sexta-feira, 2 de outubro de 2015

É a hora do povo

Frente Brasil Popular põem o bloco na rua

Por André Tokarski, no blog de Renato Rabelo:

“Já disse e repito solenemente, que quem entrega o seu petróleo, aliena sua própria independência”. Getúlio Vargas.

A Frente Brasil Popular convocou para o próximo dia 3/10 um dia nacional de mobilização em defesa da democracia, da Petrobras e por uma nova política econômica. Não poderia haver data mais adequada: neste dia completam-se 62 anos da criação da Petrobras e um ano da reeleição de Dilma.

Defender a Petrobras, enquanto empresa pública voltada aos interesses nacionais, a manutenção do regime de partilha no pré-sal, como o meio mais adequado para apropriação social das rendas aferidas com a exploração do petróleo, e o mandato conferido à Dilma, através da soberania do voto popular, são elementos centrais da batalha para assegurar as conquistas obtidas nos últimos 13 anos, barrar a onda de retrocessos e recolocar o país no trilho necessário da luta por reformas estruturais e democráticas.

Nucleada por forças sociais e políticas de esquerda, a Frente Brasil Popular deve fazer o contraponto à ofensiva das forças reacionárias, que tem como programa principal golpear o mandato de Dilma para interromper o ciclo de avanços inaugurado com a eleição de Lula em 2003 e retomar a agenda neoliberal de desmanche do Estado, do emprego, da indústria nacional e dos direitos sociais.

A ofensiva revanchista da direita já mostrou que tem força, desde 1964 não se via tamanha coesão social e política ao redor de ideias atrasadas, antidemocráticas, antipatrióticas e antipopulares. Isso se expressa na correlação de forças amplamente desfavorável às forças progressistas no Congresso Nacional e mesmo nas ruas, até aqui.

Exatamente por isso as forças de esquerda, progressistas e democráticas não podem se dispersar. Se o que une a direita hoje é derrubar Dilma para impor um programa de retrocessos de toda ordem, de nosso lado deve haver coesão e unidade para, simultaneamente, defender o mandato de Dilma e reunir forças em torno de um programa comprometido com as reformas estruturais, há muito reclamado e não realizado, mesmo em momentos mais favoráveis ao nosso campo.

A Petrobras, dada a sua importância econômica e simbólica, é a própria encarnação da soberania econômica do Brasil. Reflete o papel histórico que tem a atuação do Estado brasileiro, através das empresas públicas, na tarefa de gerar riqueza e direciona-las para o desenvolvimento do país. Mesmo não conseguindo privatizar a Petrobras durante o governo FHC foi quebrado o monopólio da exploração do petróleo e instituído o inconstitucional regime de concessões, que transfere indevidamente a propriedade do petróleo da União para empresas privadas contratadas por meio de leilões.

Com a descoberta do pré-sal e a redução do risco exploratório o governo do então presidente Lula, com destacado papel de Haroldo Lima, dirigente nacional do PCdoB, e presidente da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) à época, foram realizadas mudanças no regime de exploração do petróleo nas jazidas do pré-sal, dentre elas a lei da partilha, que assegura a propriedade do óleo extraído para a União e estabelece a Petrobrás como operadora única nos campos de petróleo e gás da bacia do pré-sal.

O projeto de lei nº 131/2015, do Senador José Serra (PSDB/SP), visa retirar a obrigatoriedade da Petrobras atuar como operadora única dos campos do pré-sal. A media é um golpe contra os interesses da empresa e, portanto, contra os interesses nacionais. O pré-sal e o atual regime de partilha garantem à Petrobras a recomposição de longo prazo de novas reservas para produção e exploração de petróleo. É a maior descoberta de novas jazidas de petróleo em todo o mundo nos últimos 15 anos. Qualquer empresa de petróleo vive de perfurar campos para extrair óleo e buscar novas reservas. Só a manutenção do regime de partilha, com a obrigatoriedade da atuação da Petrobras como operadora, é capaz de assegurar a recomposição de reservas e a apropriação nacional e social do excedente produzido nessa atividade. É também a forma de assegurar a destinação de 50% do Fundo Social do Pré-sal e de 75% dos royalties para a educação.

Em relação às mudanças necessárias na condução da política econômica é preciso deixar claro que não basta apenas o rechaço ao ajuste fiscal. O reconhecido deficit nas contas públicas do país não foi causado pelas políticas do ajuste contracionista, implementadas pela equipe econômica de Dilma desde o início de 2015. Tais medidas, ao reduzir o investimento e aumentar a taxa de juros, agravaram as dificuldades de nossa economia, que já vinha patinando. Tanto é que, mesmo com estímulos das ações contracíclicas o crescimento do PIB em 2014 foi de apenas 0,1%, segundo dados do IBGE.

As dificuldades da economia brasileira tem raízes mais profundas. Combinam, de um lado, causas exógenas (crise internacional, queda no crescimento da China, queda no preço do petróleo e das commodities, etc..), e por outro, vulnerabilidades internas estruturais [1].

Para retomar o crescimento, e gerar empregos de qualidade e boa remuneração, é preciso uma nova estratégia que tenha como vértice um novo ciclo de industrialização com tecnologia de ponta, capaz de gerar mais valor para remunerar o trabalho e produzir riquezas para o país. Essas medidas só alcançarão êxito com a ruptura do pacto institucional[2] vigente desde a implantação do Plano Real, em 1994, que sacrifica a indústria às custas de uma irracional busca pela estabilidade de preços.

Nas eleições presidenciais de 2014 a presidenta Dilma fez compromissos com um programa de governo avançado, de aprofundamento das mudanças. Chegou a dizer que “rupturas e transformações de vulto poderiam derivar de uma eleição mais disputada”, como foi a do ano passado. Completado um ano de sua eleição, com mais de 54 milhões de votos obtidos, a Frente Brasil Popular, da qual o PCdoB é parte, convoca para esse 3/10 um dia nacional de mobilizações em todo o país. As mobilizações irão denunciar o golpismo da direita, defender a Petrobrás e o pré-sal e clamar por uma nova política econômica. Não devemos deixar nos abater pela maré de pessimismo e ódio, espalhada pelas forças do atraso. A fase agora é de completar a “travessia”, deixar para trás o ajuste fiscal e mirar na construção de um bloco forças políticas e sociais, de espectro anti-neoliberal, que seja a mola propulsora das reformas estruturais e democráticas que o país precisa fazer.

Todos/as às ruas no dia 3/10!

Notas:


[1] Ver: Ronaldo Carmona, A atualização do modelo de desenvolvimento:http://renatorabelo.blog.br/2015/09/01/a-atualizacao-do-modelo-brasileiro-de-desenvolvimento/

[2] Ver: Elias Jabbour, O grau de investimento, escolhas e o limite da inteligência:http://renatorabelo.blog.br/2015/09/15/grau-de-investimento-escolhas-e-o-limite-da-inteligencia/

Fonte: Blog do Miro
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bessinha serra chevron

Produção de petróleo no Brasil tem novo recorde; pré-sal já tem o maior campo

agosto

A produção de petróleo – e gás natural associado – no Brasil chegou, em agosto, a 3,171 milhões de barris por dia, 3,42% a mais do que em julho e atingindo novo recorde.

A produção de petróleo (2,547 milhões de barris/dia) é a maior da história. Cresceu 3,3%  comparada ao mês anterior e  9,5% em relação a agosto do ano passado.

