domingo, 10 de maio de 2015

Chupa Globo

Por que não ver a final do campeonato paulista pela Globo
 
chupagloboguilhermedioniziogazeta















Em meio a manifestações nas ruas e também no meio virtual contra a Rede Globo, Santos e Palmeiras fazem hoje a final do campeonato paulista de futebol. Coincidentemente, são dois dos grandes clubes de São Paulo que têm menos exibição de jogos na grade da emissora, que detém os direitos de transmissão da competição. Por conta dessa baixa exposição, que prejudica comercialmente ambas as equipes, a Vênus Platinada tem sido alvo constante de xingamentos e protestos de torcedores nos estádios.

No último domingo (19), por exemplo, a torcida santista comemorou a classificação para a final do campeonato paulista com o coro: “Chupa Rede Globo/É o Santos na final de novo”. Mas xingamentos à emissora têm sido uma constante em partidas do clube alvinegro. Nas quartas de final contra o XV de Piracicaba, um domingo antes, a emissora preferiu transmitir o jogo do Corinthians e Ponte Preta no sábado e deixar o dia livre para cobrir as manifestações contra o governo Dilma. A decisão se mostrou equivocada em termos de audiência: o jogo do sábado chegou a 15 pontos no Ibope e o filme Homem-Aranha derrubou a média da emissora no horário nobre do futebol, a tarde dominical.

A torcida do Palmeiras também tem se manifestado, em especial nas redes sociais, contra a emissora, a qual parte dos alviverdes se refere apenas pelas suas iniciais, RGT. Em especial por conta da postura global de não dizer o nome do estádio do clube, Allianz Parque, o que mais uma vez prejudica o planejamento do clube em termos de exposição da marca. Além disso, em 2014, os palmeirenses viram sua equipe na TV aberta em treze ocasiões, contra 14 do Santos, 29 do São Paulo e 33 do Corinthians.

Neste ano, Santos e Palmeiras tiveram seu clássico televisionado no Campeonato Paulista, partida que rendeu uma média superior ou igual à de três partidas da Libertadores transmitidas até então: um dos jogos entre Corinthians e San Lorenzo e outro contra o Once Caldas, e a partida entre São Paulo e Danúbio, do Uruguai. A justificativa de que jogos de Corinthians e também do São Paulo têm preferência em relação aos outros por conta exclusivamente dos pontos no Ibope motiva a publicação de matérias/profecias furadas como esta do Uol, que antes do clássico preconizava que sua transmissão era “um risco” para a Globo.

De acordo com levantamento do jornalista Cosme Rímoli, a média de audiência dos jogos do Corinthians na Rede Globo em 2010 foi de 23,8 pontos; caindo para 22,6 pontos em 2011; 21,9 em 2012; 19,9 pontos em 2013 e 17,5 em 2014. Já a média dos jogos do Santos não ficou distante, chegando a superar o desempenho corintiano em 2011. Em 2010, por exemplo, ela foi de 21,2 pontos; 24,2 em 2011, 21 em 2012; 18,7 em 2013 e 17,2 em 2014. A média santista sobe também em função justamente de poucas partidas transmitidas, com os clássicos sendo destacados. Mas não é só isso que justifica. Em 2011 e 2012, por exemplo, a equipe contava com Neymar e tinha um ótimo desempenho em campo, o que evidencia que o torcedor em geral gosta de ver jogos que valham em termos de competição mas que também sejam promessas de bons espetáculos, com grandes jogadores atuando. No entanto, isso não é tão levado em consideração pela detentora dos direitos de transmissão.

Mas por que a Globo age assim se pode até mesmo perder ou deixar de ganhar audiência com isso? Parte da resposta é o cachimbo que entorta a boca. Como monopolista que é, a Globo é de fato avessa a riscos. Tanto que muitas vezes prefere pagar salários milionários a um funcionário seu fora do ar, posto na “geladeira”, a vê-lo em outra concorrente. No caso do futebol, colocar sempre o time de maior torcida local, como Corinthians e Flamengo, minimiza as chances de uma surpresa, ainda que às vezes ela pudesse ser positiva.

Há ainda um outro fator nebuloso, e este seria político. Em 2011, época em que a Record fez uma proposta superior à da emissora carioca ao Clube dos Treze, uma associação que reunia os maiores times brasileiros e era a responsável pela negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, executivos da emissora fluminense articularam com dirigentes de equipes para implodir a possibilidade de acordo. Antes, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) havia derrubado uma cláusula preferencial no contrato assinado pela entidade com emissora dos Marinho, que na prática inviabilizava a concorrência com outras emissoras. A reação global foi negociar individualmente com os clubes, com o Corinthians sendo o primeiro a se desligar do Clube dos Treze. A negociação aprofundou a diferença paga entre os 12 clubes de maior torcida, especialmente Corinthians e Flamengo, e os demais. Na dança, os clubes médios e pequenos foram ainda mais penalizados com a discrepância estabelecida.

Como a Globo ajuda a implodir o futebol brasileiro

Embora à primeira vista possa parecer que haja ganhadores nessa disputa entre clubes pelos recursos da televisão para o futebol, trata-se de um jogo que tem só um vencedor: a própria Globo, que se aproveita da cega desunião entre os times para lucrar, sem se importar com a crescente depreciação do esporte nacional. Como dito nesta matéria, a repetição exaustiva dos mesmos clubes na grade televisiva vai cansando o telespectador: “A transmissão excessiva de jogos de clubes mais populares, em especial Flamengo e Corinthians, para a maioria das praças, contribuiu para a desvalorização do futebol como um todo e, embora possa parecer que seja mais benéfico para ambos, o que geraria vantagens desportivas mais adiante, trata-se de um jogo em que todos perdem porque o esporte em si se desgasta e cansa o telespectador. Um exemplo é que foi justamente a transmissão de uma partida do Corinthians, contra o Coritiba, no dia 3 de agosto, a pior audiência da emissora em jogos do Campeonato Brasileiro em 2014. O que parece bom a curto prazo, não se sustenta ao longo do tempo.”

Muitos campeonatos de futebol pelo mundo se protegem em relação à exposição excessiva e à distribuição desigual extrema de recursos entre os clubes. A Premier League, divisão principal do campeonato inglês, é um exemplo. A fórmula de remuneração pelos direitos televisivos estabelece que 50% do volume distribuído seja fixo, enquanto 25% são direcionados de acordo com o desempenho do clube na competição e outros 25% segundo o número de jogos transmitidos. Cada clube tem também um número mínimo de partidas televisadas, impedindo a abissal discrepância que acontece no Brasil.

