quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O governo dos derrotados

“Pensam que nos venceram, mas estão enganados”, afirma Dilma

Presidenta faz pronunciamento após aprovação do golpe e garante: “Haverá a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”


31/08/2016 15h55 - atualizado às 16h03

Foto: Mamana Foto Coletivo

Presidenta eleita Dilma Rousseff falou ao povo brasileiro nesta quarta-feira (31), após decisão do Senado que cassa seu mandato. Ela destacou, entre outros pontos, que não foi só um golpe contra ela, mas contra os direitos trabalhistas, o direito à moradia e a terra, direto a educação, saúde ecultura, direito dos jovens protagonizarem sua história, direitos dos negros, indígenas, mulheres, e LGBTs.

Leia abaixo na íntegra:“Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”, afirmou Dilma. E disse ainda que “futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces”.

Pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff após aprovação do golpe parlamentar

Ao cumprimentar o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, cumprimento todos os senadoras e senadores, deputadas e deputados, presidentes de partido, as lideranças dos movimentos sociais. Mulheres e homens de meu País.

Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar.

Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado.

É o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo.

É uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis.

Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados.

O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social.

Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment.

Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática.

O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.

O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência.

Peço às brasileiras e aos brasileiros que me ouçam. Falo aos mais de 54 milhões que votaram em mim em 2014. Falo aos 110 milhões que avalizaram a eleição direta como forma de escolha dos presidentes.

Falo principalmente aos brasileiros que, durante meu governo, superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da Nação, passando a ter direitos que sempre lhes foram negados.

A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras. Não desistam da luta.

Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer.

Quando o Presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2003, chegamos ao governo cantando juntos que ninguém devia ter medo de ser feliz. Por mais de 13 anos, realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história de nosso País.

Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano.

Espero que saibamos nos unir em defesa de causas comuns a todos os progressistas, independentemente de filiação partidária ou posição política. Proponho que lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento pleno da democracia.

Saio da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil.

Eu vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas responsabilidades. Me emocionei com o sofrimento humano, me comovi na luta contra a miséria e a fome, combati a desigualdade.

Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles.

Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces. Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar.

Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a pouco”.

Encerro compartilhando com vocês um belíssimo alento do poeta russo Maiakovski:

‘Não estamos alegres, é certo,

Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?

O mar da história é agitado

As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,

Rompê-las ao meio,

Cortando-as Como uma quilha corta as ondas.’


Um carinhoso abraço a todo povo brasileiro, que compartilha comigo a crença na democracia e o sonho da justiça.”

Fonte: AGÊNCIA PT
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Eleição já! Fora Temer usurpador!

O governo usurpador não tem legitimidade para comandar o país e impor a agenda entreguista e de retrocessos que foi derrotada nas quatro últimas eleições.
Jeferson Miola


Os golpistas alcançaram o objetivo: o Senado da República, convertido num tribunal de exceção, aprovou o impeachment da Presidente Dilma sem crime de responsabilidade, em total afronta à Constituição e ao Estado de Direito.

Esta decisão imposta por uma maioria do Senado não surpreende, porque este processo kafkiano não passou de um jogo de cartas marcadas; de uma farsa montada com pretextos ridículos para dar ares de normalidade a um crime perpetrado contra a democracia.

À medida em que o golpe foi avançando e parlamentares foram sendo comprados com cargos e promessas de favores e a mídia e setores do judiciário foram blindando a trama golpista, os canalhas foram abandonando a parcimônia e a dissimulação.

Eles se sentiram desobrigados de conspirar nas sombras, escondidos; abandonaram o disfarce da falsa imparcialidade e assumiram abertamente a conspiração.

O mundo inteiro ficou conhecendo as entranhas de um golpe que teve falsificação de peças de acusação por militantes partidários disfarçados de funcionários públicos, de “técnicos do TCU”.

Quando caiu a máscara dos inconsistentes argumentos contábeis dos falsos “técnicos do TCU”, os golpistas abandonaram o discurso cínico que encobria a falta de motivo legal para cassar o mandato da Presidente, e assumiram que condenam Dilma pelo chamado “conjunto da obra” – ou seja, pelo fato de ser uma mulher, nacional-desenvolvimentista e de esquerda.

