quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Naturalmente

MST comercializa mais de 400 toneladas de alimentos durante Feira em Maceió

Todos os dias, compondo a programação oficial da Feira, rodas de conversa sobre agroecologia, educação e saúde popular, práticas integrativas de saúde e o Festival de Cultura Popular, traziam uma diversidade de atrações.

14 de setembro de 2016 15h17

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Fotos: Rafael Soriano

Mais de 400 toneladas de alimentos foram comercializados durante a 17ª Feira da Reforma Agrária, realizada pelo MST na capital alagoana. A Feira aconteceu do dia 6 ao dia 9/09 e reuniu 150 trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra de todo o estado, que ocuparam a Praça da Faculdade, no bairro do Prado, com uma variedade de produtos vindos dos acampamentos e assentamentos de todas as regiões de Alagoas.

“Trouxemos para a capital o papel e a importância da Reforma Agrária, traduzida na produção de alimentos saudáveis para encher de fartura e saúde a mesa do povo alagoano”, destacou Débora Nunes, da coordenação nacional do MST.

Abóbora, banana, macaxeira, inhame, batata, ... De tudo era possível encontrar nas barracas onde, com orgulho, os feirantes apresentavam os alimentos como frutos da luta pela terra.

De acordo com Débora, além da característica presente na Feira da comercialização de alimentos produzidos agroecologicamente, sem o uso de veneno, os produtos eram vendidos a preço justo. “Com a compra diretamente das mãos de quem produz, eliminando a figura do atravessador, o consumidor tem a possibilidade de ter o alimento por um preço abaixo da média do mercado”, disse Nunes. “A Feira não pode ser um espaço de especulação ou de revenda através de atravessadores, a Feira é o espaço de comercialização restrito de quem faz a produção”.



A Feira que já é realizada há 17 anos em Maceió, além de levar a variedade dos alimentos produzidos nas áreas de Reforma Agrária de Alagoas, também ocupa a capital do estado com as mais diversas dimensões da vida do homem e da mulher no campo. Seja através da música, da troca de experiências no manejo e cuidado com a terra, no artesanato ou na culinária, os dias em que os Sem Terra realizam coletivamente a Feira da Reforma Agrária contagiam o coração da cidade em uma verdadeira celebração dos que querem construir para a vida no campo e também na cidade.

“Quando trazemos as diversas dimensões do que é a vida no campo em nossas Feiras, mesmo que ainda tenham muitos desafios a serem superados, é para que as pessoas tenham a possibilidade de refazer a leitura que os grandes meios de comunicação fazem sobre os camponeses e camponesas”, ressaltou Débora, que também compõe o Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do Movimento.

Todos os dias, compondo a programação oficial da Feira, rodas de conversa sobre agroecologia, educação e saúde popular, práticas integrativas de saúde e o Festival de Cultura Popular, traziam uma diversidade de temas, debates e trocas de experiência que fortaleciam os espaços da Feira como uma grande expressão da aliança campo e cidade em suas mais diferentes expressões.

“Tudo que materializamos nos dias de realização da Feira da Reforma Agrária, é uma convocação para toda a sociedade compreender a necessidade e importância de realizar-se a Reforma Agrária”, comentou Nunes. “Papel da Reforma Agrária inclusive no intuito de resolver os problemas estruturais que afetam diretamente quem está na cidade, como o inchaço decorrente do êxodo rural, o desemprego, as desigualdades sociais e os problemas de infraestrutura geral das cidades.”, concluiu.

Fonte: MST
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Aqui no Rio de Janeiro existem algumas feiras onde se pode adquirir alimentos orgânicos. São bem poucas, mas existem.
No momento em que teremos eleições para prefeitos das cidades, por aqui, até o momento, nenhum candidato tocou no assunto da produção e comercialização direta - sem intermediários - de alimentos oriundos de produção agroecológica.
As prefeituras podem , e devem, criar as condições para que o pequeno produtor rural possa comercializar diretamente sua produção em feiras espalhadas por toda a cidade, como as feiras livres que já existem.
Do produtor direto para o consumidor, certamente os produtos tem um preço bem mais atraente, e os consumidores de orgânicos e naturais agradecem.

A criatividade que forma, informa e transforma

Imagens que valem por mil palavras
Tatiana Carlotti

Enquanto a ordem democrática não for reestabelecida, o presidente decorativo Michel Temer e os vendilhões do país não terão um só dia de sossego. 

Nas ruas, apesar da repressão policial, milhares de brasileiros protestam em um uníssono “Fora Temer” e por “Diretas Já”. 

Nas redes sociais, a criatividade explode em um turbilhão de memes, gifts, charges, vídeos e fotos denunciando o golpe e os absurdos da agenda neoliberal imposta ao país.

Em diversas plataformas sociais, trafega uma produção rica, crítica e combativa fortalecendo, dia sim e no outro também, a resistência contra o golpe. Confira abaixo um pouco desse vasto material.

Uma produção capaz de dar, de forma precisa, as dimensões do presidente decorativo:




Denunciando a miopia de alguns:


Que insistem:




Em esconder o óbvio:

Mas frente à consciência do povo:

O jeito deles é reprimir:


Até porque o test-drive já começou:

E como começou:

Enquanto isso, o decorativo roda o mundo:

Apesar de todas as previsões:

E os gritos por independência:

E aí você se pergunta, como alguém ainda apoia um golpe?

E se lembra que além da força reprimindo a voz das ruas:

Entre os golpistas está aquela meia dúzia de famílias:


Aquela contrária à EBC:


Que faz o trabalho sujo:



Diariamente:



Um escárnio, não?

Nas redes, vários denunciam:

Até quando meditam:

Em vários idiomas:

Em vários desenhos:
Em vários filmes: 
E sarau de poesia:


E aos amantes da música, que tal um funk?


Uma bossa?


Um samba?


Um rap?