A de gás também foi recorde, com 99,2 milhões de metros cúbicos por dia, equivalentes a 644 mil barris de petróleo. Subiu  4,1% em relação a julho e  9,2% maior que a de agosto de 2014.

Pela primeira vez, um campo do pré-sal ultrapassou o maior dos campos do pós-sal de Campos. Lula, na Bacia de Santos, assumiu a liderança da produção, com 368 mil barris de petróleo por dia, contra 363 mil de Roncador.

O pré-sal atingiu produção total de 1,064 mil barris de óleo e gás diários  – 859,8 mil de petróleo.   2,9% a mais que em julho e 64,5% de acréscimo em um ano, uma crescimento espetacular em se tratando de extração de petróleo.

Mais ainda se for considerado que isso vem de apenas apenas 58 poços (quatro no primeiro mês de produção), o que dá uma média de 15 mil barris diários de petróleo, mesmo considerando que muitos deles ainda operam em teste, como o primeiro poço da mega-área de  Búzios, que opera em condições experimentais, produzindo apenas 310 barris, quando, em condições normais, a produção de cada poço é estimada em mais de 40 mil barris diários.

O pré-sal, que há um ano representava 22,3% da produção nacional, agora participa com 33,5% do total. É provável que, no final de 2016 ou início de 2017 já represente a metade de nosso petróleo.

Os números podem ser cansativos, mas são a prova do que representa o nosso pré-sal e do que significa abrir mão dele.

Deveriam ser ensinados na escola.

Fonte: TIJOLAÇO
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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Temporada de denúncias

Reforma e conta de Cunha trarão temporada de “denúncias” contra Lula   

  
publicado 01/10/2015                    
Brito: é como num jogo de xadrez.
bessinha cigana cunha
O Conversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:


Reforma e conta suíça de Cunha trarão temporada de “denúncias” contra Lula


Desde que a decisão do Supremo de tirar a “exclusividade” de Sérgio Moro sobre a investigação dos casos de corrupção surgidos a partir da Lava Jato já era possível notar. E, agora, com os sinais de que o PMDB pode voltar à base do Governo e a divulgação das contas de Eduardo Cunha, o “senhor do impeachment” na Câmara, torna-se evidente que vai surgir um pipocar de “denúncias” contra Lula.

Como num jogo de xadrez, onde a perda de peças faz mirar quase que exclusivamente no Rei os movimentos, a oposição – quem quiser se esqueça da frase da ex-presidente da Associação de Jornais, Judith Brito, sobre quem era a oposição no Brasil – segue o roteiro de evitar que: a) os fatos desmontem a capacidade de  Eduardo Cunha de criar a “crise do impeachment” com a votação – mesmo transversa, através do famoso “recurso de plenário” – dos pedidos de impedimento da Presidenta da República e b) a construção de uma situação mínima de viabilidade política do Governo que reabilite suas condições de administrar, mesmo sem brilho, e não arraste para o fundo as possibilidades de Lula candidatar-se em 2018.

Para isso, tudo vale. Desde atribuir “crime” ao que é absolutamente legítimo, a atuação do ex-presidente em favor da projeção internacional de empresas brasileiras no exterior até histórias estrambóticas envolvendo “o filho do Lula”, embora variando de filho, desta vez…

(Sobre o assunto, leia o ótimo “O estupro diário do jornalismo“, publicado agora há pouco pelo Luís Nassif.)

Este e o caminho principal, paralelo a um “recapeamento” da “via de esquerda” da candidatura Marina Silva, esburacada pelo apoio a Aécio Neves ano passado, com  a ajuda do vício udenista de parte do PT que não entende – ou não liga – para o fato de que, antes de tudo, está em questão a luta para que não se restabeleça a hegemonia conservadora que sempre marcou o Brasil.

Fora, é claro, a insatisfação com a perda de “boquinhas” – seja pelas dificuldades econômicas, seja pela necessidade de ceder espaços – que deixa “bolada” muita gente de baixos teores ideológicos.
 
Fonte: CONVERSA AFIADA
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A discrição cúmplice dos jornalões com o “suiçalão” de Eduardo Cunha

escondecunha

Em qualquer país do mundo,  seria manchete a confirmação que o presidente da Câmara dos Deputados, terceiro na linha de sucessão presidencial de um governo que  está ameaçado de sofrer impedimento, e tanto da Presidenta quanto do seu vice, no caso da ação do TSE (é o que se noticia todos os dias, não é?) teve descobertas contas ilegais num banco suíço.

Não é “suspeita”, “denúncia”, “suposição” ou “dizem”. É informação oficial da Justiça da Suíça, com documentos, confirmada aqui pela Procuradoria Geral da República.

É uma “bomba”, no velho jargão jornalístico. Porque nem é preciso provar que o dinheiro é de corrupção, a simples evasão de divisas e a não declaração de patrimônio – obrigatória tanto como candidato quanto na posse do mandato – já é crime previsto no art. 13 da lei de improbidade administrativa, que vale também para os deputados:
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

Basta estar confirmada a existência da conta, de direito ou de fato, através de parente que não tenha razão econômica para tal para que se peça a condenação de Cunha e, antes disso, a cassação do seu mandato.

Nas edições de hoje da Folha e do Estadão, como assinalado na imagem, a notícia é uma “notinha” de primeira página.

Os destaques são para “suspeitas”, não para fatos; para o “supõe-se” e não para acontecimentos.

Claro, Cunha ainda pode ter serventia. Como escreveu um  daqueles inomináveis da Veja, citado hoje no ótimo artigo de Paulo Nogueira, no DCM, será que nossa imprensa “espera que Cunha derrube Dilma antes de ser preso.”?

O jornalismo brasileiro – salvo as ainda muitas exceções que, por isso mesmo, não o comandam – tornou-se o exercício do facciosismo político.

Um tipo destes, apanhado em flagrante, que se recusa até a negar que tenha as tais contas, esquecido (talvez nunca tenha sequer pensado nisso) de que é um homem público,, um servidor graduadíssimo da sociedade, o comandante do processo legislativo faz isso e dão-lhe “dez centímetros”, se tanto, das capas do jornais da “moralização” do país.


Que nome pode ter isso senão o de  cumplicidade?

Fonte: TIJOLAÇO

Churrasquinho de gente

Aquecimento extremo trará ‘mortes em massa’

aquecimentoGrupo de elite da climatologia quer que governos considerem risco de planeta esquentar de 4 a 7 graus Celsius, o que causaria o colapso da civilização; análise começa a ser feita no Brasil