O próprio Michel Temer, sócio do Cunha na conspiração e principal beneficiário do golpe, revelou a injustiça de um julgamento que não se ampara nos fundamentos exigidos pela Constituição e na Justiça, mas é parte de uma violência desferida por uma matilha parlamentar que forma uma maioria fascista. Disse o usurpador: “o impeachment depende da avaliação política – não uma avaliação jurídica – que o Senado está fazendo”.

O golpe de Estado, agora formalmente consagrado pela decisão de 61 senadores e senadoras – quase todos investigados e processados por corrupção e outros crimes – mergulha o país no abismo do arbítrio.

A democracia foi abastardada, a Constituição foi violentada. Os personagens donos dos procedimentos e das visões mais abomináveis da política brasileira assaltaram o poder e deram posse ao governo usurpador de Michel Temer para impor uma agenda de retrocessos e de entrega da soberania nacional.

O golpe não é contra uma mulher digna e inocente, é um golpe contra a democracia e o Estado de Direito para permitir a restauração neoliberal ultraconservadora e reacionária. É um golpe contra o capítulo dos direitos sociais da Constituição de 1988, contra o povo pobre, as mulheres, as juventudes, os trabalhadores, os camponeses, os índios, os povos das florestas. É um golpe para entregar o pré-sal, as terras, as riquezas, os alimentos e os minérios do povo brasileiro ao capital estrangeiro.

O governo usurpador não tem legitimidade para comandar o país, e menos legitimidade ainda para impor a agenda entreguista e de retrocessos que foi derrotada nas quatro últimas eleições presidenciais.

O Brasil não pode ser comandado por um governo fundado na usurpação e na associação criminosa de canalhas golpistas que vivem no esgoto da história.

Este governo usurpador não será aceito, não será reconhecido pelo povo e será combatido sem
tréguas. Só nova eleição restaura o Estado de Direito depois deste atentado à democracia.

Eleição já! Fora Temer usurpador!

Fonte: CARTA MAIOR
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A oposição ao governo do golpe já começou.

É a terceira vez que o PMDB chega ao governo sem o voto do povo.

A primeira em 1985 , com Sarney, depois da morte de Tancredo.

A segunda em 1992, com Itamar, depois do golpe em Collor.

E a terceira, em 2016, com Temer, depois do golpe em Dilma.

Temer será impedido de governar a ponto de abdicar do cargo para que a população escolha, de forma livre e democrática, um projeto para o país.

O projeto que Temer deseja implementar foi rejeitado pela maioria da população nas eleições para presidente em 2002, 2006, 2010 e 2014. Projeto também defendido pelo PSDB, que apoiou visceralmente o golpe e que foi derrotado, também, em 2002, 2006, 2010 e 2014.

Assim sendo, o golpe dos derrotados quer implantar um governo dos derrotados com uma agenda dos derrotados. Ainda, na presidência da Câmara dos Deputados, logo, vice presidente da República, um representante do DEM, outro partido que coleciona derrotas.

Querem transformar o Brasil no país dos derrotados.

Não respeitaram as regras democráticas, apesar das aparências, e agiram com violência e grosseria.

Terão o troco na mesma moeda, e mais rápido do que se imagina.

Vem aí o governo do golpe




Busão de respeito

Brasil quer colocar nas ruas ônibus solares (que ainda trafegam por cima dos carros)
Brasil quer colocar nas ruas ônibus solares (que ainda trafegam por cima dos carros)
11 ago 2016
Já contamos aqui no The Greenest Post a respeito do Land Airbus, ônibus chinês que trafega por cima dos carros, transporta até mil pessoas e é movido a energia solar. A novidade agora é que o Brasil tem planos de replicar a tecnologia por aqui.

Segundo a agência de notícias Xinhuanet, estamos entre os quatro países do mundo que procuraram o governo da China interessados em importar o superônibus diretamente para suas ruas.