E um bom sertanejo:
E, claro, futebol! Um golaço narrado pelo Juca Kfouri:


Será impossível calar essa quantidade de voz:
E bota voz nisso:
Ecoando, em alto e bom som:
Uma sonora vaia:

Porque por mais que eles não admitam:
A gente sabe:


Fonte: CARTA MAIOR
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Caminhando e cantando - Vitor Teixeira


Fonte: BRASIL DE FATO

terça-feira, 13 de setembro de 2016

A Turma do Cunha

A turma do Cunha

13 de setembro de 2016 às 00h51
Captura de Tela 2016-09-10 às 19.51.06

Fonte: VIOMUNDO
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A viúva negra

POR FERNANDO BRITO · 13/09/2016


A foto acima, de maio de 2015, na entrega do pedido de impeachment a Eduardo Cunha reunia a fina flor dos moralistas que o cassaram ontem.

Não se diga que eram inocentes, pois as contas de Cunha na Suíça já tinham sido bloqueadas.

Eram “todos Cunha”.

E e Cunha deu-lhes o prometido, 11 meses depois, numa circense sessão da Câmara dos Deputados, onde lhe choviam elogios, embora o soubessem tão ladrão como sabem hoje.

Aliás, o STF, que o afastaria do comando da Câmara e do mandato – algo essencial para erodir sua influência – também o sabia tão vilão quanto o sabe agora, quando vai enviá-lo a Moro, sob as fanfarras da Globo.

Esta é uma história de hipocrisia nacional que ficará daqui a 50 anos, na conta das coisas inacreditáveis, mas ainda assim reais.

Mesmo a tal “delação premiada” de Cunha, ao que parece, ficará mais dependente de quererem ouvir do que de ele querer falar.

Depende de até onde vá o apetite de poder das parcelas do Judiciário que nutrem a pretensão de serem os “déspotas esclarecidos” que deveriam tutelar a Nação.

Ontem, embora com o sinal trocado, porque Cunha é a antítese de qualquer visão sadia que se possa ter da política, o que se filtra do episódio, após o desfecho do Fora Cunha que este país gritou, é que a política não é apenas um lugar para canalhas, mas para canalhas que manipulam as suas artes sob um único comando: o da mídia.

Foi ela que deixou apenas 10 votos a Cunha.

É a ela que teme o presidente sem votos.

Os personagens da foto, exceto o que lhe está no centro da imagem, estão anistiados de terem sido “todos Cunha”.

Talvez, como ocorreu com ele depois de cumprida a serventia de desestabilizar o governo Dilma e abrir o processo de impeachment, outros pudessem ver que realizar a degola social e trabalhista é papel igual ao que teve o agora desgraçado “ex-todo-poderoso”.

Cumpra, como fez Cunha com o impeachment, e estará a um passo da morte.

A direita brasileira é uma “viúva negra”. Os seus machos de ocasião, são todos minúsculos e devoráveis, cumprido seu papel.
Fonte: TIJOLAÇO
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Tomara que os livros de história não omitam: ‘Somos milhões de Cunhas’
13 DE SETEMBRO DE 2016 POR LUCIANA OLIVEIRA


Por Mário Magalhães

Uma das características mais notórias da conspiração pelo impeachment de Dilma Rousseff foi a proteção, dita blindagem, de Eduardo Cunha.

A bem-vinda cassação do deputado pela Câmara não elimina da história a proteção a quem foi chamado de ”meu malvado favorito” por seus aliados.

Tomara que no futuro os livros escolares não se esqueçam de contar a história como ela foi, com faixas sinistras tipo ”Somos milhões de Cunhas”.

Podiam ser, mas ontem à noite não se ouviu barulho de panelas se queixando do cartão vermelho ao capo decaído.

Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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É bom lembrar que uma parcela significativa da classe média apoiou Cunha e ainda bateu panelas nas varandas e janelas.
Essa mesma turma saiu às ruas , de verde e amarelo, em defesa de um suposto nacionalismo onde Cunha, Moro e outros eram tidos como ícones.
A defesa do nacionalismo era a defesa de um Brasil sem corrupção, onde Cunha representava tudo aquilo que livraria o Brasil da corrupção, através do impeachment de Dilma.
Hoje, passados apenas alguns meses das panelas em transe, Cunha foi cassado, a Democracia foi estuprada através do golpe travestido de impeachment, o nacionalismo foi para o espaço com o governo vendendo o Brasil a preço de banana, e o novo -velho governo é um ninho de ratos e ladrões.
Cassado Cunha inicia-se uma caça a Lula, enquanto a classe média assiste novela na televisão.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Rio Zona Norte 6 - Pato Preto

  

Rio Zona Norte - 6      Pato Preto


O ano era de 1962 e vivia-se uma alegria incontida pela conquista do bi campeonato mundial de futebol no Chile. Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Engenho Novo, Igor saía de casa para fazer compras no centro da cidade. Com 16 anos, classe média, era tido como o mais bem sucedido financeiramente da turma de adolescentes do bairro. Filho de pais comunistas, era , naquela idade,um entusiasta da revolução cubana. Até mesmo nas brincadeiras de rua, Igor criou um paredón em que simulava fuzilamento daqueles que erravam ou perdiam a brincadeira.

Depois de pequena caminhada chegou à rua principal onde embarcaria em um bonde com destino ao centro da cidade. Lá no centro, na rua da Carioca, iria comprar os uniformes do time de futebol da rua, o Revolucionários F.C., nome criado por Igor. O dinheiro para compra dos uniformes veio de uma vaquinha entre a garotada, mas Igor, certamente, entrou com mais da metade da quantia necessária para comprar os uniformes.

Chegando na rua principal, viu o bonde 74 saindo do ponto. Teria que embarcar com o bonde em movimento. Posicionou-se, e correndo para trás em uma velocidade proporcional a velocidade do bonde, ergueu o braço direito para agarrar o balaustre e, ao mesmo tempo, colocou o pé direito no estribo e fez um arco com a perna esquerda ao colocar logo em seguida o pé esquerdo , fazendo um movimento com o corpo para dentro do bonde, o que garantia o equilíbrio e uma subida perfeita. Embarcou no reboque. Naturalmente, embarques de pessoas em bondes em movimento sempre despertavam a atenção dos passageiros. Com Ígor não foi diferente. Finalizado o embarque, Igor , com elegância e assertividade, ohou para os passageiros que observavam, e, somente através de códigos de expressão teve sua habilidade confirmada por todos. Saber embarcar e desembarcar de bondes em movimento, conferia as pessoas um certo status. Em seguida , virou-se, ficando de costas para os passageiros, encostou o ombro em um balaustre ao mesmo tempo segurando-o com uma das mãos. Cruzou as pernas na altura dos pés. Sinalizou para todos que iria viajar no estribo.

