sábado, 17 de setembro de 2016

Conheço o meu lugar

O Belchior que a crítica vulgar não viu

POR

Belchior; Cantor
Canções do compositor cearense debateram, desde os anos 1970, aalienação, as relações mercantis e a própria indústria cultural. Mas alguns procuraram enquadrá-lo como apenas um rapaz romântico

Por Alberto Sartorelli


Que tal a civilização

Cristã e ocidental…

Deploro essa herança na língua

Que me deram eles, afinal.- BELCHIOR, “Quinhentos anos de quê?”

(Bahiuno, 1993)

A imagem de Belchior vendida pela indústria cultural é a do artista brega, de voz fanha e bigodão – uma figura! Poucos prestam atenção nas letras. A forma simples de suas canções possibilitou sua assimilação pela indústria fonográfica, que criou-lhe uma imagem caricata e reproduziu suas músicas em massa, entre shows, premiações e programas de auditório, fazendo tábula rasa de seu conteúdo crítico. Belchior foi reduzido a um mero cantor romântico.

Em estética, o artista engajado politicamente deve escolher entre dois caminhos: o da forma artística de difícil assimilação – e remuneração! – para o público e para a indústria cultural; ou o da forma mais simples, de fácil assimilação do público e do show business. Ambas as opções estão fadadas ao silêncio político: uma não apela, a outra tem seu apelo anulado pela caricaturização. No fim, a indústria cultural impede que qualquer artista seja levado muito a sério, por seu ostracismo ou por sua redução a uma imagem vendável.

A especificidade de Belchior é a sua consciência perante esse processo todo. “Aluguei minha canção / pra pagar meu aluguel / e uma dona que me disse / que o dinheiro é um deus cruel / […] hoje eu não toco por música / hoje eu toco por dinheiro / na emoção democrática / de quem canta no chuveiro / faço arte pela arte / sem cansar minha beleza / assim quando eu vejo porcos / lanço logo as minhas pérolas” (TOCANDO POR MÚSICA, Melodrama, 1987).
Belchior demonstra uma compreensão total do processo de nivelamento – por baixo – da cultura por parte da indústria cultural, dificultando demasiado a ocorrência de composições com alto grau de complexidade – os artistas que se propõem a tal correm sempre o risco da miséria material e do esquecimento. Os próprios arranjos dos discos de Belchior são bem simples, com o teclado tendendo ao “engraçado”. Não é da mesma maneira em relação às letras, sempre de uma profundidade abissal e crítica ácida.

Belchior, antes de músico no sentido geral, é um compositor de canções. Cada autor encontra uma forma para se expressar: o ensaio filosófico, a pintura não-figurativa, a ópera, a canção. A canção foi a forma adequada que Belchior encontrou para transpassar seus pensamentos. É preciso ter em mente, ao pensarmos a obra de Belchior, um autor de vasta erudição, de poesia refinadíssima, conhecedor das línguas latinas e da literatura clássica, e um artista engajado politicamente de maneira radicalíssima. A partir da forma canção, Belchior oferece uma visão do Brasil e do mundo que pouquíssimos filósofos nascidos em nossas terras puderam vislumbrar. Como diz Nietzsche, o homem verdadeiramente de seu tempo sempre está à frente de seu tempo. É o caso de Belchior.

Uma das críticas mais ferrenhas do cancionista sobralino é contra a arte alegre, moda da época nos anos 1960-70. O filósofo Theodor Adorno, em sua Teoria Estética (1969) diz que a arte se utiliza de elementos da vida enquanto seus materiais; se a vida social é cindida pela divisão do trabalho, que separa o homem de sua produção e da natureza, e impede a felicidade enquanto reconhecimento recíproco entre sujeito e objeto, a arte que imita essa vida deve ser triste, como a própria vida. A arte alegre seria, então, ideológica, uma falsa verdade. A Bahia alegríssima de Caetano Veloso dos anos 1970 (a triste é de Gregório de Matos) não passa de logro, ilusão. “Veloso / o sol não é tao brilhante pra que vem / do norte / e vai viver na rua” (FOTOGRAFIA 3X4, Alucinação, 1976). Surpreendente o jogo de ambiguidade: “veloso” pode ser tanto um adjetivo do Sol, velando pelo migrante e suas dificuldades na metrópole, ou assumir outro sentido completamente oposto, identificado com o próprio Caetano enquanto imperativo moral – “Veloso (Caetano), veja!, para quem sofre, o sol não é tão brilhante quanto dizes”. Ou então esta outra: “Mas trago de cabeça uma canção do rádio / em que um antigo compositor baiano me dizia / tudo é divino / tudo é maravilhoso / […] mas sei que nada é divino / nada, nada é maravilhoso / nada, nada é sagrado / nada, nada é misterioso, não” (APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO, Alucinação, 1976).

Chamado de “antigo”, pois já havia deixado de ser vanguarda e caído no pop, encontramos mais uma crítica a Caetano e sua composição “Divino Maravilhoso” (1968), em parceria com Gilberto Gil e que foi imortalizada na voz de Gal Costa. Vale notar, sem dúvida, que a crítica de Belchior a Caetano provém de alguma admiração: em entrevista aoPasquim em 1982, Belchior diz que Caetano Veloso é o melhor letrista da MPB, “o autor da modernidade musical no Brasil”. Todavia, é com enorme verve materialista que ele fortemente rebate a letra de Caetano – “nada é divino, maravilhoso, sagrado, misterioso!”