Por enquanto, trata-se de uma especulação, mas não seria nada mal. Desenvolvido pela TBS China, o Land Airbus é uma inovação e tanto para o setor de mobilidade urbana: além de amenizar (muito!) o problema dotrânsito, ele transporta muito mais gente do que os ônibus convencionais, não necessita de combustíveis fósseis e – tcharã! – é 10% mais barato do que os metrôs. Sem contar que sua obra também é muito mais rápida!

Quem aí já está animado para ver um desses pelas ruas brasileiras?

Enquanto esperamos, vale ver o vídeo do Land Airbus já operando, em fase de testes, nas ruas chinesas.

Fonte: BOL
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A introdução de veículos automotores movidos a energia elétrica, é necessária e urgente.

O caso do ônibus chinês, que trafega por cima dos carros, não pode ser instalado em qualquer via.

Pelas imagens, somente carros de passeio passam por baixo do busão. Limitação natural para ônibus e caminhões.

A altura máxima para veículos nas vias brasileiras é de 4 metros e 40 centímetros, poucos centímetros a mais da altura dos busões de dois andares. Considere ainda, que muitas vias de cidades brasileiras tem passarelas para pedestres com altura inferior aos 4 metros, como são as passarelas das vias do aterro do Flamengo na cidade maravilha olímpica, o que limita o trânsito de alguns veículos, mesmo de acordo com a legislação.

Diferente dos ônibus urbanos movidos a energia elétrica que circulam em qualquer via e não andam nas alturas, o busão chinês não pode ser implantado em qualquer via.

No entanto, a ideia é boa e pode ser aplicada em vias e corredores específicos de cidades brasileiras.

Resistir

Dilma e os canalhas no dia 31 de agosto de 2016

31 de August de 2016

Neste 31 de agosto de 16 o Brasil viverá o velório de mais um dos seus períodos democráticos. Não é novidade por aqui que a história se realize de golpes em golpes. A Independência de Portugal já foi uma farsa de um autogolpe, dado pelo filho de um império que recebeu vultuosa quantia para “aceitar” o golpe. Outros tantos viriam depois, alguns celebrados outros nem tanto.


Cada golpe vai entrando para a história de um jeito. Em geral, o que os define são as suas características menos sutis.

O golpe 16 já começou a ter a sua história contada. E com exceção da mídia local, já começa a ser tratado no mundo e pelos veículos independentes do Brasil como aquele em que uma presidente honesta foi condenada por um bando.

Por uma corja de corruptos que temia ser presa e que, nas palavras do senador Romero Jucá, um dos que articula a deposição de Dilma e que irá julgar a presidenta hoje, precisava se concretizar para “estancar a sangria”. Ou seja, acabar com a Operação Lava Jato.

O golpe 16 também será contado como aquele que se realizou porque após uma disputa eleitoral dura em 14, a elite não aceitou a derrota. E preferiu apostar todas as suas fichas na desestabilização do governo do que esperar 2018. Por calcular que a economia poderia melhorar lá na frente e Lula vir a vencer mais uma eleição.

O golpe 16 ainda tende a ser lembrado como aquele que levou o Brasil a entregar o pré-sal, a privatizar empresas estratégicas, a mudar sua lei trabalhista, a fazer a reforma mais dura da Previdência e a criminalizar os movimentos sociais como nas mais retintas ditaduras.

Não será um tempo bom o que virá. Muito pelo contrário. Mas ainda não é possível saber quanto esse tempo durará.

Pode ser bem menos do que o mais otimista dos defensores de Dilma imagine neste momento. Até porque a história se move hoje em velocidade de milhões de bytes. E não mais nem na dinâmica da carroça ou na do relógio de pulso.

E se o poder tem o controle digital das nossas vidas, o contrapoder também se articula em potentes sub-redes de milhões de pontos distribuídos. E pode transformar o que parece desorganização numa imensa tsunami de resistência.

É ainda cedo, muito cedo, para prognósticos.

Mas a narrativa da injustiça contra Dilma já parece se consolidar numa velocidade pouco previsível. E as palavras canalhas e golpistas também parecem se tornar indissociáveis dos seus algozes.