Logo em seguida , no ponto seguinte, um outro garoto da turma, da mesma idade de Ígor, embarca no bonde ao lado de Ígor. Era conhecido por todos como Pato Preto. Um garoto negro, paupérrimo, que vivia no morro com um pai de idade avançada e doente e uma mãe que se virava lavando roupas pra colocar alguma comida em casa. No barraco de zinco onde moravam o chão era de terra e a miséria era total. Pato Preto era um bom garoto, tímido, não se metia em confusão e respeitava a todos. Como era de costume, estava com roupas surradas, até mesmo rasgadas, porém limpas. Estava descalço. Aquela garotada , quando chegava o verão, nos domingos caminhavam um pouco até a rua que dá acesso ao bairro do Lins de Vasconcelos para pegar o lotação Lins-Urca e curtir a praia da Urca, próxima a antiga sede da Teve Tupi. Nas águas calmas da Baia de Guanabara faziam a festa. Faziam competições de natação e quem ficava em último ia para o paredón. Certo dia , Pato Preto achou na rua um par de pés de pato, surrado e rasgado, mas que mesmo assim conseguia calçar. Com isso ganhava todas as competições, nunca ia para o paredón e , assim sendo, ganhou a apelido de Pato Preto. Um garoto que não se metia em confusão, mas sempre que a turma ia assistir jogos no Maraca, na geral, e acontecia um briga, um corre-corre, ou alguém arremessava alguma coisa no gramado, os policiais de serviço no local sempre apontavam o dedo para Pato Preto, e o pobre rapaz passava o restante do jogo na cadeia do estádio. Puro preconceito por conta de sua aparência, pois jamais criou confusão. Ficava visivelmente chateado com a injustiça.

No bonde, ao lado de Ígor, disse que estava indo para cidade para tentar arrumar algum dinheiro para os pais. Algum serviço, um bico rápido. Ígor apenas ouvia. O bonde seguiu e no ponto seguinte Pato Preto já se preparava para descer, fugir do cobrador e embarcar na frente, para no próximo ponto fazer a mesma coisa e embarcar no reboque, num jogo de cão e gato. Alguns cobradores faziam vista grossa e deixavam a pessoa viajar sem pagar, outros nem tanto e quando isso acontecia ou se pagava a passagem ou se descia do bonde para pegar outro.

Ígor disse para não se preocupar pois pagaria a passagem. Viajaram juntos até o centro da cidade.

Dias depois chegava o momento de usar o uniforme novo do Revolucionários F.C. em um jogo contra um rival histórico do bairro vizinho do Sampaio. O uniforme era igual ao do America F.C. com camisas vermelhas com números brancos, calções brancos e meias vermelhas. No vestiário, já uniformizado e também com um tênis novinho em folha que ganhou com a vaquinha, Pato Preto fez o seguinte comentário:

- nunca me senti tão bem vestido em toda a minha vida.

A gozação foi geral, menos por parte de Ígor, que quieto e sério, observava atentamente o rapaz, imaginando, certamente um significado mais profundo para aquelas palavras.

Na semana seguinte, uma festa de aniversário de quinze anos de uma irmã de um garoto da turma, agitava a garotada. A festa prometia, como festança com direito a boca livre e tudo mais. Pato Preto, sempre tímido, sabia que aquilo não era pra ele, já que não tinha sido convidado e mesmo se recebesse um convite, não poderia participar, pois não tinha roupas adequadas para aquele evento. Foi então que Ígor, sensibilizado com o que escutara no vestiário, articulou para que Pato Preto recebesse um convite, assim como comprou uma roupa adequada para o rapaz nas lojas Ducal, no centro da cidade. No dia da festa, momentos antes ainda em seu barraco, Pato Preto ficou , já vestido, por alguns bons minutos diante de um espelho. A cabeça do rapaz viajou o mundo imaginando uma outra vida, sem miséria, sem preconceitos que tanto o machucavam. A roupa que ganhou de Ígor tinha um significado bem maior para o rapaz, como se representasse uma oportunidade, um direito igual para todas as pessoas. A mãe do rapaz não se conteve ao ver o filho bem vestido, elegante e caiu em lágrimas, o que também levou o garoto aos prantos.

Refeito das emoções, mais sensível com o que acabara de vivenciar em família, o rapaz foi pra festa. A turma toda já estava lá e foi uma gozação geral com o rapaz. Ainda mais tímido, apenas sorria , de lado.

Se posicionou junto com os colegas em uma parte do jardim, em um local já estrategicamente escolhido por todos pois era a passagem das comidinhas e bebidas , e mergulhou em risoles, bolinhos de queijo, barquinhas com camarão e os espetinhos com salsicha, pimetão e azeitona, as tais sacanagens. Mesmo sendo todos menores de idade, rolava uma cervejinha e muito refresco.

Mesmo com todo o barulho normal de uma festa daquele porte, podia-se ouvir o som dos tambores de um terreiro de umbanda que ficava quatro casas depois. O tambores batiam forte e eis que Pato Preto começou a ficar esquisito, com o rosto meio torto e curvando-se cada vez mais. Algumas pessoas começaram a gritar, dizendo que o rapaz estava passando mal, até que alguém disse que Pato Preto estava , na realidade, recebendo um santo. A gritaria aumentou e algumas mulheres faziam o sinal da cruz, como medo do que viam, outras assustadas se afastavam, até que , uma senhora que estava na festa e que era mãe de santo deu assistência ao rapaz. Envolveu o braço e a mão no rosto do rapaz, ficando assim por um bom tempo até que Pato Preto recuperasse a ordem natural. O rapaz que já era tímido, depois do santo ficou ainda mais calado, encabulado em um canto, se deliciando com as sacanagens, mas sem beber bedidas alcoólicas, por sugestão da mãe de santo.

