoras de rádio e de TV do grupo globo ( podemos tirar se achar melhor ).

Em um misto de torcida, tentativa de definir os caminhos do país e campanha de incitação a violência, o jornalismo de o globo e de toda a velha mídia, ao agir dessa forma omite informações e acaba se nivelando aos debates, discussões e
xingamentos comuns nas redes sociais.

Esse fenômeno de rebaixamento do jornalismo brasileiro já foi tema de diversos artigos do PAPIRO.

Ataques com bombas, mesmo de fabricação caseira, extrapolam todos os limites de tolerância, revelando que as oposições e a velha mídia apostam na violência e na criação de um caos no país, para forçar um golpe de estado , ou mesmo em um clima de pânico tentar mostrar para a população que um
impitimam da presidenta seria a solução para os conflitos.

A direita acéfala e anti democrática que saiu as ruas no dia 15 de março, agora está a jogar bombas em instalações do PT.

Imagino se uma bomba fosse colocada em instalações da rede globo, o barulho que a imprensa faria seria ensurdecedor e certamente diria que teria sido coisa do Lula.

Cabe lembrar a todos no que no dia 1º de abril, próxima quarta-feira, manifestações contra a TV globo estão marcadas para várias cidades do país onde a emissora tem sede e instalações.

O dia 1º de abril foi escolhido por ser o dia da mentira, algo bem apropriado,já que a mentira se faz presente diariamente no noticiário da velha mídia.

Obviamente não serão jogadas bombas, mas que muita bosta vai rolar para decorar corretamente as instalações externas da emissora, ahhh, isso vai.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Dinossauros interrompem construção de ciclovias em São Paulo




Europa terá atos em apoio às ciclovias de SP



Foto: Luiz Guadagnoli / Secom
Ciclistas de diversos países estão se mobilizando para protestar a favor das ciclovias na capital paulista, cuja implementação está paralisada por uma decisão judicial. Por meio das redes sociais, ativistas da Inglaterra, Itália e Alemanha já confirmaram atos para esta semana. Em Londres, um grupo começou a se organizar pelo Facebook. O evento está agendado para sexta-feira (27), com saída prevista para as 19 horas (horário local), da Ponte Waterloo.
Palermo, na Itália, também terá um ato em solidariedade aos ciclistas paulistanos. O evento ocorrerá às 16 horas de sábado (28), com saída da Praça Politeama. Na página do ato no Facebook, 213 pessoas já haviam confirmado presença ontem (25). Em Munique, na Alemanha, a quantidade de ciclistas que comparecerão ao ato, marcado para as 20 horas de sexta-feira, é ainda maior: 737 haviam confirmado a participação pela página da Critical Mass München, na rede social.
A decisão do juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública da Capital, Luiz Fernando Rodrigues Gerra, tomada na quinta-feira passada, impede que a Prefeitura continue construindo ciclovias na cidade A medida foi anunciada após uma ação movida pela promotora de Habitação e Urbanismo Camila Mansour Magalhães da Silveira. Ela alega que teria faltado planejamento para a instalação das faixas.
Entidades relacionadas à segurança no trânsito e ciclistas criticaram a medida. Eles consideram a postura do Ministério Público Estadual (MPE) um retrocesso na política de mobilidade urbana. O diretor da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), Daniel Guth, chegou a afirmar que a promotora é favorável a uma política “rodoviarista”, que ignora outros meios de deslocamento que não os carros.
Capital
Em São Paulo, o protesto está agendado para as 18 horas desta sexta-feira, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, perto da Rua da Consolação. Até agora, mais de 6,1 mil pessoas já confirmaram o comparecimento na página do evento no Facebook
“Venha com sua bicicleta, skate, patins, correndo ou qualquer outra forma não poluente de locomoção. Traga faixas, cartazes, venha com alegria reivindicar uma vida mais segura e saudável nas cidades brasileiras”, diz o texto na rede social.
Segundo a cicloativista e apresentadora Renata Falzoni, de 61 anos, o protesto está sendo organizado por ciclistas do mundo todo que integram um movimento chamado Massa Crítica, que surgiu em São Francisco, nos Estados Unidos, nos anos 1990. O grupo promove uma “pedalada” toda última sexta-feira do mês. “Sempre existe um motivo para protestar nessas pedaladas. Dessa vez, por coincidência, temos esse absurdo acontecendo em São Paulo”, diz Renata.
A cicloativista recorda que esta não é a primeira vez que o Brasil entra no foco da pedalada promovida pelo movimento Massa Crítica em várias capitais do mundo. Em 2011, quando o bancário Ricardo Neis atropelou 15 ciclistas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, cicloativistas de vários países organizaram pedaladas na Europa e nos Estados Unidos em protesto contra a falta de punição ao infrator.
Autor do blog Vá de Bike, William Cruz, de 41 anos, afirma que a justificativa do MPE para paralisar o projeto das ciclovias paulistanas gerou uma indignação nas redes sociais que chegou até entidades e ciclistas de outros países e de dezenas de cidades do País. “Muitas cidades da América Latina estão aderindo ao protesto. A cada hora aumenta o número de cidades que vão fazer atos.”
Fonte: MANCHETE ON LINE
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Recentemente uma paneleira indignada, digna representante da elite quatrocentona paulistana, declarou que era contrária a construção de ciclovias na cidade, uma vez que com uma ciclovia agora em frente a sua casa, seus convidados não teriam como estacionar os carros, sempre que os salões de sua casa fossem abertos  para oferecer um jantar.

Que mentalidade, que  pérola, que pensamento neolítico.

Agora também temos a decisão de um juiz de direito - mais uma para a lista - que impede que a Prefeitura de São Paulo continue construindo ciclovias, com a alegação de que o planejamento para construção das ciclovias não é adequado.

Já o planejamento, ou a ausência total deste,  de duas décadas dos governos do PSDB para o abastecimento de água da população da cidade de São Paulo e da região metropolitana, sequer é questionado por procuradores sempre atentos aos interesses externos, como no caso de ciclovias, interesses das montadoras e das empresas de transporte coletivo rodoviário da cidade de São Paulo.

São Paulo vai se caracterizando como um centro do atraso e da mentalidade tacanha, não apenas no Brasil como de todo o mundo, considerando que tais decisões da justiça vão na contramão dos processos de urbanização, de mobilidade urbana e de melhoria da qualidade de vida em mega cidades de todo o mundo.

O mico é de tal envergadura, que diversas cidades em todo o mundo se uniram para protestar contra  a decisão do juiz - mais um para a lista - da cidade de São Paulo.