Os professores do Rio de Janeiro, em greve por melhores salários e condições de trabalho, estão sendo massacrados pelos governos estadual e municipal. Durante as manifestações da categoria, a polícia militar vem usando todo o seu repertório de violência, truculência e até mesmo práticas criminosas para incriminar os manifestantes.
Enquanto os professores apanham nas ruas, a população carioca e da baixada fluminense sofre nos transportes coletivos, que com uma regularidade impressionante apresenta problemas em composições de trens, metrô e barcas, prejudicando a vida de milhares de trablhadores.
A polícia militar fluminense , que não economiza na violência contra a população, é a mesma que torturou e matou Amarildo com a cumplicidade de todo o efetivo policial de uma Unidade de Polícia Pacificadora-UPP- da comunidade da Rocinha, local onde o auxiliar de pedreiro, o Amarildo, foi barbaramente executado.
Transportes coletivos de péssima qualidade, educação pública ignorada e segurança pública para distribuir cacetadas no povo.
Falta alguma coisa mais, caro leitor ?
Claro, a saúde pública. A mesma saúde pública que vem sendo bombardeada principalmente pela velha mídia, por conta da inciativa correta do governo federal em contratar médicos estrangeiros para suprir a deficiência de médicos em regiões do país.
Justo nos anos em que os governos democráticos e populares do PT chegaram ao poder e vem transformando positivamente o pais e a vida da população brasileira, se vê uma escalada sem limites de uma cultura que valoriza única e exclusivamente todas as formas de violência, seja pelo poder público de cidades e estados, seja nas relações interpessoais, seja pelo crescimento de práticas de estupro contra mulheres e crianças, ou até mesmo em crimes de racismo. Um movimento contrário ao avanço do país e que certamente vem sendo incentivado por setores que se opõem ao governo federal e que, sendo sempre derrotados nas urnas, tentam de todas as formas criar um cenário de conflito e terra arrasada, para com isso reverter as regras democráticas vigentes. Programas de tv e rádio, alguns produzidos de forma criminosa, incentivam a violência contra pessoas passando a idéia que trata-se de algo normal e corriqueiro. A título de exemplo, nesta semana, a rádio FM O Dia, do Rio de Janeiro, um dos grupos de mídia mais violentos,apresentou o seguinte diálogo entre o apresentador de um programa e uma mulher que era entrevistada:
apresentador: a senhora tem um sotaque que não me parece do Rio de janeiro.
entrevistada : De fato. Vivo há muitos anos aqui no Rio mas sou do nordeste.
apresentador : o que a senhora acha desses penetras de festas, que entram em festas sem serem convidados ?
entrevistada : veja, meu filho. Recentemente fiz um aniversário para comemorar os quinze anos de uma filha. Percebi que na festa de aniversário tinham duas pessoas que não faziam parte da lista de convidados...
apresentador: E aí botou eles prá correr ? perguntou o apresentador interrompendo e revelando ansiedade em saber sobre uma possível ação violenta sobre os penetras.
entrevistada :veja. Percebi os penetras e avisei aos seguranças da festa sobre a presença deles. Pedi para que ficassem de olho neles, mas que deixassem eles na festa, pois duas pessoas a mais consumindo não faria diferença, e eles não tinham, a princípio, aparência de bandidos.
apresentador: Bacana sua atitude. disse sem esconder sua frustração pela resposta civilizada, o que o fez, logo em seguida, disparar o seguinte comentário:
apresentador : mas aqui no Rio de Janeiro ninguém é assim como a senhora, não. Aqui é diferente.
Emissoras de tv, jornais e revistas da velha mídia não ficam atrás na cultura da violência, ao contrário, como partidos de oposição declarados ao governo federal estão bem a frente chegando ao ponto de produzir programas e matérias onde o conteúdo apresentado é fruto de roubo e de apropriação indevida, com amplo apelo a práticas de violência.
Bem antenados com essa cultura estranha para o momento do país, o JORNAL DO BRASIL e o OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, publicam, hoje, dois artigos sobre o tema. Vale a leitura:
A ditadura 'mascarada' e a violência dos novos anos de chumbo
As cenas de violência e autoritarismo que chocaram a sociedade na última terça-feira, na Cinelândia, remetem a tempos sombrios da história do país. Repressão, truculência e projetos de lei aprovados a toque de caixa, contrariando a vontade de trabalhadores, são práticas de triste lembrança.