Terminada a festa, o dia seguinte entre a garotada foi da repercussão e comentários sobre a festança. Estranharam a ausência de Pato Preto. Estranhamento que se acentuou com o passar dos dias, pois não se tinha notícias do rapaz. Até que , cinco dias depois Pato Preto aparece. Seu sumiço deveu-se ao fato que seu pai tinha falecido, no dia seguinte a festa, logo pela manhã. Disse ainda, que estava de mudança do bairro junto com sua mãe, que acabara de conseguir um emprego como empregada de um mansão no bairro das Laranjeiras. Uma casa com muitos empregados, onde teria um lugar para morar junto com o filho que ainda poderia ali trablahar. Despediu-se de todos que ali estavam e pediu que fosse dado um abraço especial em Ígor, que no momento estava ausente.

Chegou o ano de 1964 e com ele o golpe militar. A família de Ígor, comunista, teve que abandonar e deixar para trás a casa e os bens, fugindo do país para viver em Cuba. Os pais fugiram com os dois irmãos mais novos de Ígor, que naquele ano já era maior de idade e ficou no Brasil meio que vagando sem rumo, para depois ir viver em uma pequena e modesta propriedade rural de um tio no extremo oeste do estado de Santa Catarina. A casa dos pais de Ígor, no Rio de janeiro, foi invadida pelos militares, revirada e os bens confiscados.

A morte do pai de Pato Preto e o golpe militar de 1964, tiraram, de vez e a força , as máscaras da infância daqueles adolescentes, naquele momento, ainda bem jovens, porém adultos na vida.

O tempo passou e o ano de 1973 iria colocar os dois jovens, já homens feitos com 27 anos de idade, ambos, novamente frente a frente em situações diametralmente opostas.

Ígor, por sua orientação política, entrou na luta armada contra a ditadura militar e em 1973 foi preso e levado para uma instalaçao da Marinha do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. No local, trabalhava Pato Preto, militar da Marinha que seguiu a carreira militar quando teve que servir as forças armadas quando completou 18 anos de idade.

Ao dar entrada na prisão, Pato Preto reconheceu o amigo de infância, ao longe, sem que Ígor o avistasse. Sabia que alí, depois de interrogatórios e torturas, da qual não participava mas tinha pleno conhecimento do que acontecia com os presos políticos, Ígor teria poucas chances de sair com vida. Sempre discreto e responsável, Pato Preto pensou, pensou e , pela primeira vez em sua vida, resolveu desobedecer as normas, de maneira a conseguir e facilitar uma fuga imediata para Ígor. Naquele dia trabalharia por toda a noite e já tinha esboçado um plano. Sabia que pela hora do dia, já no final da tarde e início da noite e com outros presos que seriam interrogados naquela noite, Ígor somente entraria no interrogatório na noite seguinte. A noite caiu e os gritos vindos das salas de tortura indicavam que era o momento de Pato Preto facilitar a fuga de Ígor. Fazendo tudo sozinho, sem ser notado pela facilidade de trânsito no local, conseguiu a chave da cela e para lá se dirigiu. Estava nervoso, pois sabia se fosse descoberto sua vida profisssional teria fim. Abriu a cela e Ígor teve uma baita surpresa quando viu o amigo. Imediatamente Pato Preto pediu que Ígor fechasse a boca, mesmo sem nada ter sido pronunciado por Ígor, e pediu para que vestisse, o mais rápido possível, um uniforme de militar que trouxera escondido. Ígor estava perplexo, mas mesmo assim seguiu as ordens. A medida que ia se vestindo, Pato Preto, dizia que aquilo era para que Ígor pudesse fugir daquele lugar. Rápido, rápido, dizia Pato Preto. Vestido de militar e ao lado de Pato Preto, Ígor saiu naturalmente pela entrada principal, sem antes ouvir do amigo que fugisse do Brasil, pois caso contrário seria detido e morto, isso se não fosse morto antes de ser detido. A fuga repercutiu na instalação militar e um inquérito foi aberto, sem que, ao longo do processo , se encontrasse um responsável. Pato Preto sequer levantou suspeitas.

Ígor conseguiu fugir do país e voltou em 1980, logo depois da anistia. Refez sua vida e , mais uma vez, agora quarenta anos depois daquele dia em que os dois adolescentes compraram o uniforme do Revolucinários F.C. na rua da Carioca, no centro do Rio , eles se encontram, por acaso, no mesmo lugar, no mês de dezembro de 2002.

Ígor, que estava eufórico com a vitória de Lula nas eleições presidenciais dias atrás, abordou o amigo com um carinhoso, esquerda, volver. O abraço foi demorado, e o Bar Luíz, bem em frente , sugeria uma longa conversa.

Uma conversa sobre roupas, sobre oportunidades iguais para todos, sobre direitos que transformam e salvam vidas.


A Era da Mentira

Torres gêmeas: a queda das mentiras

Alejandro Nadal - La Jornada


Qualquer um que tenha dúvidas sobre o colapso das Torres Gêmeas no dia 11 de setembro de 2001 conhece a síndrome. Seus conhecidos perguntarão invariavelmente: então você acredita na teoria da conspiração? E aqui é onde você não deve fraquejar. As dúvidas são sobre o “colapso”. Não se deve recuar nem um centímetro dessa questão: a queda das Torres Gêmeas e do arranha-céu WTC 7 (de 47 andares, que não foi atingido pelos aviões) não recebeu uma explicação adequada. É preciso não perder isso de vista. E as discussões sobre conspirações não ajudam em nada a esclarecer a forma e a velocidade do dito colapso.

Esse é o ponto central sobre o qual se concentra a análise dos membros da organização Arquitetos e Engenheiros pela Verdade do 9/11. Qualquer um pode examinar o volumoso expediente de provas reunido por essa organização em sua página na internet - www.ae911truth.org. Já são 1.549 engenheiros, arquitetos e físicos estadunidenses que assinaram uma petição pedindo uma investigação séria sobre o que ocorreu neste dia em Manhattan. Ninguém pode deixar de dar uma olhada no material desse portal.

Tudo isso merece uma explicação mais detalhada. Os aviões que foram lançados contra as Torres Gêmeas provocaram uma forte explosão e um grande incêndio. Os informes oficiais das agências estadunidenses se limitam a examinar o que ocorreu nos edifícios no período transcorrido entre o impacto dos aviões e o início do colapso. Uma vez iniciada a queda das torres os informes abandonam o relato.

