sábado, 13 de agosto de 2016

Novos Prometeus

O “14 Bis” de Nicolelis voou no Brasil: Pela primeira vez no mundo, pesquisa mostra que paraplégicos podem recuperar movimentos e tato
13 de agosto de 2016 às 11h20


por Conceição Lemes

A função da verdade é aparecer. Sempre. Mesmo que às vezes demore. Em ciência, especificamente, costuma levar tempo.

Meados da década de 1990, Estados Unidos. O laboratório do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, na Universidade Duke, em colaboração com o de John Chapin na Filadélfia, criou o paradigma moderno da interface cérebro-máquina.

Através dessa combinação, qualquer pessoa pode usar apenas a sua atividade elétrica cerebral para controlar os movimentos de braços e pernas robóticos e virtuais, ou colaborar mentalmente na execução de tarefas motoras.

Publicado em 1999, o primeiro trabalho de Nicolelis, envolvendo cérebro-máquina, foi em ratos.

12 de junho de 2014, Brasil. Abertura da Copa do Mundo, Arena Corinthians, mais conhecida como Itaquerão, em São Paulo.

O Projeto Andar de Novo, liderado por Nicolelis e que envolveu 150 participantes (entre os quais, pesquisadores e técnicos) de 25 países, realizou uma demonstração científica inédita.

Usando a tecnologia interface cérebro-máquina, o jovem Juliano Pinto, com o corpo paralisado do peito para baixo, deu o chute inaugural da Copa.

Nas pernas, Juliano “vestia” um exoesqueleto. É uma “roupa robótica”.

Na cabeça, por baixo do capacete, múltiplos eletrodos (não invasivos) embutidos numa espécie de touca aplicada no couro cabeludo, imediatamente acima das áreas cerebrais envolvidas no controle motor.

Essa tecnologia permitiu que Juliano controlasse os movimentos do exoesqueleto e, ao mesmo tempo, recebesse dele sinais táteis nos pés e, assim, desse o pontapé inicial.

A Fifa, por motivos até hoje não esclarecidos, fez de tudo para derrubar a apresentação. Após longa batalha, só concedeu 29 segundos. Por razões misteriosas também, apenas 8 segundos foram exibidos na transmissão ao vivo, pela TV.

De pronto, a grande mídia e alguns cientistas brasileiros tacharam o êxito como “fracasso”.

Enquanto o feito era saudado na Europa e EUA, aqui Nicolelis e equipe sofreram toda a sorte de difamação e injúrias.

Uma perseguição implacável. Por inveja, preconceito — ele escolheu o Nordeste para erguer o Instituto Internacional de Neurociência –, sabotagem — o nosso vira-latismo crônico insiste em desprezar o que é feito aqui –, picuinhas acadêmicas e suas posições políticas progressistas.

Mas, desespero dos desafetos e alegria de todos os que torcem por um mundo realmente melhor, 2 anos, 1 mês e 29 dias depois, a verdade apareceu.

11 de agosto de 2016. Nessa quinta-feira, a revista Scientific Reports, da Nature, publicou o primeiro artigo científico sobre Projeto Andar de Novo. São 16 páginas.



O artigo relata os resultados obtidos por oito pacientes paraplégicos crônicos, entre os quais o Juliano Pinto, que treinaram durante um ano (janeiro a dezembro de 2014), usando interfaces cérebro-máquina. Entre elas, a realidade virtual para ajudá-los a imaginar que estavam se movimentando com as suas próprias pernas.



No início do estudo, os pacientes (duas mulheres e seis homens):

* Tinham entre 26 e 36 anos de idade.

* Estavam paralisados por lesão medular de três anos a 13 anos.

* Sete foram classificados como portadores de lesão medular completa e um como tendo lesão incompleta.

* Nenhum havia apresentado qualquer sinal de melhora clínica com métodos tradicionais de reabilitação antes da entrada no Projeto Andar de Novo.

* Nenhum também tinha movimentos voluntários abaixo do nível da sua lesão medular no início do treinamento.

Após um ano de treinamento com sistemas controlados pela atividade cerebral, incluindo um exoesqueleto motorizado e realidade virtual, descobertas fantásticas.

Os pacientes readquiriram a habilidade de mover voluntariamente alguns músculos das pernas e sentir o tato e dor.

Também recuperaram grau importante dos movimentos peristálticos do intestino e do controle da bexiga, além de melhora sensível das funções cardiovasculares.

Conclusão: Pela primeira vez no mundo, um estudo mostra a recuperação neurológica parcial em pacientes portadores de paraplegia completa, com base no uso de interfaces cérebro-máquina.

Uma esperança concreta para milhões de pessoas, que, até agora, tinham como única perspectiva a cadeira de rodas.

Nicolelis é pesquisador e professor da Duke University (EUA) e coordenador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) (Brasil).

Eu o entrevistei sobre os resultados da pesquisa e o seu significado para milhões de pessoas com lesão medular.

Viomundo – Professor, o trabalho publicado nessa quinta-feira é o coroamento de três anos e meio do Projeto Andar de Novo?

Miguel Nicolelis – Mais do que isso. É o coroamento de 18 anos de pesquisa de interface cérebro-máquina, área que eu e John Chapin criamos.

Em 1999, quando publicamos o primeiro trabalho em ratos, nós achávamos que o máximo que se conseguiria era criar métodos para tecnologias assistidas, permitindo que pacientes severamente paralisados pudessem readquirir mobilidade por meios artificiais. Por exemplo, membros protéticos ou exoesqueletos controlados diretamente pela atividade dos seus cérebros.

Lá atrás, a gente nunca imaginou que o treinamento contínuo com interface máquina-cérebro pudesse levar a qualquer tipo de melhora clínica.

É justamente essa descoberta que relatamos neste trabalho publicado agora. É o primeiro de uma série. Outros já estão a caminho. Um inclusive já foi aceito.


Viomundo – Em resumo, o que demonstrou o estudo até agora?

Miguel Nicolelis – Aparentemente a prática crônica de reabilitação pode levar à melhoria da sensibilidade e à reativação do controle voluntário muscular abaixo da lesão em níveis que ninguém jamais registrou na literatura de lesões medulares.

Viomundo – Eu assisti ao vídeo da pesquisa. É possível ver pacientes fazendo movimentos nas pernas. Eles tinham esses movimentos antes?

Miguel Nicolelis – Nenhum deles tinha qualquer movimento das pernas. Sete deles foram classificados por anos – de 3 a 13 — como paraplégicos completos. No momento em que começaram a ter esses movimentos, eles passaram também a ter sensibilidade nos mesmos segmentos do corpo abaixo da lesão.