Na Inglaterra, os clubes pensam, juntos, primeiro na valorização do próprio futebol, para assim conseguirem se capacitar economicamente e manter espetáculos interessantes para o público. Não interessa uma desigualdade enorme entre o maior e o menor. No Brasil, a Globo é a verdadeira “organizadora” da modalidade, submetendo a CBF, federações e clubes e impondo um modelo que é bom apenas para ela, direcionando datas e horários de partidas e decidindo a seu bel prazer quem vai e quem não vai ser televisionado. O que torna o futebol brasileiro razoavelmente equilibrado é a incompetência de dirigentes, que conseguem torrar fortunas sem um desempenho equivalente a sua capacidade financeira em campo. Mas os jogos ficam ruins de se assistir. E o público já percebeu isso.

Nos números de audiência de dois dos grandes de São Paulo citados acima, percebe-se que ambos tiveram queda de audiência entre 2010 e 2014. O Corinthians perdeu 26,4%, enquanto Santos, São Paulo e Palmeiras perderam 20%, mesmo índice de decréscimo do Campeonato Brasileiro. O Campeonato Paulista perdeu, no mesmo período, 23%, e a Copa do Brasil, 32%. A Globo já estudaria diminuir o número de partidas transmitidas em sua grade. Claro, sem consultar os clubes ou se preocupar com o futuro do futebol.

A emissora também estaria de olho no futebol europeu, já que a partida entre Barcelona e Paris Saint-Germain exibida na tarde desta terça-feira rendeu à Globo 16 pontos, um alto índice para o horário. Fecha-se assim um ciclo cruel: quem é em parte responsável pela derrocada do futebol brasileiro e pela manutenção da distância entre a qualidade da bola jogada aqui e no Velho Mundo pode ser o primeiro a dar as costas para seus parceiros.

Por todo esse contexto, um bom protesto do torcedor neste domingo seria não assistir à final do campeonato paulista pela Globo. O boicote não só é um instrumento legítimo de protesto contra a emissora em um dia em que estão programadas diversas manifestações pelo país em “descomemoração” de seu aniversário, como seria também um alerta para os dirigentes de futebol de que é preciso pensar em alternativas ao monopólio global, que vem colaborando para a decadência do futebol nacional como um todo. Na disputa entre os clubes alimentada pela emissora, no final, todos podem sair perdendo. E perceber isso mais à frente pode ser tarde demais.

Fonte: FUTEPOCA
___________________________________________________________

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Violência jornalística

O Ataulpho Merval é um black-bloc ?

Isso é um perigo … Um perigo !

Ataulpho Merval desistiu de bater panela.

Pelo jeito, resolveu balançar o coreto das Instituições Republicanas !

Pelo jeito, derrubar o Governo no cacete !

Seria um black bloc sem máscara?

Outro dia, ele disse ao Sardenberg – ah, se ele não fosse da Globo -, na rádio que troca a notícia, que esse negocio de não ter prova contra o Lula não tem a menor importância.

(Não perca “o que fede mais ?”).

Depois ele arranja provas.

Deve ser com o Moro, esse que o Cerveró desmoralizou irremediavelmente.

Nessa sexta-feira (8/5), depois que o Levy aprovou o ajuste na Câmara, o Ataulpho (com “ph” fica mais chic…) perdeu as medidas.

Desabotoou o fardão !

“A oposição perdeu grande oportunidade de DESESTABILIZAR (ênfase minha – PHA) o Governo Dilma ao dar 16 votos essenciais para (sic) (a crase não foi feita para desmoralizar ninguém – Ferreira Gullar) a aprovação da Medida Provisória 665(do ajuste – PHA).”

“Rodrigo Maia, um dos votos do DEM (sic) pró-Governo, disse que votou a favor do país … Atitude louvável mas destoante do momento político, que é de confronto”.

Só se for o “momento político” na redação do Globo !

(Sobre a matéria, não deixe de ler o que a SECOM deveria ler: o estudo da PEW sobre a decadência inexorável dos empregadores do Ataulpho – mídia impressa, cabo e tevê aberta…)

“Desestabilizar”.

“Comprometer a solidez”.

“Comprometer a segurança de alguém”.

“Incapacitar o funcionamento de uma administração, de um Governo”.

É o que diz o Houaiss, que teria vergonha de ir a uma sessão da Academia em certas companhias …

A Globo decidiu que o jeito é ir pro pau ?

Descer às ruas e baixar o cacete ?

É o que parece.

Já que a Globo, a GloboNews e a CBN – que abrigam o Ataulpho – querem incapacitar a Dilma de Governar.

Desde que a SECOM fique aberta, não é isso, Merval ?

É um Black Bloc até a página três …

É o “confronto” até o BV chegar …

Em tempo: os filhos do Roberto Marinho – os que não têm nome próprio – também estão nessa ?

Olha, isso é um perigo …

Paulo Henrique Amorim

Fonte: CONVERSA AFIADA
______________________________________________________

 
O Globo, através de seus colunistas e de seus editoriais, revela o tipo de jornalismo  que pretende ao longo do Governo Dilma.

Ao se referir ao confronto aberto, Merval  se coloca em um palanque e incita a violência.

O banditismo de Globo se supera a cada dia e, por ser um grupo de mídia, a opção pelo confronto se faz presente, de todas as formas e variações possíveis,  em todos os programas  de todas as mídias do grupo.

Em seu papel de partido político, o grupo globo ao optar pelo confronto aberto coloca  em risco o convívio social, já que o contágio com a sociedade é imediato.
De uma forma ou de outra, crimes , roubos e assaltos cada vez mais violentos tem sido registrados ao longo deste ano.

A violência que cresce nos grandes centros urbanos não é fruto do acaso.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Reflexões sobre o histerismo metálico sonoro

O pobre está mais perto, peguem as panelas

É o pavor da aproximação do pobre.

O Conversa Afiada reproduz artigo enviado pelo amigo navegante Walter Ferreira ao e-mail georgia@conversaafiada.com.br:

O POBRE ESTÁ MAIS PERTO, PEGUEM AS PANELAS

Segundo a psiquiatria, peniafobia é o medo da pobreza. E sendo a maioria das fobias o medo de ser aquilo do qual se tem medo, peniafobia é o medo inconsciente da pobreza por aquele que tem medo de ser/ficar pobre.