O materialismo é um dos fundamentos da música de Belchior. Seus grandes inimigos são os escapistas, os fugidios, aqueles que diante de crenças metafísicas falam de uma vida reconciliada, feliz. Musicalmente representada na Tropicália, essa ideia era disseminada pelos hippies, com a cabeça feita por alucinógenos e um mix de espiritualidade. A resposta do materialista é ácida [sic]. “Eu não estou interessado em nenhuma teoria / em nenhuma fantasia / nem no algo mais / nem em tinta pro meu rosto / oba oba, ou melodia / para acompanhar bocejos / sonhos matinais / eu não estou interessado em nenhuma teoria / nem nessas coisas do oriente / romances astrais / a minha alucinação é suportar o dia-a-dia / e meu delírio é a experiência / com coisas reais” (ALUCINAÇÃO, Alucinação, 1976). É como se Belchior dissesse que não é por estar num registro de experiência desconhecido que essa experiência é necessariamente divina; especular metafisicamente sobre isso não passa de teoria vazia. E que o importante não é o plano espiritual, mas este aqui, o da miséria e do sofrimento, a realidade empírica e social.

Aos 29 anos em 1976, quando do lançamento do álbum Alucinação, Belchior teve o tempo, a maturidade e o olhar aguçado para ver a dissolução do sonho pacifista de liberdade. Os libertários de outrora logo se tornaram os burgueses. “Já faz tempo / eu vi você na rua / cabelo ao vento / gente jovem reunida / na parede da memória / esta lembrança é o quadro que dói mais / minha dor é perceber / que apesar de termos feito / tudo, tudo o que fizemos / ainda somos os mesmos e vivemos / como os nossos pais / […] e hoje eu sei / que quem me deu a ideia / de uma nova consciência e juventude / está em casa guardado por Deus / contando seus metais” (COMO OS NOSSOS PAIS, Alucinação, 1976). É curioso notar que foi exatamente “Como os nossos pais”, na magnífica voz de Elis Regina, a canção que colocou Belchior de fato no mercado fonográfico.

O radicalismo político de Belchior tem seu principal fundamento na crítica do dinheiro em si e do trabalho alienado, uma crítica mais profunda do que a mera crítica do capitalismo. O dinheiro é tratado enquanto fetiche e abstração, mas também enquanto necessidade material e fonte da corrupção moral. “Tudo poderia ter mudado, sim / pelo trabalho que fizemos – tu e eu / mas o dinheiro é cruel / e um vento forte levou os amigos / para longe das conversas / dos cafés e dos abrigos / e nossa esperança de jovens / não aconteceu” (NÃO LEVE FLORES, Alucinação, 1976). E é o trabalho aquilo separa o homem da natureza, exterior e interior, desumanizando-o. “E no escritório em que eu trabalho e fico rico / quanto mais eu multiplico / diminui o meu amor” (PARALELAS, Coração Selvagem, 1977). Por isso, o aspecto político da obra de Belchior ultrapassa a defesa do socialismo centralista ou qualquer outro sistema que envolva a burocracia. O problema é um problema fundamental, primeiro, filosófico: a civilização. “Aqui sem sonhos maus, não há anhanguá / nem cruz nem dor / e o índio ia indo, inocente e nu / sem rei, sem lei, sem mais, ao som do sol / e do uirapuru” (NUM PAÍS FELIZ, Bahiuno, 1993). Profundo como um antropólogo anarquista, um Pierre Clastres da canção, a crítica mira o fundamento da coisa: a racionalidade ordenadora, dominadora, instrumental, como fora notado por Adorno e Horkheimer na Dialética do Esclarecimento (1946).

Belchior faz as denúncias fundamentais; sua arte é hegemonicamente negativa. Todavia, há um resquício de esperança nessa visão do Apocalipse, mesmo que a esperança fale sobre o que não deve ser. Nada absurdo para o cancionista sobralino, pois para ele a sociedade é ruim por excesso, não por falta. “Não quero regra nem nada / tudo tá como o diabo gosta, tá / já tenho este peso / que me fere as costas / e não vou, eu mesmo / atar minha mão / o que transforma o velho no novo / bendito fruto do povo será / e a única forma que pode ser norma / é nenhuma regra ter / é nunca fazer / nada que o mestre mandar / sempre desobedecer / nunca reverenciar.” (COMO O DIABO GOSTA, Alucinação, 1976). “Como o diabo gosta” deveria ter sido um hino da liberdade; passou despercebida, sem ninguém contestar a “Pra não dizer que não falei das flores” (Geraldo Vandré, 1968) o posto de canção de protesto.

Para Belchior, as palavras são um instrumento de luta política, do despertar da consciência contra a opressão e seus mecanismos ideológicos. “Se você vier me perguntar por onde andei / no tempo em que você sonhava / de olhos abertos, lhe direi / amigo, eu me desesperava / […] e eu quero é que esse canto torto feito faca / corte a carne de vocês” (A PALO SECO, Alucinação, 1976). Para tal intento, sua canção deve ter um quê de dissonância para com o sistema estabelecido, e em vez de cantar as “grandezas do Brasil”, tem de denunciar os horrores de uma sociedade civil falida. “Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve / correta, branca, suave / muito limpa, muito leve / sons, palavras, são navalhas / e eu não posso cantar como convém / sem querer ferir ninguém / mas não se preocupe meu amigo / com os horrores que eu lhe digo / isso é somente uma canção / a vida realmente é diferente / quer dizer / a vida é muito pior” (APENAS UM RAPAZ LATINO-AMERICANO, Alucinação, 1976). Se a arte é a mímese da vida, toda arte, por mais verdadeira que seja enquanto parte, não dá conta do todo. A realidade é pior do que a tristeza que a arte transpassa, e pior do que o pesadelo em sonho. É essa realidade que importa mudar.