Viomundo – Exatamente começou esse trabalho com os pacientes?

Miguel Nicolelis – Desde dezembro de 2013. Nos primeiros 12 meses (janeiro a dezembro de 2014), quatro deles foram reclassificados como paraplégicos incompletos e mudaram de categoria.

Mas como a gente continua a acompanhá-los, agora em junho de 2016 todos os sete foram reclassificados como paraplégicos parciais. Todos os pacientes tiveram recuperação significativa.

Cada um mudou num momento diferente. O tempo de recuperação também é diferente de um para outro, assim como as lesões são diferentes.


Viomundo – São sete ou oito pacientes?

Miguel Nicolelis – Eram oito, mas um teve de deixar o projeto no final do ano passado, porque mudou de cidade.

Viomundo – O grupo é o mesmo desde o início?

Miguel Nicolelis — O mesmo.

Viomundo – Então, quando o senhor começou o projeto não cogitava essa melhora real dos pacientes?

Miguel Nicolelis – Ninguém no mundo esperava por isso. Eu nunca falei a respeito antes porque imaginei que isso não seria possível.

Viomundo – Em que momento percebeu que estava ocorrendo algo além do previsto inicialmente?

Miguel Nicolelis – Logo depois da Copa, quando refizemos os exames neurológicos. Á medida que o tempo foi passando, fomos percebendo que eles foram obtendo ganhos. Recuperando a possibilidade de controlar voluntariamente os músculos dos quadris, das pernas… Tem um paciente no vídeo que consegue mover ambas as pernas, envolvendo o quadril, o joelho e até o tornozelo. Ele estava há 13 anos numa cadeira de rodas sem movimentação alguma!

Viomundo — O tempo de lesão interfere? E a idade?

Miguel Nicolelis – Eles são jovens, numa faixa etária que vai de 26 a 36 anos. Mas o mais importante é o tempo de lesão. Variava de 3 a 13 anos quando entraram no projeto.

Eles são os chamados pacientes crônicos. Já tinham feito reabilitação convencional e não melhoraram nada clinicamente.

O mais interessante é que a melhora não se restringe à parte motora e sensorial. Há também um componente visceral muito importante. Esses pacientes recuperaram movimentação peristáltica intestinal. Adquiriram melhor controle da bexiga. Tiveram melhoras cardiovasculares. Enfim, uma recuperação fisiológica global. Algo inédito até agora.


Viomundo – Para o paciente conseguir esses resultados, qual a duração do tratamento?

Miguel Nicolelis – No paciente que parou de treinar, a gente já nota queda de performance. Portanto, é um caso mostrando que o treinamento é essencial.

Viomundo – Então tem de ter continuidade?

Miguel Nicolelis — Os efeitos não desaparecem imediatamente se o paciente parar. Leva alguns meses para começar a haver algum tipo de regressão. Mas até onde as melhoras continuam a gente não sabe. Até o momento a gente não tem um platô.

Viomundo – Qual é a sua hipótese para essa melhora?

Miguel Nicolelis — Essa prática de usar o cérebro para controlar um sistema e receber simultaneamente feedback visual e tátil leva a um processo de plasticidade cortical. E como os nossos pacientes estavam andando com exoesqueleto, que é um equipamento robótico, provavelmente houve plasticidade de medula espinhal também. Ou seja, se sobra algum nervo numa lesão espinhal talvez seja possível usá-lo para restabelecer um contato do córtex com os músculos.


Viomundo – Professor, como a gente explica para o leigo a questão do exoesqueleto, da interface cérebro-máquina?

Miguel Nicolelis — Basicamente o cérebro é como se fosse uma orquestra sinfônica que muda a configuração dos seus instrumentos cada vez que ele produz uma nota musical.

É o único sistema que a gente conhece que é capaz de se autorremodelar para otimizar a sua performance.

Então, a ênfase não é no exoesqueleto, na máquina. É no treinamento mental que faz o paciente tentar readquirir a capacidade de imaginar movimentos nas pernas.

O que interessa é o que o paciente faz mentalmente para isso e os sinais que ele emite.

Assim, por meio de eletroencefalograma, a gente captura esses sinais. É o suficiente para criar uma sensação de realismo de marcha autônoma.

O cérebro precisa de feedback, precisa de sinais do mundo para se autoconfigurar.

Nós inserimos feedback tátil na camiseta especial que o paciente usa – há sensores dela no pé. À medida que caminha, ele vai recebendo feedback tátil do contato do pé no solo, na pele dos braços.

E com isso a gente criou uma ilusão. O cérebro criou uma sensação de membro fantasma. E essa sensação dá a nítida impressão para o paciente de que ele está andando pelos próprios meios, que ele não está dependendo da tecnologia assistida que nós usamos.

Eu acho que isso que foi essencial para disparar o processo de plasticidade cerebral.

Quando os pacientes chegaram aqui, eles não tinham mais no córtex motor a representação dos membros inferiores ou a ideia de se locomover.

Isso tinha sido removido quase que completamente do cérebro. O nosso treinamento reinseriu no cérebro deles esse conceito de ter pernas e caminhar.


Viomundo – O que significa esse trabalho para as pessoas com lesões medulares?

Miguel Nicolelis — Abre uma perspectiva enorme para o mundo da reabilitação de lesões medulares. Existem no mundo pelo menos 25 milhões de pessoas sofrendo com paralisia severa, principalmente medula espinal. Existem também centenas de milhões de pessoas com déficit motor decorrente de derrames e outras doenças neurovegetativas.


Viomundo – E para a ciência?

Miguel Nicolelis — Esse trabalho é um coroamento daquilo que foi tentado no mundo. É mais um componente de esperança para todas essas pessoas, pois mostra que o cérebro tem formas de se autorreorganizar e tentar compensar o que foi perdido.

Nós precisamos entender qual é a linguagem da plasticidade cerebral para basicamente poder tirar vantagem dela e oferecer opções terapêuticas que aumentem a qualidade de vida.

E isso é o que a ciência faz. A ciência só tem sentido se ela é focada no bem da humanidade.

A propósito. Todo esse trabalho clínico foi totalmente desenvolvido no Brasil.

Sem a infraestrutura que foi criada no Instituto de Neurociência de Natal, nós nunca teríamos conseguido fazer esse projeto aqui.


Viomundo – Professor, especialmente nos últimos dois anos, o senhor sofreu ataque feroz por parte de alguns colegas desafetos e da grande mídia. O que diria para eles agora?

