domingo, 18 de janeiro de 2015

A velha mídia brasileira defende a liberdade de expressão. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

A mídia brasileira não defende a liberdade de expressão!

18 de janeiro de 2015 | 10:12 Autor: Miguel do Rosário
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É preciso enterrar esta mentira.
A mídia brasileira não defende a liberdade de expressão.
Nem absoluta, nem parcial, nem nenhum tipo de liberdade de expressão.
A única liberdade que a mídia conhece é aquela que lhe interessa comercialmente.
A mídia brasileira não deu quase nada sobre a sonegação da Rede Globo.
Houve um sinistro pacto de silêncio em torno do assunto, apesar de envolver 1 bilhão de reais, roubo de processo e lavagem de dinheiro em diversas off shore no exterior.
A mídia brasileira apoiou o golpe, sustentou a ditadura e se enriqueceu à margem de um regime totalitário que censurava, matava e prendia quem tinha coragem de se expressar livremente.
Além disso, a liberdade de expressão não existe num regime de monopólio.
O sistema de comunicação brasileiro não é democrático e, portanto, não é livre.
E se não é livre, não existe liberdade de expressão.
O poder de poucas famílias sobre tvs, rádios e jornais, não encontra paralelo no mundo democrático.
O arcabouço legal, após o fim da lei de imprensa, também não colabora para a liberdade de expressão.
Ricos e poderosos podem processar judicialmente qualquer um que lhes incomode. Como não há lei, depende-se da opinião de juízes, que infelizmente ainda formam, no Brasil, um estamento patrimonialista a serviço da classe dominante
É o caso, por exemplo, de Ali Kamel, que processa vários blogueiros, por conta de ninharias. Ninguém lhe chamou de ladrão. Ninguém ofendeu sua família. Ninguém o desrespeitou como pessoa.
Houve apenas humor, chiste e, no meu caso, uma crítica política ao chefe do jornalismo do maior monopólio da América Latina.
Não existe liberdade de expressão nem na própria mídia.
Se alguém elogiar um político do qual a mídia não gosta, é demitido.
Se alguém fizer uma charge crítica ao político que a mídia gosta, é demitido.
O jornalismo brasileiro encontra-se cada vez mais oprimido por um patronato sectário.
Não há liberdade nenhuma!
Enquanto todas as profissões liberais se expandem no Brasil (médicos, advogados, arquitetos, etc), o jornalismo declina.
Os salários são cada vez menores, há cada vez menos empregos. Os jornalistas se sentem cada vez mais oprimidos nas redações.
Não podem pensar, não podem falar, não podem desenhar, não podem sequer desabafar nas redes sociais.
Quer dizer, podem desabafar sim, desde que o desabafo seja agradável aos patrões!
Podem falar o que quiser, desde que toquem conforme a música dos barões da mídia!
E agora a mídia brasileira, uma mídia monopolista, conservadora, golpista, astutamente, toma para si a bandeira de Charlie, um jornalzinho nascido na luta contra os monopólios, contra os conservadores, e que sempre defendeu, de verdade, a democracia.
No enterro de Charb, seus amigos cantaram a Internacional, a famosa canção revolucionária, com os punhos erguidos, e Jean-Luc Melechon, uma das principais lideranças da esquerda francesa, fez o discurso principal.
Melechon foi o candidato a presidente da Frente de Esquerda, nas eleições de 2012. É um homem público extremamente sério e respeitado pela esquerda européia.
A esquerda francesa defende a Palestina, defende os imigrantes, defende todas as minorias, lança candidatos muçulmanos, contra uma direita cada vez mais racista, cada vez mais reacionária quando o tema é imigração.
A nossa mídia nunca fez um “Globo Repórter” em detalhes sobre o socialismo francês, que inclui um sistema tributário progressivo, leis sobre a herança e sobre as grandes fortunas, educação e saúde públicas para todos.
O socialismo francês hoje está em crise inclusive por seus excessos, e pelos vícios do próprio homem. Por exemplo, há 25 anos, o Estado francês, a partir de conselhos de psicanalistas, começou uma nova política em relação aos órfãos. Ao invés de orfanatos, as crianças eram alocadas em famílias que receberiam auxílio do Estado para criá-las. Resultado: uma quantidade crescente de famílias que rejeitavam os filhos quando este completavam 18 anos, e o Estado parava de pagar o auxílio.
Os terroristas do atentado são um exemplo. Eles foram criados por famílias que recebiam auxílio do Estado, e foram rejeitados em seguida, ingressando no mundo do crime e, depois, aderindo ao terrorismo.
A mídia brasileira é uma talentosa alquimista. Ela consegue inverter tudo. No primeiro dia da ditadura, os jornais diziam que a democracia tinha voltado.
Transformaram a democracia de Jango em ditadura, e a ditadura em democracia.
E agora transformam um jornalzinho comunista-libertário de Paris em ícone da sua visão distorcida, monopolista, hipócrita de liberdade de expressão!
Os chargistas do Globo apenas podem fazer charges que corroborem a linha reacionária do jornal.
Nenhum chargista do Globo tem ou terá liberdade de expressão para praticar uma arte livre e irreverente!
Sobretudo se a crítica deriva de uma ideologia socialista, anarquista ou libertária, como era a dos chargistas do Charlie.
Ao contrário, a mídia demite imediatamente qualquer empregado que tenha manifestação de livre pensamento, sobretudo se esta liberdade se volta em defesa da classe trabalhadora.
O controle da narrativa permite à mídia criar um universo paralelo, para dentro do qual até mesmo a esquerda se vê abduzida.
No afã de ser contra a mídia, muitas vezes fazemos exatamente o jogo dela.
A mídia, malandramente, pegou o discurso de liberdade de expressão, que é um discurso vencedor, e passou a defender um Charlie e uma França que sempre representaram tudo que a nossa mídia não é: socialista e libertária.
No grande jogo da geopolítica mundial, um jogo hoje profundamente midiatizado, a mídia brasileira quer posar ao lado dos vencedores, mesmo que estejamos falando de um jornaliznho comunista e libertário de Paris.
No fundo, ela age certo.
A esquerda, neste caso, é que pode ter cometido um erro, ao se deixar levar por um pensamento binário (a mídia é favor, então sou contra), permitindo que a mídia brasileira se finja de paladina de valores que ela, a mídia, historicamente, nunca defendeu: a democracia e a liberdade de expressão.
A mídia brasileira, tal como ela é hoje, se consolidou na ditadura.
Jornalzinhos como Charlie Hebdo, havia de montão no Brasil na década de 60, atendendo a atmosfera da época, profundamente libertária. Todos foram censurados. Os jornalistas e chargistas só encontraram emprego em dois ou três jornais do eixo Rio e São Paulo.
Sem concorrentes, sem outros jornais, empresas como Globo e Folha passaram a dar as cartas na opinião pública brasileira, durante décadas, e sua influência cresce vertiginosamente após a redemocratização.
Os poucos artistas do texto e da charge que sobreviveram à hecatombe da ditadura e às terríveis crises econômicas das décadas de 80 e 90, tiveram que se tornar submissos intérpretes do pensamento patronal.
Em suma, temos que deixar isso bem claro: a mídia brasileira é exatamente o contrário de tudo que se pode chamar de liberdade de expressão.
Fonte: TIJOLAÇO
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Liberdade de expressão não combina com a velha mídia.