Um mecanismo utilizado nas letras e nas melodias de Belchior é o da aproximação perante o ouvinte. Cearense, migrante, que na cidade grande sofreu, tocou em puteiros, foi explorado para “fazer a vida”. “Pra quem não tem pra onde ir / a noite nunca tem fim / o meu canto tinha um dono e esse dono do meu canto / pra me explorar, me queria sempre bêbado de gim” (TER OU NÃO TER, Todos os sentidos, 1978). É assim, por meio de sua experiência de vida trash, que Belchior realiza o approche para com o ouvinte. Ritmo simples e letra aguda, essa foi a aposta do cancionista para a politização da massa. “A minha história é talvez / é talvez igual a tua / jovem que desceu do norte / que no sul viveu na rua / que ficou desnorteado / como é comum no seu tempo / que ficou desapontado / como é comum no seu tempo / que ficou apaixonado e violento como você / eu sou como você que me ouve agora” (FOTOGRAFIA 3X4, Alucinação, 1976). Ao dizer “eu sou como você”, Belchior almeja arrebatar o outro como identidade, e trazer à tona a revolta contra a opressão; seu público – alvo, escolhido a dedo, não é o intelectual burguês letrado, mas o pobre que vai ao boteco depois da jornada de trabalho; ele o reconhece como indivíduo ativo a ser despertado: o sujeito revolucionário. Mas é claro que a indústria cultural fez de tudo para anular esse conteúdo: em plena ditadura militar, transformaram Belchior numa personagem caricata, num astro romântico, o galã de “Todo sujo de batom” (Coração Selvagem, 1977).

Belchior sabe, desde muito tempo, que “Eles venceram / e o sinal está fechado pra nós / que somos jovens” (COMO OS NOSSOS PAIS, Alucinação, 1976). Mesmo assim, não foi em vão seu esforço: além de todas as canções citadas até agora, ainda há muitas outras de conteúdo crítico ferrenho, como por exemplo “Pequeno perfil de um cidadão comum” (Era uma vez um homem e seu tempo, 1979), uma epopeia sem o elemento épico, que fala de como é vã a vida do sujeito raso, de gosto pouco refinado, cuja finalidade é voltada ao trabalho; “Arte Final” (Bahiuno, 1993), grande canção sobre tudo aquilo que deveria ter acontecido e não aconteceu; ou “Meu cordial brasileiro” (Bahiuno, 1993), que identifica a tese do “homem cordial” de Sérgio Buarque de Hollanda (Raízes do Brasil, 1936), o elemento diferenciador do brasileiro, com o aspecto consentido do nosso povo perante a política e o trabalho. Belchior teve sua poesia impregnada pela frustração de não ter podido colocar em prática o projeto por um mundo melhor, e sua música é mais verdadeira e mais revolucionária por isso: não promete a felicidade, mas escancara a impossibilidade dela no estado de coisas vigente.

No fim, em meio a essa cena sombria, nos tempos dele e no nosso tempo de agora, ainda há alguma esperança. Para Belchior, mais importante do que a filosofia ou a arte é a vida. “Primeiro o meu viver / segundo este vil cantar de amigo” (AMOR DE PERDIÇÃO, Elogio da Loucura, 1988). Sua filosofia é oposta à de Caetano: se para o compositor baiano, quem “mora na filosofia” está separado dos sentimentos humanos, a filosofia de Belchior provém da experiência; é pensamento vivo. “Deixando a profundidade de lado / eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia / fazendo tudo de novo / e dizendo sim à paixão / morando na filosofia” (DIVINA COMÉDIA HUMANA, Todos os sentidos, 1978).

Marcado no cancioneiro latino-americano como uma de suas grandes vozes, Belchior foi um mestre da poesia. Foi assimilado pela indústria cultural, de fato, como Mercedes Sosa ou Che Guevara. Ele se jogou na contradição da música popular, assim como qualquer um se joga nas contradições da lógica do trabalho. Assimilado, mas não rendido. “Marginal bem sucedido e amante da anarquia / eu não sou renegado sem causa” (LAMENTO DE UM MARGINAL BEM SUCEDIDO, Bahiuno, 1993). Não é por ter sido reproduzido e veiculado pela indústria cultural que Belchior perdeu totalmente a sua virulência: ela se mantém viva em ouvintes atentos que, como nós, encontram nele uma manifestação da consciência de seu tempo, e mais: a esperança de um mundo melhor, inteiramente outro. Por agora, o importante é viver. “Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa / e não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza / sempre é dia de ironia no meu coração” (NÃO LEVE FLORES, Alucinação, 1976). Belchior, como Nietzsche, diz sim à vida, apesar de tudo, e talvez por isso tenha caído fora dessa loucura midiática que é a vida de um artista famoso sempre sob os holofotes.

Em relação às dúvidas acerca de seu paradeiro, que me perdoem os escandalizados, mas a letra já estava dada há muito tempo. “Saia do meu caminho / eu prefiro andar sozinho / deixem que eu decido a minha vida” (COMENTÁRIO A RESPEITO DE JOHN, Era uma vez um homem e seu tempo, 1979).

Fonte: OUTRAS PALAVRAS
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Conheço o Meu Lugar

Belchior
  

O que é que pode fazer o homem comum
Neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar
A vida comovida
Inteiramente livre e triunfante?

O que é que eu posso fazer
Com a minha juventude
Quando a máxima saúde hoje
É pretender usar a voz?

O que é que eu posso fazer
Um simples cantador das coisas do porão?
Deus fez os cães da rua pra morder vocês
Que sob a luz da lua
Os tratam como gente - é claro! - aos pontapés

Era uma vez um homem e o seu tempo
Botas de sangue nas roupas de lorca
Olho de frente a cara do presente e sei
Que vou ouvir a mesma história porca
Não há motivo para festa: Ora esta!
Eu não sei rir à toa!

Fique você com a mente positiva
Que eu quero é a voz ativa (ela é que é uma boa!)
Pois sou uma pessoa.
Esta é minha canoa: Eu nela embarco.
Eu sou pessoa!
A palavra "pessoa" hoje não soa bem
Pouco me importa!

Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!
Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve!

Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem: Conheço o meu lugar!