O tempo, senhor da razão, não perdoa.

Ele passa como uma avalanche pelas nossas vidas, marca nossos rostos, mãos, temperamentos e biografias. Ele conhece cada um dos nossos acertos e erros. E nos impõe vitórias e derrotas diárias.

Dilma não tem como vencer a disputa de hoje no Senado. Ela sofrerá o impeachment. Mas isso talvez faça parte da história épica de sua vida. Que nunca foi lírica. E sua passagem pela presidência, olhando para o tempo, não poderia ser diferente.

Ao fim, como nos clássicos épicos, Dilma terá o destino pelo qual lutou reconhecido. E seus algozes de hoje cairão um a um.

Se uma certeza parece aflorar deste julgamento é que o deputados e senadores que estão caçando Dilma não resistirão às marcas que o tempo lhes imprimirá. Eles já estão em processo histórico de condenação e humilhação moral. E talvez em quantidade de meses muito pequena, quando ouvirem canalhas, agradecerão. Será quase um elogio perto do que virá.

Fonte: Blog do Rovai
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Muitos textos sobre o golpe, talvez a maioria, citam o julgamento pela História como restauração da verdade neste duro momento para os defensores da Democracia.

Um consolo, um ânimo, para a dura luta que virá pela frente, porém, melhor que o consolo é a voz ativa.

No entanto, para este blogueiro - O PAPIRO - , neste momento o que vale é a História instantânea, o jornalismo instantâneo na roda da História, que muitos profissionais transformaram em livros sobre o golpe.

Aguardar o julgamento da História é renunciar a luta.

No entanto, Rovai toca em um ponto que passou sem ser notado pela maioria, que é a dinâmica das redes sociais e a maneira como se forjam opiniões e consciências neste ambiente.

Diferente dos golpes de 1964 e de 1992( o impeachment de Collor também foi golpe e abordarei o assunto em outra postagem) atualmente temos redes sociais, fator que altera e dilui o tempo. Por outro lado, o , nível de politização dos usuários das redes é, em grande parte, rasteiro e sensível a comandos e ideias.



A batalha se dará nas redes sociais e irá desaguar naturalmente nas ruas.

"Não será um tempo bom o que virá. Muito pelo contrário. Mas ainda não é possível saber quanto esse tempo durará.
Pode ser bem menos do que o mais otimista dos defensores de Dilma imagine neste momento. Até porque a história se move hoje em velocidade de milhões de bytes. E não mais nem na dinâmica da carroça ou na do relógio de pulso."


Dentre os cenários possíveis e realistas que irão inaugurar o pós-golpe, conflitos sociais são bem prováveis, o que jogará o país em um caos.

Aos defensores da Democracia, a desobediência civil é necessária e imprescindível para a luta que se incia, por ironia do destino, em mais um primeiro dia do mês.

É crime

Detalhes da separação do ano: Bonner saiu de casa na semana passada. E não foi a primeira vez!
Fonte: O DIA______________________________
Abandono de lar é crime previsto na legislação brasileira.

E dá cadeia.

O Brazil golpeia o Brasil

Bloomberg publica reportagem ligando a Globo ao golpe

Reportagem afirma que a história da Globo se confunde com as trevas do regime militar brasileiro e esse legado ainda assombra os Marinho.

Jornal GGN

Jornal GGN - A Agência Bloomberg, uma das maiores agências financeiras do planeta, acaba de publicar reportagem crítica sobre as Organizações Globo (http://migre.me/uQ44H). De autoria do repórter Blake Schmidt, a reportagem começa lembrando a fortuna da família Marinho, a dimensão da Globo frente a concorrência e o fato dos Marinhos ocuparem 3 das dez posições do Índice Bloomberg de Bilionários para o Brasil.

Diz que a história da Globo se confunde com as trevas do regime militar brasileiro e esse legado ainda assombra os Marinho. A reportagem cita partidários de Dilma afirmando que a cobertura de notícias pela Globo ajudou a preparer o processo de impeachment.