Triste e  vergonhoso é ver um grande número de jornalistas, chargistas e humoristas, que em um tempo  lutaram contra  a ditadura e a censura, curvados, submissos, em troca  de um cheque raso no final do mês, não tendo liberdade para dizer e desenhar o que pensam.

Nossos aplausos, por outro lado, para todos aqueles que abdicaram do conforto por um cheque que escraviza e humilha, e não se curvam diante da imposição de idéias e valores.

A democratização dos meios de comunicação no Brasil deve ganhar maior impulso nesses próximos meses. 

Sobre a realidade do que é a imprensa , vale a leitura abaixo de um conto do PAPIRO, publicado em 10 de outubro de 2012

Diários de Botequim - 1 As Confissões de Lúcia


Diários de Botequim  - 1    
As Confissões de Lúcia




No já distante ano de 1993 o Rio de Janeiro era governado por Leonel Brizola. 
A década perdida de 1990, anos de retrocesso por conta da hegemonia de um ideário nocivo a vida, teve, para os partidos de esquerda ,um início conturbado. 
Vivíamos ainda o impacto de novas idéias da Rio 92, a destituição de um presidente da república e uma onda de nostalgia trazida pelo novo presidente da república.
 Em meio  ao futuro, ao passado e  a um sentimento de alma lavada pela queda do presidente ainda se costuravam novas idéias por conta do então chamado fim das ideologias.
 Em nosso grupo era consenso que o socialismo não poderia ser tão imperfeito para desaparecer totalmente, assim como o capitalismo não era a perfeição desejada, como alardeavam os meios de comunicação.
Sabíamos, mesmo que intuitivamente, que cedo ou tarde a História iria rugir pois os castelos ainda estavam de pé. 
Não poderia imaginar que somente nove meses depois daquele março de 1993, mais precisamente na passagem de ano para 1994, tomaria conhecimento, em companhia da amiga Lúcia no verde de Visconde Mauá no RJ, do grito que abalou o mundo oriundo das selvas mexicanas.  
E  foi naquele março, em uma quinta-feira, que resolvi sair para caminhar pela orla marítima da cidade.
Antes, porém, parei em um honesto botequim do bairro para saborear um caldo de feijão. 
No balcão, já terminando meu lanche ,vejo a aproximação de Ciro, amigo de longas conversas, proprietário de uma pequena agência de propaganda no bairro.
- que boa vida, disse enquanto se aproximava.
- o dia merece essa reverência. E você, o que anda fazendo por aqui nessas horas ?
- tenho uma boa pra você. Marquei com Nelsinho aqui as três e meia, agora, pra gente ir num baile lá Tijuca.
- baile ??? uma hora dessas de quinta-feira ? E lá na Tijuca ?
- e a coisa é boa. É a primeira vez que vou mas a referência que tenho é segura.
- mas baile de quê Ciro ?
- baile, cara, com orquestra ao vivo e tudo mais, em um clube lá do lugar.
Enquanto falava sobre o baile Nelsinho chegou todo arrumadinho, o que era raro.
- tá bonito , hein mermão. Será que hoje você consegue alguma coisa por lá, brincou Ciro.
- e aí ? Vamos nessa, disse Nelsinho ansioso.
- mas que história é essa. Que horas esse baile começa e vai até que horas, perguntei.
- começa agora as quatro e só vai até as oito. vamos nessa ? Vai lá, muda a roupa rápido.
- E foi o que fiz. 
Em poucos minutos já estava vestido para um baile.
Entramos no carro de Nelsinho e fomos para Tijuca. 
Chegamos no local por volta das quatro e trinta e para minha surpresa, o salão do clube estava lotado. 
Tinha gente de tudo que é tipo.
Homens e mulheres trajando roupas de trabalho, hippyes,  pessoas da terceira idade, adolescentes, gente de meia idade.
Tudo isso ao som de uma animada orquestra. 
O detalhe que chamou a atenção foi que a maioria esmagadora  das pessoas estava desacompanhada.
Ciro estava eufórico e foi logo dizendo.
- vamos procurar minha amiga. Marquei com ela .
Andando com dificuldades no meio daquela multidão, olhando nas mesas já todas ocupadas, Ciro encontrou sua amiga. 