Após falar do impacto e do incêndio, tudo se passa como se o tema tivesse sido esgotado e já não fosse necessário seguir a análise. Os informes do Instituto de Normatização e Tecnologia (NISTP), da Agência de Administração de Emergências (FEMA) e da Comissão Especial formada pelo então presidente Bush apresentam diferenças. Mas coincidem em que os incêndios não fundiram a estrutura de aço e que o impacto e o fogo debilitaram os suportes dos pisos diretamente afetados fazendo com que cedessem e provocando assim a queda dos edifícios. A sua explicação vai até aqui.

Mas o essencial é o seguinte: os informes não dizem nada sobre a forma em que se desenvolve o colapso das Torres Gêmeas ou do edifício WTC7. Entre outras coisas, não explicam por que os três edifícios caíram na velocidade de uma queda livre. A evidência das filmagens das três quedas é claríssima. Nos três casos, o colapso ocorre como se entre os pisos superiores e a planta baixa não houvesse nada que oferecesse resistência.

Isso é uma anomalia que surpreende qualquer arquiteto ou engenheiro. As estruturas de aço dos pisos inferiores são feitas para resistir e estavam intactas depois do impacto dos aviões. Elas tinham que oferecer resistência. Os informes especiais não dizem nada sobre isso.

Por outro lado, as duas Torres Gêmeas eram compostas de várias centenas de milhares de toneladas de concreto que foram pulverizadas na queda. Os engenheiros, físico e arquitetos que examinaram as evidências depois do colapso sabem bem que, se se lança um bloque de concreto de uma altura de cem andares, a única coisa que se consegue é que ele se despedace.

Mas não vai se pulverizar. Para isso, se requer uma fonte de energia adicional. Os pisos superiores poderiam comprimir e pulverizar o concreto dos pisos inferiores? A resposta é negativa: se os pisos superiores tivessem comprimido os pisos inferiores, provocando a pulverização, a queda não teria ocorrido a uma velocidade gravitacional.

Como foi eliminada a resistência dos pisos inferiores para permitir o colapso à velocidade de queda livre? De onde saiu a energia que permitiu pulverizar as centenas de milhares de toneladas de concreto das duas torres? Essas duas perguntas carecem de uma resposta oficial. Vários estudos sérios apontam em uma direção: explosivos.

Não se trata de explosivos convencionais, como os usados em qualquer demolição controlada. A análise de amostras de pó e de fragmentos das construções revela a presença de microesferas de ferro fundido e alumínio, que é um sinal de reações com o explosivo incendiário térmita. Vários estudos sobre amostras de poeira concluíram pela presença de estilhaços com compostos de nanotermita (partículas de óxido ferroso incrustradas em uma matriz rica em carbono). Tudo isso indica, segundo esses estudos, a presença de explosivos não convencionais nos acontecimentos do 11 de setembro, que poderiam ter eliminado a resistência dos pisos inferiores, explicando assim a velocidade de queda livre do colapso.

O governo mais mentiroso na história dos Estados Unidos colocou sobre a mesa três informes para esclarecer o que aconteceu no dia 11 de setembro de 2001. O que dizem é muito simples: esse dia foi realmente histórico porque se romperam as leis mais elementares da física.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Fonte: CARTA MAIOR
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A nova Física criada por Bush e seu governo marcou e revolucionou o século XXI.
Tanto é verdade que depois do 11 de setembro o que mais cresceu em todo o mundo foram as mentiras.
O Brasil do golpe que o diga. 
Leia o texto abaixo do Rovai:

A história do “capitão Balta” revela a participação das Forças Armadas no golpe

12 de September de 2016

O repórter Fausto Salvadori, da Ponte Jornalismo, traz à tona a verdadeira identidade de Baltazar Nunes, o Balta, um informante que se infiltrou em grupos de jovens que defendem o Fora Temer.

O nome verdadeiro do agente secreto tabajara, que não conseguiu enganar nem usuários do Tinder com suas cantadas suspeitas, é Willian Pina Botelho, capitão de inteligência do Exército.


Numa democracia que se respeite, que tivesse uma mídia com um pingo independência, com jornalistas menos covardes, um judiciário ao menos relativamente sério, uma OAB que não fosse golpista, uma ABI que não se calasse aos desígnios patronais, promotores que não estivessem em boa medida mais preocupados com flashes do que com investigações sérias, isso geraria uma crise institucional.

Hoje o ministro da Defesa, um certo Raul Jungmann, estaria sendo acossado por dezenas de microfones que iriam lhe perguntar o óbvio.

1) Qual a participação das Forças Armadas nas manifestações contra o governo?

2) Por que esse capitão se infiltrou em grupos de adolescentes e jovens?

3) Como as Forças Armadas articularam essa operação que levou 21 garotos e garotas à prisão?

4) Por que o comandante da PM mentiu à imprensa dizendo que os jovens estavam em condição suspeita no metrô quando a PM foi ao local com informações do capitão do Exército?

5) Em que outras operações e em que outros estados as Forças Armadas têm participado de operações com informantes trabalhando para as PMs?

6) O que vai ser feito do capitão Willian Pina Botelho, que foi pego com a boca na botija numa operação absurda como essa?

Ao mesmo tempo que a imprensa estaria fazendo o seu papel, como concessionária de meios de comunicação que deveriam defender o interesse público, o judiciário, o parlamento e instituições como a OAB estariam entrando com diferentes ações, inclusive fora do país, para denunciar essa violência à democracia e exigir explicações sobre o ocorrido do presidente da República e do ministro da Defesa.

Não é pouco coisa um capitão do Exército participar de uma ação tão absurdamente fascista como a que levou ilegalmente à prisão esses jovens.

Não é pouca coisa que o governador do Estado e o Secretário de Segurança Pública pareçam estar completamente envolvidos com essa patacoada. Como também o presidente da República e o seu ministro da Defesa.

Não é pouco que isso pareça ter sido articulado com o delegado do Deic e com outros agentes públicos, que mentiram à sociedade e deixaram os garotos sem contato com advogado e a família por mais de dez horas.