Entrevistado, o historiador João Braga informa que o “Globo foi um dos grupos empresariais qiue se beneficiaram da era da ditadura militar”. Diz mais: “Há grupos hoje que enxergam na Globo nào apenas um adversário de Dilma, mas um agente do golpe”.

A reportagem menciona a reação contra a Globo nos piquetes e manifestações contra o impeachment e o lema “o povo não é bobo, abaixo a rede Globo”.

Cita um artigo do Guardian em abril lembrando o golpe militar e mencionando que a Globo atua hoje em dia de forma semelhante para agitar para o brasileiro rico. João Roberto Marinho, presidente do grupo, enviou uma carta para o Guardian, mas recusou-se a comentar o artigo da Bloomberg.

A reportagem vai além. Diz que além do império de mídia, a fundação dos Marinhos também projetou seis museus, “dando à família o domínio na formação da narrativa histórica e cultural da Nação”.

A reportagem diz que a Globo é mencionada 40 vezes em um relatório de 229 páginas publicado em dezembro pela Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, descrevendo as relações comerciais entre Roberto Marinho e a ditadura. Menciona o embaixador norte-americano descrevendo-o como o articulador principal do regime militar.

Diz que essa relação com os militares permitiu à Globo montar a parceria com a Time-Life, que aportou US$ 6 milhões entre 1962 e 1966, 30 vezes o capital do grupo brasileiro na época.

A reportagem lembra o documentário “Muito além do Cidadão Kane” sobre Roberto Marinho, mostrando os laços do grupo com a ditadura



O GOLPE VISTO DE DENTRO:

O Globo: 'Em dia histórico, país deverá ter hoje impeachment e duas posses. Decisão do plenário pode pôr fim a 13 anos da era PT' (Globo, 31/08/2016).
Globo em garrafais acha que dia de hoje é histórico porque põe fim a 13 anos da era do PT. Em 1964 eles falaram que venceu a democracia...

Estado de SP: 'Vitorioso o movimento democrático' (Estadão, 2 de abril de 1964) O que eles afirmam hoje como verdade remete ao que falsearam em 1964.

Fonte: CARTA MAIOR
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A maioria da imprensa estrangeira, incluindo os maiores veículos de imprensa do mundo, afirmam, sem medo de acertar, que o processo de impeachment de Dilma trata-se de um golpe de estado.
Um estupro da Democracia. Mesma compreensão da imprensa alternativa do Brasil.

A totalidade da grande imprensa brasileira, afirma que o processo de impeachment é democrático, logo, não é golpe.

A maioria da classe média brasileira, segmento importante na formação de opinião no país, não sabe o que significa Brasil.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Eles moram longe


Latuff Dilma e congressistas


renato_aroeira-julgamento_impeachment



Cobras, ratos e abutres julgando uma presidenta.

Perfeito.

Certa ocasião, tempos atrás, embarquei em um ônibus no centro do Rio de Janeiro com destino a cidade de Maricá, localizada na região metropolitana de Niterói. Embarquei por volta das 18 horas, horário que muitas pessoas que moram em Maricá e trabalham no Rio também estão voltando para suas casas. O ônibus passa por alguns bairros da cidade de Niterói e também do município São Gonçalo. Nesse horário, o morador de Maricá fica por volta de uma hora e quarenta minutos dentro do coletivo, até chegar em seu destino. Muitos moradores de bairros de São Gonçalo também usam a linha Maricá - Centro do Rio. Para os moradores de São Gonçalo a viagem é mais curta algo em torno de 50, 60 minutos.

Sentado na fileira dos últimos bancos do coletivo, ao meu lado estava um casal bem vestido, voltando do trabalho e pelo que ouvi da conversa entre ambos eram moradores de São Gonçalo:

homem - até que hoje o trânsito está bom
mulher - ainda bem, assim vai rápido
homem - São Gonçalo não é tão longe.
mulher - é verdade. Olha só essa gentinha que mora em Maricá. Esses aí sofrem um bocado. Moram longe e moram mal.
homem -são pobres.

Quieto, no meu canto, mas super atento ao diálogo, registrei a pérola.

O diálogo reflete muito bem o que é a classe média brasileira e seus parâmetros de medição e comparação, isso em todos os níveis sociais.

