BARBOSA DÁ VOZ AO 12º MINISTRO: A MÍDIA
Quando o 5º voto contra, declarado pelo ministro Marco Aurélio, empatou o jogo na apreciação dos embargos infringentes da AP 470, Joaquim Barbosa preferiu não arriscar. Excepcionalmente frio e discreto, soprou o apito final da sessão e adiou o desfecho para a próxima semana, concedendo assim tempo e voz ao 12º ministro para agir: a mídia conservadora. Caberá a ela sacudir o cansaço da classe média com o assunto e mobilizar 'o clamor da sociedade' para emparedar o decisivo voto de desempate, que coube ao ministro Celso de Mello. Em tese, não seria preciso o ardil. O decano do STF formou com Barbosa e Gilmar o trio de detratores da política em geral e do PT, em particular, nesse desfrutável processo através do qual o conservadorismo pretendeu realizar a sua capacitação ao poder, depois de seguidamente reprovado nas urnas. Há um constrangimento, porém, que explica a cautela do presidente do STF e magnetiza as atenções de todo o mundo do Direito. Para que jogue a pá de cal contra os réus, Celso terá que renegar a própria biografia jurídica, pautada pelo reconhecimento da pertinência dos embargos . Se o fizer, despindo-se da toga para subir ao palanque --do que tentará convence-lo a mídia isenta-- consumará a natureza política de um julgamento polêmico, todo ele cercado de excepcionalidades. Rasgará não apenas a sua reputação, mas a do próprio STF, abrindo uma trinca dificilmente cicatrizável no já fragilizado abrigo da equidistância do Direito no país. A ver.
Fonte: CARTA MAIOR
Não apenas deu voz como a gritaria já começou. Pelo que se tem hoje nas manchetes dos jornais teremos uma enxurrada de notícias e opiniões em todos os jornais, emissoras de rádio e emissoras de tv, até a próxima quarta-feira quando acontecerá o voto de desempate. O globo de hoje saiu com tudo, com a faca entre os dentes e porrete nas mãos. Merval e mervais do diário dos Marinhos já destilam teses e opiniões sempre favoráveis a um voto contrário aos embargos. Na manchete, o jornal que mais se assemelha a um panfleto político, usa termos e expressões em letras garrafais, de 3 litros, se referindo aos réus como 'mensaleiros' e exigindo a prisão imediata. Certamente nas sujas empresas globo, conforme foto abaixo, até a próxima quarta-feira todos os programas das grades das emissoras de tv e de rádio, assim como todos os jornais do grupo arrependido por ter apoiado a ditadura e a tortura, irão abordar o assunto.
De Xuxa a Regina Casé, passando por Faustão e Luciano Huck, ao encontro de Fátima Bernardes e Ana Maria Braga, todos em seus programas tecerão opiniões, previamente definidas e exigidas pela alta direção do grupo, em favor de um voto que não aceite os embargos . Até mesmo o jornalismo esportivo das emissoras e jornais globo encontrará espaço para relacionar assuntos de justiça com o esporte, onde pessoas envolvidas em crimes foram exemplarmente punidas para o bem da sociedade. Certamente, também, não faltarão opiniões de atores e atrizes de novela, de preferência com personagens da moda, que mostrarão toda indignação por um suposto voto que não leve os réus a prisão de Guantánamo. A campanha já saiu das redações e está nos impressos, nas tv's e nas rádios das empresas globo. O popular Extra, em primeira página de hoje, coloca fotos dos réus da ação penal 470 e induz o leitor ao entendimento de que não há outra alternativa que não seja o encarceramento de perigosos bandidos que assolam o país. De o globo para o extra, tentanto abraçar todas as camadas sociais, as empresas globo irão exercer uma violenta pressão na opinião pública em uma tentativa , clara, como já se vê hoje, de não aceitar em hipótese alguma qualquer decisão do STF que não seja aquela desejada por globo e pelos partidos de oposição ao governo . Isso me parece bem claro pela postura adotada por globo, tão logo se definiu no STF que o voto desempate seria