Miguel Nicolelis – A melhor resposta é o resultado da pesquisa. Ela demonstrou uma coisa que nunca tinha sido demonstrada antes no mundo. Além de sermos os pioneiros, os resultados foram em tempo recorde. A nossa perspectiva era isso ocorrer em cinco anos. Eles vieram com três anos e meio, já o Projeto Andar de Novo começou em dezembro de 2013.

Viomundo – E a tua equipe como está, já que ela também enfrentou uma pressão tremenda?

Miguel Nicolelis – Nós todos estamos muito felizes. Além da descoberta inédita, ele foi feito completamente aqui no Brasil. A ideia veio da minha carreira da Duke.
Mas este trabalho tem DNA brasileiro. Eu considero este trabalho o mais importante da minha carreira. O nosso “14 Bis” voou aqui.

Fonte: VIOMUNDO
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Imagine, caro leitor, se o amigo descobrir uma forma de energia limpa, barata, de fácil armazenamento, abundante e inesgotável.

Imagine, ainda, que essa nova energia possa substituir, imediatamente, todas as modalidades de energias e combustíveis fósseis atualmente amplamente utilizadas.

Imagine, também, se o amigo descobrir novas formas de tratamento de inúmeras doenças, sem a necessidade de utilização de drogas sintéticas e, sem a necessidade de cirurgias invasivas.

O caro leitor deve estar pensando que com as descobertas estará fazendo um bem à humanidade, ficará rico e que suas descobertas serão amplamente aceitas pela comunidade científica.

Se foi isso que imaginou, o caro leitor se equivocou.

De fato , suas descobertas são fantásticas, irão revolucionar o conhecimento, são úteis e relevantes para a humanidade, porém, também irão mudar paradigmas e empurrarão para a irrelevância os atuais segmentos farmacêutico e de petróleo.

Isso significa que o caro leitor será invejado, perseguido, desqualificado e, talvez, possa até ser assassinado.

Infelizmente é assim que as coisas funcionam, e a evolução, mesmo que alicerçada em sólidos e elegantes conceitos científicos, só é possível, permitida, se não ferir interesses econômicos, mesmo que as novas descobertas sejam de extrema relevância para vida das pessoas e do planeta.

Pessoas como Nicolelis fazem com que o 14 Bis voe, mais uma vez, no Brasil.

São os novos Prometeus.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Censura sem noção




O golpe resolveu tentar calar a boca da população que protesta nas ruas e nas redes sociais.

No entanto, o modelo de censura adotado pelo golpe, é algo similar a foto abaixo:

Fonte: BOL

Impossível calar as vozes contrárias a violência golpista.

Vivemos tempos de redes sociais, e o protesto, a liberdade de expressão, são livres, e com muita criatividade.






terça-feira, 9 de agosto de 2016

O golpe que o mundo rejeita

Sanders pede que EUA se posicionem contra impeachment de Dilma.

Sanders sobre o golpe no Brasil: 'os EUA deveriam defender oficialmente a realização de novas eleições como solução para a crise brasileira'



Fonte: CARTA MAIOR
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Sanders: impeachment se assemelha a golpe de estado

POR FERNANDO BRITO · 09/08/2016


Do site oficial do senador Bernie Sanders, avalista de Hillary Clinton, favorita na disputa presidencial norte-americana:

O senador Bernie Sanders na segunda-feira emitiu declaração exortando os Estados Unidos a tomar uma posição definitiva contra os esforços para remover a presidente brasileira Dilma Rousseff do cargo:

“Estou profundamente preocupado com o tentativas de remover a presidente democraticamente eleita do Brasil, Dilma Rousseff. Para muitos brasileiros e observadores do processo de impeachment controverso mais se assemelha a um golpe de Estado.

“Depois de suspender a primeira mulher presidente do Brasil por razões duvidosas, sem um mandato para governar, o novo governo interino aboliu os ministérios de mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Eles foram substituídos por um gabinete composto inteiramente de homens brancos. A administração nova, não eleita, rapidamente anunciou planos para impor austeridade, aumentar a privatização e instalar uma agenda marcadamente de direita.”

“O esforço para remover a presidente Dilma Rousseff não é um julgamento legal, mas sim político. Os Estados Unidos não podem se manter em silêncio enquanto as instituições democráticas de um dos nossos aliados mais importantes são prejudicadas. Temos de apoiar as famílias trabalhadoras do Brasil e procurar que que as diferenças sejam resolvidas com eleições democráticas. “


Com Hillary dependente do apoio de Sanders, ao menos até novembro ninguém espere gentilezas exageradas dos EUA a Temer.

Fonte: TIJOLAÇO
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LASA apoia Dilma e pôs FHC pra correr!

Pesquisadores internacionais defendem que golpe é "atentado contra a democracia"

publicado 11/08/2016

Representantes da LASA com o presidente Lula (Créditos: Heinrich Aikawa/Instituto Lula)

A LASA (Latin American Studies Association, Associação de Estudos Latino-Americanos) divulgou uma nota condenando o golpe contra a presidenta Dilma e classificando o processo como antidemocrático e arbitrário. Segundo o órgão, o golpe é "um atentado contra a democracia brasileira".

A LASA é uma associação composta por mais de 12.000 pesquisadores e institutos de todo o mundo, dedicados aos estudos políticos e culturais da América Latina.

Leia a nota:

A forma arbritária na qual o processo de impeachment está sendo realizado contra a presidenta Dilma Rousseff constitui um atentado contra a democracia brasileira;

Considerando que a democracia é uma condição indispensável para alcançar um futuro digno e socialmente justo para todos; e considerando que a comunidade internacional esteve presente e solidária com as lutas em defesa da democracia;

A Lasa denuncia o atual processo de impeachment no Brasil como antidemocrático e encoraja seus membros a chamar a atenção do mundo para os precedentes perigosos que o impeachment estabelece para toda a região.

Em julho, uma comissão de pesquisadores da LASA estiveram no Brasil e conversaram com o presidente Lula sobre o processo de impeachment contra a presidenta Dilma.

Um pouco antes, em maio, o ex-presidente FHC cancelou sua participação em um seminário organizado pela LASA, com medo de protestos contra o golpe no Brasil.

Fonte> CONVERSA AFIADA
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Manipulação a gente vê na velha mídia

Vende-se otimismo: como em todo golpe, o derrotismo virou ufanismo



Depois de três anos bombardeando a todos com pessimismo, ódio e com a percepção de um país em frangalhos, destruído, derrotado, não deixa de ser curioso observar a súbita guinada da mídia brasileira, com o auxílio providencial dos Jogos Olímpicos. O Brasil de repente parece outro lugar, com mais humor, energia e esperança no futuro. “Este é um país que vai para a frente” seria o lema perfeito para os tempos que vivemos, se não tivesse sido um dos slogans utilizados pela ditadura militar para ludibriar os incautos. Ops.