Uma mulher loira, bem vestida, simpática  que estava acompanha de uma amiga. 
Depois das apresentações de praxe, fiquei sabendo que a amiga de Ciro era Telma e que sua amiga era Lúcia, uma morena, de estatura mediana, de meia idade e sorridente. 
Com dificuldade conseguimos mais três cadeiras e ocupamos a mesa com as duas mulheres. 
Como éramos três homens e duas mulheres, não perdi tempo em conversas e tirei Lúcia para dançar. 
De imediato rolou uma química na dança, o que facilitou nossa conversa. 
Enquanto dançávamos sem parar, para desespero do arrumadinho Nelsinho que ficou sozinho na mesa, trocávamos informações aprofundando o conhecimento sobre ambos. 
Ciro estava em êxtase com Telma, fazendo as mais variadas evoluções pelo salão.  
Lúcia era jornalista, tinha quarenta e quatro anos e já era avó de dois meninos, que moravam com a filha única na cidade São Paulo.  
Independente, bem sucedida na profissão, trabalhava como repórter há vinte anos em um grande grupo de comunicação do Rio de Janeiro, dedicando mais tempo a emissora de rádio do grupo, onde vivia pela cidade cobrindo a desgraça do Brizola, como ela costumava dizer. 
Nossa amizade foi imediata.
Depois daquele baile, e dois outros mais em que nos encontramos no mesmo lugar, passamos a ter encontros frequentes em um bar do bairro de Botafogo, sempre pelo fim da tarde, que era reduto de profissionais da imprensa. 
Circulavam por lá jornalistas, repórteres de rua, motoristas, fotógrafos , cinegrafistas e outros profissionais de diferentes grupos de comunicação do Rio de Janeiro. 
Durante boa parte do ano de 1993 convivi com aquelas pessoas, até que em um dia, Lúcia me convidou para vivenciar um dia de trabalho seu. 
Conforme combinado, isso já pelo final daquele ano, entrei em um carro de reportagem do grupo.  
O motorista, Lúcia e eu saímos em direção a zona norte da cidade. 
Logo de saída, o motorista tirou  um baseado do porta luvas do carro e acendeu sem a menor cerimônia compartilhando com Lúcia.
-  já pela manhã, e no trabalho, peguntei.
- é todo dia, respondeu o motorista
- e vocês não tem medo de serem flagrados pela polícia, peguntei.
- a polícia não aborda veículos da imprensa, respondeu de imediato Lúcia.
- e por aqui pra onde a gente vai nós conhecemos todos eles, disse o motorista.
- muitos, inclusive , dão a informação correta onde se pode comprar coisa boa, ou até vendem pra gente. disse Lúcia.
- polícia boa, hein, comentei.
- existem várias polícias, disse Lúcia e continuou. Existem aqueles policiais que fazem o trabalho correto, não são corruptos. Existem aqueles, de um outro grupo, que são aliados do crime. E existe, ainda o terceiro grupo, daqueles que são concorrentes do crime. Esses últimos são os piores. Pra onde a gente está indo a polícia é aliada dos bandidos. Por lá a gente pode comprar tranquilo nossos cigarrinhos e até mesmo, servir de fornecedor para a classe média da cidade, principalmente na zona sul.
- vocês da imprensa, como fornecedores, perguntei.
- claro, disse o motorista. Ninguém pára carro da imprensa nas ruas e ainda dá pra melhorar o salário. A gente entrega em casa, só pra bacana de classe média alta e rica.
- quer dizer que imprensa e polícia por vezes são cúmplices , peguntei provocando Lúcia
- a imprensa faz o jogo da polícia e a polícia faz o jogo da imprensa. As vezes, quando um caso tem grande repercussão, aí não dá para aliviar a polícia, mas na maioria das vezes quem paga é povo. Se alguém de uma comunidade carente tem um parente atingido e morto por uma bala perdida da polícia, o assunto pode até ser notícia, por um ou dois dias, mas depois o assunto cai propositalmente no esquecimento na imprensa, o policial não é punido e aquela conversa toda de análise de onde partiu o tiro é só enganação. Se for um caso de grande repercussão , os policias são até mesmo detidos, julgados, mas logo estão de volta. As pessoas pobres que se virem. Chega a dar pena. Elas pedem pra gente divulgar mas a gente sabe que se for pobre não tem espaço nas redações. Lúcia continuou. Agora mesmo nós vamos apurar uma denúncia que certamente servirá para atacar o governo do Brizola. Aliás, a gente não faz outra coisa. Notícia sobre o governo do Brizola , e isso é orientação do chefe, é para desgastar o governo. Coisa boa que o governo faz é proibido divulgar. Nem adianta tentar fazer uma matéria especial que não passa e ainda a gente corre o risco de perder o emprego.