Por Claudio Angelo, do OC –
Um vídeo exibido a uma plateia pequena na última segunda-feira, em Brasília, mostrava sem eufemismos o que poderia acontecer com o planeta caso o aquecimento global saísse de controle e atingisse o patamar de 4oC a 7oC. Imagens de florestas queimando, lavouras mortas e inundações se sucediam enquanto uma narradora vaticinava “mortes em massa para pessoas que não tiverem ar-condicionado 24 horas por dia” e “migrações forçadas”. “Nos tornaremos parte de um ambiente extinto”, sentenciou. O fato de que a cidade passava por uma onda de calor, tendo registrado dias antes a maior temperatura desde sua fundação, ajudava a compor a atmosfera.
Num pequeno palco, em poltronas brancas, um grupo formado em sua maioria por homens de meia idade assistia à exibição. Entre eles estavam alguns membros da elite da ciência do clima, como Carlos Afonso Nobre e José Marengo, membros do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, e Sir David King, representante para Mudanças Climáticas do Reino Unido.
Até não muito tempo atrás, esses mesmos homens descontariam como alarmismo ou ficção científica as afirmações do vídeo. Hoje, são as pesquisas deles que embasam os cenários de apocalipse pintados ali.
Os cientistas reunidos em Brasília fazem parte de um grupo internacional reunido por David King em 2013 para tentar produzir uma avaliação de riscos de mudanças climáticas extremas. O trabalho foi iniciado nos EUA, na Índia, na China e no Reino Unido e agora começa a ser feito no Brasil. Ele parte do princípio de que a probabilidade de que o aquecimento da Terra ultrapasse 4oC é baixa, mas as consequências potenciais são tão dramáticas que os governos deveriam considerá-las na hora de tomar decisões sobre corte de emissões e adaptação.
“Trata-se de uma visão muito diferente da mudança climática”, afirmou King, um físico sul-africano que serviu durante anos como conselheiro-chefe para ciência do primeiro-ministro Tony Blair. “O IPCC fez um ótimo trabalho, mas é preciso uma avaliação do risco de que aconteça algo catastrófico ligado à mudança climática.”
Ele citou como exemplo os piores cenários de mudança climática projetados para a China: elevações do nível do mar que afetassem a costa leste do país, lar de 200 milhões de pessoas, quebras da safra de arroz – que têm de 5% a 10% de chance de ocorrer mesmo com elevações modestas na temperatura – e ondas de calor que estejam acima da capacidade fisiológica de adaptação do ser humano.
“Com mais de três dias com temperaturas superiores a 40oC e muita umidade você não consegue compensar o calor pela transpiração e morre”, afirmou King.
Com um aquecimento de 4oC a 7oC, estresses múltiplos podem acontecer de uma vez em várias partes do mundo. “Estamos olhando para perdas maciças de vidas”, afirmou King. “Seria o colapso da civilização.”
Rumo ao 4°C
Os modelos climáticos usados pelo IPCC projetam diferentes variações de temperatura de acordo com a concentração de gás carbônico na atmosfera. Esses cenários se chamam RCP, sigla em inglês para “trajetórias representativas de concentração”, e medem quanto muda o balanço de radiação do planeta, em watts por metro quadrado. Eles vão de 2.6 W/m2 – o cenário compatível com a manutenção do aquecimento na meta de 2oC, considerada pela ONU o limite “seguro” – a 8.5 w/m2, que é para onde o ritmo atual de emissões está levando a humanidade.
“O RCP 8.5 nos dá quase 100% de probabilidade de o aquecimento ultrapassar os 4oC no fim deste século”, afirmou Sir David King. E quais seriam as chances de mais de 7oC? Até o fim do século, baixas. “Eu sou velho, então estou bem. Mas tenho dois netos que vão viver até o fim do século, e eles vão querer ter netos também. Não ligamos para o futuro?”
Segundo Carlos Nobre, avaliar e prevenir riscos de um aquecimento extremo é como comprar um seguro residencial: mesmo com probabilidade baixa de um desastre, é algo que não dá para não fazer, porque os custos do impacto são basicamente impossíveis de manejar.
Para o Brasil, esses riscos são múltiplos: vão desde a redução em 30% da vazão dos principais rios até o comprometimento do agronegócio e extinção de espécies. Cenários regionais traçados a partir dos modelos do IPCC já apontam para aquecimentos de até 8oC em algumas regiões do país neste século, o que tornaria essas áreas essencialmente inabitáveis por longos períodos.
“Mesmo se limitarmos as emissões a 1 trilhão de toneladas de CO2, [limite compatível com os 2oC] ainda podemos ultrapassar os 3oC”, afirmou o cientista, atualmente presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Segundo ele, não há outro caminho a tomar que não seja limitar as concentrações de CO2 na atmosfera a 350 partes por milhão. Ocorre que já ultrapassamos as 400 partes por milhão em 2014, e os compromissos registrados pelos países para o acordo de Paris não são capazes nem mesmo de garantir o limite te 1 trilhão de toneladas.
Única mulher do painel, Beatriz Oliveira, da Fiocruz, apontou o risco de muita gente no Brasil literalmente morrer de calor, em especial nas regiões Norte e Nordeste. “Você poderia ficar exposto e realizar atividades externas no máximo por 30 minutos. O resto do dia teria de passar no ar-condicionado”, disse.
Questionada pela plateia ao final do evento, a pesquisadora mencionou um único lado positivo do aquecimento extremo: a redução na incidência de doenças transmitidas por insetos, como a dengue. “Nem o mosquito sobrevive”, disse. (Observatório do Clima/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site Observatório do Clima.

Fonte: ENVOLVERDE
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CPI sobre manipulação de audiência

Liderança da Globo: Golpe do Ibope?
Do site da UJS:

Foram revelados os primeiros dados a partir da medição de audiência feita pela empresa alemã GFK. E adivinha? A audiência da Globo é menor do que os números que o Ibope apresenta.

O Ibope tinha total controle sobre os dados referentes aos hábitos do telespectador brasileiro até agora. Mas a partir de uma união entre Record, SBT e Rede TV, a GFK passa a concorrer com o Ibope, que segue sendo a fonte de dados da Rede Globo e da Bandeirantes.

Os dados completos da nova medição serão divulgados na semana que vem, mas segundo informações de alguns portais da Internet, a Globo seguiria em primeiro lugar, mas a audiência do SBT seria bem maior na parte da manhã e os da Record na parte da noite em relação aos que são apresentados pelo Ibope atualmente.

Segundo a própria empresa alemã, eles estaria contemplando “significativas mudanças” nos estratos sociais ocorridos nos últimos dez anos. Ou seja, um país surgido a partir dos anos Lula e Dilma. Um Brasil que a Globo já não controla mais.

Uma grande parcela da população que antes fazia parte da chamada classe C ascendeu para a B. E assim por diante. O brasileiro elevou seu poder de consumo e o Ibope não teria adaptado seus parâmetros. Não teria adaptado ou a emissora carioca, maior cliente do Ibope não estaria disposta a encarar a sua evidente perda de espaço?

Um simples ponto no Ibope a menos pode significar milhares e milhares de reais a menos de publicidade. E, sobretudo, de publicidade de estatais. Ou seja, caso os dados do Ibope não estejam de acordo com a realidade, por ineficácia dos seus métodos ou por manipulação a favor da Globo, milhões de reais já podem ter sido investidos na emissora carioca, criada com apoio da ditadura, baseados em dados irreais.

E agora? A Globo devolve o dinheiro?

Uma CPI seria o mais indicado. A Globo que se coloca como defensora dos interesses do povo brasileiro, quando na verdade, diariamente ataca de todas as formas a soberania nacional e tenta ferir nossa jovem democracia através de tentativas golpistas desesperadas.

Cabe aos movimentos sociais e a população em geral cobrar para que algo seja feito em relação aos milhões e milhões de reais (dinheiro público!!) que foram despejados na emissora através de dados falsos.

Vale lembrar que a Rede Globo é acusada também de sonegações de impostos milionárias.

E ai vale lembrar a voz que veio das ruas dois anos atrás: O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!
 
Fonte: Blog do Miro
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Miro: Ibope infla audiência da Globo?