Como em todo golpe que se preza, o derrotismo explícito da velha mídia e de seus sabujos a soldo se transformou rapidamente em um ufanismo rastaquera, vulgar. Exatamente como em 1964, agora os (de)formadores de opinião reconhecem que este é um país incrível, capaz de espantar o mundo com seus feitos, como a abertura de uma Olimpíada. Ora, e quem é que não sabia disso? Somente os vira-latas da imprensa e os que vestiam camisetas da CBF para protestar até outro dia apostavam no vexame, que seríamos incapazes de fazer uma festa daquelas. Pois eu acho até que foi fraca para o potencial que temos.

A festa idealizada por Fernando Meirelles, Daniela Thomas e Andrucha Waddington foi bonita, mas infelizmente contribuiu para este clima ufanista, ao pintar um país onde brancos, negros e índios convivem pacificamente e onde se respeita a natureza exuberante como nenhum outro. Nada mais oposto ao que vivemos e viveremos com os golpistas no poder. OK, faz parte do espetáculo, ninguém mostra suas desgraças e incoerências em eventos como este, mas que foi irônico assistir aquilo neste momento, foi.

O otimismo está à venda nas manchetes e nos telejornais, que se igualam enquanto versões replicadas do Jornal Nacional da época da ditadura. As Olimpíadas são a nova Copa de 1970, usada pelos militares para convencer os brasileiros de que o país ia bem. O apresentador da TV Globo Galvão Bueno chegou a mentir aos telespectadores dizendo que o presidente ilegítimo Michel Temer tinha sido “vaiado e aplaudido” na abertura. Que papo furado, Galvão! Temer foi apenas vaiado. O jornal italiano La Repubblica fez o dever de casa e mostrou a quem quiser ouvir.

Assistir às transmissões dos jogos ao vivo pelas emissoras de televisão é para quem tem estômagos fortes, e não me refiro aos embates entre os atletas. São vomitivos os comentários exagerados, falsamente contaminados por um otimismo recém-inventado para enganar trouxas. Aliás, é só isso que a mídia brasileira tem feito nos últimos tempos: enganar trouxas. Só um trouxa acreditaria que o país “catastrófico” de menos de seis meses atrás se transformou em um paraíso de uma hora para outra e que isso se deve ao “novo” governo imposto por um mal disfarçado golpe apoiado mais uma vez pelos meios de comunicação.

Claro, é fácil sorrir diante das câmeras quando se almeja apenas o lucro e é principalmente isso que as emissoras querem com os jogos, uma forma de ajudá-las a sair da bancarrota em que se encontram. Para obter audiência, é preciso transmitir a imagem de um país “vencedor” e as Olimpíadas caem como uma luva. Cheguei a ouvir um comentarista dizendo que a abertura dos jogos “resgatou a auto-estima dos brasileiros”. E quem a destruiu?

Comparemos com o clima reinante na Copa do Mundo em 2014, com Dilma Rousseff ainda no poder e candidata à reeleição. A velha mídia torceu contra desde o primeiro momento. Falou-se inclusive na possibilidade de alguma das novas arenas simplesmente desabar, matando gente, o que felizmente não aconteceu. Derrota para a Alemanha à parte, a Copa do Mundo foi um sucesso, a maior de todos os tempos, apesar do derrotismo constante da mídia, que só larga o complexo de vira-latas quando interessa, como agora.

Com Temer na presidência, a palavra de ordem nas redações da mídia golpista é “otimismo”, o que não chega a ser uma novidade: o otimismo como instrumento do golpe é mais uma novela reprisada pela Globo e suas cópias. O roteiro é o mesmo: enquanto o povo celebra o delírio de que o Brasil “melhorou”, nossa pátria-mãe é subtraída em tenebrosas transações… Só falta agora ressuscitarem a “Semana do Presidente” para o clima de revival da ditadura se instalar de vez.


Fonte: SOCIALISTA MORENA
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Huck foi vaiado porque é um dos símbolos do golpe

Postado em 08 Aug 2016
por : Paulo Nogueira

Quem foi vaiado neste domingo no Rio não foi Luciano Huck, mas sim o mundo que ele representa.

Mais diretamente: quem foi vaiado foi o Brasil de Temer.

Huck é um dos símbolos do movimento golpista. É amigo de Aécio e, se não bastasse, um dos rostos abomináveis da Globo.

A Globo é tão rejeitada, hoje, quanto Temer. Então você pode dizer que a Globo também foi vaiada em Huck.

Huck provavelmente pensou que fosse ser aplaudido quando sua presença foi anunciada numa disputa. Mas é por falta de noção, e por viver num mundo de fantasia, preservado do contato com a parcela mais politizada da sociedade, aquelas pessoas que não se deixam manipular pelo Jornal Nacional, pela CBN e por aí vamos.

Mas repito: o alvo dos apupos foi Temer.

Temer, caso fique até 2018, vai ter que correr do povo como se fosse um Forrest Gump.

Já não há nada capaz de evitar o fim desastroso de sua gestão. Ele era um mero desconhecido até o golpe. Tornou-se, pelas circunstâncias, um rosto familiar.

Quando isso acontece, ou as pessoas se apaixonam pelo recém-chegado ou desenvolvem uma imediata repugnância.

Não preciso dizer em que categoria Temer se enquadra.

Ele não tem votos, não tem história, não tem carisma, não tem sequer ficha limpa. Neste momento, muitos brasileiros devem estar se perguntando, por exemplo, que destino ele deu aos 10 milhões cash que a Odebrecht, segundo seu dono, lhe deu numa campanha.

A pergunta óbvia feita por muitos é esta: quanto ele guardou para si mesmo? Oscar Wilde escreveu que resistia a tudo, exceto à tentação. É tentador ver uma mala gigante de cédulas e passá-las adiante, uma a uma.

O Brasil de Temer é repulsivo. É uma criação espúria da plutocracia para roubar direitos sociais. É detestado internamente, como mostram pesquisas mesmo que maquiadas como o último Datafolha, e desprezado externamente.

As vaias a Luciano Huck, ainda que merecidíssimas, foram na verdade destinadas a Temer, Serra, Cunha, Aécio, Jucá, Renan, FHC, Globo, Veja, Folha — todos aqueles e tudo aquilo que simbolizam o golpe.

De “macaca” a “heroína”, quantos que ontem xingaram Rafaela Dias hoje a bajulam?
Postado em 08 Aug 2016
por : Marcos Sacramento


Rafaela Santos

Neste momento o país aplaude a glória de uma mulher negra e ex-favelada. Mas não se iludam. A euforia diante do ouro da judoca Rafaela Silva não pode ser considerada um trunfo sobre o racismo.