- mas os fatos são os fatos. disse.
- isso é o que você pensa, disse em  meio a sorrisos dela e do motorista. A notícia não é o fato. A notícia , para a maioria da imprensa, é aquilo que ela, a imprensa, deseja que seja. E aí entram vários interesses, políticos , mercantis , religiosos e outros. O papel da maioria da imprensa, ou melhor o negócio da maioria da imprensa não é a informação e sim o exercício do  poder. A informação é a embalagem para o produto poder. Você passou a conviver conosco nesse meses, percebeu que frequentamos locais onde estão somente profissionais do setor. Por isso o corporativismo é forte, por que sabemos qual é a verdadeira realidade do jornalismo. Não existe pureza, honestidade, ética e muito menos credibilidade no trabalho da maioria da imprensa.
- mas existem profissionais honestos, não ?
- claro que existem, mas não podem sair da linha editorial da empresa, É uma honestidade com limites, com censura interna. Se sair da linha são mandados pra rua. Então, a gente pra não perder o emprego faz o jogo. Mas o interessante é que a maioria dos repórteres, pessoal de apoio, jornalistas de baixo são eleitores do Brizola ou do PT, ou seja , contrários aos interesses da alta direção.
- esquizofrênico, não ? perguntei
- bastante, mas é a realidade. Confesso que não tive coragem para jogar todo esse nojo pro alto. Você lembra das eleições municipais de 1992, perguntou Lúcia.
- claro, mas do que especificamente, perguntei.
- com o Brizola como governador veio uma orientação  de cima da empresa para atacar a candidata do PT. Pra eles era inaceitável que a cidade do Rio de Janeiro também ficasse nas mãos da esquerda. O Tonico sabe bem disse, disse olhando para o motorista. Naquela eleição foi montado um esquema, dez dias antes do primeiro turno, pra derrubar a Bené. Aquela onda de arrastões em prédios da zona sul da cidade foi organizada e colocada em prática por gente da imprensa. Pessoal que tem acesso as favelas  e incitou a violência, junto com os chefes do crime , pra espalhar pânico na classe média, dizendo que se a Bené vencesse as eleições, como iria vencer, ela como favelada iria favorecer os favelados, a cidade se tornaria um caos , etc... Em paralelo inflaram o César Maia ,que só tinha  1% das intenções de voto, como o candidato bem preparado e culto, ideal para assumir a cidade. O resultado você sabe.
- mas isso é terrorismo, comentei
.- como eu disse pra você, o negócio da imprensa não é jornalismo, informação, esclarecimento. O negócio da imprensa é o exercício do poder.
Chegamos em local da zona norte, em uma comunidade carente, onde a polícia fazia uma operação.
- isso e só enganação, disse Lúcia e continuou. É só pra aparecer que  estão trabalhando contra o crime. A matéria tem que seguir a linha de que o Brizola não deu,com o tempo, a devida atenção no combate ao crime. Já os fatos, que se danem.
- e a população , com é que fica ?
- não fica. Para a imprensa a população deve pensar e acreditar naquilo que imprensa deseja que a população acredite. Se você for espeto e bem informado, dá sobreviver, caso contrário será mais um que terá a consciência modelada.
O dia fora longo e surpreendente para mim. Ao chegar em casa liguei a TV para assistir as "notícias" e terminar o dia "bem informado".