Quando a classe média brasileira (parte dela) vai para as varandas de seus apartamentos em bairros ricos de Rio e São Paulo fazer panelaço é porque demonstra o pavor que está sentindo da aproximação do pobre. O pobre está mais perto. O pobre está frequentando o mesmo aeroporto, a mesma loja, o mesmo ambiente… São estranhos. Têm maneiras diferentes. E se aproximam cada vez mais. A sensação é a de estar tendo pesadelos com o filme “A volta dos mortos-vivos”.

Vivemos um momento de início do fim do nosso apartheid social no Brasil? Os governos de Lula e Dilma incomodam tanto a classe média alta (parte dela) por reestruturarem o antigo modelo social de castas no Brasil? O pobre está mais perto? A classe média alta (parte dela) está respondendo de suas varandas chiques. E está dizendo que sim.

Claro que, rico protestando de varanda com panela na mão é caricato, ridículo, engraçado. O protesto do panelaço é esvaziado de efetividade, esvaziado de debate político. Só chama a atenção da sempre golpista Globo, de mais ninguém. Esse panelaço é ilegítimo porque é mero esperneio, chororô de eleitor de candidato derrotado democraticamente nas urnas. O povão do Brasil profundo nem está ligando para os ricos incomodados. O povão do Brasil profundo está em paz. Tem uma natureza de paz. E anti-golpista.

A desigualdade faz o glamour daqueles que se acham. Sofrem por anteverem um futuro onde haja mais igualdade social, econômica. Apelam porque sofrem. E me convencem de que, se estão incomodados é porque Lula e Dilma fazem governos populares, voltados para o povo. Fazem esse pobre se aproximar.

Se a elite está tão insatisfeita assim, me dá a certeza de que votei certo.


Fonte:  CONVERSA AFIADA
_______________________________________________________


São os doze anos de governos populares e democráticos do PT que, com doses homeopáticas de políticas sociais bem sucedidas contra a desigualdade social, produziram um despertar repentino nas elites e parcela da classe média que compactuam da crença  que quanto maior a desigualdade social do país, maiores são a importância e a relevância das pessoas que estão economicamente  acima da maioria, mesmo que estes que estejam  acima sejam uns borra botas analfabetos.

É o que está acontecendo com a elite e parcela da classe média , já que seus símbolos de suposta superioridade estão, cada vez mais, disponíveis para a maioria da população brasileira.

Assim sendo,  o quadro patológico dos paneleiros não necessariamente está associado a uma epidemia de peniafobia e , sim, a um choque de realidade, já que os paneleiros ,em tempos passados , se auto valorizaram de forma equivocada.

Para a velha mídia do capital, o que importa é o barulho das panelas, como se pode constatar através do malabarismo de linguagem presente nos textos dos principais e mais renomados colunistas, alguns até mesmo ostentando títulos de imortalidade por conta de  suas obras. 
E que obras, caro leitor, que obras.

Caso as elites e a parcela da classe média que proporcionam cenas de pânico e histerismo metálico sonoro queiram manter seus status de importância e superioridade ,ou resolvam estudar para adquirir cultura e conhecimento, ou inscrevam-se na Meca da mediocridade  da visibilidade remunerada - mundialmente conhecida como Big Brother Brasil da Globo.

No caso de aquisição de cultura e conhecimento , cabe ressaltar que os resultados não são imediatos, no entanto são os mais sólidos e inabaláveis em qualquer contexto social e político de qualquer país, independente de seu sistema de crenças e valores. 
O tempo, enquanto revelador, dirá o quão importante tem sido tal investimento, assim como os frutos eternamente disponíveis para se colher. 
Cabe lembrar que o conhecimento é o único e verdadeiro poder , ao qual não se deve temer perdas ou mesmo ladrões.

Caso as elites queiram uma importância  pessoal maior , mais rápida e imediata, ou um plus de importância como gostam de dizer, os programas de televisão da mídia do capital oferecem possibilidades imediatas, seja como debatedor de futilidades, seja como entrevistado principal em programas de entrevistas onde somente o entrevistador fala - o que é ótimo para as elites pois evita desconfortos - ou ainda nos reality shows, seja na cozinha , na fazenda , ou em meio a uma putaria pós moderna urbana. 
O resultado  garante uma importância imediata de grande visibilidade, com direito a entrevistas com Ana Maria Braga,  Faustão e Luciano Huck.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

O Bloco de Sujo das Elites



Ontem, mais uma vez, as panelas voltaram durante o programa gratuito do PT na televisão.

Confesso que onde resido não ouvi nenhum barulho de panelas durante a apresentação do programa.

Mais uma vez, a classe média alta e os ricos fizeram seu protesto, mesmo sem jamais terem vivenciado algum momento de panelas vazias em suas vidas, mesmo agora em meio a uma crise mundial que afeta todos os países, inclusive, claro, o Brasil.

Bater panelas é um ato, em primeiro lugar, de protesto contra os rumos da economia de um país que leva um grande número de pessoas ao desemprego, sem salário, sem renda, e, consequentemente, com as panelas vazias.

Ainda hoje, nas periferias, bater em panelas ou em latas  é coisa de blocos de sujo durante o carnaval. Blocos que não tem dinheiro para comprar instrumentos de percussão, mas que usam latas e panelas para animar a festa.

Palmas para ala das elites famintas....

Nada disso acontece no Brasil, ao contrário, o país tem índices de desemprego relativamente baixos, comparados a grande maioria dos países pelo mundo.

Logo, o bater de panelas proporcionado por uma parcela da população de renda média e alta, é uma forma de dizer que esse grupo da sociedade brasileira é contrário aos governos do PT, se opõe ao PT e, se possível, deseja retirar por, quaisquer meios, o PT do Poder.

Pode-se afirmar que o surgimento desse grupo é algo natural nas democracias atuais, caracterizando-se todos por um alinhamento radical e  reacionário no campo da direita, criando , através  de atos e protestos organizados pelas redes sociais,  um estilo de comunicação unilateral que ao priorizar seu estreito ideário ignora a realidade e mesmo qualquer forma de debate. 
Tanto é assim, que o bater panelas, produzindo barulho, sempre tem acontecido no momento em que políticos do PT utilizam, democraticamente, o espaço nas mídias para apresentação de programas  ou de pronunciamentos  de autoridades do governo.

Ao agir dessa forma, tais atos tentam ofuscar os conteúdos apresentados pelo PT, rejeitam a fala do outro, não querem ouvir o conteúdo e , desejam que apenas suas idéias prevaleçam.