Se a história fosse diferente, com a vitória da adversária Dorjsürengiin Sumiya nos segundos finais da luta, Rafaela estaria agora sendo ofendida com xingamentos alusivos à sua cor da pele.

Foi assim durante os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Na época, Rafaela era uma das esperanças de medalha da delegação brasileira, expectativa frustrada por um golpe ilegal da judoca que levou à sua desclassificação precoce.

A reação de uns torcedores canalhas foi atacá-la nas redes sociais com xingamentos racistas que a levaram à depressão e a considerar largar o esporte. “Macaca” foi o mais gentil.

Naquela hora, todas as qualidades de Rafaela Dias foram ignoradas. O esforço e o talento necessários para disputar uma Olimpíada aos 20 anos de idade, as dificuldades financeiras da família e o estigma por ter nascido na comunidade empobrecida e violenta da Cidade de Deus, nada disso teve importância frente à ausência de uma medalha.

Hoje tudo isso é reconhecido. O perfil da atleta, pontuado por episódios de superação que seduzem a audiência, prolifera pela internet. Esteve no Jornal Nacional, onde foi bajulada por Galvão Bueno.

É bem capaz de aparecer no Domingão do Faustão ou ajudando Luciano Huck a ganhar audiência.

Por enquanto é a esportista mais querida do país, mas quantos que agora a idolatram a xingaram quatro anos atrás? Ou quantos estariam vomitando impropérios se a vencedora da luta fosse a judoca da Mongólia?

Prodígio do esporte, Rafaela não levou ouro por sorte ou imperícia das adversárias. Revelada pelo Instituto Reação, do judoca Flávio Canto, tem um currículo vencedor: conquistou medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos de Toronto em 2015, prata no Pan de Honduras em Guadalajara e medalha de ouro no Mundial de 2013.

Mas é mulher negra. Basta que deixe de vencer para retornar à invisilidade, porque a grande mídia, assim como o brasileiro médio, dá valor apenas aos vencedores. “Só fortalece quem tem mais”, como cantou Mr. Catra.

Que ela aproveite o momento, mas não se deixe enganar pelos sorrisos que anda recebendo.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Nota Oficial

O Fluminense informa que, ao contrário do que foi publicado na coluna do Ancelmo Gois, na edição do O Globo desta terça-feira, a atleta Rafaela Silva não foi dispensada pelo clube. Ela fez parte do projeto do judoca tricolor Flávio Canto e se desvinculou ao fim da parceria do Fluminense com o Instituto Reação.

O Fluminense trabalhou para ter um projeto em parceria com o Instituto Reação, mas em razão da situação em que foi recebido o clube em 2011, em condições financeiras muito ruins, não foi possível levar adiante. Uma pena, pois o trabalho realizado pelo Instituto é sensacional.

Provavelmente, em outra situação, o clube teria levado adiante a parceria. Mesmo assim, o Fluminense torce pelo projeto e pelos atletas desenvolvidos pelo programa. Parabéns a Rafaela pela vitória espetacular e ao tricolor Flávio Canto por ter idealizado e desenvolvido o Reação.

Fonte: FLUMINENSE F.C.
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Joanna desabafa após ataques em redes sociais: 'Brasil é racista, machista e homofóbico'

Joanna Maranhão não avançou à semifinal dos 200m borboleta e desabafou. Joanna lembra apelido 'namoradinha do Brasil' e fala sobre início de 'sucesso extremo': 'Por dentro, não era bem assim'
Após ser eliminada na fase classificatória dos 200 metros borboleta dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, nesta terça-feira, Joanna Maranhão desabafou.


A nadadora pernambucana afirmou ter visto ataques em sua página no Facebook após ficar fora da semifinal dos 200m medley por cinco centésimos, com pessoas lembrando inclusive o caso de estupro que ela sofreu quando criança.

Chorando muito, Joanna explodiu contra a cultura preconceituosa e machista do Brasil e prometeu tomar medidas judiciais.

Leia abaixo o desabafo da nadadora

"Ontem à noite foi o dia mais difícil para mim. Tentei ficar fora de rede social, mas fui no Facebook e vi uma enxurrada de agressões. Alguns dizendo que eu merecia ser estuprada, que minha história é uma grande mentira. Eu tentei segurar a onda, mas agora eu desabafei. É muito duro receber esse tipo de tratamento", começou a nadadora.

"O Brasil é um país muito racista, muito machista, muito homofóbico, vem de uma cultura futebolística que as pessoas acham que quando chega em um esporte olímpico elas têm o direito de nos tratar como tratam um jogador de futebol quando não ganham. Acho que nem os jogadores de futebol merecem esse tratamento que a gente tem. Eles têm, nós muito menos".

"Eu sempre me posicionei politicamente, porque sinto que todo ser humano tem um papel a fazer, mas eu quero um país para todo mundo. Não quero que a Tais Araújo seja chamada de 'macaca', que a Rafaela Silva seja chamada de 'decepção', amarelona'".

"Felipe Kitadai, Charels Chibana, Sarah Menezes não entraram para perder. É muito difícil as pessoas entenderam isso. Mas passar para a linha do desrespeito é difícil. Treinei muito para ser a melhor nadadora do Brasil e não sucumbir à minha depressão, e de repente as pessoas me questionando, questionando minha história".

"Combater pedofilia é uma missão na minha vida. Nunca toquei nesse assunto para ter mídia. Nunca fiz sensacionalismo para estar na mídia. É muito injusto. Foi uma experiência que eu não escolhi viver e lutei contra as dores que ela me causou. Não desejem que uma mulher seja estuprada, nem a morte da minha mãe".

"Pare de chamar uma atleta de 'macaca' para quatro anos depois estarem batendo nela. Rafaela é uma menina de origem pobre, que teve assistência de programas sociais, e muitas pessoas querem que isso acabe. É paradoxal".

"Mas se no Mundial do ano que vem algo acontecer para ela, as mesmas pessoas que hoje a aplaudem vão ser as mesmas que vão chama-la de 'amarelona'.

"Ontem foi muito pesado. Vou tomar as medidas jurídicas para isso"

Fonte: IG
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O que por anos era o país do caos, do pessimismo, da incompetência, da roubalheira, se transformou, depois do golpe, no país da beleza, do sucesso, do otimismo.

Manipulação a gente vê na velha mídia.

Acreditando que o golpe abriu as portas para o otimismo e o sucesso, um sem noção de Globo resolve querer aparecer mais do que os jogos. O resultado foi uma sonora vaia.