Pedras indignadas com o noticiário

Powerpoint: a mídia que nos emburrece

Você prova qualquer coisa... e com convicção!
publicado 17/09/2016


Este é o título do livro de Franck Frommer publicado na França em 2010. (A tradução é aproximativa e o original é: La pensée PowerPoint: enquête sur ce logiciel qui rend stupide) - http://www.editionsladecouverte.fr/catalogue/index-La_pensee_PowerPoint-9782707159533.html

Entre outras pérolas, ele cita um artigo de pesquisadores americanos chamado “Powerpoint demonstrations: digital technologies of persuasion”.

Eles analisaram o discurso-espetáculo feito com Powerpoint por Colin Powell nas Nações Unidas, em 2003, para convencer o público da existência de armas de destruição em massa no Iraque.

Ou seja, o PowerPoint é a tecnologia ideal para os discursos que não têm consistência. Ele permite provar o que você quiser, tudo “com convicção”!

Não é à toa que em powerpoint a palavra-chave é poder.

Marilia Amorim, navegante afiada


Powell exerce o power

Fonte: CONVERSA AFIADA
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Seguindo a lógica de Pozzobon, acabo de descobrir, para minha imensa felicidade, que sou proprietário de um edifício de dez andares , com vinte apartamentos, na Av. Vieira Souto, em frente ao mar em Ipanema. Afinal, durante muito tempo circulei pelas ruas do bairro. É o domínio do fato.

O que impressiona no espetáculo de Dallagnol e Pozzobon não são as asneiras proferidas por ambos, mas o fato de a grande mídia repercutir o conteúdo sem qualquer análise crítica.

Despejar para a população tanta asneira, com gritaria, inclusive, sem uma análise de conteúdo é uma agressão à inteligência.

As pedras das calçadas da orla do Rio de janeiro se sentiram ofendidas.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Alvos

Nosotras: Quem são as bolivianas presas em São Paulo?

Na Penitenciária Feminina da Capital, São Paulo, 46 mulheres bolivianas aguardam por liberdade. Entre elas está Angelica,

por Ana Luiza Voltolini Uwai



Hoje, o Brasil é o terceiro país com maior população em situação de prisão do mundo. No fim de 2015, havia 628 mulheres presas na Penitenciária Feminina da Capital, sendo que a maior parte delas era estrangeira. Nessa conta, 46 são bolivianas e, dentre elas, 44 estavam presas por tráfico de drogas. Todas são identificadas pelos seus números de matrícula, suas sentenças e seus crimes, mas sobretudo são mulheres. Antes de virarem estatística eram, e continuam sendo mães, filhas, esposas, vizinhas, amigas.

Existe um grande perigo em pensar na outra pessoa, em colocar rosto nos números. O desejo de transformação social é um fluxo naturalmente intenso para jornalistas, mas é preciso colocar-se no lugar.

Como mulher, diariamente sujeita a inúmeras violências, carregando incontáveis lutas e disputas de espaço há tanto tempo, é fácil se identificar com essas histórias de abusos e silêncios, imposições e acatamentos. Porém, como mulher branca que goza de privilégios, como o de ter frequentado a universidade, é difícil dizer que as entendo completamente. Seria desonesto qualquer princípio de julgamento das escolhas de alguém de um realidade tão distante.

No âmbito da profissão, é preciso admitir as limitações de jornalista. Por exemplo, ao escrever sobre bolivianas em privação de liberdade não mudarei a realidade que tento transpor em palavras. No entanto, não deixa de ser um mecanismo de registro, para que outras pessoas conheçam essas mulheres, e de denúncia a quem pode, de fato, mudar o curso dessas e de outras trajetórias.

Existem razões pelas quais essas mulheres assumiram riscos e se deslocaram da Bolívia até o Brasil. Foi para descobrir esses motivos que me desloquei até a Penitenciária Feminina da Capital.

Este é o perfil de uma das mulheres que encontrei lá:

A menina dos olhos

Quando era pequena Angelica costumava ir com Carlos, seu pai, a todos os lugares. Se não estava na escola, era muito provável que estivesse com ele, acompanhando-o sempre curiosa em todos os compromissos. Foi num deles que, anos depois, conheceria o que chamam de tráfico de drogas.

Conforme o tempo foi passando, pouca coisa mudou na vida de Angelica e de sua família. Aos 25 anos ela cursava biomedicina na cidade de Santa Cruz, na Bolívia, e continuava sendo a menina dos olhos do pai. Moravam com ela: pai, mãe, irmão e Luana, sua filha.

Apesar da união familiar, as dificuldades financeiras preocupavam principalmente Carlos, que estava desempregado há meses. A filha era a única que ajudava como podia, mas a maior parte das despesas ainda ficava a cargo dele. Quando as dívidas se acumularam e a situação se tornou insustentável, Carlos optou por um trabalho que lhe traria dinheiro rápido: o comércio de drogas. Ele procurou por uma conhecida que agenciava pessoas para o transporte de cocaína e depois disso foi rápido. Logo tudo estava arranjado: a passagem, as malas e a cocaína.

A viagem em si não demorou muito e em questão de semanas ele estava em casa, de volta à Bolívia. O dinheiro, no entanto, foi embora tão rápido quanto chegou. Logo as dívidas voltaram a fazer volume na caixa de correio da família Gomez.

Presente de aniversário

A ideia de fazer uma segunda viagem surgiu não apenas com a necessidade de dinheiro, mas também com a aproximação do aniversário de Luana. Angelica queria comemorar um ano da filha com uma festa e Carlos sabia que o dinheiro não daria.

Ele procurou outra pessoa que o ajudaria a viajar novamente e, sem pensar muito, partiu. Apesar de saber dos riscos ao recorrer de novo ao tráfico, a esperança de que aquela seria a última vez se manifestava nos planos compartilhados com a família. "Faltava pouco para ele conseguir um emprego honesto.", contou Angelica. Aquela deveria ser a última viagem. E foi.