O manchetômetro é revelador

Demorou para Francisco ser atacado pela imprensa
Postado em 17 jan 2015
Francisco está certo e eles errados
Francisco está certo e eles errados
Finalmente a mídia começou a criticar o Papa Francisco.
Demorou, visto que o papa representa o exato oposto daquilo pelo que se batem os donos das grandes empresas jornalísticas.
Desde o primeiro momento de seu pontificato, Francisco tomou o partido dos pobres. Em quase todos os seus pronunciamentos, ele investe contra a desigualdade social.
Francisco captou magistralmente o Zeitgeist, o espírito do tempo. Com sua pregação vigorosa e ainda assim bem humorada pela igualdade ele retirou o Vaticano das sombras da irrelevância em que sucessivos papas inoperantes o atiraram.
O motivo encontrado pela mídia para atacá-lo foram suas declarações sobre os limites da liberdade de expressão, no rastro do caso do jornal Charlie Hebdo.
Evidentemente, Francisco está certo e seus críticos errados.
A liberdade de expressão tem limites. Isso não significa aprovar o massacre dos cartunistas, como aliás fez questão de dizer Francisco.
Mas que há limites, isso é inegável.
Há cem anos, aproximadamente, o juiz americano Oliver Wendell Holmes, da Suprema Corte, colocou isso brilhantemente.
Você não pode gritar fogo num auditório cheio e depois alegar liberdade de expressão, escreveu Holmes. (Outra frase de Holmes que colide com nossos barões da sonegação: “Imposto é o preço que pagamos por uma sociedade civilizada.”)
Hoje, na maior parte dos países ocidentais desenvolvidos, você pode ser enquadrado como defensor do terrorismo caso diga ou escreva certas coisas.
Indo para o mundinho cotidiano das redações das companhias jornalísticas brasileiras, a liberdade de expressão de cada jornalista significa a concordância com a essência das ideias dos donos.
É uma regra não escrita, e não admitida pelos colunistas, mas é perfeitamente entendida, respeitada, acatada e seguida.
É o chamado colunismo patronal, ou chapa branca, ou pelego. Ironicamente, os colunistas patronais são aqueles que mais lançam acusações contra jornalistas independentes do mundo digital.
É como se estivessem olhando o espelho. Sua função é defender os interesses econômicos dos patrões e amigos.
O papa já manifestou desprezo por este tipo de mídia. Ele sabe quanto ela contribuiu para a desigualdade econômica, da qual tira um proveito indecente.
Francisco é uma voz poderosa contra tudo isso. Por isso é atacado. Quanto mais ele for atacado, melhor ele estará fazendo o precioso trabalho de combater a iniquidade que envergonha o Brasil e, de forma geral, a humanidade.
Que venham mais pancadas contra ele por parte dos colunistas patronais, portanto.

Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Manchetômetro voltou: 

Dilma sob fogo cerrado

18 de janeiro de 2015 | 10:50 Autor: Miguel do Rosário
manchetometro
O Manchetômetro está de volta.
E o que ele mostra é o acirramento da guerra midiática contra o governo Dilma, conforme se pode ver no gráfico acima.
Em seus editoriais, o tratamento que a mídia dá ao governo é só paulada.
Ela está no seu direito. Mas é também direito nosso saber que isso acontece, por isso a importância do manchetômetro.
O que não é direito é uma democracia com a magnitude e complexidade da nossa ter a sua agenda política pautada por três jornais que engordaram e se enriqueceram na ditadura, lutando contra a democracia.