na próxima quarta-feira. Claro que também está em jogo uma tentativa de intimidar o ministro do STF que irá apresentar o voto, uma vez que o mesmo , em outra ocasiões , já declarou que é a favor dos embargos. Em outros jornais, como o diário O Dia, a campanha não é tão violenta, porém a idiotice é a mesma. O Dia afirma , em primeira página, que o destino dos réus está nas mãos do ministro que dará o 11º voto, o que não é verdade, pois o STF é composto por 11 ministros e o que define é o placar final , não o primeiro ou o último voto. Em um exercício de reducionismo e pauperização intelectual, a velha imprensa e seu aparato midiático já deram o tom para a pressão que irão exercer na sociedade, onde qualquer análise de fundo e equilibrada não terá vez, prevalecendo a disputa banhada em conteúdo emocional, tal qual em uma partida de futebol, com comentários carregados de falsos moralismo e ética, incompatíveis com a história desses veículos de mídia e da velha imprensa. A opinião pública será violentamente pressionada pelo noticiário desses proximos cinco dias. A informação equilibrada , mais uma vez, dará lugar a interesses políticos. A velha imprensa e seu aparato midiático terão, mais uma vez, a oportunidade de aprender que a opinião publicada não reflete a opinião pública. O PT continuará no poder e favorito para as eleições de 2014. E a vida seguirá normalmente, diariamente pelas manhãs com o aroma do café.
Quando o 5º voto contra, declarado pelo ministro Marco Aurélio, empatou o jogo na apreciação dos embargos infringentes da AP 470, Joaquim Barbosa preferiu não arriscar. Excepcionalmente frio e discreto, soprou o apito final da sessão e adiou o desfecho para a próxima semana, concedendo assim tempo e voz ao 12º ministro para agir: a mídia conservadora. Caberá a ela sacudir o cansaço da classe média com o assunto e mobilizar 'o clamor da sociedade' para emparedar o decisivo voto de desempate, que coube ao ministro Celso de Mello. Em tese, não seria preciso o ardil. O decano do STF formou com Barbosa e Gilmar o trio de detratores da política em geral e do PT, em particular, nesse desfrutável processo através do qual o conservadorismo pretendeu realizar a sua capacitação ao poder, depois de seguidamente reprovado nas urnas. Há um constrangimento, porém, que explica a cautela do presidente do STF e magnetiza as atenções de todo o mundo do Direito. Para que jogue a pá de cal contra os réus, Celso terá que renegar a própria biografia jurídica, pautada pelo reconhecimento da pertinência dos embargos . Se o fizer, despindo-se da toga para subir ao palanque --do que tentará convence-lo a mídia isenta-- consumará a natureza política de um julgamento polêmico, todo ele cercado de excepcionalidades. Rasgará não apenas a sua reputação, mas a do próprio STF, abrindo uma trinca dificilmente cicatrizável no já fragilizado abrigo da equidistância do Direito no país. A ver.
Fonte: CARTA MAIOR
Não apenas deu voz como a gritaria já começou. Pelo que se tem hoje nas manchetes dos jornais teremos uma enxurrada de notícias e opiniões em todos os jornais, emissoras de rádio e emissoras de tv, até a próxima quarta-feira quando acontecerá o voto de desempate. O globo de hoje saiu com tudo, com a faca entre os dentes e porrete nas mãos. Merval e mervais do diário dos Marinhos já destilam teses e opiniões sempre favoráveis a um voto contrário aos embargos. Na manchete, o jornal que mais se assemelha a um panfleto político, usa termos e expressões em letras garrafais, de 3 litros, se referindo aos réus como 'mensaleiros' e exigindo a prisão imediata. Certamente nas sujas empresas globo, conforme foto abaixo, até a próxima quarta-feira todos os programas das grades das emissoras de tv e de rádio, assim como todos os jornais do grupo arrependido por ter apoiado a ditadura e a tortura, irão abordar o assunto.
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