E eis que , uma judoca, pobre, preta e Silva, ganha a primeira medalha de ouro para o Brasil nos jogos. A velha mídia não perdeu tempo e na carona da judoca tenta faturar mais, ainda mais.

Por ser pobre, preta e Silva, Rafaela jamais desfrutou de espaço na velha mídia, ao contrário de outras atletas brasileiras, que nada conquistaram, porém ocupam tempo generoso na mídia, como musas, por exemplo.

Nos próximos dias a judoca ouro sera bajulada, ao extremo, em programas de TV, afinal Rafaela aumenta a audiência da podre mídia brasileira. Aumentando a audiência, Rafaela proporcionará mais lucros para as emissoras de TV, no entanto, não ganhará nada com isso e, tão logo passem os jogos, será olimpicamente descartada, esquecida, para ser cobrada na próxima olimpíada, e caso não conquiste medalha em 2020, será xingada, agredida nas redes sociais, sem ser defendida pela mesma velha mídia que hoje a enaltece.

No embalo da conquista de Rafaela, veia à tona a boa notícia de que a judoca foi beneficiária do programa Bolsa Pódio, do governo Dilma. Para esconder o programa vitorioso do governo do PT, o Jornal da Globo afirmou que Rafaela venceu pela sua força de vontade. Se isso não bastasse, o jornal O Globo inventou, através de um de seus blogueiros, que a judoca foi dispensada do Fluminense F.C, o que foi negado e esclarecido pelo clube em nota oficial.

Manipulação e desinformação a gente vê na velha mídia.

Rafaela somos todos nós, a maioria do povo brasileiro.

Os jogos do Fora Temer

Censura pró Temer repercute no mundo


Foto: El Comercio
Por Cíntia Alves, noJornal GGN:

Ao que tudo indica, se a intenção do interino Michel Temer é fingir que não existem protestos no Brasil contra sua permanência no poder em função do impeachment de Dilma Rousseff, a operação "abafa vaia" terá de ser reformulada para alcançar resultados melhores, além de ser estendida ao resto do mundo. Isso porque além dos atos "Fora Temer" Brasil afora, a censura aplicada pela Rio 2016 nos estádios também viraram alvos de reportagens da imprensa internacional.

Na última sexta, o GGN mostrou que o comitê organizador da Olimpíada decidiu lançar de regras que impedem manifestações de qualquer ordem - incluindo políticas - dentro dos espaços oficiais dos Jogos. Para dar guarida à medida que fere claramente a Constituição brasileira, o Ministério da Justiça de Temer disse que as normas da Rio 2016 estavam em conformidade com a lei assinada por Dilma no dia 10 de maio, que versa, entre outras coisas, sobre os direitos e deveres de torcedores dentro dos estádios.

A reportagem "Censurando protestos contra Temer, Rio 2016 viola a lei máxima" apontou que a lei desvirtuada pelo governo Temer para censurar protestos políticos na Olimpíada foi a 13.284/2016. Agentes policiais foram flagrados em vídeos abordando torcedores e ameaçando dar voz de prisão. O motivo? A mensagem "Fora Temer" em cartazes, camisetas, faixas ou até mesmo no grito dos insatisfeitos, de repente, virou uma "mensagem ofensiva".



Neste final de semana, o Washington Post reportou ao mundo que "por duas vezes, os espectadores foram removidos de seus assentos ou expulsos de estádios porque pediu a destituição do presidente interino, Michel Temer. (...) Estas últimas incidências de agitação política em eventos Olímpicos são seguidas de protestos durante as procissões da tocha olímpica ao redor do estado do Rio e de duas manifestações de rua antes de cerimônias de abertura de sexta-feira."



"Organizadores e porta-vozes do governo disseram que o regulamento da Rio 2016, bem como a lei brasileira aprovada em maio, significava que nenhum tipo de manifestação política é permitida nos Jogos. Críticos disseram que os espectadores estavam sendo censurados - uma palavra que tem conotações amargas em um país que vivia sob uma ditadura militar 1964-1985."

Na lei assinada por Dilma, há um inciso no artigo 28 afirmando que "é ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação e à plena liberdade de expressão em defesa da dignidade da pessoa humana." Os organizadores dos Jogos endureceram os trechos que vetam o uso de objetos, como faixas ou bandeiras, mas quando as mensagens são discurso de ódio ou ofensa a minorias.

Ainda de acordo com o WP, a censura praticada na Olimpíada está no contexto de impopularidade de Temer. "Ele tem enfrentado crescente dissidência desde que assumiu o poder em 12 de maio, depois que o presidente Dilma foi suspensa por um processo de impeachment controverso. Ele tinha apenas 14 por cento de aprovação em uma pesquisa de julho - um ponto a mais do que Rousseff teve em abril - e foi ruidosamente vaiado durante a cerimônia de abertura de sexta-feira."

O New York Times escreveu que a expulsão de torcedores para blindar Temer "está alimentando um debate sobre os limites da liberdade de expressão em um país que permanece no limite, em meio a um período de extraordinária agitação política."


"Temer suportou um coro de vaias quando declarou brevemente o início dos Jogos Olímpicos durante a cerimônia de abertura na sexta-feira. (...) Muitos brasileiros não estão dispostos a aceitar que lhe digam onde eles podem protestar."

Na cerimônia de abertura, Temer contou com a colaboração da mídia eletrônica nacional, que ao transmitir o ato tentou relativizar as vaias. O apresentador Galvão Bueno chegou a dizer que ouviu vaias, mas também alguns aplausos a Temer.

Inconstitucional

Ainda sobre a censura, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, disse que "levar uma placa ou cartaz dizendo fora quem quer que seja, pacificamente, é uma legítima manifestação da liberdade de expressão e, logo, não cabe este tipo de cerceamento" por parte da Rio 2016.

Ao GGN, o criminalista William Cesar Pinto de Oliveira disse que a proibição afronta a nossa Constituição e que todo torcedor que passar pelo contrangimento de ter seu direito à livre manifestação podado deve registrar um boletim de ocorrência e procurar a Justiça.


Alguns torcedores decidiram usar do jocoso jogo de cintura brasileiro para lidar com a situação de censura prévia.

Nas redes, nesta segunda (8), circulam imagens do uso de cartazes com a mensagem "Fora vocês sabem quem". Há a alusão ao filme Harry Potter, no qual existe um personagem chamado Lord Voldemort, "aquele que não pode ser nomeado" - como Temer.

Reações de brasileiros aos jogos

A censura nos estádios não foi o único assunto que repercutiu na mídia internacional. A reação de brasileiros à Olimpíada também foi citada pelo NY Times.