O gráfico acima representa, nas próprias palavras do Manchetômetro, a cobertura agregada dos três jornais impressos estudados (Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo) e do Jornal Nacional, com o número de editoriais favoráveis, neutros e contrários a Dilma Rousseff nas páginas de opinião dos jornais impressos a partir de 27 de Outubro de 2014.
Fonte: TIJOLAÇO
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Terminado o barulho midiático em defesa da liberdade expressão por conta do atentado no Charlie Hebdo, a velha mídia brasileira volta suas baterias para o governo Dilma, sem antes desferir alguns golpes em Francisco, já que o Papa defendeu a liberdade de expressão de fato, para todos.

   
No uníssono bovino midiático - que de tão afinado obscurece a razão - onde jornalistas, artistas, humoristas, chargistas e também muitos vigaristas repudiaram a violência contra o semanário francês , não coube espaço para uma palavra , um traço, sobre a realidade que assola as liberdades de expressão, tanto no Brasil como em outros muitos países pelo mundo.
Jornalistas e blogueiros são presos e assassinados e muitos censurados e processados, como o blogue satírico FALHA DE S. PAULO, logo ali, diante dos narizes de humoristas, chargistas, jornalistas e vigaristas, que repudiaram a violência contra a liberdade de expressão no...Charlie Hebdo.
E de fato, tão logo abordagens críticas passaram a surgir, principalmente na internete, a velha mídia e seus colunistas foram deixando de lado o assunto do Charlie, ignorando os questionamentos sobre o real significado de liberdade de expressão,e voltando a atenção do noticiário para a demonização constante do governo Dilma.

O manchetômetro é revelador.

Ricos, famosos, idiotas e vazios

E se em vez dos pobres o alvo do esculacho fossem os ricos? 