O que está em jogo com esse novo grupo político, é uma forma de política que nega a política , que em nenhum momento revela coerência, já que seu alvo é única e exclusivamente o governo e o PT.

Se professores são espancados pelas ruas do país, como o correu em Curitiba,  por estarem em greve por melhores salários e melhores condições de trabalho, isso não é motivo de indignação.
Se o congresso nacional trabalha para precarizar ainda mais os direitos dos trabalhadores, também não importa.
O foco do grupo das panelas é o governo e o PT , em uma forma de comunicação unilateral, tal qual  os partidos e grupos fascistas e neonazistas que ganham algum espaço em vários países pelo mundo.

Ao que parece o bater panelas contra o PT chegou para ficar, talvez até o momento em que as panelas se quebrem, fiquem desgastadas, ou o ridículo prevaleça.

As crianças quando fazem manhas ignoram o que os pais falam e fazem de tudo para não manter o contato direto com  os pais, evitando qualquer olhar. 
A manha é o ideário estreito, o bater panelas a negação do outro, enquanto o olhar direto é o debate, o contato, a realidade.

Até o pleito presidencial de outubro de 2018  temos somente 41 meses pela frente, e o medo do contato com a realidade vem crescendo no campo da direita radical, seja pela manipulação diária conduzida pela mídia do capital, seja pelas escaramuças de ações golpistas para desgastar ou mesmo impedir o governo de governar, seja pelo bater de panelas.

Tentar impedir o outro de expor suas idéias no tempo democrático que lhe pertence, pode revelar medo quanto ao conteúdo apresentado, medo quanto a repercussão de tais conteúdos, medo de ter que enfrentar mais uma vez a vontade  popular expressa pelas urnas, medo de perder pela  quinta vez seguida e praticamente sucumbir diante do sucesso do outro.

O grupo paneleiro que emerge no Brasil  pode ser comparado a uma mistura de Sarah Palin com Jean Marie Le Pen,  Frente Nacional com Tea Party, respectivamente.

Esses grupos tem até algum protagonismo na política, mas suas principais marcas ficam pelo lado folclórico e patético.

Que batam panelas.

Charge : TIJOLAÇO

terça-feira, 5 de maio de 2015

O Poeta e o Sociólogo

Resposta Ao Funk Ostentação



Edu Krieger



                      Você ostenta o que não tem

                      Pra tentar parecer mais feliz

                      Mas não sabe que pra ser alguém

                      Tem que agir ao contrário do que você diz

                      Você pensa que tem liberdade

                      Exibindo riqueza e poder

                      Mas não vê que na realidade

                      O sistema é que lucra usando você




                      E o sistema tem a cor

                      Do racismo e da escravidão

                      Cada vez que você dá valor

                     À roupinha de marca e à ostentação

                     A elite burguesa e branca

                     Que é dona das lojas de grife

                     Se dá bem, pois você bota banca

                     Mas é o sistema que aumenta o cacife



                    Clipe norte-americano

                    De artista que faz hip hop

                    Você quer imitar por engano

                    Pensando que assim vai ganhar mais ibope

                    É a regra do capitalismo

                    Eles querem que a gente consuma

                    Pra vivermos à beira do abismo

                    A gente pra eles é porra nenhuma



                   Você pensa que é modelo

                   Pras crianças da comunidade

                   Sinto muito, mas devo dizê-lo

                   Que o que você faz é uma puta maldade

                   Se o moleque não tem condição

                   De entrar nesse mundo grã-fino

                   Isso pode virar frustração

                   E você vai foder com o pobre menino



                  Que pra ter um tênis foda

                  Pode até assaltar um playboy

                  Pois se fica excluído da moda

                  Recebe desprezo e isso lhe dói

                  E as mulheres que dão atenção

                 Que te cobrem de beijo e afeto

                 Valem menos do que seu cordão

                 Pois você trata elas pior que objeto



                Quem batalha pra viver

                E botar a comida na mesa

                De repente te vê na TV

                Dirigindo carrão e exibindo riqueza

                Ostentando pra ter atenção

                E achando que isso é maneiro

                Sem saber que essa ostentação

                Faz o branco do banco ganhar mais dinheiro



               Negro tem que ter poder

               Negro tem que ser protagonista

               Tem que estar no jornal, na TV

               No outdoor e na capa de toda revista

               Mas não tem a menor coerência

               Ostentar um anel de brilhante

               Isso só vai gerar violência

               Inveja e recalque no seu semelhante



              Que legal sua conquista

              Sua história de vida também

              Mas seu papo é tão consumista

             Que faz de você um artista refém

             Dessa pose fajuta e falida

             Que só finge aumentar autoestima

             Infeliz de quem sobe na vida

             E não sabe o que faz quando chega lá em cima

__________________________________________________________
Vencer a batalha das ideias

Os governos de esquerda têm que enfrentar o elemento de maior força do neoliberalismo: sua força ideológica do 'modo de vida norte-americano.'


por Emir Sader em 05/05/2015 às 06:14



Emir Sader
“E quando, finalmente, a esquerda chegou ao governo, tinha perdido a batalha das ideias.”A afirmação de Perry Anderson sintetiza o maior desafio para os que queremos superar e substituir o neoliberalismo em todas suas dimensões.

Significa que o neoliberalismo fracassou como proposta econômica, o que abre a possibilidade para que a esquerda apareça como alternativa de governo. Quando chega ao governo, tem que enfrentar toda a herança maldita do neoliberalismo: recesso, enfraquecimento do Estado, desindustrialização, fragmentação social, entre outras coisas.

Mas, além disso, tem que enfrentar o elemento de maior força do neoliberalismo, a nível de cada pais, mas também a nível internacional: sua força ideológica, a força do “modo de vida norte-americano”, que impõe sua hegemonia de forma quase inquestionada em escala global.

O estilo de consumo shopping center se globalizou de maneira aparentemente avassaladora. É uma espécie de ponta de lança do neoliberalismo, materializando seu principio geral, de que tudo é mercadoria, tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra. Por isso o shopping center é o exemplo mais claro do que se convencionou chamar de “não lugares”.

O shopping costuma não ter nem janela, nem relógio. Entrar em um desses espaços é se desvincular das condições de vida nas cidades como efetivamente existem, para se articular com a rede de consumo globalizada, mediante às marcas e seu estilo de consumo. Com o conjunto de “vantagens” que traz o shopping center -  proteção do mal tempo, do roubo, com lugar para estacionar, com grande quantidade de cinemas, de lugares para comer, além da diversidade de marcas, todas globalizadas – representa um instrumento poderoso de formas de vida, de sociabilidade, construídas em torno do consumo e dos consumidores.