Segundo o jornal, o brasileiro reagiu de três maneiras à chegada dos Jogos: primeiro, houve "raiva", com alguns grupos se organizando para apagar a tocha, enquanto outros usaram em seus carros adesivos com os anéis olímpicos reorganizados para "formar uma palavra de quatro letras" - possível o "Fora" do "Fora Temer".

O segundo sentimento foi a ansiedade. "Com humor negro em meio a uma onda de crimes e temores de terrorismo, um jogo de bingo está circulando para as pessoas apostarem em qual dia durante os Jogos irá ocorrer um ataque."

A terceira reação foi a "indiferença", com a "gigante Globo" não se importando em transmitir os jogos olímpicos no domingo à tarde, preferindo, no lugar disso, dar espaço a campeonatos nacionais de futebol.
















Fonte: Blog do Miro
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#ForaTemer: Justiça garante liberdade de expressão nos Jogos Olímpicos

09 de agosto de 2016 às 07h18


Vai ter #ForaTemer – Por iniciativa de petistas, Justiça garante liberdade de expressão nos Jogos Olímpicos
O juiz federal João Augusto Carneiro Araújo concedeu nesta segunda-feira (8) liminar em que proíbe o Comitê Organizador dos Jogos do Rio-2016 de reprimir manifestações políticas pacíficas no ambiente das Olimpíadas.
A iniciativa atendeu a pedido do Ministério Público, como o próprio magistrado reconhece em seu despacho.Por sua vez, o Ministério Público foi acionado pelos deputados petistas Paulo Pimenta (PT-RS) e Padre João (PT-MG), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara. A CDHM e Pimenta representaram contra o COI junto à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) na manhã desta segunda.
A decisão tem como alvos, além do comitê, o governo do estado do Rio de Janeiro e a União. A liminar determina que “os réus se abstenham de impedir a manifestação pacífica de cunho político através da exibição de cartazes, uso de camisetas e de outros meios lícitos nos locais oficiais dos Jogos Olímpicos Rio-2016”.
Araújo continua dizendo que “chegou ao conhecimento da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Rio de Janeiro a prática coordenada e adotada pelos réus de impedir os espectadores dos jogos de exibir cartazes ou usar camisetas com manifestações políticas nas arenas esportivas, obrigando-os a guardarem os mesmos e, nos piores casos, retirando-os do recinto por agentes da Força Nacional ou da Polícia Militar”.
Para Paulo Pimenta, a agilidade da Justiça nesse caso é resultado da “repressão absurda” que o COI e o governo golpista de Michel Temer impuseram à população. “Não poderíamos aceitar esse tipo de ação repressiva, assim como não vamos aceitar esse golpe que Temer está querendo impor. A liberdade de expressão e a democracia precisam ser respeitadas e nossa luta é nesse sentido”, afirmou o parlamentar.
O texto do juiz termina dizendo que o descumprimento da decisão acarretará em “multa pessoal ao seu responsável no valor de R$ 10 mil por cada ato que viole a presente decisão, sem prejuízo das demais sanções previstas legalmente”.
Relatos de torcedores sendo reprimidos ou retirados dos locais de competição por causa de manifestações políticas têm sido frequentes nos Jogos Olímpicos e os episódios foram registrados pela imprensa internacional.
Fonte: VIOMUNDO
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Primeiramente, Fora Temer !

Censurar protestos contra o governo durante os jogos, foi um tremendo tiro no próprio pé do governo do golpe.

Os jogos olímpicos do Rio 2016 já estão sendo conhecidos como os jogos do Fora Temer, isso no Brasil e em todo o mundo.

Com a decisão da justiça de proibir a repressão aos protestos, as faixas e cartazes, a partir de hoje, irão proliferar nas arenas dos jogos. No entanto, a população, aquela que se informa pela grande mídia, não verá os protestos na TV, já que as emissoras, privadas, estão escondendo o descontentamento da maioria da população com o governo golpista de Temer.

Democracia a gente não vê na velha mídia.

Por outro lado, merece destaque a criatividade da população para driblar a repressão e continuar protestando.

O Fora Temer viralizou e toma conta do país

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Os mágicos do golpe

Noblat sugere que delação de Odebrecht não venha ao caso, até impeachment?

POR FERNANDO BRITO · 08/08/2016


É uma constatação ou um desejo irreprimido?

Não se sabe, mas é bom ler o que escreveu agorinha Ricardo Noblat em seu blog, em O Globo:

A Lava-Jato faria um grande bem ao governo se nada revelasse por enquanto sobre outros detalhes da delação de Odebrecht. Teme-se, ali, que novas revelações possam esquentar o debate em torno da antecipação da próxima eleição presidencial.

Será um conselho?

O fato é que ele diz, também, que “a história contada por Marcelo Odebrecht sobre o repasse ilegal de R$ 10 milhões ao PMDB do presidente interino Michel Temer deixou o PT eufórico e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) satisfeito”.

Quanto ao PT, é obvio. Mas, e Cunha?

Este “está convencido de que a delação de Odebrecht acabará por beneficiá-lo, atrasando na Câmara dos Deputados o desfecho do seu caso”.

O governo quer o mínimo de marolas neste momento para não atrapalhar a aprovação pelo Senado do impeachment de Dilma. Prefere, portanto, que baixe a poeira da delação de Odebrecht para que só então o mandato de Cunha seja cassado.

Só que vai fingir que não está fazendo, deixando por contra do “centrão” faze-lo. E isso custa caro…

Juristas garantem: repressão ao “Fora Temer” é flagrantemente ilegal

POR FERNANDO BRITO · 08/08/2016


Do site jurídico Justificando, na mesma linha e com mais conhecimento de causa do que se disse, mais cedo, aqui.

O Justificando perguntou a três juristas se as pessoas podem protestar como elas bem entenderem contra o Temer, incluindo gritar, vestir camiseta, compor uma música, apitar, enfim, agir até onde vá a criatividade humana sem o uso da violência.

É evidente que pode. Qualquer coisa diferente disso é ditadura. – afirmou o Historiador e Professor de Ciências Criminais da Universidade Federal do Rio Grande Salah H. Khaled Jr.

O Procurador do Estado de São Paulo, Márcio Sotelo Felippe explica que o direito de gritar “Fora Temer” nos estádios está garantido na Constituição. “O direito de expressão e manifestação é garantido pela Constituição brasileira como direito fundamental”.

Felippe afirma que a conduta é reflexo do autoritarismo que tem crescido no país – “Nem devemos ficar surpresos com isso que está acontecendo. Um golpe que foi dado rasgando a Constituição resulta num governo que viola cotidianamente a carta magna. É estado de exceção. A Constituição de 1988 não existe mais”, afirmou.