Nos últimos tempos, estas tristes lembranças têm vindo cada vez mais à tona com a diferença de que, hoje, quem reprime não mostra a cara.
As bombas da Cinelândia assustam, e nos remetem à bomba do Riocentro. Policiais militares espancam jovens, como fizeram nos anos 60 no Calabouço, num trágico confronto que culminou com a morte do estudante Edson Luís.
Imagens mostraram um policial militar supostamente forjando um flagrante contra o jovem manifestante na terça-feira. Ele aparece jogando morteiros no chão enquanto o rapaz era acusado de portar artefatos. O jovem, menor de idade, foi imediatamente detido, enquanto vândalos mascarados - mesmo após a criação da lei que os torna ilegais - arremessavam pedras e depredavam o patrimônio público na frente das câmeras.
Por que estes não foram presos? Por que não são identificados? Por que continuam a agir seguidamente em manifestações sem que haja uma ação concreta de poder público contra eles? Estas perguntas continuam sem respostas.
O pedreiro Amarildo, desaparecido desde julho, teria sido barbaramente torturado com choques elétricos e asfixia, segundo inquérito da Divisão de Homicídios da Polícia Civil. Práticas antigas dos tempos da ditadura que entre outras vítimas levaram Vladimir Herzog e deixaram cicatrizes profundas na história do país. O corpo do morador da Rocinha até hoje não foi encontrado, como o de Stuart Angel, outra vítima dos anos de chumbo cujo desaparecimento não deixou rastros.
A diferença daqueles tempos para os de hoje é que se sabia quem eram os generais que davam as cartas. Hoje, quem dá as ordens não mostra a cara. Pode estar mais próximo dos ditadores de países vizinhos, como Pinochet que levou milhões de dólares para o exterior, do que de nossos antigos generais.
Naquele mesmo tempo, o decreto-lei 477 foi baixado e, em seu artigo 1º, determinava: "Comete infração disciplinar o professor, aluno, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino público ou particular que alicie ou incite a deflagração de movimento que tenha por finalidade a paralisação de atividade escolar ou participe nesse movimento." Na prática, estabelecia um rito sumário contra quem se opusesse.
Hoje, professores veem aprovado entre as quatro paredes da Câmara de Vereadores, onde a população foi impedida de entrar, um projeto de lei apresentado pela prefeitura e que não atende a categoria. Parlamentares, eleitos pelo povo, ignoraram apelos e protestos, e deram seu 'sim' indiferentes aos gritos dos trabalhadores.
Em 69, o decreto-lei 477 foi considerado ao AI-5 das universidades. Hoje, essa repressão sanguinária que se esconde por trás dos muros do poder público pode enfrentar, nos próximos dias, uma passeata conflagrada em praça pública com mais de um milhão de pessoas. Estas sim, com a cara e a coragem.
Fonte: JORNAL DO BRASIL
A cultura da violência
O brasileiro brutal
Por Luciano Martins Costa em 04/10/2013 no programa nº 2164
A cultura da violência
O
caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza, que nunca
mais foi visto após ser detido por policiais militares, no dia 14 de
julho, está para ser desvendado.
Segundo
os jornais desta sexta-feira (04/10), ele foi torturado até a morte por
agentes responsáveis pela Unidade de Polícia Pacificadora da favela da
Rocinha, no Rio, onde morava.
O
delegado que investiga o caso não chegou a uma conclusão sobre o
destino dado aos seus restos mortais, mas vai indiciar dez Policiais
Militares que se encontravam em serviço na UPP naquele dia, inclusive o
comandante.
Os
detalhes trazidos à luz pela imprensa são extremamente preocupantes:
praticamente todo o contingente de policiais lotados na unidade no dia
14 de julho serão indiciados.
Houve
uma sucessão de manobras, depois do crime, para dificultar a
investigação e incriminar a vítima, com alegações de relações do
pedreiro ou de sua mulher com traficantes, e suspeita-se que as câmeras
de vigilância instaladas no local em que ele teria sido assassinado
foram desligadas ou danificadas.
Mas
o aspecto mais emblemático do caso é o envolvimento de praticamente
todo o contingente, sem uma só voz que pudesse se opor à sequência do
crime.