O shopping center é a utopia neoliberal e expressa, da forma mais acabada – junto com a publicidade, as marcas, a televisão e o cinema norte-americanos, entre outros instrumentos – a hegemonia do modo de vida norteamericano. Lugar que ocupa praticamente sem questionamentos, salvo resistências do islamismo ou dos evangélicos.

A luta antineoliberal conseguiu impor consensos no plano econômico contra a centralidade do mercado, a favor da prioridade das políticas sociais, por exemplo. Mas não gerou ainda valores, formas de sociabilidade, alternativas ao neoliberalismo e a seu mundo de valores mercantilizados. É certo que há mecanismos monstruosos de promoção dos valores neoliberais, mas também é certo que não temos valores alternativos – solidários, humanistas – que apareçam como alternativas.

As politicas sociais dos governos pós-neoliberais tem um caráter solidário e humanista, mas não fomos capazes de traduzi-las em formas de sociabilidade, em valores, alternativos ao egoísmo consumista do neoliberalismo.

Não se pode simplesmente incorporar propostas anti-consumistas, em sociedade em que o acesso ao consumo é uma conquista para a grande maioria da população. Acesso que traz, junto, as vantagens do consumo e, por extensão, promove o mundo do consumo – incluído o shopping center – como um objetivo de vida. Assim, não se trata de uma batalha simples. Mas é indispensável para a construção de um mundo solidário e humanista.

Sem a critica do egoísmo consumista dominante, da falta de solidariedade – especialmente com os mais frágeis -, não conseguiremos avançar contra a forte hegemonia ideológica do neoliberalismo e ganhar a decisiva batalha das ideias, decisiva nos enfrentamentos centrais do mundo de hoje.

Fonte: CARTA MAIOR
______________________________________________________


Dois estilos e a mesma crítica, profunda e precisa.

Edu Krieger, cantor,compositor e instrumentista  não faz o tipo celebridade e no entanto é considerado um dos melhores nomes na cena musical da atualidade.

A canção acima ,certamente , não é muito divulgada nas emissoras de rádio e de TV.

A batalha das idéias, citada pelo sociólogo Emir Sader, em todas as suas expressões.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Mídia do Capital. Os fabricantes de realidades

Paulo Metri: 

A mídia do capital e as mazelas do nosso povo

publicado em 03 de maio de 2015 às 18:01
manipulacao-midiatica1
Causa mater
Paulo Metri, em seu blog, via e-mail
É deprimente ver incompreensão, desinformação, deturpação da verdade e má intenção na humanidade. Nestes casos, o agente do mal busca sempre mais riqueza e poder. Em contrapartida, no consequente conjunto de impactados, são colocadas penúria e humilhação. De forma correta, a sociedade tem criado proteções para minorias e, às vezes, para maiorias, desde que estejam sendo maltratadas. Com muito esforço e luta, a sociedade resgatou, em parte, o direito dos negros, dos homossexuais, das mulheres e dos miseráveis. Estes grupos começam a ter vidas menos sofridas. Mas, falta muito a ser atendido. Busco chegar a determinada tese e, para isso, preciso estudar alguns casos.
Em um grupo conservador, foi feito um debate para se explicar as causas do baixo nível de desenvolvimento brasileiro. Logo, apareceram o “custo Brasil”, a “baixa especialização da mão-de-obra” e a “existência da pobreza, que dificulta a capacidade cognitiva dos trabalhadores”. Sem entrar no mérito, foi lembrado que o desenvolvimento em pauta não era só o econômico, pois existiam também o desenvolvimento social, o político e outros.
Com esta nova abrangência da análise, se não fosse triste, teria sido engraçado ouvir pessoas dizerem absurdos como: “a preguiça de algumas pessoas os leva à condição de extrema pobreza” e “oportunidades existem, vejam, por exemplo, o caso do Ministro Joaquim Barbosa, que de origem humilde chegou a ministro do STF”. Mas, o auge da cretinice ocorreu quando afirmaram que “em qualquer sociedade, têm que existir pobres e, por isso, é uma ilusão imaginar uma sociedade sem pobres”.
Durante estas observações, fiquei pensando: “A quem querem enganar? Porque deve ser difícil alguém pensar assim, honestamente.” Era o caso de se perguntar: “A exploração capitalista, como razão para a geração de pobreza, não conta?” Estive presente neste grupo por uma destas imposições do trabalho que acontecem na vida. Seus membros já tinham o conservadorismo incrustado em suas almas. A pergunta que persiste é: “Como eles foram formados?”
As cortinas se fecham e se abrem na época do Rio+20. Um professor da USP está sendo entrevistado por um canal de televisão e a repórter, que havia sido bem treinada, busca arrancar dele palavras de apoio para a “economia verde”. Em determinado instante, ele disse algo como: “A ganância e o individualismo, característicos do capitalismo, levam a este menosprezo pela natureza. Se tivéssemos um mundo mais solidário com seres mais humanos, a natureza seria preservada naturalmente.”
As cortinas se fecham e se abrem, novamente. Aparece o senhor Paulo Skaf dizendo a frase: “A terceirização é boa para o trabalhador”. Esta frase é um descalabro, mas fiquei esperando algum líder de central sindical ser entrevistado e dizer: “A terceirização é boa para o patrão”. Mas, ele não chegou, porque trabalhador não tem vez na mídia tradicional. O quase nada que o governo Dilma fez nesta área é imperdoável.
É estarrecedor o grau de agressividade dos meios de comunicação. Plagiando o coronel Passarinho, os donos desta mídia devem pensar: “Que o conceito de igualdade de oportunidade na mídia para todos os grupos vá às favas. Vamos deixar de lado os pruridos. A mídia é nossa e nós entrevistamos quem nós queremos.” Obviamente, eles não têm nenhum receio que a concessão de operação da mídia seja revogada. Assim, a mídia é um grande instrumento de ação política a serviço do capital.
Vamos analisar melhor a posição do senhor Skaf. A terceirização proposta por ele pode repercutir desfavoravelmente para a classe que ele representa. Não é só na Física que “a toda ação existe uma reação de intensidade igual e em sentido contrário”. À medida que maiores parcelas da mais-valia dos trabalhadores são retiradas ou eles perdem o emprego, menos comida chega às suas casas, eles não conseguem ter acesso a médicos e hospitais, e outras mazelas ocorrerão. Assim, o nível de angústia da população carente irá aumentar com a terceirização. Não há como negar que, quanto maior este nível de angústia, o cidadão ficará mais propenso a atuar na criminalidade. Não digo que o aflito está liberado para praticar crimes, mas está sendo impelido para a criminalidade.
Desta forma, os que auferiram maiores lucros com a terceirização irão gastar mais com carros blindados, motoristas mais caros, porque sabem lutas marciais, equipamentos novos de segurança para suas casas e guarda-costas para si e os entes queridos. Fora o sobressalto constante que seu sequestro ou de algum familiar representa. O crescimento do índice de Gini, que mede a má distribuição de renda em uma sociedade, causado pela terceirização, significará, em última instância, maior insegurança na sociedade. Nesta hora, o Estado será denunciado, principalmente pela classe rica, como único culpado por não garantir segurança para os cidadãos. Esquecem que não há só a segurança física. Há também a segurança alimentar para os pobres, a segurança da educação para os filhos dos trabalhadores, a segurança do atendimento de saúde para os pobres e, por aí, vai.
Os meios de comunicação corruptos, comprometidos com a manipulação da população, não têm redatores de notícias, têm roteiristas criativos, que devem ficar criando saídas para os constantes furos de quem não têm a verdade consigo. Para a população despolitizada, é difícil, em muitas situações, descobrir onde está a verdade. Por exemplo, no conturbado Grande Oriente, sem querer justificar as injustificáveis ações do Estado Islâmico, tenho dúvida se só eles praticam atrocidades. É difícil saber qual é o mundo real. A única forma de combater a manipulação é identificando alguns articulistas, que são nossas estacas, pois servem como ancoradouro para a população em busca de compreensão do que está por trás dos noticiários. São os tradutores da ficção para o real e são encontrados, basicamente, nos sites, blogs etc.
Finalmente, a citada tese é que a causa mater é a mídia do capital, que está aí, e sua triste consequência são as mazelas do nosso povo. Sem compreender o que acontece por falta de informação, a população não se protege, não evolui politicamente e elege representantes que irão prejudicá-la. Pouco irá representar uma nova lei que reforme a política, se ela será realizada pela maioria de desonestos que, hoje, sacrificam o povo em benefício próprio e dos grupos que representam.