Ao partir, os olhos do pai já não viam mais sua menina. O aniversário de Luana passou sem festa e o contato entre ele e a filha só foi retomado meses depois, dia nove de maio, aniversário de Angelica.

Um telefonema a despertou na manhã de um sábado ensolarado de outono. Ouvir um animado "feliz aniversário" do pai após meses sem notícia foi uma surpresa e tanto. A felicidade transbordava em sua voz quase tão alta quanto sua preocupação. Tanta que ela quase se esqueceu de fazer a pergunta que martelou em sua cabeça durante todo aquele tempo: ¿Dónde estás?


O som dessas palavras saiu fraco, não só por causa da má qualidade da ligação, mas pelo medo da resposta, que se sobrepôs à alegria. Pior foi quando terminou a frase e foi respondida com silêncio, pois a ligação caiu.

Passaram-se dias e mais dias sem notícias até que, no fim do mês, o telefone tocou novamente.

Presente de dia das mães

O dia das mães na Bolívia é comemorado no dia vinte e sete de maio, mesmo dia em que a Batalha de La Coronilla é celebrada. Neste dia, em 1812, Manuela Gandarillas liderou um grupo de mulheres de Cochabamba contra o exército espanhol.

Aquele domingo de 2014 em particular, primeiro dia das mães de Angelica, deveria ser calmo e feliz, na medida do possível, mas se revelou determinante para o desenrolar desta história.

Carlos parecia doente no telefone. Informou que tinha o braço quebrado e se queixou de dores. Então contou à filha o que ela suspeitava desde a primeira ligação: estava preso.

O que ele pôde contar em poucos minutos foi que havia sido pego em um país próximo à Turquia e que precisava de duzentos dólares por semana para evitar que o machucassem de novo. Depois disso, as informações a respeito dele foram cada vez mais escassas. Angelica, a mãe e o irmão conseguiram juntar a quantia necessária para uma semana, mas sabiam que não seria o suficiente.

Além dos anseios que estavam a 13.110 quilômetros de Santa Cruz, Angelica também precisava se preocupar com um que estava bem perto, alguns centímetros abaixo do seu coração apertado.

Mesmo separada do marido, pai de Luana e de quem viria a ser Joshua em alguns meses, apenas ele sabia da sua gravidez. Na Bolívia é ainda mais difícil arranjar trabalho quando se está grávida e esse foi o estopim para que ela tomasse uma decisão que mudaria sua vida.

Com o pai preso, Angelica se viu responsável pela família, pois seu irmão e sua mãe também não tinham fontes de renda. Por estar sempre ao lado de Carlos, ela sabia onde ir e o que fazer para conseguir ajuda.

Ainda com um bebê a caminho e seu marido relutando a aceitar que ela seguisse os passos do pai, Angelica não via outra escolha. Por isso foi com o irmão encontrar Catarina, a mulher que agenciou Carlos em sua primeira viagem, a que deu certo.

Chegando lá, a decisão ainda não estava tomada. O irmão de Angelica foi o primeiro a se manifestar. Disse que iria no lugar da irmã, pois não queria colocar mãe e bebê em perigo. Catarina, que já conhecia filha e pai, insistiu para que fosse Angelica quem fizesse a viagem, garantindo que, caso algo desse errado, a buscaria onde fosse. A preocupação escorria dos olhos de irmão e irmã, mas era tarde demais para mudar de ideia.

No dia três de junho de 2014 tudo já estava mais ou menos preparado. Passaportes, passagens e o coração pronto para embarcar. Ou melhor, os corações. O de Angelica e o de Joshua. Os planos eram bem mais simples do que ela esperava. Ela e outra mulher, que também levaria droga, iriam de ônibus até Corumbá, onde pegariam as malas com um homem chamado Fernando. Ele saberia identifica-las. Depois era só embarcar pelo aeroporto de Guarulhos no voo QR982 até a Geórgia, mesmo país em que Carlos estava preso.

Seria questão de dias para Angelica estar perto do pai. Com o dinheiro ela conseguiria ajudá-lo e ainda sobraria um pouco para pagar o aluguel atrasado. Mal podia esperar para reunir a família outra vez. Também tinha o filho que estava chegando. Mais um Gomez. Sua mãe ficava cada vez mais doente desde que isso tudo começou, seria bom que a vida voltasse logo ao normal.

QR982 com destino a Georgia

Era 4 de junho e metade do combinado estava cumprido. Agora era por conta de Angelica e Sandra. As duas nem se preocuparam em abrir as malas que receberam de Fernando. Nem sabiam quanta droga tinha lá, pois também não se atreveram a fazer muitas perguntas. De qualquer forma, Fernando não tinha cara de que fosse responder.

No aeroporto, as duas fizeram o check-in sem problemas, mas não tiveram a mesma sorte na fila do embarque. Quase chegando a vez de Angelica, dois funcionários da companhia aérea cochichavam no ouvido da atendente. Ela olhou desconfiada para Angelica e indicou sua vez dobrando o dedo indicador em direção ao peito. Preocupação escorria de Angelica novamente, mas dessa vez por todos os poros do seu corpo.

Ela deixou a bagagem sobre a cesta de plástico e empurrou pela esteira automática. Silêncio. Angelica passou pelo detector de metais suando frio e se virou para pegar a mala, que ainda não tinha saído do raio-x. Na tela, via-se o esqueleto da bolsa e nos cantos manchas alaranjadas. Não era um bom sinal. Elas indicavam presença de material orgânico. Mais silêncio. Os dois funcionários que há pouco conversavam com a funcionária voltaram, dessa vez acompanhados de um policial.

Escolta com destino a Santana

Um mil duzentos e setenta e seis gramas de cocaína embalados em pequenos sacos plásticos num fundo falso de mala.