O
noticiário induz o leitor a entender que o major comandante da UPP
tinha seus comandados sob total controle, o que explicaria a permanência
do mistério por mais de dois meses e meio.
A
análise das reportagens que se sucederam depois do desaparecimento do
pedreiro mostra que os três principais jornais do País deixaram o
assunto em segundo plano apenas no período em que ocorriam manifestações
diárias no Rio, com episódios seguidos de violência policial.
Uma intensa campanha pelas redes sociais digitais provocou a volta do interesse no destino da vítima.
A pergunta dos ativistas entrou na agenda dos protestos e influenciou a pauta: "Onde está Amarildo?"
O
caso também levou os jornais a constatar que nem tudo é pacificação nas
unidades pacificadoras e na estratégia da Polícia Militar do Rio.
Uma
atenção maior à ação da Polícia Militar permitiu, por exemplo, flagrar
as muitas tentativas de incriminar manifestantes, forjando o porte de
explosivos e outros artefatos, como aconteceu nesta semana.
O brasileiro brutal
O
desaparecimento de Amarildo seria provavelmente mais um episódio
esquecido no persistente histórico da violência policial - uma chaga que
se recusa a cicatrizar, passado um quarto de século da redemocratização
do País -, se não tivesse ocorrido no contexto da onda de
manifestações.
Há
uma cultura da arbitrariedade em muitos setores do serviço público, que
se reflete em casos de negligência no atendimento da saúde, no baixo
compromisso com a eficiência e a qualidade do ensino, no abuso dos
pequenos grandes poderes que as normas entregam nas mãos dos burocratas.
Da
violência sutil representada pelo funcionário que esconde a ficha de um
paciente até o assassinato brutal de um homem indefeso e a posterior
ocultação de seus restos mortais parece haver uma distância imensurável.
Mas,
se prestarmos atenção ao noticiário dos jornais, poderemos concluir que
se processa no Brasil um estado de animosidade oposto ao espírito que
se costuma creditar aos brasileiros.
É
certo que a ideia do "brasileiro cordial", popularizada com o livro de
Sergio Buarque de Holanda, não se refere exatamente a uma predisposição
amistosa da nossa sociedade, mas à tendência do cidadão a resolver tudo
com o coração, não com o raciocínio.
Acontece
que a sociedade contemporânea exige decisões cada vez mais racionais, e
o novo tempo dos fatos cotidianos pressupõe uma intuição aguçada para
ações adequadas e imediatas.
Assim,
da mesma forma como alguém se lança a um abraço, pode sofrer o impulso
contrário, no sentido da agressão, com a mesma intensidade.
Essa impulsividade pode estar na origem, por exemplo, dos indicadores de violência contra mulheres.
O
noticiário dos jornais está repleto de casos chocantes, sendo o mais
ruidoso deles o linchamento de um estudante de 21 anos durante uma festa
no câmpus da Universidade Estadual de Campinas, no Estado de São Paulo.
Supõe o senso comum que o ambiente acadêmico seja um espaço para o diálogo, mesmo numa circunstância festiva banhada em álcool.
Por
isso, choca a leitura dos detalhes desse crime, para o qual
contribuíram não apenas a extrema agressividade dos autores, como a
passividade das dezenas de testemunhas que se encontravam no local.
Apesar
de ser sempre uma coleção de fragmentos, o conteúdo da imprensa costuma
trazer para o conhecimento público sintomas de que a
brutalidade permanece como uma endemia renitente nas corporações
policiais e que grupos organizados que têm como única conexão o gosto
pela agressão circulam livremente pelos espaços públicos.
O Brasil precisa colocar na pauta essa cultura da violência.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
No dia de hoje, há 25 anos, o Brasil aprovava a constituição cidadã:
“Declaro promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil”,
disse há 25 anos o então presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, ao promulgar a nova Constituição Federal, em vigor até hoje. O Brasil rompia de vez com a Constituição de 1967, elaborada pelo regime militar que governou o país de 1964 até 1985.
No dia de hoje, há 25 anos, o Brasil aprovava a constituição cidadã:
“Declaro promulgado o documento da liberdade, da democracia e da justiça social do Brasil”,
disse há 25 anos o então presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, ao promulgar a nova Constituição Federal, em vigor até hoje. O Brasil rompia de vez com a Constituição de 1967, elaborada pelo regime militar que governou o país de 1964 até 1985.
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