Fonte: VIOMUNDO
________________________________________________________


A mídia do capital e as mazelas do nosso povo.

E a partir de quando o capital se tornou hegemônico ?

A partir do início da década de 1990, por ocasião da queda dos regimes comunistas.

Antes de 1990 toda a mídia ocidental, capitalista , já mentia e manipulava as informações, no entanto, assim como o capitalismo do lado ocidental, a mídia tinha alguns cuidados, não permitia uma aparência selvagem e a mentira não era tão escancarada como hoje. 
Isso não significa  que  não surgissem manipulações escancaradas, como existem atualmente, no entanto, tais manipulações  não significavam  a regra geral.

Os regimes comunistas ainda existiam, e se fazia necessário , no lado capitalista, mostrar uma imagem  de  civilidade e compromisso com as causas sociais, com a igualdade, com o apoio aos pobres e outros temas tão sensíveis aos regimes comunistas.
E tudo isso se deu , tanto nas política sociais dos países  capitalistas como no comportamento da mídia ocidental.

Do final da segunda guerra mundial até o final dos anos da década de 1980, os países capitalistas, para fazer frente aos regimes comunistas, implantaram uma série de medidas, políticas e programas com forte apelo social, garantindo aos povos um repertório considerável de direitos e serviços públicos gratuitos de alta qualidade.
Era como se desejasse mostrar para as pessoas do lado ocidental, que o capitalismo era melhor que o comunismo, já que podia oferecer os mesmo serviços e direitos e ainda garantia a liberdade e a democracia. 

Era o período da guerra fria, e a propaganda dos regimes tinha um peso significativo, com cada lado tentando mostrar que era melhor que o outro.

Logo, para competir com o comunismo, os países ocidentais e capitalistas criaram o estado do bem estar social, um período  conhecido com os 30 anos gloriosos do capitalismo, ou seja, de 1950 até 1980.

A partir de 1980 e com evidências de que os regimes comunistas  estavam entrando em crise, deu início , no lado capitalista, ao desmonte do estado de bem estar social no países capitalistas, desmonte esse que se acelerou a partir de 1990 ganhando, inclusive, ares de selvageria.

De certa forma, a partir de 1990 o capitalismo mostrou sua verdadeira cara e a selvageria associada a um retrocesso civilizatório tomou conta do mundo, estando a mídia ocidental na defesa intransigente do capital e, para tanto,  a mídia vem criando ao longo dessas quase três décadas uma narrativa que omite, esconde, manipula , distorce, edita e inventa a realidade, apresentando o mundo e o capital como vencedores e responsáveis por um mundo civilizado e livre.
No entanto, a realidade de fato, é bem diferente, aliás, é muito diferente daquela apresentada pelos meios de comunicação, já que a hegemonia do capital a partir de 1990 tem levado o mundo a um retrocesso civilizacional.

Racismo

Os casos de racismo crescem diariamente, a cada segundo, em todo o mundo, até mesmo incentivados de forma subliminar pelos meios de comunicação, sendo que os responsáveis por atos de racismo raramente são punidos e, quando punidos, as punições são brandas. 
Os negros são as maiores vítimas por estarem associados a pobreza, no entanto, não são os únicos, já que populações indígenas estão sendo praticamente dizimadas em todo o mundo.
Antes de 1990, e no período dos 30 gloriosos, acreditava-se que o racismo era algo que estava em extinção, não pelo fato de não existir, mas sim pelo fato de não  ser incentivado em nome de um suposto  e hipócrita combate, como acontece nos dias atuais.
Quanto  mais a mídia do capital noticia casos de racismo, em nome de um combate a tais práticas, mais crescem as agressões racistas em todo o mundo
Na lógica do capital, o negro deve voltar a suas origens e servir como escravo.

Escravidão

O trabalho escravo, desumano, voltou com força a partir da década de 1990, principalmente por conta da globalização do capital, algo que estava em extinção antes do final da guerra fria.
A globalização provocou um estrago considerável no mundo do trabalho, no trabalhador organizado, no sindicalismo. Com as grandes empresas se deslocando de um país para outro em busca de mão obra barata para produzir bens para uma civilização homogeneizada nos costumes, países com excesso de mão obra servem como reduto de fábricas que atualmente se assemelham aos campos  de concentração nazista da segunda guerra mundial. Trabalhadores chegam a trabalhar de 14 a 16 horas por dia, com um dia de descanso semanal, com salários irrisórios, sem nenhum direito trabalhista produzindo bens de consumo descartável  que são símbolos do capitalismo globalizado, do mundo dito civilizado e moderno.
Em pleno século XXI a escravidão voltou com força e o assunto não é debatido na mídia do capital, que procura preservar as grandes marcas mundiais, principais responsáveis por essa barbárie e grandes anunciantes - logo mantenedores - dos meios de comunicação.