Cabe CPI!   

  
publicado 01/10/2015                    
GfK mostra que Record e SBT têm mais audiência do que Ibope diz.
bessinha tiros do pig
O Conversa Afiada reproduz artigo de Altamiro Borges, extraído de seu blog:


Ibope infla audiência da Globo? Cabe CPI!


Por Altamiro Borges

O jornalista Ricardo Feltrin fez uma grave denúncia nesta semana - reforçando antigas suspeitas que circulam entre os especialistas em tevê no país. Ele revelou em sua coluna no UOL que "os primeiros dados apurados pela empresa alemã GfK, que começou a medir o público da TV brasileira, apontam que a audiência de emissoras como Record e SBT é maior do que a registrada até hoje pelo Ibope".

A denúncia impacta os anunciantes privados, que sempre se basearam no Ibope para investir bilhões em publicidade. Mais do que isto. Ela incomoda o governo federal, que nos últimos 12 anos repassou quase R$ 6 bilhões para a Globo. Houve fraude do Ibope - já batizado de Globope - para beneficiar a famiglia Marinho? Não seria o caso de instalar uma CPI para apurar a fraude com recursos públicos?

De acordo com a matéria, postada na segunda-feira (28), "o UOL teve acesso a algumas observações feitas após as primeiras medições da GfK. A primeira leva de dados consolidados só deverá ser divulgada na próxima semana pela empresa às emissoras que assinaram seu serviço (Record, SBT e RedeTV!)... A metodologia alemã já teria observado que o SBT, por exemplo, tem mais audiência matinal e à tarde do que a medida atualmente pelo Instituto Ibope. Segundo os dados iniciais da GfK, a Record também tem mais público na faixa da tarde e à noite do que os números atuais medidos pelo Ibope".

A suspeita de fraude na medição da audiência é antiga. Já foram feitas inúmeras denúncias de que o Ibope, até recentemente presidido pelo empresário-trambiqueiro Carlos Montenegro, inflava os dados para beneficiar o seu maior contratante. Diante das suspeitas, as outras emissoras decidiram enfrentar o monopólio do Ibope e contrataram a GfK no ano passado. A famiglia Marinho jogou pesado e sujo para sabotar a concorrência, mas foi derrotada pelo "pool" formado por Record, SBT e RedeTV!.

Ainda segundo reportagem, "a empresa alemã também está encontrando diferenças (em relação ao Ibope) entre algumas faixas etárias e sociais. Segundo fontes ouvidas por esta coluna (que pedem anonimato), essa discrepância captada em medições iniciais pode indicar que a metodologia utilizada pela GfK seria mais completa e ampla que a usada atualmente. A empresa alemã teria contemplando 'significativas mudanças' nos estratos sociais ocorridos especialmente nos últimos dez anos".

Ricardo Feltrin conclui: "Ainda é cedo para saber como emissoras, mundo publicitário e, em especial, os anunciantes irão reagir aos novos dados de audiência medidos pela GfK, mas é óbvio que eles serão analisados detalhadamente e com atenção. Embora muita gente acredite que uma segunda empresa medindo audiência pode servir apenas para criar confusão no mercado, alguns especialistas acreditam que é justamente o oposto disso: que eventuais discrepâncias que a GfK identificar também podem servir para aprimorar ainda mais estratégias publicitárias e de anunciantes na TV".

A própria entrada da GfK no mercado de pesquisas, rompendo o antigo monopólio, já parece ter seus efeitos no Ibope. A concorrência obriga o suspeito instituto a mudar de atitudes e a tentar ajustar seus índices para evitar a total desmoralização - e, inclusive, a rigorosa apuração sobre suas manipulações. Segundo informa a jornalista Keila Jimenez, do site R7, o Ibope finalmente decidiu quebrar o sigilo de suas pesquisas e liberar os dados da audiência - uma antiga reivindicação das rivais da Globo.

"Em decisão inédita, o Ibope passará a divulgar a audiência da TV aberta e TV paga, semanalmente, em seu site. As análises da audiência estarão à disposição no www.ibopemedia.com... É a primeira vez em mais de 70 anos que o Ibope abre esses dados... A novidade embarca em uma prática comum em outros países, onde atuam na aferição de audiência o instituto Nielsen e instituto GfK. O segundo, por sinal, chegou ao Brasil para concorrer com o Ibope e promete divulgar seus primeiros índices de aferição de audiência no país no próximo mês... Por aqui, o Ibope sempre fez jogo duro com relação a liberação de números publicamente e chegava a questionar clientes quando esses divulgavam dados de pesquisas. Há até uma cláusula de confidencialidade na maioria dos contratos. A disponibilização desses dados mostra que a política do Ibope está mudando".

Estes fatos confirmam que seria saudável para o país a convocação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as possíveis distorções no mercado publicitário. Afinal, bilhões de reais fluíram para a poderosa Rede Globo com base em pesquisas sob suspeita. Em certo sentido, os cofres públicos podem ter sido assaltados. Será que a mídia privada, que adora uma CPI, topa averiguar esta sujeira? Será que os parlamentares, muitos deles metidos a vestais da ética, aceitam enfrentar a Rede Globo? Será que a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República vai reavaliar os seus critérios "técnicos" de publicidade, que só ajudam a alimentar cobras? A conferir!
 
Fonte: CONVERSA AFIADA
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Pastor da Record diz que a Globo é responsável por tráfico de drogas, homossexualidade e o diabo

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Manipulação e omissão de informações, golpe nos índices de audiência para obter mais verbas de publicidade do governo federal,  sonegação de impostos, evasão de divisas, tentativas de desestabilização de governos com golpes de estado.

Isso é um pouco da capivara do grupo globo, que , não se sabe como, ainda segue impune diante de tantos crimes contra o país.
Já está mais do que no momento de abertura de uma CPI sobre os crimes do grupo globo.

Quanto ao pastor da Record, de fato a TV globo, desde longa data, como ocorreu  em pelo menos uma novela das 21 horas no final da década de 1980,  incentiva o consumo de drogas .

Na novela em questão, os personagens dos atores Lídia Brondi e Marcos  Palmeira, escancaram o incentivo ao consumo de maconha em cenas da novela.

Talvez radiante pelo tsunami de maconha nas praias cariocas proporcionado por um navio de bandeira liberiana naqueles anos, globo incentivou ainda mais o consumo da droga em sua novela.

Quanto a questão sexual, a putaria rola solta nas telas de globo, até mesmo em horário para adolescentes, sempre com o intuito  apelativo de alavancar  índices de audiência, deixando de lado o erotismo enquanto arte e  a educação para os temas, ao contrário, globo incentiva todo tipo de preconceitos.

Quanto ao diabo, pastor da record e globo estão de mãos dadas.
 

sábado, 26 de setembro de 2015

Um excelente prefeito para a cidade maravilha

Haddad e a capital do reacionarismo

Por Bepe Damasco, em seu blog:                            

Em artigo recente, lúcido e preciso como sempre, Paulo Nogueira, do Diário de Centro do Mundo, lamentava o fato de o reconhecimento à qualidade da gestão do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tenha vindo de um jornal do exterior. O conservador Wall Street Journal disse que em cidades mentalmente mais arejadas Haddad seria reconhecido como um "visionário urbano."

Mas na capital brasileira do reacionarismo e da intolerância o prefeito é massacrado pela mídia e xingado dia e noite nas rodas das classes média e alta.

E pior: o bombardeio midiático sem tréguas atingiu a imagem de Haddad também em parcela considerável da população mais pobre da periferia, no rastro da criminalização do PT.

