Dilma e os canalhas no dia 31 de agosto de 2016
31 de August de 2016
Neste 31 de agosto de 16 o Brasil viverá o velório de mais um dos seus períodos democráticos. Não é novidade por aqui que a história se realize de golpes em golpes. A Independência de Portugal já foi uma farsa de um autogolpe, dado pelo filho de um império que recebeu vultuosa quantia para “aceitar” o golpe. Outros tantos viriam depois, alguns celebrados outros nem tanto.

Cada golpe vai entrando para a história de um jeito. Em geral, o que os define são as suas características menos sutis.
O golpe 16 já começou a ter a sua história contada. E com exceção da mídia local, já começa a ser tratado no mundo e pelos veículos independentes do Brasil como aquele em que uma presidente honesta foi condenada por um bando.
Por uma corja de corruptos que temia ser presa e que, nas palavras do senador Romero Jucá, um dos que articula a deposição de Dilma e que irá julgar a presidenta hoje, precisava se concretizar para “estancar a sangria”. Ou seja, acabar com a Operação Lava Jato.
O golpe 16 também será contado como aquele que se realizou porque após uma disputa eleitoral dura em 14, a elite não aceitou a derrota. E preferiu apostar todas as suas fichas na desestabilização do governo do que esperar 2018. Por calcular que a economia poderia melhorar lá na frente e Lula vir a vencer mais uma eleição.
O golpe 16 ainda tende a ser lembrado como aquele que levou o Brasil a entregar o pré-sal, a privatizar empresas estratégicas, a mudar sua lei trabalhista, a fazer a reforma mais dura da Previdência e a criminalizar os movimentos sociais como nas mais retintas ditaduras.
Não será um tempo bom o que virá. Muito pelo contrário. Mas ainda não é possível saber quanto esse tempo durará.
Pode ser bem menos do que o mais otimista dos defensores de Dilma imagine neste momento. Até porque a história se move hoje em velocidade de milhões de bytes. E não mais nem na dinâmica da carroça ou na do relógio de pulso.
E se o poder tem o controle digital das nossas vidas, o contrapoder também se articula em potentes sub-redes de milhões de pontos distribuídos. E pode transformar o que parece desorganização numa imensa tsunami de resistência.
É ainda cedo, muito cedo, para prognósticos.
Mas a narrativa da injustiça contra Dilma já parece se consolidar numa velocidade pouco previsível. E as palavras canalhas e golpistas também parecem se tornar indissociáveis dos seus algozes.
O tempo, senhor da razão, não perdoa.
Ele passa como uma avalanche pelas nossas vidas, marca nossos rostos, mãos, temperamentos e biografias. Ele conhece cada um dos nossos acertos e erros. E nos impõe vitórias e derrotas diárias.
Dilma não tem como vencer a disputa de hoje no Senado. Ela sofrerá o impeachment. Mas isso talvez faça parte da história épica de sua vida. Que nunca foi lírica. E sua passagem pela presidência, olhando para o tempo, não poderia ser diferente.
Ao fim, como nos clássicos épicos, Dilma terá o destino pelo qual lutou reconhecido. E seus algozes de hoje cairão um a um.
Se uma certeza parece aflorar deste julgamento é que o deputados e senadores que estão caçando Dilma não resistirão às marcas que o tempo lhes imprimirá. Eles já estão em processo histórico de condenação e humilhação moral. E talvez em quantidade de meses muito pequena, quando ouvirem canalhas, agradecerão. Será quase um elogio perto do que virá.
Neste 31 de agosto de 16 o Brasil viverá o velório de mais um dos seus períodos democráticos. Não é novidade por aqui que a história se realize de golpes em golpes. A Independência de Portugal já foi uma farsa de um autogolpe, dado pelo filho de um império que recebeu vultuosa quantia para “aceitar” o golpe. Outros tantos viriam depois, alguns celebrados outros nem tanto.
Cada golpe vai entrando para a história de um jeito. Em geral, o que os define são as suas características menos sutis.
O golpe 16 já começou a ter a sua história contada. E com exceção da mídia local, já começa a ser tratado no mundo e pelos veículos independentes do Brasil como aquele em que uma presidente honesta foi condenada por um bando.
Por uma corja de corruptos que temia ser presa e que, nas palavras do senador Romero Jucá, um dos que articula a deposição de Dilma e que irá julgar a presidenta hoje, precisava se concretizar para “estancar a sangria”. Ou seja, acabar com a Operação Lava Jato.
O golpe 16 também será contado como aquele que se realizou porque após uma disputa eleitoral dura em 14, a elite não aceitou a derrota. E preferiu apostar todas as suas fichas na desestabilização do governo do que esperar 2018. Por calcular que a economia poderia melhorar lá na frente e Lula vir a vencer mais uma eleição.
O golpe 16 ainda tende a ser lembrado como aquele que levou o Brasil a entregar o pré-sal, a privatizar empresas estratégicas, a mudar sua lei trabalhista, a fazer a reforma mais dura da Previdência e a criminalizar os movimentos sociais como nas mais retintas ditaduras.
Não será um tempo bom o que virá. Muito pelo contrário. Mas ainda não é possível saber quanto esse tempo durará.