Direitos Trabalhistas

Enquanto os 30 anos gloriosos do capitalismo propiciaram a existência  dos estados de bem estar social, com todo tipo de direitos e serviços  assegurados aos povos, o mundo do capital globalizado está acabando com o pouco que restou desses direitos, em nome de uma lógica de darwinismo social, onde o normal será um mundo entre pessoas  vitoriosas e perdedoras, cabendo aos perdedores se sujeitar a escravidão , ou caso resistam , a opção é a morte, aliás, uma escolha do próprio perdedor, segundo o mantra que o  capital vitorioso repete com frequência na mídia do capital.
Nos direitos trabalhistas, que anos atrás garantiam até anos de seguro desemprego para desempregados, hoje a precarização é regra, já que no mundo trabalho o sindicalismo adotou a lógica de cada um por si, ou seja, o darwinismo sindical. Com as práticas de automação e robótica em expansão nas fábricas, os postos de trabalho naturalmente diminuem, a mão de obra desempregada aumenta, e o extermínio dos direitos trabalhistas ganha uma justificativa por parte dos defensores do mundo civilizado, cabendo a mídia do capital a defesa diária dos cortes em tais direitos, tudo em nome de redução de custos e de maior produtividade, já que a competição é a regra.
Em alguns países as aposentadorias já são totalmente privadas  cabendo as pessoas escolher ou não participar por décadas de um plano de aposentadoria privada ou fazer o plano por conta própria  ou, ainda, caso assim desejar, trabalhar até a morte.
Aliás , é uma constante nos meios de comunicação do capital , histórias enaltecendo pessoas vencedoras" , fruto de trabalho duro, ou seja, sem a necessidade de garantias de direitos trabalhistas.

Xenofobia

Curiosamente foi com a globalização do capital, a partir da década de 1990, que se intensificaram os casos de rejeição a estrangeiros. A título de exemplo, na era dos trinta gloriosos, países como França e Alemanha tinam uma população considerável de empregados portugueses  e turcos, respectivamente, que gozavam  dos mesmos direitos sociais de cidadãos  franceses e alemãs Atualmente, de acordo com a lógica selvagem, os estrangeiros tem sofrido rejeição em muitos países , pois são vistos  como  ameaça já que competem por empregos em igualdade de condições. A irracionalidade é tanta, que isso acontece em países de um mesmo bloco econômico, com garantia de livre acesso entre as pessoas. Associada a questão do emprego, a xenofobia ganha maiores e mais nítidos contornos  com a questão racial e religiosa, que a mídia do capital incentiva diariamente seja de forma explícita ou de forma subliminar, que se dá na maioria dos casos através de programas de entretenimento.

Religião

Talvez uma das maiores fontes de conflito seja a intolerância  religiosa .
Cabe lembrar que antes de 1990, durante a guerra fria, os países capitalistas adotavam uma postura extremamente democrática e tolerante com a religião e a religiosidade dos povos.
Hoje, percebe-se que tal postura devia-se ao fato que nos países comunistas as religiões e as práticas religiosas eram proibidas.
Atualmente as grandes religiões ocidentais, de uma maneira geral, seguem a lógica do capital, já que em suas propagandas para aumentarem seus rebanhos são recorrentes expressões de grande prosperidade financeira  entre fiéis que adeririam essa ou aquela corrente religiosa.
Curiosamente e paradoxalmente, o capitalismo se tornou uma religião, uma religião materialista, já que na mídia do capital não existe espaço para crítica do sistema hegemônico .
A negação de outras correntes religiosas por uma determinada religião é a regra geral, apesar das aparências.
No mundo do capital globalizado, Deus é propriedade de apenas uma religião, qualquer uma.
Ainda não se tem notícia se uma determinada corrente religiosa tentou patentear Deus, mas isso deve acontecer em breve.
As religiões de origem africana são as correntes religiosas que mais sofrem preconceitos e perseguições.

Crime Organizado e criminalidade

O crime organizado sempre existiu e desde sua existência tem sido combatido  por  países e mesmo por organizações internacionais. A produção cultural mundial, ocidental, produziu um grande número de obras relatando os esforços de governos no combate ao crime organizado.
No entanto, a partir da década  de 1990, o crime organizado ganhou um impulso sem precedentes, chegando nos dias atuais a estar  em posição acima de governantes em muitos países, influenciando diretamente as ações de governos. 
No caso de crimes financeiros, as organizações criminosas assumem uma fachada de legalidade e em conjunto com  outros tipos de corporações, definem os caminhos do capitalismo do século XXI, de ganhos astronômicos em atividades especulativas como jamais  vistos na história, mas no entanto em poder de pouquíssimas pessoas, os "grandes vencedores". 
No mundo atual a maioria dos países e seus respectivos governos, apesar das aparências , são reféns dessa lógica financeira, criminosa, resultado da globalização do capital. Essa engrenagem não merece nenhum tipo de crítica na mídia do capital, que , ao contrário, procurar enaltecer o sistema.
Além do crime organizado que governa o mundo do capital globalizado, os crimes associados ao tráfico de drogas, armas e pessoas, também teve um crescimento assustador a partir desde 1990., apesar da grande propaganda que a mídia do capital faz diariamente dizendo que se combate com firmeza e eficácia a todo tipo de crime organizado.