O fato é que a democracia está sendo violentada em praça pública com requintes de sadismo. E que enquanto isso os puros da nossa sacrossanta mídia silenciam.

Sabem por quê? Porque isso pode.

Porque isso interessa ao estabilishment. Porque isso vai garantir a ordem. A ordem fascista que vai se impondo no país e que não pode nos levar a outro lugar que não seja uma ditadura.

E que, pelo revelado na reportagem da Ponte, já tem a participação das Forças Armadas.

A história do “capitão Balta” é um dos fatos mais marcantes deste golpe escandaloso que o país vive. E que está levando à prisão dezenas de manifestantes. E que tem sócios. Os canalhas, canalhas, canalhas de sempre, na expressão precisa do senador Requião.

Fonte: Blog do Rovai  

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Cai o pano

Cai o pano

O preço pago pelas elites brasileiras para a aplicação do golpe pode ter sido caro demais.

Marco Aurélio Cabral Pinto


Natureza do Golpe

Golpe é fenômeno súbito, que transforma de maneira irreversível os fluxos de forças na sociedade. O Golpe foi dado nos bastidores do poder e do dinheiro, quando se verificou que o resultado das urnas contrariava o duplo objetivo de: (i) desorganizar a aliança estabelecida entre grupo político (PT e PC do B) e elite empresarial (construção civil e naval com engenharia de ponta); e (ii) afirmar políticas neoliberais com objetivo de atender a aliança estabelecida entre os interesses patrimonialistas locais (finanças e agronegócio) e financeiros internacionais.

O primeiro sinal do Golpe se deu logo após as eleições, quando a Presidente eleita formou seu gabinete com ex-executivo do Banco Bradesco, missionado para ajuste fiscal. Ou seja, na direção contrária àquela que resultou das urnas. Ainda que a expectativa de corte de despesas tenha se frustrado, o banqueiro (não conheço ex) teve sucesso no aumento das taxas de juros.

Os sucessivos ataques financeiros à Petrobras mostravam o quanto incomodava a chegada do bravo caboclo brasileiro no tabuleiro internacional do “ouro negro”. A realização do leilão do primeiro grande bloco no pré-sal – Libra – se deu mediante engenharia geopolítica realizada pela Petrobras junto aos consumidores chineses e aos fabricantes europeus.

Sem restrições financeiras, os chineses avalizaram a estratégia proposta de aumentar em larga escala a demanda por navios-sonda no país. Considerando-se que não havia (agora não há qualquer) outro grupo de capital nacional com expertise em engenharia no país (o resto vendeu controle e hoje vive de “rendas financeiras”), o desafio tecnológico foi dado aos construtores. Cinco estaleiros ao longo do litoral brasileiro trariam impulso industrializante para todo o país.

A prisão de M. Odebrecht e de dirigentes da Petrobras mostraram que se tratava de ação coordenada com a finalidade de abortar projeto para o país. Um projeto que considerava a miséria oportunidade para, através do consumo das famílias, impulsionar a industrialização e a melhoria de vida nas cidades brasileiras.

Investimentos em infraestrutura logística e energética ao mesmo tempo em que atenderam aos anseios da indústria e do agronegócio permitiram que o Brasil conquistasse saídas no Oceano Pacífico para escoamento logístico para a Ásia. Algo que vinha sendo tentado há cerca de 150 anos pela diplomacia brasileira, sem sucesso.

O Golpe foi aplicado com apoio do Governo dos Estados Unidos (o juiz e muitos policiais federais foram treinados por agentes do Governo, assim como a tecnologia empregada pelo Departamento de Combate aos Crimes Financeiros é compatível com aquela utilizada pela NSA). O interesse dos norte-americanos, em primeiro lugar, se concentrou na questão do petróleo e, consequentemente, da desmontagem do arranjo construído pelo grupo nacionalista anterior.

Este processo está hoje ainda em curso – o ministro J. Serra foi, não por acaso, escolhido para a pasta de relações exteriores no grupo de confiança para o Golpe. Trata-se do mesmo senador que encaminhou projeto de Lei que revê o Regime de Partilha em favor das Concessões, sistema preferido das petroleiras internacionais. Faz parte das orquestrações internacionais construir-se a inviabilidade da candidatura do ex-presidente Lula em 2018.

Talvez a maior contribuição de Marx tenha sido a de revelar a importância da “hegemonia da narrativa” nos jogos do poder e do dinheiro. Neste quesito, os principais grupos de comunicação de massa atuantes no país foram enquadrados na agenda de construção de uma narrativa que conferisse ao Golpe legitimidade jurídico-institucional.

Como a história é mutifacetada e boa parte do mundo não fez parte da conspiração brasileira, a repercussão pelo The Guardian, New York Times e muitos outros veículos com jornalismo ético foi a pior possível. Perdeu-se o que parecia mais crucial, a tal da “hegemonia da narrativa” sobre o Golpe.

Neste quesito, os medíocres prestadores de serviços políticos para os donos do poder e do dinheiro igualmente perderam feio na arena onde supostamente deveriam triunfar. A Câmara dos Deputados se manifestou no processo com a crueza de quem está preocupada com o próprio umbigo, sem qualquer conexão com a nação. No Senado Federal, a defesa da Presidente apoiou-se em fatos, denunciando a manipulação, sem recorrer a argumentos como “o todo da obra” ou atribuir aos problemas econômicos à falta de políticas neoliberais!

O judiciário brasileiro sobrevive como instituição desde o século XIX. Ajudou a legitimar para os paulistas a escravidão por cerca de meio século após ser banida do resto do mundo. Omitiu-se nas principais questões nacionais, incluindo-se a questão da tortura e dos assassinatos políticos que jamais deixaram de ocorrer. Tal é o papel histórico do judiciário brasileiro, legitimar a injustiça e a exploração do território e da sociedade por uns poucos.

Finalmente, para completar a farsa, os organizadores políticos do Golpe alimentaram o ódio, nada latente, de segmentos conservadores incultos da classe média brasileira. Este ódio provém do preconceito contra convivência, experiências e espaço (praias, shopping centers, parques, shows, aviões etc.) com segmento que emergiu, que passou a fazer parte de uma sociedade de consumo capitalista.

