Um Filme que se repete
Foi assim com Jânio Quadros e com Fernando Collor
O"novo" da vez , agora , é Marina Silva.
40 anos para atrás em 4
Adivinhe quem trouxe Jânio Quadros para votar?
Por Paulo Moreira Leite
Existe coisa mais antiga do que "socialista" que não acredita em "socialismo" e não sai de perto de banqueiro?
Não vamos nos enganar: a mesma elite econômica que fez o possível para
sustentar Aécio Neves até aqui prepara seu embarque na campanha de
Marina Silva. É uma questão que se resolve na próxima pesquisa.
É constrangedor mas é verdade.
Os editoriais de jornal, o tom de crítica leve, as advertências e
conselhos dirigidos a Marina traduzem um movimento de quem prepara o
terreno para fazer uma virada mudança em suas opções políticas e negocia
cada passo.
O esvaziamento notório de Aécio, quinze dias depois da morte de Eduardo
Campos, ajuda a revelar o caráter superficial dos compromissos políticos
de seus aliados de véspera. Sua campanha nunca se apoiou num pacto
político em profundidade mas numa aliança puramente instrumental, de
quem contrata um serviço e define uma tarefa.
A prioridade, vamos deixar claro, é vencer Dilma. Sem isso, o candidato
do PSDB não tem serventia. Não estamos falando de ideias, de um projeto
de país, de luta ideológica e tantas palavras nobres que se costuma
citar para maldizer a política brasileira. É poder e poder.
Depois de passar os últimos anos tratando Marina Silva como uma
concorrente despreparada, dogmática, candidata a transformar o exercício
da presidência num desastre permanente, aquilo que nossos sociólogos
chamam de elite porque o termo “burguesia” ou “ classe dominante” fica
pesado demais num discurso liberal, é obrigada a engolir o que disse. A
pergunta que interessa é saber quem está melhor preparado para
interromper 12 anos de governos Lula-Dilma.
A vantagem comparativa de Marina sobre Aécio é a falta absoluta de compromissos reais. Cabe tudo em sua caravana.
Através dela, a política brasileira regride em direção a Jânio Quadros. É
a candidata que condena a “velha política” mas não consegue explicar-se
sobre um simples avião de campanha. Mantém com o PSB relações típicas
de um partido de aluguel – que usará enquanto lhe for conveniente — mas
agora mostra-se como o “novo.”
Existe coisa mais antiga do que “socialista” que não acredita em “socialismo” e não sai de perto de banqueiro?
Lembram-se de Fernando Collor, o caçador de marajás que promoveu um
furacão sem partido, apoiado pela turma dos negócios & do poder
porque era o melhor para vencer o Brizola?
Para empregar uma linguagem típica de seus aliados, o universo de Marina
é o populismo que não tem referências claras, cresce nas emoções e na
confusão política. Por isso se fala em governar com FHC e Lula.
Isso sempre acontece quando o conservadorismo disputa uma eleição na qual não pode mostrar a própria face.
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também
autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em
Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época.
Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".
UDN e Taliban evangélico podem se unir para levar o Brasil à Idade das Trevas
![](http://4.bp.blogspot.com/-1lMk0sLYQcA/U_tFJE51XvI/AAAAAAAAhnI/FNjUdUVfQ1A/s1600/marina-silva-itau-taliban.jpeg)
Marina e a UDN, 60 anos depois
A UDN – que levou Vargas ao suicídio, que
derrubou Jango em 64 e que há 12 anos tenta encurralar Lula e o PT – é capaz
de embarcar em qualquer aventura. A pergunta é: a democracia brasileira,
pela terceira vez, fará esse mergulho no desconhecido em 2014?
Por Rodrigo
Vianna
A velha UDN tinha uma estranha fixação por
militares. Os candidatos presidenciais udenistas - derrotados por Dutra
(1945), Vargas (1950) e Juscelino (1955) – eram sujeitos que vestiam farda:
Juarez Távora e Brigadeiro Eduardo Gomes.
A UDN era ruim de voto. Mas boa na agitação
golpista: no dia 24 de agosto de 1954, há exatos 60 anos, Carlos Lacerda
(principal agitador udenista) e seus aliados militares encurralaram o
trabalhismo – levando Vargas ao suicídio.
A UDN seguiu perdendo eleição, até que em 1960
resolveu buscar um candidato “de fora”. Janio Quadros - líder
hstriônico, que passava a imagem de não se render aos “conchavos” políticos
- finalmente levou a UDN ao poder. ”O jeito é Janio”: foi o slogan de
campanha. Mas Janio não era um autêntico udenista. O governo dele foi uma
crise só. Janio renunciou antes de completar um ano no poder.
Em 1989, para impedir a vitória do monstro “Brizula”
(Brizola e Lula eram favoritos, diante da crise do governo Sarney), a Globo
fez o papel de UDN e escolheu Collor. Caçador de marajás, inimigo de “tudo
que está aí”, Collor ganhou. Mas caiu 3 anos depois.
Em 2014, os conservadores parecem dispostos a
embarcar em nova aventura. Depois de 3 derrotas consecutivas, o bloco
demo-tucano está dividido. Os setores mais orgânicos insistem com Aécio
Neves. Mas parte da mídia, dos bancos e da classe média aceita qualquer nome
que seja capaz de derrotar o PT.
Aliada ao PSDB e ao DEM, a velha mídia resiste em
embarcar no marinismo. Mas em uma ou duas semanas, o jogo estará jogado. Se
Aécio minguar para 15%, e Marina passar dos 25%, a velha UDN dará mais um
salto no desconhecido.
Por enquanto, as revistas semanais trazem o nome de
Marina Silva associado a um ponto de interrogação. Nos bastidores, inicia-se
um balé de cobranças e concessões. Marina precisa mostrar-se confiável para
o mercadismo (que desconfia da “estatista” Dilma). Em duas semanas, o ponto
de interrogação pode virar exclamação: Marina é o jeito, contra “tudo que
está aí”!
Sem partido, avessa aos “conchavos”, Marina Silva é
uma política profissional que finge detestar a política. Igualzinho a Janio
e Collor - ilusionistas do voto.
Pesquisas internas mostram que Aécio se esfacela. O
mineiro tenta reagir: conta com os aliados midiáticos, para desconstruir
Marina. Dossiês e denúncias saem das gavetas. Mas Abril e Globo talvez não
queiram queimar Marina - único Plano B, para derrotar Dilma.
Marina tem uma avenida livre pela frente: PSDB em
crise, Aécio perdido entre um discurso oposicionista e as promessas de
manter o Bolsa Família (uai, a turma que vota nos tucanos não diz que aquilo
é ”bolsa esmola”?), mídia desesperada por derrotar o lulismo.
Se eu pudesse arriscar um palpite, diria que a
máquina midiática aliada do tucanato não vai ajudar o candidato do PSDB.
Aécio vai minguar, e pode perder até o governo de Minas para o PT.
Misto de líder messiânica da “nova política” e
parceira confiável dos bancos, Marina vira favorita. Só Lula será capaz de
barrá-la. E talvez nem ele.
Lula talvez precise se guardar para construir
alternativas mais à frente. Um eventual governo Marina, não tenho dúvidas,
terá o mesmo padrão de instabilidade que marcou Janio e Collor.
A UDN - que levou Vargas ao suicídio, que derrubou
Jango em 64 e que há 12 anos tenta encurralar Lula e o PT – é capaz de
embarcar em qualquer aventura. Isso já sabemos. Mas a pergunta é: a
democracia brasileira, pela terceira vez, fará esse mergulho no desconhecido
em 2014?
Fonte: SQN
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