Berço da criação do PT e da CUT, São Paulo ainda conta com uma intelectualidade de esquerda de ponta, influente e comprometida com as boas causas do povo, um sindicalismo combativo de vanguarda e movimentos sociais vibrantes.No entanto, especialmente nos últimos anos, é como se um tsunami obscurantista tivesse varrido a maior cidade da América Latina, arrastando consciências e contaminando o espírito das pessoas.

A São Paulo de hoje festeja um político menor como Serra, reelege no primeiro turno um governador cuja irresponsabilidade levou São Paulo a uma calamitosa crise hídrica e faz vista grossa para a roubalheira no sistema de trens e metrôs. Tudo para poupar o PSDB. Para o paulistano, só existe corrupção petista.

Não é à toa que a capital paulista lidera disparado o ranking do número de participantes nas manifestações de coxinhas e fascistas que exibem cartazes e bonecos pregando a morte de Lula e Dilma. Saudosos da tortura e da eliminação física dos adversários, querem a volta da ditadura.

Para Haddad, sobram ataques virulentos. Faz tempo que grandes cidades do mundo como Paris, Roma, Londres, Madrid, Nova Iorque, Amsterdã, Estocolmo e Copenhague investiram na construção de ciclovias, seja para enfrentar o caos urbano causado por número de carros que cresce exponencialmente, seja para aliviar e proteger a camada de ozônio da emissão de dióxido de carbono. Sem falar nos efeitos benéficos para a saúde da prática de exercícios físicos.

Na sua mediocridade e ignorância atávicas, porém, a elite paulistana destila ódio à ciclovia e denuncia sua cor vermelha como uma provocação comunista.

Haddad desbaratou a máfia de fiscais corruptos. Ninguém deu bola.O prefeito pôs em prática um modelo multidisciplinar de abordagem do grave problema do consumo de crack, com base na atenção psicossocial. Passou batido.

Haddad foi crucificado porque pela primeira vez dotou a cidade de uma lei prevendo um IPTU progressivo, cobrando mais dos abastados e menos dos pobres. Apanhou tanto que o Judiciário anulou os efeitos da lei.

Diante dessa situação absurda de intolerância, penso que o prefeito deve se preparar para cair fora dentro de um ano e poucos. Claro que ele tem de ser candidato à reeleição para defender suas realizações e seu legado. Mas é pouco provável que vença, pois os valores da maioria da população do município são incompatíveis com os seus. A maior parte dos habitantes de São Paulo não merece um homem público da envergadura do professor Fernando Haddad. É isso.

Uma vez li um artigo do cronista esportivo carioca Fernando Calazans, no qual ele ao responder os que desmereciam a geração de Zico, Sócrates, Falcão e Júnior por não ter ganho nenhuma Copa do Mundo, fulminou: “azar da Copa do Mundo”. Pois se São Paulo não gosta de Haddad, azar de São Paulo.
Fonte: Blog do Miro
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O Brasil não pode deixar de lado um dos quadros  políticos mais lúcidos e competentes .

Se  a cidade de São Paulo  por conta do atraso de sua população não aceita Haddad, que o prefeito se candidate em outra cidade.

O Rio de Janeiro o receberá de braços abertos.

Gente estranha

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  •              Não falei? Muita bomba. O povo pegou pesado mesmo   

  •  bessinha top model da chevron
      
                             
     


    Cheesemoney. O alimento do futuro

    A ganância

    publicado em 25 de setembro de 2015 às 18:19
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    Na ONU, Papa condena exclusão social e chama gestão econômica global de “irresponsável”
    publicado em 25 de setembro de 2015 às 21:21
    papa na onu
    Agência Lusa, via Agência Brasil

    Na ONU, papa condena exclusão social e pede regulação de sistema financeiro

     Leandra Felipe, de Atlanta, Estados Unidos, Correspondente da Agência Brasil/EBC
    Em seu discurso hoje (25), na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o papa Francisco fez uma ampla defesa dos direitos humanos e da proteção ao meio ambiente. Ele fez críticas ao lucro indiscriminado de organismos financeiros que não estão submetidos ao interesse coletivo, defendendo, inclusive, a regulação desses organismos. O Papa discursou diante de 150 chefes de Estado e de governo, entre eles a presidenta Dilma Rousseff, reunidas na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável..
    Ele chamou a gestão econômica global de ‘”irresponsável” e disse que a economia mundial não deve ser guiada pela ambição e riqueza. Defendeu que os organismos financeiros internacionais devem se comprometer com o financiamento do desenvolvimento sustentável dos países. “Os organismos financeiros internacionais deveriam promover o progresso, ao invés de submeter as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência”, declarou.
    Durante os 35 minutos de discurso, o Papa tocou em vários pontos presentes na Agenda de Desenvolvimento Sustentável Pós-2015, a chamada Agenda 2030. Em diversos momentos chamou os líderes a combater a exclusão social e cobrou, dos países mais desenvolvidos, maior comprometimento com a principal meta do documento: a eliminação da pobreza extrema do mundo.

    Proteção ambiental

    O papa Francisco também enfatizou a defesa do meio ambiente e disse que “a sede de poder e a propriedade material sem limites”, são fatores que favorecem a manutenção da miséria. Ele lembrou que a “destruição da biodiversidade ameaça a própria existência da espécie humana” e, ao defender o desenvolvimento sustentável, criticou a cultura do descarte.
    Para o papa, o mau uso do meio ambiente está relacionado com os processos de exclusão social, em um mundo onde “os mais pobres também são descartados da sociedade”. O pontífice pediu que todos os países cumpram as promessas e metas propostas conjuntamente pelos países-membros da ONU e que se esforcem para combater os efeitos do aquecimento global.
    O papa Francisco também citou a Conferência sobre o Climpa, que vai ocorrer em dezembro, em Paris, e se disse otimista com a assinatura de um acordo global sobre o tema.

    Fundamentalismo religioso e diplomacia

    O papa Francisco citou a perseguição aos cristãos em alguns países, sobretudo no Oriente Médio e no Norte da África e a intolerância religiosa. “É uma situação dolorosa ver estes cristãos e patrimônios culturais e religiosos destruídos”, frisou.
    Ele elogiou o acordo para o fim da atividade nuclear no Irã – sem citar o país, como resultado da boa vontade política de líderes mundiais. “O recente acordo sobre a questão nuclear em uma região sensível da Ásia e do Oriente Médio é uma prova das possibilidades da boa vontade política e do direito exercitados com sinceridade, paciência e constância”, disse.
    Em outro momento do discurso, defendeu o combate a vários tipos de crimes, como o narcotráfico, a lavagem de dinheiro e o tráfico de seres humanos. Para ele, o narcotráfico mata milhões de pessoas silenciosamente e não é suficientemente combatido.