O mais emblemático momento foi o reconhecimento de direitos trabalhistas para domésticas, que pressionou esta classe de mimados com o fim de privilégios escravagistas sobre as relações de trabalho.

E agora, o que esperar?

Mal terminado o processo de construção da narrativa, os interesses que levaram ao Golpe irão reclamar seus haveres. Principalmente os interesses financeiros, ansiosos por um novo momentum altista na bolsa de valores brasileira. Para que isso se verifique, há necessidade de se impulsionar nova onda de venda de controle de ativos públicos, boa parte destes sob comando de entes sub-regionais – Estados e Municípios.

A estratégia do novo Governo se ancora na atração de massas de capitais provenientes de fundos de investimentos, muitos dos quais se encontram em grande necessidade de reciclar liquidez em ambientes seguros e rentáveis. A valorização cambial dos últimos meses reflete a antecipação deste movimento.

Ao olhar para frente, percebe-se o agravamento da crise internacional, com transbordamentos do econômico para o político:

1.Com o Golpe no Brasil, a China e a Rússia perderam aliado importante no tabuleiro internacional. Por outro lado, ambos os países parecem responder com estreitamento de relações econômicas e militares entre si;

2.Dado que o aumento da influência dos EUA na Ásia encontra arsenais nucleares estabelecidos, a rivalidade expansionista parece direcionada para “guerra cambial”. A mesma queda nos preços internacionais de petróleo que prejudicaram a Petrobras foram responsáveis pelo enfraquecimento econômico da Venezuela, da Rússia, da Argentina, da Bolívia e de países africanos produtores de petróleo (Angola);

3.O elevado desemprego europeu e a invasão populacional islâmica no continente têm fortalecido teses nacionalistas em detrimento de “um mundo sem fronteiras”. O Brexit deslocará a Inglaterra da condição de principal praça de conversão de moedas internacionais. Este será o preço pago pelos ingleses pelo direito de não envolvimento militar na Europa.

4.Nos EUA, qualquer tentativa, por parte das elites financeiras, de reversão da liquidez internacional, resultaria no colapso econômico das principais economias ocidentais. Ou seja, os EUA estão presos à condição de prover liquidez para um sistema bancário que enfrenta desafio de reciclar grandes blocos de capital no curto prazo. Como uma bola de neve.

Antecipa-se, ainda, conjunto de dificuldades no ambiente interno:

1.Há necessidade de continuidade nas investigações, com implicação de políticos de outros partidos, incluindo-se membros do Governo;

2.O custo econômico do impeachment se materializará em gastos fiscais do interesse de deputados e senadores, conspirando contra o “ajuste”;

3.O aumento no desemprego e a queda na arrecadação expõem os bancos comerciais brasileiros, na medida em que aumentam os saques da poupança e a inadimplência, principalmente na carteira de crédito habitacional.

4.A valorização cambial inibe as exportações e contribui para a instabilidade do balanço de pagamentos, aumentando-se a fragilidade externa.

Considerando-se a “obra como um todo”, o preço pago pelas elites brasileiras para a aplicação do Golpe pode ter sido caro demais. Se muito alto, o custo do Golpe terá sido, ao cabo de dois anos, colocar o Brasil em uma situação de estagnação com desemprego e inflação elevados. O tamanho da insatisfação da sociedade brasileira só será proporcional aos votos que candidatos nacionalistas obterão nas eleições de 2018.

Dito isso, será que dois anos são suficientes para que os interesses golpistas recuperem prejuízos incorridos com a aplicação do Golpe? Se a resposta for realmente não, receio que a suspensão dos direitos políticos e econômicos dos cidadãos brasileiros está apenas por começar. Nestas circunstâncias, acho que até mesmo a farsa da democracia brasileira há de fracassar. Oremos.

Fonte: CARTA MAIOR
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O foco era o Brasil, o laboratório foi o Paraguai.

Primeiro foram as tentativas de desestabilização dos governos da Argentina, Bolívia, Equador, Venezuela e Brasil.

Mais ou menos no mesmo período os países sofreram algum tipo de agitação política. Isso aconteceu lá pelo final primeira década deste século. Todos sobreviveram. Colômbia e Peru, não entraram na agitação.

Em seguida veio a onda de câncer que atingiu Lula, Dilma, Lugo Cristina e Hugo Chavez. Chavez faleceu.  Uribe e Garcia não desenvolveram câncer.

Veio o golpe paraguaio, jurídico - parlamentar, bem sucedido. Ao fim do golpe, a embaixadora dos EUA no Paraguai deixava aquele país para servir no Brasil, em 2013, logo após as manifestações.

Veio o golpe no Brasil, nos moldes paraguaios, e tão logo consolidado a embaixadora dos EUA deixou o Brasil para servir em outro país.

Bolívia e Equador, em breve, sofrerão algum tipo de ataque visando derrubar os governos de Morales e Correa.

O povos irão para as ruas protestar contra os novos governos, legítimos ou ilegítimos, já que medidas de arrocho serão implantadas.

Seguindo o curso natural dos acontecimentos, com um olhar na História do continente, o povo argentino deve ser o primeiro a expulsar o governo do arrocho, mesmo sendo um governo eleito pelo voto direto.

Em seguida a onda de expulsar vai se espalhando pelo continente.

O golpe no Paraguai foi a escala piloto para implantação em um nível maior, no caso o Brasil.

Tudo idealizado e patrocinado pelos EUA.

Ventre de 10 horas a partir de 2017

Disseram: Vem Pra Rua! Agora, quem não gostar da reforma trabalhista Vai Pra Rua
9 DE SETEMBRO DE 2016 POR LUCIANA OLIVEIRA




Os movimentos pró-impeachment patrocinados por patrões e organizados por militantes do PSDB prometeram mais empregos quando arrastaram multidões às ruas. É o que deve acontecer, só que à custa da exploração do empregado para enriquecimento cada vez maior do empregador.

A liberdade de negociação de regras trabalhistas proposta pelo governo de Michel Temer dá mais a quem tem mais e menos a quem tem menos.