Por Nathali Macedo

Lots of money
Lots of money
Todo rico tem alguma coisa da qual se orgulhar, seja real ou imaginária. O rico mantém uma obrigação de ser impreterivelmente melhor que todo mundo, inclusive que os outros ricos (porque melhor que os pobres ele já se considera, mesmo que não tenha um pingo de educação e bom senso).
O rico adora bajular os filhos, não importa o quão ruins eles sejam. O garoto é viciado em cocoaína e vai à faculdade uma vez por semana, mas a mãe faz questão de gritar, a plenos pulmões, pra toda e qualquer pessoa que se aproxime (especialmente para aquelas que não estão interessadas em ouví-la): “Ele vai se formar em medicina!”
Mesmo que o garoto faça racha com o carro do papai, passe as noitadas pedindo “a bebida que pisca” e agregando valor aos camarotes da vida, não saiba absolutamente nada sobre qualquer assunto (exceto sobre como gastar dinheiro), ele é um garoto de ouro, porque ter um garoto de ouro na família é sensacional.
Porque, para o rico, o importante é ser bem visto. É patético como ele vive em um teatro vinte e quatro horas por dia: ele sabe que o filho é um viciado, a filha é uma mimada burra e sem personalidade, o casamento vai mal e a família está em crise – e todas as outras pessoas ao redor também o sabem – mas passar a imagem de que tem uma vida perfeita é sua prioridade absoluta. Eles fingem que são felizes e os outros ricos infelizes fingem que acreditam.
Por isso o rico – especialmente aquele à beira da falência – não aceita não poder ter alguma coisa que o outro rico tem. É quase uma ofensa pessoal. Então, a mulher rica que é um pouco menos rica que a melhor amiga tem que ter uma jóia tão valiosa quanto a dela, mesmo que a reforma na casa seja adiada ou que precise parcelar. O rico precisa comprar um carro do ano para que continue se sentindo rico, mesmo que seu carro esteja funcionando perfeitamente.
O rico tem um discurso antidrogas patético. “Maconheiro” é a maior das ofensas para o rico, que dorme com uísque cawboy e acorda com rivotril – por isso rico é o bicho mais hipócrita que eu conheço. E adivinha quem são os maconheiros? Os universitários, os professores revolucionários, os “vândalos que destroem o patrimônio alheio”. O filho viciado em cocaína, ao contrário, é um cidadão de bem. E esse discurso – assim como todos os outros igualmente patéticos – não tem qualquer embasamento teórico. Por isso para um rico, todas as drogas têm igual efeito (menos as drogas lícitas, é claro): o de tornar as pessoas indesejáveis. E só.
Uma cultura incompreensível da classe A é a de ser mal-educado. Parece que você só faz parte efetivamente do distinto grupo das pessoas ricas se você desprezar o pobre e tudo o que lhe diz respeito, arrotar aos quatro ventos que você é melhor que o outro. Por isso aqueles filhos de ricos que resolvem fazer de conta que não se consideram melhores do que os outros – e são eventualmente de esquerda pra disfarçar o nojento ódio de classe impregnado em seus poros – são os garotos-problema das famílias ricas. Perdoa-se o filho usuário de cocaína, o que faz racha com o carro do papai, o que engravida a filha da empregada e viaja pra fora do Brasil pra não assumir – mas o que se mistura com os pobres é quase sempre renegado. “Vamos, tesouro, não se misture com essa gentalha!”
E, para a minha diversão, o filho do rico persiste naquele comportamento que irrita seus pais só pra se divertir um pouco naquela vida monótona em que nada mais é novidade. Alguém me traz uma pipoca?
O rico faz questão de parecer abastado culturalmente, mas em geral não o é. Preferiu fazer três viagens para a Disney do que conhecer os museus europeus ou as belezas naturais do Brasil. Diz que fala quatro línguas mas provavelmente não entende sequer a língua portuguesa e, geralmente, não se pode conversar com um rico sobre a situação política do país porque ele só sabe falar sobre corrupção. “São todos corruptos” é o seu bordão predileto para esconder a sua completa ignorância política.
O rico vai ao cinema assistir filmes hollywoodianos e reproduz as críticas cinematográficas que lê na internet para parecer inteligente, mas não faz idéia de quem seja Quentin Tarantino – e, quando faz, exclama agudamente: “Um horror, tem muito sangue! Por isso não gosto.”
Como todo bom perfeccionista, o rico precisa estar impecável em todos os momentos da vida. Botox, dieta dunkan, drenagem linfática, implante capilar e cirurgia íntima: Tudo precisa estar perfeito. E o mais curioso é que, em geral, eles permanecem feios mesmo depois de gastarem rios de dinheiro. Só que feios com a cara esticada e sem manchas.
O rico é aficionado por ostentação – mesmo que negue categoricamente, porque, para ele, ostentar é coisa de pobre que ouve rap. Ele acha ridículos aqueles clips em que os rappars jogam dinheiro pro ar e passeiam em carros rebaixados, mas acham o máximo contar para todo mundo que gastaram meio milhão de reais na festa de casamento do sobrinho ou que passaram férias na Europa. Ah, antes que eu esqueça, as fotos dos ricos nas redes sociais são sempre em alguma viagem internacional que fizeram: afinal, todos devem saber que eles são ricos e viajam para fora do país.
Pode ser uma foto em frente à torre Eiffel, ou na neve com uma toquinha de frio charmosa, ou em frente a um teleférico ou em um café francês. O importante é que a foto não tenha sido tirada em território brasileiro, porque até ser brasileiro é coisa de pobre pra ele. E por isso mesmo o rico adora tudo o que é internacional: perfumes, viagens, bebidas, línguas, pessoas.
E por isso mesmo ele adora expressões em línguas estrangeiras. Legendas em inglês, tatuagens em inglês e até conversas em inglês. Expressões francesas, costumes gringos, tudo isso é absolutamente chique para o rico. O zelador vira “Concierge”, a mercearia vira “delicatéssen”, o motorista vira Chofer, o cardápio vira Menu. Porque o rico, na verdade, despreza totalmente o português porque, se é de fora do país, é claro que é de bom gosto.
E o principal: o rico adora ser manchete, por isso alguns talvez amem esse texto, mas saiam por aí dizendo: “eu vejo como uma inveja!”
Realmente. Como são felizes. Babo de inveja.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Nathali Macedo
Sobre o Autor
Atriz por vocação, escritora por amor e feminista em tempo integral. Adora rir de si mesma e costuma se dar ao luxo de passar os domingos de pijama vendo desenho animado. Apesar de tirar fotos olhando por cima do ombro, garante que é a simplicidade em pessoa. No mais, nunca foi santa. Escreve sobre tudo em: facebook.com/escritosnathalimacedo

Fonte:  DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
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Um belo texto.

Da década de 1990 - quando o capitalismo supostamente triunfou - até os dias atuais, os ricos resolveram sair de seus esconderijos.

' Se sou rico  mereço toda visibilidade ', foi a máxima que passou a dominar a cena nacional desde então.

Como a internete ainda engatinhava, a solução para ser conhecido eram  os programas  de TV's e revistas semanais.