    70 anos da ONU

    Ao iniciar seu discurso, o Papa mencionou importância da ONU, em seus 70 anos de ação, como organismo de mediação. “A história da comunidade organizada de estados representada pela ONU é uma história de importantes êxitos comuns, em um período de inusitada aceleração dos acontecimentos”, disse.
    Antes do discurso no Plenário, o Papa se reuniu com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e fez uma declaração rápida aos funcionários das Nações Unidas, agradecendo o trabalho deles e pedindo orações. “Rezem por mim”, pediu.
    Edição: Denise Griesinger
    *
    A íntegra do discurso do Papa na ONU

    Senhor Presidente,
    Senhoras e Senhores,
    Bom dia!
    Mais uma vez, seguindo uma tradição de que me sinto honrado, o Secretário-Geral das Nações Unidas convidou o Papa para falar a esta distinta assembleia das nações. Em meu nome e em nome de toda a comunidade católica, Senhor Ban Ki-moon, desejo manifestar-lhe a gratidão mais sincera e cordial; agradeço-lhe também as suas amáveis palavras.
    Saúdo ainda os chefes de Estado e de Governo aqui presentes, os embaixadores, os diplomatas e os funcionários políticos e técnicos que os acompanham, o pessoal das Nações Unidas empenhado nesta LXX Sessão da Assembleia Geral, o pessoal de todos os programas e agências da família da ONU e todos aqueles que, por um título ou outro, participam nesta reunião. Por vosso intermédio, saúdo também os cidadãos de todas as nações representadas neste encontro. Obrigado pelos esforços de todos e cada um em prol do bem da humanidade.
    Esta é a quinta vez que um Papa visita as Nações Unidas. Fizeram-no os meus antecessores Paulo VI em 1965, João Paulo II em 1979 e 1995 e o meu imediato antecessor, hoje Papa emérito Bento XVI, em 2008. Nenhum deles poupou expressões de reconhecido apreço pela Organização, considerando-a a resposta jurídica e política adequada para o momento histórico, caracterizado pela superação das distâncias e das fronteiras graças à tecnologia e, aparentemente, superação de qualquer limite natural à afirmação do poder. Uma resposta imprescindível, dado que o poder tecnológico, nas mãos de ideologias nacionalistas ou falsamente universalistas, é capaz de produzir atrocidades tremendas. Não posso deixar de me associar ao apreçamento dos meus antecessores, reiterando a importância que a Igreja Católica reconhece a esta instituição e as esperanças que coloca nas suas atividades.
    A história da comunidade organizada dos Estados, representada pelas Nações Unidas, que festeja nestes dias o seu septuagésimo aniversário, é uma história de importantes sucessos comuns, em um período de incomum aceleração dos acontecimentos. Sem pretender ser exaustivo, pode-se mencionar a codificação e o desenvolvimento do direito internacional, a construção da normativa internacional dos direitos humanos, o aperfeiçoamento do direito humanitário, a solução de muitos conflitos e operações de paz e reconciliação, e muitas outras aquisições em todos os setores do âmbito internacional das atividades humanas.
    Todas estas realizações são luzes que contrastam a obscuridade da desordem causada por ambições descontroladas e egoísmos. Apesar de serem muitos os problemas graves por resolver, todavia é seguro e evidente que, se faltasse toda esta atividade internacional, a humanidade poderia não ter sobrevivido ao uso descontrolado das suas próprias potencialidades. Cada um destes avanços políticos, jurídicos e técnicos representa um percurso de concretização do ideal da fraternidade humana e um meio para a sua maior realização.
    Por isso, presto homenagem a todos os homens e mulheres que serviram, com lealdade e sacrifício, a humanidade inteira nestes setenta anos. Em particular, desejo hoje recordar aqueles que deram a sua vida pela paz e a reconciliação dos povos, desde Dag Hammarskjöld até aos inúmeros funcionários, de qualquer grau, caídos nas missões humanitárias de paz e reconciliação.
    A experiência destes setenta anos demonstra que, para além de tudo o que se conseguiu, há constante necessidade de reforma e adaptação aos tempos, avançando rumo ao objetivo final que é conceder a todos os países, sem exceção, uma participação e uma incidência reais e equitativas nas decisões. Esta necessidade duma maior equidade é especialmente verdadeira nos órgãos com capacidade executiva real, como o Conselho de Segurança, os organismos financeiros e os grupos ou mecanismos criados especificamente para enfrentar as crises econômicas. Isto ajudará a limitar qualquer espécie de abuso ou usura especialmente sobre países em vias de desenvolvimento. Os Organismos Financeiros Internacionais devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países, evitando uma sujeição sufocante desses países a sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência.
    A trabalho das Nações Unidas, com base nos postulados do Preâmbulo e dos primeiros artigos da sua Carta constitucional, pode ser vista como o desenvolvimento e a promoção da soberania do direito, sabendo que a justiça é um requisito indispensável para se realizar o ideal da fraternidade universal. Neste contexto, convém recordar que a limitação do poder é uma ideia implícita no conceito de direito. Dar a cada um o que lhe é devido, segundo a definição clássica de justiça, significa que nenhum indivíduo ou grupo humano se pode considerar onipotente, autorizado a pisar a dignidade e os direitos dos outros indivíduos ou dos grupos sociais. A efetiva distribuição do poder (político, econômico, militar, tecnológico, etc.) entre uma pluralidade de sujeitos e a criação dum sistema jurídico de regulação das reivindicações e dos interesses realiza a limitação do poder. Mas, hoje, o panorama mundial apresenta-nos muitos direitos falsos e, ao mesmo tempo, amplos setores sem proteção, vítimas inclusivamente dum mau exercício do poder: o ambiente natural e o vasto mundo de mulheres e homens excluídos são dois setores intimamente unidos entre si, que as relações políticas e econômicas preponderantes transformaram em partes frágeis da realidade. Por isso, é necessário afirmar vigorosamente os seus direitos, consolidando a proteção do meio ambiente e pondo fim à exclusão.
    Antes de mais nada, é preciso afirmar a existência dum verdadeiro «direito do ambiente», por duas razões. Em primeiro lugar, porque como seres humanos fazemos parte do ambiente. Vivemos em comunhão com ele, porque o próprio ambiente comporta limites éticos que a ação humana deve reconhecer e respeitar. O homem, apesar de dotado de «capacidades originais [que] manifestam uma singularidade que transcende o âmbito físico e biológico» (Enc. Laudato si’, 81), não deixa ao mesmo tempo de ser uma porção deste ambiente. Possui um corpo formado por elementos físicos, químicos e biológicos, e só pode sobreviver e desenvolver-se se o ambiente ecológico lhe for favorável. Por conseguinte, qualquer dano ao meio ambiente é um dano à humanidade. Em segundo lugar, porque cada uma das criaturas, especialmente seres vivos, possui em si mesma um valor de existência, de vida, de beleza e de interdependência com outras criaturas. Nós cristãos, juntamente com as outras religiões monoteístas, acreditamos que o universo provém duma decisão de amor do Criador, que permite ao homem servir-se respeitosamente da criação para o bem dos seus semelhantes e para a glória do Criador, mas sem abusar dela e muito menos sentir-se autorizado a destruí-la. E, para todas as crenças religiosas, o ambiente é um bem fundamental (cf. ibid., 81).