Qualquer setor que ameace demissões coletivas em virtude de uma crise tem inequívoca vantagem ao negociar a flexibilização de carga horária diária, hora extra, pagamento do 13 e formas de remuneração.

No reino dos unicórnios e fadas talvez exista um mercado de trabalho em que patrões utilizem o bom senso de considerar a conveniência do trabalhador ao ‘negociar’ esses direitos, não no Brasil.

Segundo o Relatório Analítico do Tribunal Superior do Trabalho referente a 2015, “a cada 100.000 habitantes do país, 101,9 ingressaram com ação ou recurso no Tribunal Superior do Trabalho, 327 nos Tribunais Regionais do Trabalho e 1.279,2 nas Varas do Trabalho.”



A ‘boa vontade’ do empregador brasileiro em ‘negociar’ direitos trabalhista se revela no levantamento que aponta 1249 casos que resultaram em pagamento espontâneo, contra 7151 por acordos e 9045 por execução.

O governo de Michel Temer propõe oficializar a carga horária diária de até 12 horas, desde que o trabalhador não exceda o limite de 48 horas semanais. Quem tem mais poder em recusar essa negociação, quem manda ou quem obedece?

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes do PSDB, alega que a mudança vai modernizar a relação entre patrões e empregados, pois em muitos setores já são flexibilizadas regras de carga horária e pagamento de horas extras. Ele quis dizer, são ignoradas pelos patrões em detrimento do trabalhador, daí a perspectiva de um aumento histórico do número de reclamações na justiça do trabalho este ano.

“Nós vamos ter dois outros tipos de contrato. Por jornada [modelo atual], por hora trabalhada e por produtividade”, disse Ronaldo Nogueira, ministro do trabalho.

A desfaçatez com a cultura da usurpação de direitos trabalhistas é tão grave que o ministro chegou a dizer que “tem trabalhador que prefere trabalhar um tempo a mais, uns minutos a mais diariamente”.

Tem mesmo, mas não porque é saudável e vantajoso ao empregado. Quem se submete à jornadas estafantes e remuneração injusta, na maioria das vezes o faz pra não perder o emprego.

Como quem foi empregada e empregou centenas no varejo, confirmo ter visto o patrão vencer todas as quedas de braço. De cada 10 que contratei ao longo de 7 anos, 9 vinham com experiência em direitos trabalhistas usurpados. Tive que encarar muita cara feia de empregados que não tinham a mais remota noção do que significava um acordo pra trabalhar em dobro e receber ‘por fora’.

O que define a negociação é a força, o poder de contratar e mandar embora.

No reino dos unicórnios e fadas talvez não haja influência direta e nefasta em sindicatos patronais pra prejudicar os trabalhadores. Entre quem intermedia acordos coletivos, também os mais fortes resistem e os mais fracos se submetem.

Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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Oligarquia golpista e escravocrata

A oligarquia escravocrata pretende aumentar a jornada de trabalho para 12 horas. Do jeito que a coisa vai, será revolucionário lutar por folga aos domingos

Jeferson Miola


O governo golpista acelera temerariamente a agenda de retrocessos.

Na contramão da história e da civilização, a oligarquia escravocrata pretende aumentar a jornada de trabalho para 12 horas diárias, substituir a lei trabalhista [CLT] por contratos diretos entre patrões e empregados e flexibilizar os direitos dos trabalhadores a férias, a horas extras e ao 13º salário.

Essas medidas, que atacam brutalmente os direitos conquistados pela classe trabalhadora na primeira metade do século passado, se somam a outras que já tramitam no Congresso.

É o caso, por exemplo, da Proposta de Emenda Constitucional [PEC] 241, que acaba com a garantia dos mínimos constitucionais para a saúde e educação e congela por 20 anos as verbas para o SUS, para as Universidades, creches, ensinos médio e fundamental, ciência e tecnologia.

Especialistas estimam que se esta PEC draconiana for aprovada, o SUS perderá R$ 160 bilhões somente nos primeiros 10 anos. Isso significa que no intervalo de uma década, o desvio de dinheiro que deveria ir para a saúde causaria uma desassistência assombrosa, como se o SUS ficasse fechado por um ano e meio e a população sem nenhum atendimento.

Esse é o espírito do golpe: ampliar a taxa de retorno e de lucratividade do capital, retirar o povo do orçamento público e transferir a renda e a riqueza nacional para o rentismo e para o capital estrangeiro.

A burguesia golpeou a democracia para destituir ilegalmente as forças progressistas que venceram as eleições em 2014, e assim recuperar o controle direto do Estado para viabilizar a restauração neoliberal ultraconservadora e reacionária no Brasil.

Para impor esta agenda de retrocessos a oligarquia golpista – que também é misógina, homofóbica, racista e escravocrata – deverá aprofundar o emprego de medidas de exceção e repressão que, todavia, não conseguirão conter a insurgência democrática que assume características irreversíveis de desobediência civil.

O golpe é contra o povo, contra a classe trabalhadora; contra as mulheres, as juventudes, os negros, os camponeses pobres e humildes. A luta de classes mudou de patamar – o campo democrático e popular radicaliza o enfrentamento à oligarquia golpista e escravocrata – e os golpistas poderão levar o país a um nível dramático de conflitividade social.

Esta realidade parece surrealista. Do jeito que a coisa vai, será revolucionário lutar pelo direito de folga aos domingos.

Fonte: CARTA MAIOR
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O governo GOLPISTA já recuou da proposta de 12 horas diárias da jornada de trabalho.

Lançou no ar a proposta para ver a repercussão e, também, talvez principalmente, dar a oportunidade de Temer de criticar a proposta dizendo tratar-se de uma volta à escravidão. A declaração de Temer deverá ter grande repercussão na grande mídia, como forma de passar para a parcela de inocentes e incultos da classe média uma imagem de Temer ao lado dos interesses do povo.

Um jogo, mas que certamente vem arrocho pesado por aí para os trabalhadores, isso é certo.

Talvez junto com a proposta de jornada diária de 12 horas, o governo GOLPISTA encaminhe para o congresso uma proposta de lei garantindo jornada de 10 horas diárias para os filhos dos trabalhadores nascidos a partir de 2017.