Pode ser bem menos do que o mais otimista dos defensores de Dilma imagine neste momento. Até porque a história se move hoje em velocidade de milhões de bytes. E não mais nem na dinâmica da carroça ou na do relógio de pulso.
E se o poder tem o controle digital das nossas vidas, o contrapoder também se articula em potentes sub-redes de milhões de pontos distribuídos. E pode transformar o que parece desorganização numa imensa tsunami de resistência.
É ainda cedo, muito cedo, para prognósticos.
Mas a narrativa da injustiça contra Dilma já parece se consolidar numa velocidade pouco previsível. E as palavras canalhas e golpistas também parecem se tornar indissociáveis dos seus algozes.
O tempo, senhor da razão, não perdoa.
Ele passa como uma avalanche pelas nossas vidas, marca nossos rostos, mãos, temperamentos e biografias. Ele conhece cada um dos nossos acertos e erros. E nos impõe vitórias e derrotas diárias.
Dilma não tem como vencer a disputa de hoje no Senado. Ela sofrerá o impeachment. Mas isso talvez faça parte da história épica de sua vida. Que nunca foi lírica. E sua passagem pela presidência, olhando para o tempo, não poderia ser diferente.
Ao fim, como nos clássicos épicos, Dilma terá o destino pelo qual lutou reconhecido. E seus algozes de hoje cairão um a um.
Se uma certeza parece aflorar deste julgamento é que o deputados e senadores que estão caçando Dilma não resistirão às marcas que o tempo lhes imprimirá. Eles já estão em processo histórico de condenação e humilhação moral. E talvez em quantidade de meses muito pequena, quando ouvirem canalhas, agradecerão. Será quase um elogio perto do que virá.
Fonte: Blog do Rovai
___________________________________________________________

Muitos textos sobre o golpe, talvez a maioria, citam o julgamento pela História como restauração da verdade neste duro momento para os defensores da Democracia.
Um consolo, um ânimo, para a dura luta que virá pela frente, porém, melhor que o consolo é a voz ativa.
No entanto, para este blogueiro - O PAPIRO - , neste momento o que vale é a História instantânea, o jornalismo instantâneo na roda da História, que muitos profissionais transformaram em livros sobre o golpe.
Aguardar o julgamento da História é renunciar a luta.
No entanto, Rovai toca em um ponto que passou sem ser notado pela maioria, que é a dinâmica das redes sociais e a maneira como se forjam opiniões e consciências neste ambiente.
Diferente dos golpes de 1964 e de 1992( o impeachment de Collor também foi golpe e abordarei o assunto em outra postagem) atualmente temos redes sociais, fator que altera e dilui o tempo. Por outro lado, o , nível de politização dos usuários das redes é, em grande parte, rasteiro e sensível a comandos e ideias.
A batalha se dará nas redes sociais e irá desaguar naturalmente nas ruas.
"Não será um tempo bom o que virá. Muito pelo contrário. Mas ainda não é possível saber quanto esse tempo durará.
Pode ser bem menos do que o mais otimista dos defensores de Dilma imagine neste momento. Até porque a história se move hoje em velocidade de milhões de bytes. E não mais nem na dinâmica da carroça ou na do relógio de pulso."
Dentre os cenários possíveis e realistas que irão inaugurar o pós-golpe, conflitos sociais são bem prováveis, o que jogará o país em um caos.
Aos defensores da Democracia, a desobediência civil é necessária e imprescindível para a luta que se incia, por ironia do destino, em mais um primeiro dia do mês.
Muitos textos sobre o golpe, talvez a maioria, citam o julgamento pela História como restauração da verdade neste duro momento para os defensores da Democracia.
Um consolo, um ânimo, para a dura luta que virá pela frente, porém, melhor que o consolo é a voz ativa.
No entanto, para este blogueiro - O PAPIRO - , neste momento o que vale é a História instantânea, o jornalismo instantâneo na roda da História, que muitos profissionais transformaram em livros sobre o golpe.
Aguardar o julgamento da História é renunciar a luta.
No entanto, Rovai toca em um ponto que passou sem ser notado pela maioria, que é a dinâmica das redes sociais e a maneira como se forjam opiniões e consciências neste ambiente.
Diferente dos golpes de 1964 e de 1992( o impeachment de Collor também foi golpe e abordarei o assunto em outra postagem) atualmente temos redes sociais, fator que altera e dilui o tempo. Por outro lado, o , nível de politização dos usuários das redes é, em grande parte, rasteiro e sensível a comandos e ideias.
A batalha se dará nas redes sociais e irá desaguar naturalmente nas ruas.
"Não será um tempo bom o que virá. Muito pelo contrário. Mas ainda não é possível saber quanto esse tempo durará.
Pode ser bem menos do que o mais otimista dos defensores de Dilma imagine neste momento. Até porque a história se move hoje em velocidade de milhões de bytes. E não mais nem na dinâmica da carroça ou na do relógio de pulso."
Dentre os cenários possíveis e realistas que irão inaugurar o pós-golpe, conflitos sociais são bem prováveis, o que jogará o país em um caos.
Aos defensores da Democracia, a desobediência civil é necessária e imprescindível para a luta que se incia, por ironia do destino, em mais um primeiro dia do mês.