Já o Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Marcelo Semer, acredita, depois do golpe parlamentar, a Constituição não valha mais muita coisa. Mesmo assim, ele acha que essa proibição não tem razão de ser- “A proibição é inconstitucional o que, convenhamos, não significa muita coisa nos dias atuais”.

Fonte: TIJOLAÇO
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Mais uma vez a velha mídia revela de que lado está, e o que está em jogo.

As delações da Odebrecht acusam Temer de ter recebido R$ 10 milhões em propina. Michelzinho e a recatada do lar estão com o futuro garantido.

Segundo O Globo, para não prejudicar a aprovação do golpe no Senado, seria "interessante" que tais denúncias fossem ocultadas, agasalhadas, eclipsadas. Globo gosta de mágicas.

Se as denúncias fossem contra o PT...

O povo brasileiro já percebeu, claramente, que se trata de um golpe, e não é por acaso que protestos e manifestações proliferam nas ruas e nas arenas dos jogos. A polícia do golpe não aceita protestos com faixas e cartazes nos locais dos jogos, e tem reprimido os manifestantes. Um ippon golpista, ainda que imperfeito, na liberdade de expressão.



Censura nos Jogos - Créditos: Vitor Teixeira

Golpistas explícitos e personalidades midiáticas apoiadores do golpe, como o animador de auditório que atende pelo nome de Luciano Huck, por exemplo, tem sido vaiados nas ruas e nas arenas.

O povo , em sua maioria , já decidiu que não quer Temer na presidência e deseja , ainda este ano, escolher, pelo voto livre e direto, um novo presidente da república.

A maioria do povo já decidiu o que quer, no entanto, o golpe , com seus apoiadores midiáticos, segue olimpicamente em seus objetivos, ignorando a vontade da maioria.

Saber o que se quer é o primeiro passo, mas pode não ser suficiente para se atingir os objetivos.

Se a maioria da população deseja votar este ano para escolher um novo presidente, não basta apenas desejar.

É necessário retirar o presidente golpista do cargo.

E para retirar o usurpador, as manifestações e protestos devem se intensificar, em qualidade e quantidade, nas ruas, nas arenas , em todo lugar.


Para quem deseja protestar nas arenas, segue abaixo uma sugestão da mídia Ninja:

Você pode se manifestar contra #AqueleQueNaoDeveSerNomeado nos jogos e eventos olímpicos usando a criatividade, por exemplo!

sábado, 6 de agosto de 2016

Alguém precisa apertar o botão



Não dá para ficar indiferente diante do belíssimo espetáculo que foi a cerimônia de abertura dos jogos no bom e velho Maraca.

Maraca que em seus 66 anos já presenciou duas copas do mundo de futebol, copa América, copa das Confederações, mundial de clubes de futebol, milésimo gol de Pelé, jogos pan americanos e shows, como Frank Sinatra, Rolling Stones, Paul McCartney e outros não menos importantes.

Também teve o maior público de uma partida de voleibol, entre Brasil e URSS.

E ontem lá estava o Maraca na cerimônia de abertura dos jogos olímpicos da cidade do Rio de Janeiro.

Os dias que antecederam o show de abertura foram marcados por preocupações. críticas e até mesmo declarações sobre a incapacidade e impossibilidade do Rio de Janeiro em organizar um evento de tamanha envergadura.

Tudo por causa de atrasos no cronograma, problemas com as instalações, trânsito caótico na cidade, etc...

As críticas procedem e o carioca conhece muito bem os problemas da cidade maravilha olímpica.

No entanto, para as pessoas não iniciadas na cultura carioca, os problemas pré-início dos jogos certamente iriam aparecer logo na cerimônia de abertura, uma dedução aparentemente natural e lógica. No entanto, o Rio de Janeiro tem uma lógica específica, que foge aos padrões ditos normais, mas que funciona.

E quem melhor definiu, em parte, a lógica carioca para grandes eventos foi o jornal britânico The Telegraph:

"a energia do público foi o que chamou mais a atenção. “É como se alguém tivesse apertado o botão e ligado as pessoas. De repente, tudo é esplêndido”.

E de fato, sem gambiarras e sem improvisações, mas com muito talento e muita criatividade, o show de abertura revelou , em grande parte, a capacidade de um povo.

Entender os processos de planejamento, organização e criatividade do carioca, não é para neófitos. Muitos tentam defini-los como gambiarra, jeitinho, improvisação, no entanto, na realidade e na prática, são processos altamente sofisticados, não lineares, tal qual uma teia, que por muito tempo parece estagnada , inacabada e que "de repente" surge pronta, bela, esplendorosa. Talvez essa característica seja fruto de mistura de raças, povos e culturas em que o brasileiro foi forjado.

Para o carioca, a olimpíada será, apenas, mais uma festa com a presença marcante de um símbolo da cidade, um templo, o bom e velho Maraca.

Assim como acontece em festas e grandes eventos, na política não é muito diferente.

Até os dias atuais, passados três anos, estudiosos e pesquisadores ainda não entenderam corretamente o que teria motivado as manifestações políticas de 2013, onde 1 milhão de pessoas, sem qualquer convocação por parte de partidos políticos , movimentos sociais, sindicatos ou emissoras de TV, caminharam em protesto pelas ruas da cidade maravilha.

"De repente" tudo muda, tudo é esplêndido, tudo se move.

Durante meses toda a mídia alternativa - local onde este blog se inclui - , com seus blogs, sites, jornais e revistas, tem alertado a população brasileira sobre o golpe de estado que acontece no Brasil e que levará o país à um retrocesso, talvez, sem precedentes na história.

Com a grande mídia apoiando abertamente o golpe, grande parcela da população brasileira desconhece a realidade do golpe em curso, no entanto, a maioria rejeita o presidente golpista, como se constatou ontem com a vaia olímpica que o usurpador recebeu da plateia no Maraca.

Para impedir um golpe onde Congresso, Judiciário e grandes meios de comunicação dominam ações e narrativas pró-golpe, somente o povo nas ruas, em grandes manifestações como em 2013, poderá reverter o violento processo anti-democracia em curso no país.

Pensando assim, a mídia alternativa trabalha diariamente com o objetivo de alertar a população, e, assim sendo, conseguir que o povo se conscientize e, em grandes manifestações consiga barrar o golpe, o estupro da democracia.

No entanto, mais uma vez, " o incompreensível" se manifesta, pois mesmo rejeitando o presidente golpista em exercício, o povo, ainda, prefiro assim acreditar, não resolveu expulsá-lo do Poder.

Talvez, conforme The Telegraph, alguém ainda não ligou o botão, ou, a teia ainda esteja em construção.