A correria da cidade
18 de setembro de 2017 às 12h23
por Marco Aurélio Mello
Perder hora…
Afinal o que significa isso exatamente?
A resposta pronta é: acordar depois do horário previsto para todos os compromissos marcados naquele dia.
Mas e se a noite foi muito melhor do que o dia que acaba de começar (atrasado)?
E se ao amanhecer prorrogamos uma noite boa?
Em casos assim, a gente perde hora ou ganha horas a mais de vida?
Mas quem se importa com isso?
Você já ouviu falar de alguém que ligou para o(a) chefe na manhã de segunda-feira para dizer que vai atrasar, porque ficou fazendo amor até mais tarde?
Quando é na voz do Chico Buarque todo mundo acha lindo, não é mesmo?
Senão, vejamos: “Eu faço samba e amor até mais tarde/E tenho muito sono de manhã/Escuto a correria da cidade, que arde/E apressa o dia de amanhã.(…)No colo da bem-vinda companheira/No corpo do bendito violão/Eu faço samba e amor a noite inteira/Não tenho a quem prestar satisfação.
Na hora do café da manhã, reflito: só o amor é revolucionário. O amor é a coisa mais anticapitalista que existe!
Por isso é que os capitalistas não gostam do amor.
Amor é contra-producente, é obsceno.
Não para o Jim Morrison, dos The Doors, que dizia: “só conheço uma obscenidade: a violência.”
Mas há melhor serventia aos propósitos do capitalismo do que a violência?
Violência promove cidadãos comuns a chefes.
Violência vende armas.
Violência derruba tiranos.
E põe outro, afeito a ele (capitalismo), no lugar.
É preciso ódio para girar nossa engrenagem lubrificada ódio e sangue.
Lembrando que “não existe caminho para a paz. A paz é o caminho”, lembra-nos Mahatma Gandhi.
E eu digo: hoje acordei em paz.
Só o amor acorda em paz.
Ainda que atrasado…