Qualidade de Vida

Não se pode negar que os avanços na ciência e na tecnologia no últimos 25 anos trouxeram ganhos consideráveis para a qualidade de vida das pessoas,no entanto, o preço que se paga por tudo isso é alto e ainda mais, devastador.
Em uma economia baseada no descarte e em um tempo de vida dos produtos de consumo cada vez mais curtos, a sociedade de consumo turbinada vive diariamente hipnotizada, idiotizada, trocando de coisas novas  por coisa mais novas que , para muitos, significam os símbolos de sucesso e lugar garantido no pantheon dos vencedores.
O consumo se tornou um valor na religião materialista capitalista , consumo que é  o motor, o sustentáculo do sistema, sendo as coisas a sedução  que são apresentadas  diariamente, nas mídias do capital, sem qualquer tipo de análise critica.
As coisas também passaram a substituir as naturais  reflexões das pessoas, já que aquisição de coisas novas são indicadas para curar angústias, sofrimentos e outros.
De todas as coisas o automóvel talvez seja o maior de todos os símbolos, fazendo com que pessoas passem em média três horas por dia presos em uma caixa de ferragens, na mesma posição, sem que questionem a normalidade  de tais atos. É tão normal, que as montadoras de automóveis  criam facilidades e mais conforto dentro da caixa. Na mídia do capital, tais caixas são apresentadas como símbolo de poder , e o tempo que se perde de forma inútil , sequer é questionado. Nos transportes coletivos, que deveriam ser a solução,o problema se repete, não apenas pelo tempo que se fica aprisionado, como também pelo desconforto, já que pela lógica do capitalismo o transporte coletivo  é um negócio que visa o lucro máximo com produtividade máxima.
Na saúde a medicina conseguiu avanços notáveis e a expectativa de vida das pessoas aumentou consideravelmente, já que  inúmeras doenças e epidemias foram controladas e até mesmo extintas, no entanto, morre-se cada vez, e em grande número, por doenças degenerativas ou derivadas do estresse associado ao estilo de vida dominante.
Nestes casos, a medicina como se expressa  no mundo atual , não deixa de guardar coerência com suas próprias práticas, já que grande parte dos medicamentos eliminam uma doença e criam outras.
Não se morre cedo de grandes epidemias como na antiguidade ;morre-se  mais tarde de problemas criados pelo estilo de vida e pelos próprios medicamentos.

Meio Ambiente

No mundo do capital o meio ambiente se transformou em uma gigantesca lixeira, sem que isso seja questionado pela mídia dominante. Em meio a uma  enxurrada de anúncios sobre produtos de higiene pessoal e de  beleza, a humanidade, que vive em sua maioria em grandes  aglomerados urbanos, respira uma ar sujo e por vezes tóxicos, sendo que em algumas cidades o uso de máscaras para filtrar o ar já faz parte do vestuário das pessoas. Se isso já não  fosse grave, a economia baseada no descarte produz uma quantidade absurda e irracional de lixo que poluem os rios , lagos e mares, aumentando o  transtorno das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos. Tudo isso é tratado como sendo  normal pela mídia do capital.
O excesso de gases despejados na atmosfera, fruto da atividade humana,  já vem alterando o clima pelo mundo, no entanto, como os remédios para mudar esse quadro de sujeira implicam em uma revisão profunda , e até mesmo estrutural  no modelo capitalista, a mídia do capital trata esse problema como sendo algo a ser resolvido  no futuro, isso quando assume o problema, já que a maioria da mídia do capital coloca a questão das mudanças climáticas como algo a ser estudado com mais profundidade. Em alguns casos, e não são poucos, a mídia do capital afirma que tais alterações climáticas simplesmente não existem e , que são inventadas por cientistas  de orientação marxista. No mundo das aparências, onde os símbolos de status
são luxuosos, as pessoas vivem em meio ambiente sujo, e as doenças decorrentes desse quadro, principalmente as doenças respiratórias, crescem em todo o mundo.
A revolução verde da década de 1970 que aumentou consideravelmente a aérea plantada e consequentemente a produção de alimentos, por outro lado vem causando um grande estrago no campo, seja pelo uso criminoso e irracional de agrotóxicos e pela domínio da monocultura. Os alimentos, cada vez mais industrializados e até mesmo super processados, também tem sido a fonte de inúmeras doenças, por contaminação com substâncias tóxicas e mesmo pelo ganho de peso que proporcionam às pessoas com vidas cada vez mais sedentárias.
Na mídia do capital, as indústrias alimentícias estão entre os principais anunciantes, com o foco predominante no público infantil e no publico adulto imbecilizado, que é a maioria.

Mídia e Entretenimento

O braço poderoso do capital para entorpecer, imbecilizar e desinformar as pessoas.
Através dos meios de comunicação da mídia do capital, o capitalismo, assim como os valores e estilos de vida decorrentes deste modelo, são enaltecidos e blindados de qualquer crítica, sendo apresentado como única alternativa de organização social e até mesmo de vida.
O entretenimento é de uma imbecilização sem precedentes na história das várias modalidades de mídia, fazendo com  que os consumidores não sejam levados a nenhum tipo de reflexão, já que todas as formas de expressão artística mergulham em estereótipos, reforçando , com isso, todas as mazelas do mundo atual citadas até aqui. O entretenimento na mídia do capital  é a indigência cultural em sua expressão mais medíocre, sendo assimilado por uma grande parcela das pessoas que veem e consomem tais produtos como sendo os melhores e mais apropriados  produtos de entretenimento do mercado.
No campo do jornalismo,  a mídia do capital  constrói, diariamente, uma realidade que tenha sempre por objetivo defender os interesses do sistema dominante. As narrativas não permitem qualquer tipo de crítica ao sistema, assim como quaisquer índícios de que outras formas de organização social possam ser discutidas. Para a mídia do capital, não existem outras alternativas ao sistema atual, e os governos que venham a construir desvios, mesmo que  ainda dentro do sistema, são duramente combatidos , perseguidos e , caso insistam em suas teses, podem mesmo até terem seus principais governantes depostos ou presos, já que o Judiciário do Capital trabalha em sintonia coma mídia.
Assim sendo, diariamente, colunistas , jornalistas  e especialistas escrevem ou falam nos meios de comunicação sobre  a realidade dos fatos que esse meios desejam que seja a verdade, independente da veracidade dos fatos.  Isso se dá não pelo estado avançado de demência de profissionais da mídia - alguns poucos são de fato dementes -, ao contrario, se dá por uma forma criteriosa e cuidadosa de construir uma realidade onde as pessoas que a assimilam acreditam que vivem em um mundo próspero, civilizado e feliz, onde as oportunidades estão aí, disponíveis para todos, e aqueles que não usufruem de tantas chances são os vagabundos e preguiçosos, os perdedores, que não podem , em hipótese alguma , serem sustentados pelo estado.
Essa narrativa dominante na mídia do capital atinge de maneira profunda as pessoas com menos de 35 anos, que não viveram ou mesmo desconhecem que novas formas de organização social e de vida civilizada existem e são possíveis, sem que se tenha de retornar ao passado.
Passado, aliás, que se manifesta no mundo atual em uma expressão medievalesca, apesar dos avanços da ciência e da tecnologia.