Este é o parecer do juiz como descrito no processo:

“Não basta alegar que o Estado não desempenha a contenta as atividades que lhe competem, entre as quais assegurar existência digna aos cidadãos como forma de justificar o cometimento de infrações."
Este é o julgamento do juiz, que nunca se encontrou com Angelica:

"Sua conduta social é reprovável, uma vez que aceitou realizar o transporte, mesmo já ciente de que estava grávida e dos riscos que sua ação causaria para seu filho ainda não nascido, cabendo frisar, ainda, que, ao ser interrogada, afirmou que possui outra de tenra idade em seu país de origem."

Esta é a conclusão do juiz:

"6 (seis) anos, 1 (um) mês e 15 (quinze) dias de reclusão".
Chegando na Penitenciária Feminina da Capital, em Santana, a única pessoa com quem podia contar era Sandra, a quem carinhosamente passou a chamar de tia. O contato com a família se limitava às cartas que recebia do marido.

Angelica estava separada dele quando morava na Bolívia, mas o filho que teriam uniu o casal. Ela sustentava a filha com a ajuda de Carlos, já que o pai de Luana e de Joshua nunca pagou pensão. Sempre foi ela quem se sacrificou pela família. Entre as poucas cartas que recebeu do marido depois de ser presa, Angelica lia em todas palavras que a machucavam muito mais do que as lidas em sua sentença, talvez mais do que a própria sentença e seus dois mil duzentos e trinte e cinco dias a cumprir ali dentro.

Cinqüenta e três mil seiscentas e quarenta horas.

Três milhões duzentos e dezoito mil e quatrocentos minutos.

Nenhum segundo deles passado sem dor ou sem se lembrar das palavras do marido. Como uma música que ficaria grudada na cabeça por seis anos

Você é culpada/ Eu não queria ter te conhecido/ Você não pensa nos seus filhos/ Você é a pior mulher do mundo.

Cinco meses depois bastante coisa mudou na vida de Angelica. Ela conheceu Isabela, do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania - ITTC, que trabalha com as estrangeiras em situação de prisão em São Paulo e visita a PFC todas as semanas. Ela acompanhou sua gravidez até o momento de entregar Joshua.

Angelica não sabia, mas apesar da lei possibilitar que crianças permaneçam com as mães dentro da prisão até os sete anos, a penitenciária onde ela está exige que as crianças sejam entregues aos seis meses de idade. Quando soube disso, todos os seus esforços passaram a ser dedicados a sair da prisão e cuidar do seu filho.

A única saída era que alguém da família fosse buscar Joshua, mas Angelica sabia que ninguém teria dinheiro para vir até o Brasil buscá-lo. Ela estava sozinha. Se não conseguisse sair, em seis meses seu bebê seria entregue a um abrigo, e sem ninguém para buscá-lo, em alguns anos poderia ser adotado por outra família.

O pedido de prisão domiciliar foi entregue com a ajuda da Defensoria Pública da União e de Isabela. O juiz, no entanto, negou-lhe o direito, alegando que Angelica era uma "ameaça à ordem pública" e que estaria colocando próprio filho em risco, pois poderia ser cooptada pela "organização criminosa" novamente.

Sem muitas esperanças restantes e sem muito mais a perder, Angelica recorreu ao Consulado da Bolívia, que nunca fez nada por ela e dificilmente ajuda em casos desse tipo, mas qualquer coisa que não a fizesse perder Joshua serviria. Para ela, quando uma mulher vira mãe, se coloca em segundo plano. "Eu estou presa, não ele", repetia.

Ainda sem resposta, o dia do parto se aproximava. Angelica queria parto normal, mas a obrigaram fazer uma cesariana. Uma das motivações que levou o juiz a negar o pedido de prisão domiciliar foi o fato de que Angelica possuía atendimento médico disponível dentro da prisão. Ele provavelmente nunca entrou lá.

Suas contrações começaram cinco dias antes da data marcada para a cesariana, portanto ela teve que esperar. O anseio vinha com medo. Passou tanto tempo temendo perder o filho dali seis meses que só então pensou na possibilidade de perdê-lo ali mesmo, antes de poder conhecê-lo.

Numa quente tarde de dezembro, a escolta finalmente chegou à penitenciária e levou Angelica até o Hospital Vila Penteado. Considerando que há alguns anos, nesse mesmo hospital, mulheres presas eram algemadas pelas mãos e pelos pés na hora do parto, é possível afirmar que correu tudo bem, embora o pesadelo estivesse apenas começando.

Quando Angelica voltou do hospital, três dias depois, foi direto para o Pavilhão Materno, onde todas as mães habitam junto a seus filhos e suas filhas. O prédio, cinza e com pouca iluminação não possui pediatria e muito menos medicação adequada. Sempre que há um problema com a mãe, lhe é ofereci paracetamol. Sempre que há problema com o bebê, é o dentinho que está nascendo.

Angelica se sentiu mais sozinha do que nunca agora que estava com Joshua nos braços. Ela não falava português muito bem ainda, estava longe da "tia" e das amigas bolivianas que tinha feito. Também não tinha roupinhas, mais fraldas e outros itens de higiene quanto as outras mães que recebiam visitas da família.

De quarentena após dar à luz, Angelica e Joshua poderiam ter enfrentado inúmeras dificuldades, que a princípio pareciam inevitáveis. Mas com a maternidade, Angelica descobriu a força e a sororidade entre mulheres. As outras mãezinhas, como ela se refere às companheiras, ajudaram em tudo, materialmente e psicologicamente. Quando alguma criança passava mal e as agentes não davam atenção, todas as mães se rebelavam juntas, mesmo que a resposta fosse sempre a mesma: "é dor de dente".

Joshua ainda mamava e começava a engatinhar quando completou seis meses de idade. Passou rápido demais. Angelica chorava muito com as outras mães, mas um milagre (se é que pode se chamar assim) aconteceu. O consulado boliviano finalmente respondeu seus pedidos e resolveu ajudá-la, pagando uma passagem para que a mãe dela, avó de Joshua, pudesse vir buscá-lo.