    O abuso e a destruição do meio ambiente aparecem associados, simultaneamente, com um processo ininterrupto de exclusão. Na verdade, uma ambição egoísta e ilimitada de poder e bem-estar material leva tanto a abusar dos meios materiais disponíveis como a excluir os fracos e os menos hábeis, seja pelo fato de terem habilidades diferentes (deficientes), seja porque lhes faltam conhecimentos e instrumentos técnicos adequados ou possuem uma capacidade insuficiente de decisão política. A exclusão econômica e social é uma negação total da fraternidade humana e um atentado gravíssimo aos direitos humanos e ao ambiente. Os mais pobres são aqueles que mais sofrem esses ataques por um triplo e grave motivo: são descartados pela sociedade, ao mesmo tempo são obrigados a viver de desperdícios, e devem sofrer injustamente as consequências do abuso do ambiente. Estes fenômenos constituem, hoje, a difundida e inconscientemente consolidada «cultura do descarte».
    O caráter dramático de toda esta situação de exclusão e desigualdade, com as suas consequências claras, leva-me, juntamente com todo o povo cristão e muitos outros, a tomar consciência também da minha grave responsabilidade a este respeito, pelo que levanto a minha voz, em conjunto com a de todos aqueles que aspiram por soluções urgentes e eficazes. A adoção da «Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável», durante a Cimeira Mundial que hoje mesmo começa, é um sinal importante de esperança. Estou confiado também que a Conferência de Paris sobre as alterações climáticas alcance acordos fundamentais e efetivos.
    Todavia não são suficientes os compromissos solenemente assumidos, mesmo se constituem um passo necessário para a solução dos problemas. A definição clássica de justiça, a que antes me referi, contém como elemento essencial uma vontade constante e perpétua: Iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi. O mundo pede vivamente a todos os governantes uma vontade efetiva, prática, constante, feita de passos concretos e medidas imediatas, para preservar e melhorar o ambiente natural e superar o mais rapidamente possível o fenômeno da exclusão social e econômica, com suas tristes consequências de tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos e tecidos humanos, exploração sexual de meninos e meninas, trabalho escravo, incluindo a prostituição, tráfico de drogas e de armas, terrorismo e criminalidade internacional organizada. Tal é a magnitude destas situações e o número de vidas inocentes envolvidas que devemos evitar qualquer tentação de cair num nominalismo declamatório com efeito tranquilizador sobre as consciências. Devemos ter cuidado com as nossas instituições para que sejam realmente eficazes na luta contra estes flagelos.
    A multiplicidade e complexidade dos problemas exigem servir-se de instrumentos técnicos de medição. Isto, porém, esconde um duplo perigo: limitar-se ao exercício burocrático de redigir longas enumerações de bons propósitos – metas, objetivos e indicadores estatísticos –, ou julgar que uma solução teórica única e apriorística dará resposta a todos os desafios. É preciso não perder de vista, em momento algum, que a ação política e econômica só é eficaz quando é concebida como uma atividade prudencial, guiada por um conceito perene de justiça e que tem sempre presente que, antes e para além de planos e programas, existem mulheres e homens concretos, iguais aos governantes, que vivem, lutam e sofrem e que muitas vezes se veem obrigados a viver miseravelmente, privados de qualquer direito.
    A fim de que estes homens e mulheres concretos possam subtrair-se à pobreza extrema, é preciso permitir-lhes que sejam atores dignos do seu próprio destino. O desenvolvimento humano integral e o pleno exercício da dignidade humana não podem ser impostos; devem ser construídos e realizados por cada um, por cada família, em comunhão com os outros seres humanos e num relacionamento correto com todos os ambientes onde se desenvolve a sociabilidade humana – amigos, comunidades, aldeias e vilas, escolas, empresas e sindicatos, províncias, países, etc. Isto supõe e exige o direito à educação – mesmo para as meninas (excluídas em alguns lugares) –, que é assegurado antes de mais nada respeitando e reforçando o direito primário das famílias a educar e o direito das Igrejas e de agregações sociais a apoiar e colaborar com as famílias na educação das suas filhas e dos seus filhos. A educação, assim entendida, é a base para a realização da Agenda 2030 e para a recuperação do ambiente.
    Ao mesmo tempo, os governantes devem fazer o máximo possível por que todos possam dispor da base mínima material e espiritual para tornar efetiva a sua dignidade e para formar e manter uma família, que é a célula primária de qualquer desenvolvimento social. A nível material, este mínimo absoluto tem três nomes: casa, trabalho e terra. E, a nível espiritual, um nome: liberdade do espírito, que inclui a liberdade religiosa, o direito à educação e os outros direitos civis.
    Por todas estas razões, a medida e o indicador mais simples e adequado do cumprimento da nova Agenda para o desenvolvimento será o acesso efetivo, prático e imediato, para todos, aos bens materiais e espirituais indispensáveis: habitação própria, trabalho digno e devidamente remunerado, alimentação adequada e água potável; liberdade religiosa e, mais em geral, liberdade do espírito e educação. Ao mesmo tempo, estes pilares do desenvolvimento humano integral têm um fundamento comum, que é o direito à vida, e, em sentido ainda mais amplo, aquilo a que poderemos chamar o direito à existência da própria natureza humana.
    A crise ecológica, juntamente com a destruição de grande parte da biodiversidade, pode pôr em perigo a própria existência da espécie humana. As nefastas consequências duma irresponsável má gestão da economia mundial, guiada unicamente pela ambição de lucro e poder, devem constituir um apelo a esta severa reflexão sobre o homem: «O homem não se cria a si mesmo. Ele é espírito e vontade, mas é também natureza» (BENTO XVI, Discurso ao Parlamento da República Federal da Alemanha, 22 de setembro de 2011; citado na Enc. Laudato si’, 6). A criação vê-se prejudicada «onde nós mesmos somos a última instância (…). E o desperdício da criação começa onde já não reconhecemos qualquer instância acima de nós, mas vemo-nos unicamente a nós mesmos» (BENTO XVI, Discurso ao clero da Diocese de Bolzano-Bressanone, 6 de agosto de 2008; citado na Enc. Laudato si’, 6). Por isso, a defesa do ambiente e a luta contra a exclusão exigem o reconhecimento duma lei moral inscrita na própria natureza humana, que inclui a distinção natural entre homem e mulher (cf. Enc. Laudato si’, 155) e o respeito absoluto da vida em todas as suas fases e dimensões (cf. ibid., 123; 136).
    Sem o reconhecimento de alguns limites éticos naturais inultrapassáveis e sem a imediata atuação dos referidos pilares do desenvolvimento humano integral, o ideal de «preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra» (Carta das Nações Unidas, Preâmbulo) e «promover o progresso social e um padrão mais elevado de viver em maior liberdade» (ibid.) corre o risco de se tornar uma miragem inatingível ou, pior ainda, palavras vazias que servem como desculpa para qualquer abuso e corrupção ou para promover uma colonização ideológica através da imposição de modelos e estilos de vida anormais, alheios à identidade dos povos.
    Para isso, é preciso garantir o domínio do direito e o recurso incansável às negociações, aos mediadores e à arbitragem, como é proposto pela Carta das Nações Unidas, verdadeira norma jurídica fundamental. A experiência destes setenta anos de existência das Nações Unidas, em geral, e, de modo particular, a experiência dos primeiros quinze anos do terceiro milênio mostram tanto a eficácia da plena aplicação das normas internacionais como a ineficácia da sua inobservância. Se se respeita e aplica a Carta das Nações Unidas, com transparência e sinceridade, sem segundos fins, como um ponto de referência obrigatório de justiça e não como um instrumento para mascarar intenções ambíguas, obtém-se resultados de paz. Quando, pelo contrário, se confunde a norma com um simples instrumento que se usa quando resulta favorável e se contorna quando não o é, abre-se uma verdadeira caixa de Pandora com forças incontroláveis, que prejudicam seriamente as populações inermes, o ambiente cultural e também o ambiente biológico.