Para aquele casal, os moradores de Maricá eram inferiores na escala social, Eram pobres, enquanto eles, o casal , era a classe média.

Esse comportamento da classe média vem de longa data e foi, e tem sido, incentivado pelas elites endinheiradas do país.

Dessa forma, e de alguma forma, todos são classe média aspirantes a elite, até mesmo o morador de rua que tem apenas um colchão e um cachorro e o outro ao seu lado tem apenas uns pedaços de papelão.

Esse comportamento criou uma obsessão em uma parcela da população em ser chamada de elite. Tanto é assim que essa classe média está sempre disponível - tal qual o antológico hímen complacente citado pelo Dr. Ulisses Guimarães no plenário da Câmara dos Deputados - para sugestões de ideias e comportamentos lançados pelas elites endinheiradas.

Essa parcela da classe média, que não é pequena, é estreita intelectualmente e com um alcance de visão quase nulo.

De uma maneira geral são analfabetos políticos e seguem as orientações das elites, que tanto veneram e imitam.

Uma parte dessa classe média esteve nas ruas defendendo o fora Dilma e principalmente o fora PT. Principalmente o fora PT, porque esse PT tem essa mania metida de valorizar a cultura nacional. Eu odeio isso. Se não foi dito pelo casal que não mora longe, foi dito , certamente por alguém nos dias atuais.

Uma outra parcela se omite, não se compromete, pois acredita que não é de sua conta, e ainda flerta, timidamente, com o afastamento da presidenta, já que suas referências de elite afirmam que a mudança promovida pelo impeachment lançará o Brasil na modernidade. A palavra modernidade proferida pelas elites, cria uma excitação incontrolável nessa parcela da população.

A tal modernidade tem sido exaltada, quase diariamente nesses dias que antecedem o julgamento, por diferentes pessoas da força tarefa golpista.

O ex-presidente Fernando Henrique, semana passada, disse que a modernidade é necessária, já que os governos Lula e Dilma estão implantando no país um Estado de Bem Estar Social, tardio. FHC, utiliza a palavra tardio no sentido de obsoleto, ultrapassado, em comparação com os estados europeus que implantaram essa políticas de segurança social nos anos das décadas de 50, 60 e 70 do século passado, e que, com "a modernidade ultraneoliberal " estão sendo desmantelados.

Mesmo em países europeus, com desigualdades sociais que nem de longe se assemelham ao Brasil, o desmantelamento do estado de bem estar social, tem gerado o aumento da pobreza e mesmo da miséria nesses países.

A "modernidade" que se desenha para o Brasil com o governo do golpe, é sinônimo de genocídio para um povo, algo que a classe média não alcança, não entende, não enxerga, mas que sentirá de forma dramática os efeitos.

Ao contrário da retórica manipuladora e oportunista de FHC, os governos Lula e Dilma agiram de forma correta com a implementação de políticas e programas de segurança social.

Arrisco a dizer que a promoção do equilíbrio social, do equilíbrio ambiental, formas de economia compartilhada e solidária, são , de fato, elementos de um modernidade emergente, que nada tem em comum com a "modernidade" dos mercados em transe, improdutivos, que se pretende, aí, sim, de forma tardia e obsoleta implantar no país através de um golpe de estado grosseiro, violento, produzido por pessoas e grupos sociais supostamente bem educados. Quando nas fronteiras do conhecimento científico os conceitos que emergem falam de equilíbrio, interdependência, sustentabilidade, cooperação, a "modernidade" do golpe ainda se apega a uma dependência estrutural, real, verdadeira, porém superada em todas as dimensões de uma concepção sócio ambiental.

Na era da disputa das narrativas, os golpes são linguísticos, sem tanques nem armas, Como disse um ministro do Supremo Tribunal Federal em uma palestra e amplamente divulgado na mídia:

- crimes a gente encontra, cria se necessário. A partir daí se constrói uma narrativa, julga-se e condena-se quem se deseja condenar.

Sacco e Vanzetti vivenciaram essa farsa. 


Eles moravam longe.