Com muita dificuldade e ainda doente, a mãe de Angelica veio para o Brasil. Entregar o filho para a avó foi tão difícil quanto entregá-lo para qualquer outra pessoa, mas pelo menos Angelica saberia onde ele estava, com a certeza de que o veria de novo.

Maria, a mãe, ficou em São Paulo na casa do marido de Angelica, que havia se mudado da Bolívia há alguns meses, começando uma nova vida longe de Luana, Angelica e agora Joshua.

A casa dele ficava em São Paulo, a poucos quilômetros de distância da “nova casa” de Angelica. Apesar disso, desde que foi presa a primeira e última vez que Angelica falou com o marido foi para vê-lo tirar Joshua dela.

Depois de todas as cartas acusando a esposa de ser uma má mãe, ele abriu mão da guarda do filho para Maria, mãe de Angelica, cuidar da criança. Ele nunca mais entrou em contato com a família. Até hoje.

Sem Joshua, a vida continua entre muros. Angelica atualmente trabalha dentro da prisão fazendo pequenos detalhes de peças de roupa. Ela se comunica com a família por cartas, inclusive com o pai, ainda preso na Geórgia, mas é sempre por intermédio da mãe, pois ele não sabe de tudo o que a filha fez por ele.

Daqui cinco anos, quando Angelica e Carlos saírem das prisões, ela contará toda a história. Por enquanto se mantém forte, sempre pensando na família e na falta que a mãe, o irmão, o pai, o filho e a filha fazem. Mas tem fé, "essa sentença é de homem, a última palavra é de Deus."

Esta e outras histórias conto no livro “Nosotras”, que pode ser lido neste link.




Ana Luiza Voltolini Uwai

Ana Luiza Voltolini Uwai é jornalista, coordenadora de comunicação do Instituto Terra Trabalho e Cidadania (ITTC) e autora do livro Nosotras 

Fonte: DIPLO
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A história completa de Angélica não interessa ao poder judiciário.

Interessa apenas a identificação como criminosa.

Como número, sem rosto, passa a não ter humanidade, e assim é julgada.

É dessa forma, também, que adversários e inimigos do Sistema são tratados, como algo, número, coisa, o que torna a perseguição mais fria , pois se persegue algo que é desprovido de humanidade.

Assim são perseguidos comunistas, socialistas, alvos.

A execução torna-se, paradoxalmente, natural.

Você sofre de miopia ?

Mãe amamenta bebê enquanto faz ioga e vira hit na internet


15.set.2016 - Ser mãe exige muito preparo físico e concentração para superar os desafios diários, principalmente quando é preciso amamentar uma recém-nascida e ficar de olho em outras duas crianças. Para resolver o problema, a norte-americana Carlee Benear decidiu dar de mamar para a pequena Maramaylee enquanto pratica ioga. Ela posta fotos das posições incríveis que consegue ficar em sua conta no Instagram e fala sobre os benefícios que a prática traz para ela e a filha.

Fonte: BOL
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Repare bem na foto, caro leitor, que a criança olha para o rosto da mãe.

Segundo a psicologia Reichiana, na fase de amamentação, as crianças, como na foto, buscam uma comunicação com a mãe através do olhar, onde as sensações percebidas são transmitidas.

A criança, através do olhar revela suas descobertas, suas sensações durante a amamentação, e espera o retorno da mãe.

A mãe por não estar totalmente focada, faz com que a criança procure, desesperadamente o contato visual.

A busca desse contato, por parte da criança, exige demais de seus olhos, o que acarreta diversos tipos de lesões.

As principais são a miopia e o astigmatismo, que se desenvolvem nessa fase justamente pela falta de contato da mãe com a criança.

Se o caro leitor é míope, vá reclamar com sua mãe que ignorou suas manifestações de contato durante a amamentação.

Impressiona que a atitude da mãe, na foto, seja enaltecida nas redes sociais e no portal BOL.

Brasil medieval


Rede Globo deturpa contexto para acusar esquerda de deturpar fala de procuradores

16 DE SETEMBRO DE 2016 POR LUCIANA OLIVEIRA


Na edição do Bom Dia Brasil desta sexta-feira (16), viu-se o esforço patético da emissora em manipular o contexto da denúncia dos procuradores do MPF para abafar um frase que viralizou nas redes sociais.

“Não temos provas, mas temos convicção”, é o contexto resumido de uma peça com 149 páginas que se restringe aos parâmetros de convencimento dos procuradores e não aos limites legais.

A frase que teve efeito viral sarcástico não compromete o que disseram os procuradores sobre como chegaram a conclusão de que o ex-presidente Lula é o chefe da quadrilha que sangrou os cofres da Petrobras.

“Dentro das evidências que nós coletamos, a nossa convicção com base em tudo que nos expusemos é que Lula continuou tendo proeminência nesse esquema, continuou sendo líder nesse esquema mesmo depois dele ter saído do governo”, disse Deltan Dellagnol.

Não só ele, mas também o procurador Henrique Pozzobon, utilizou a convicção como argumento jurídico para fundamentar uma denúncia por corrupção e lavagem de dinheiro.

A frase que ridicularizou os procuradores é a junção do que um e outro disseram.

De Pozzobon: “não teremos aqui provas cabais de que Lula é o efetivo proprietário no papel do apartamento

De Dellagnol: “Provas são pedaços da realidade, que geram convicção sobre um determinado fato ou hipótese.”

Simples assim.

A Rede Globo segue cumprindo seu papel no golpe continuado com parvoíce, deixando um rastro de provas e convicções de que está a serviço de determinados grupos e não da sociedade.

É a inequívoca conclusão do título: “Redes sociais repercutiram frases que procuradores não disseram.”