    O Preâmbulo e o primeiro artigo da Carta das Nações Unidas indicam as bases da construção jurídica internacional: a paz, a solução pacífica das controvérsias e o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações. Contrasta fortemente com estas afirmações – e nega-as na prática – a tendência sempre presente para a proliferação das armas, especialmente as de destruição em massa, como o podem ser as armas nucleares. Uma ética e um direito baseados sobre a ameaça da destruição recíproca – e, potencialmente, de toda a humanidade – são contraditórios e constituem um dolo em toda a construção das Nações Unidas, que se tornariam «Nações Unidas pelo medo e a desconfiança». É preciso trabalhar por um mundo sem armas nucleares, aplicando plenamente, na letra e no espírito, o Tratado de Não-Proliferação para se chegar a uma proibição total destes instrumentos.
    O recente acordo sobre a questão nuclear, numa região sensível da Ásia e do Médio Oriente, é uma prova das possibilidades da boa vontade política e do direito, cultivados com sinceridade, paciência e constância. Faço votos de que este acordo seja duradouro e eficaz e, com a colaboração de todas as partes envolvidas, produza os frutos esperados. Nesta linha, não faltam provas graves das consequências negativas de intervenções políticas e militares não coordenadas entre os membros da comunidade internacional. Por isso, embora desejasse não ter necessidade de o fazer, não posso deixar de reiterar os meus apelos que venho repetidamente fazendo em relação à dolorosa situação de todo o Médio Oriente, do Norte de África e de outros países africanos, onde os cristãos, juntamente com outros grupos culturais ou étnicos e também com aquela parte dos membros da religião maioritária que não quer deixar-se envolver pelo ódio e a loucura, foram obrigados a ser testemunhas da destruição dos seus lugares de culto, do seu patrimônio cultural e religioso, das suas casas e haveres, e foram postos perante a alternativa de escapar ou pagar a adesão ao bem e à paz com a sua própria vida ou com a escravidão.
    Estas realidades devem constituir um sério apelo a um exame de consciência por parte daqueles que têm a responsabilidade pela condução dos assuntos internacionais. Não só nos casos de perseguição religiosa ou cultural, mas em toda a situação de conflito, como na Ucrânia, Síria, Iraque, Líbia, Sudão do Sul e na região dos Grandes Lagos, antes dos interesses de parte, mesmo legítimos, existem rostos concretos. Nas guerras e conflitos, existem pessoas, nossos irmãos e irmãs, homens e mulheres, jovens e idosos, meninos e meninas que choram, sofrem e morrem. Seres humanos que se tornam material de descarte, enquanto nada mais se faz senão enumerar problemas, estratégias e discussões.
    Como pedi ao Secretário-Geral das Nações Unidas, na minha carta de 9 de agosto de 2014, «a mais elementar compreensão da dignidade humana obriga a comunidade internacional, em particular através das regras e dos mecanismos do direito internacional, a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para impedir e prevenir ulteriores violências sistemáticas contra as minorias étnicas e religiosas» e para proteger as populações inocentes.
    Nesta mesma linha, quero citar outro tipo de conflitualidade, nem sempre assim explicitada, mas que inclui silenciosamente a morte de milhões de pessoas. Muitas das nossas sociedades vivem um tipo diferente de guerra com o fenómeno do narcotráfico. Uma guerra «suportada» e pobremente combatida. O narcotráfico, por sua própria natureza, é acompanhado pelo tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro, tráfico de armas, exploração infantil e outras formas de corrupção. Corrupção, que penetrou nos diferentes níveis da vida social, política, militar, artística e religiosa, gerando, em muitos casos, uma estrutura paralela que põe em perigo a credibilidade das nossas instituições.
    Comecei a minha intervenção recordando as visitas dos meus antecessores.
    Agora quereria, em particular, que as minhas palavras fossem como que uma continuação das palavras finais do discurso de Paulo VI, pronunciadas quase há cinquenta anos, mas de valor perene. «Eis chegada a hora em que se impõe uma pausa, um momento de recolhimento, de reflexão, quase de oração: pensar de novo na nossa comum origem, na nossa história, no nosso destino comum. Nunca, como hoje, (…) foi tão necessário o apelo à consciência moral do homem. Porque o perigo não vem nem do progresso nem da ciência, que, bem utilizados, poderão, pelo contrário, resolver um grande número dos graves problemas que assaltam a humanidade» (Discurso aos Representantes dos Estados, 4 de outubro de 1965, n. 7).
    Sem dúvida que a genialidade humana, bem aplicada, ajudará a resolver, entre outras coisas, os graves desafios da degradação ecológica e da exclusão. E continuo com as palavras de Paulo VI: «O verdadeiro perigo está no homem, que dispõe de instrumentos sempre cada vez mais poderosos, aptos tanto para a ruína como para as mais elevadas conquistas» (ibid.).
    A casa comum de todos os homens deve continuar a erguer-se sobre uma reta compreensão da fraternidade universal e sobre o respeito pela sacralidade de cada vida humana, de cada homem e de cada mulher; dos pobres, dos idosos, das crianças, dos doentes, dos nascituros, dos desempregados, dos abandonados, daqueles que são vistos como descartáveis porque considerados meramente como números desta ou daquela estatística. A casa comum de todos os homens deve edificar-se também sobre a compreensão duma certa sacralidade da natureza criada.
    Tal compreensão e respeito exigem um grau superior de sabedoria, que aceite a transcendência, renuncie à construção duma elite onipotente e entenda que o sentido pleno da vida individual e coletiva está no serviço desinteressado aos outros e no uso prudente e respeitoso da criação para o bem comum. Repetindo palavras de Paulo VI, «o edifício da civilização moderna deve construir-se sobre princípios espirituais, os únicos capazes não apenas de o sustentar, mas também de o iluminar e de o animar» (ibid.).
    O Gaúcho Martín Fierro, um clássico da literatura da minha terra natal, canta: «Os irmãos estejam unidos, porque esta é a primeira lei. Tenham união verdadeira em qualquer tempo que seja, porque se litigam entre si, devorá-los-ão os de fora».
    O mundo contemporâneo, aparentemente interligado, experimenta um crescente, consistente e contínua fragmentação social que põe em perigo «todo o fundamento da vida social» e assim «acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses» (Enc. Laudato si’, 229).
    O tempo presente convida-nos a privilegiar ações que possam gerar novos dinamismos na sociedade e frutifiquem em acontecimentos históricos importantes e positivos (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 223). Não podemos permitir-nos o adiamento de «algumas agendas» para o futuro. O futuro exige-nos decisões críticas e globais face aos conflitos mundiais que aumentam o número dos excluídos e necessitados.
    A louvável construção jurídica internacional da Organização das Nações Unidas e de todas as suas realizações – melhorável como qualquer outra obra humana e, ao mesmo tempo, necessária – pode ser penhor dum futuro seguro e feliz para as gerações futuras. Sê-lo-á se os representantes dos Estados souberem pôr de lado interesses setoriais e ideologias e procurarem sinceramente o serviço do bem comum. Peço a Deus onipotente que assim seja, assegurando-vos o meu apoio, a minha oração, bem como o apoio e as orações de todos os fiéis da Igreja Católica, para que esta Instituição, com todos os seus Estados-Membros e cada um dos seus funcionários, preste sempre um serviço eficaz à humanidade, um serviço respeitoso da diversidade e que saiba potenciar, para o bem comum, o melhor de cada nação e de cada cidadão. Que Deus os abençoe!

    Fonte: VIOMUNDO