Disseram sim, tanto que pra abafar a repercussão negativa convocaram a Rede Globo pra inventar um novo contexto à denúncia e às falas dos procuradores.

Mas, o esforço da emissora não foi só para abafar o efeito de uma frase que expôs a denúncia sem provas cabais contra o ex-presidente.

É também para inibir um jargão que serve como cobrança para inúmeros casos com provas e convicções que são ignorados pelos investigadores da Lava Jato.

Se duvidar, a mulher de Lula, dona Marisa Letícia, pode ir presa antes mesmo da mulher de Eduardo Cunha, Cláudia Cruz, ser ouvida na Operação Lava Jato, apesar de todas as provas e convicções.

Fonte: Blog da Luciana Oliveira
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Convicções x provas - Créditos: Vitor Teixeira
CONVICÇÕES  X  PROVAS   -   Vitor Teixeira - BRASIL DE FATO

Em entrevista a uma igreja batista, Dallagnol fala da “importância do povo de Deus se unir contra a corrupção” Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO


Um beato enlouquecido prejudica o Ministério Público. Fonte:CARTA MAIOR





quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Organização criminosa governa o Brasil

Wanderley: são todos da mesma organização criminosa!

Só faltam as Forças Armadas!

publicado 15/09/2016


O ansioso blogueiro recebeu, nessa quinta-feira 15/set, sereno e-mail do professor Wanderley Guilherme dos Santos:

Paulo Henrique,
Desde ontem não ia à blogosfera, preservando a normalidade de minha pressão sanguínea.

Pelo mesmo motivo, não assisto aos espetáculos de canastrice de posses judiciárias, discursos oficiais e denúncias, mais do que sem provas, sem pudor.

Fui ao Conversa, assisti a todos os vídeos e li todas as matérias.

É espantoso como a impunidade progride: esses rapazes curitibanos são esbirros do Procurador Geral, por sua vez afilhado de crisma do STF.

É um grave equívoco acreditar que ainda existe separação de Poderes no Brasil: membros do Executivo, Legislativo e Judiciário pertencem todos, em vasta maioria, à mesma organização criminosa.

Não há diferença substantiva entre declarações do ministro Gilmar Mendes, pronunciamentos de Rodrigo Janot, traques oratórios de Michel Temer e decisões da Câmara dos Deputados.

Só faltam as Forças Armadas, mas o oco presidente da República irá chamá-las, já, já.

O editorial cereja do O Globo está redigido.

abraço,
Wanderley Guilherme

Fonte: CONVERSA AFIADA
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‘FOSSO’ ENTRE ACUSAÇÃO E PROVA PÕE FUTURO DA LAVA JATO EM XEQUE, DIZ JORNAL DOS EUA






Chicago Tribune descreve que os promotores que apresentaram denúncia contra o ex-presidente Lula fizeram declarações "impressionantes" e uma "litania" de acusações, mas foram econômicos ao apresentar provas, o que, segundo o jornal, pode colocar em xeque o futuro da Operação Lava Jato

247 – O jornal Chicago Tribune, dos Estados Unidos, destaca em sua reportagem sobre a denúncia apresentada pelo Ministério Público contra o ex-presidente Lula que houve poucas provas apresentadas, o que pode colocar em xeque o futuro da Operação Lava Jato.

O veículo descreve que a denúncia contra Lula já era esperada, mas que as expressões usadas pelos promotores foram "impressionantes". Segundo o jornal, os promotores fizeram uma "litania" (espécie de ladainha) de acusações, mas foram econômicos ao apresentar provas.

Segundo a reportagem, "o fosso escancarado entre as acusações verbais e as denúncias (formais) levantaram questões sobre o futuro da investigação". A matéria acrescenta que, se por um lado as "acusações drásticas" podem ajudar os promotores a manter o caso em sua jurisdição, por outro, implicam "riscos" de que a investigação seja vista como politizada.

Fonte: A JUSTICEIRA DE ESQUERDA
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O aquecimento global é culpa do Lula

Planeta bate recorde de calor pelo 11º mês

Foi o mês de agosto mais quente dos últimos 136 anos. 
2016 deverá ser o mais quente da história, superando 2015

15/09/2016 09:41:00
ESTADÃO CONTEÚDO

EUA - Parece notícia velha. Mas aconteceu de novo. E vai continuar acontecendo enquanto o mundo não conseguir conter suas emissões de gases de efeito estufa. Pelo 11.º mês consecutivo, a Terra bateu recordes históricos de calor no mês de agosto, conforme divulgou na quarta-feira a agência espacial americana (Nasa).

É o agosto mais quente dos últimos 136 anos, seguindo uma tendência que vem se repetindo mês a mês, ano a ano, como um sinal inequívoco do aquecimento globalprovocado por ações dos seres humanos. Em relação ao período de base (valor da temperatura média entre 1951 e 1980) para agosto, a temperatura média da Terra no mês passado foi 0,98°C mais quente. Foi ainda 0,16°C mais alta que o agosto mais quente registrado até então, o de 2014.

Desde outubro de 2015 que a temperatura vem quebrando recordes sucessivos no monitoramento que começou a ser feito em 1880. Mantendo o ritmo pelos próximos meses, 2016 deverá ser o novo ano mais quente da história, superando 2015, que, por sua vez, bateu 2014. "Ressaltamos que as tendências de longo prazo são as mais importantes para a compreensão das mudanças em curso que estão afetando nosso planeta", afirmou Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard para Estudos Espaciais da Nasa.

Fonte: O DIA
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E a maioria das pessoas não se ocupa do assunto, não se preocupa, logo nada faz. Prefere passear nos shoppings, assistir as novelas na teve, e ler a Veja.

Especula-se, com alto grau de veracidade, que o aquecimento constante da temperatura da Terra é devido aos churrascos que Lula fazia na Granja do Torto, quando presidente da república.