Ser rico ganhou um significado ainda maior após a queda do muro de Berlim, algo como ser alguém de extrema importância, até mesmo muito culto, mesmo sendo um ignorante, como eram e são de fato todos aqueles  que seguem a máxima.

Com isso, os eventos balados passavam a ser frequentados por socialites, jogadores de futebol, traficantes da moda, empresários , artistas de TV e outros, que juntos compunham a nova classe dos  ricos e famosos.

O surgimento da revista Caras turbinou ainda mais  nos ricos a obsessão pela visibilidade, o que o artista Ziraldo , na época, chamou de " uma enorme necessidade de evasão da privacidade".

De fato , tanto que muitos ricos, novos e velhos, faziam de tudo para ter um espaço ao sol, já que como ricos eram importantes, e como tal deveriam aparecer em alguma mídia.

Fazia-se de tudo para poder aparecer na Caras, e até mesmo um reforma no banheiro da casa era motivo para uma reportagem, onde o rico prestava informações detalhadas sobre o novo banheiro, sempre com um sorriso de felicidade e muita desenvoltura nas detalhadas informações prestadas à reportagem. Também informava, com uma riqueza de detalhes impressionante, como seria sua performance na ocupação do espaço e na utilização de utensílios e equipamentos.
Outra artimanha usada pelos ricos para justificar a visibilidade , eram as cirurgias, em que surgiam sempre mais jovens, alegres e repletos de detalhes sobre os procedimentos.

Muitos ricos também se aproveitavam do carnaval, mais precisamente o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro transmitido pela TV globo ( o objeto de desejo de todo rico ) para aparecer diante das câmeras, pois sabiam que teriam alguns momentos de visibilidade, fosse desfilando em uma escola no alto de um carro alegórico como destaque, ou mesmo circulando nos camarotes da passarela do samba Darcy Ribeiro, onde poderiam inclusive mostrar suas novas jóias.

A senha foi dada com a vinheta da TV globo para o carnaval, e os ricos correram para aproveitar;
" na tela da TV no meio desse povo, a gente vai se ver na globo "

Obviamente, e não poderia ser diferente, esse movimento exacerbou a mediocridade na cena brasileira  no tocante a visibilidade dos ricos, principalmente os novos ricos, afoitos pela visibilidade midiática que justificaria a importância que todos julgavam merecer.

O surgimento da internete, fez por diluir nos ricos  a obsessão pelas revistas e emissoras de TV, já que a rede de computadores ganhava espaço e permitia todo tipo de  demonstração , fossem em viagens de férias ou mesmo nos espaços das residências, como pode-se ver nos dias atuais. 

Como bem observado no artigo acima, a cultura foi relegada e expressões de violência e arrogância passaram a ditar a norma "culta" na sociedade.

De certa forma esse comportamento dos ricos é um reflexo da situação do mundo, onde governos foram capturados pelo sistema financeiro, os estados tidos como desnecessários e o darwinismo social torna-se uma realidade.

O resultado de tudo isso, se percebe claramente no estágio de decadência da cultura ocidental.

Como hoje é domingo, muitos ricos devem estar praticando stand up paddle,  a jangada chic.

Ontem, sábado, foi o dia dos ricos demonstrarem felicidade, como seu comportamento estranho pelas ruas de Ipanema e Leblon.

Já, os pobres, ahhhh, esses são felizes , não representam.

A respeito dos ricos, vale a leitura do artigo abaixo do PAPIRO, publicado em 18 de Junho de 2012.

Diz muito sobre todos, mas principalmente os ricos, crianças e de pouca maturidade, infelizes com a imensa quantidade de bens que possuem.




segunda-feira, 18 de junho de 2012


Encontros Cariocas - 5
Crianças & Sábados


  

Hoje não tem escola.

Não tem aula nem bronca, não tem prova nem cola.

Hoje é dia de brincadeiras com os amigos do bairro, do condomínio.

Hoje é dia de diversão, andar de bicicleta, jogar futebol, virtual , de campo ou de salão

.Hoje é o dia que as crianças esperam, por dias, cinco dias, para fazer o que mais gostam, durante todo o dia

Hoje é sábado.

O sábado não é um dia qualquer, é o mais esperado, desejado, festejado.

É um dia de encontros, com outros, com os próprios desejos, com o ideal que se deseja.

As manhãs de sábado , aqui em Ipanema, ou em outros lugares como Saquarema, Itapema, Guararema, Diadema, são sempre manhãs de sábado.

Manhãs estendidas até a metade do dia, afinal sábado não é apenas mais um dia.

Inevitável não sair às ruas, enquanto as crianças brincam.

Momento de rever os "amigos" do bairro", que nunca cumprimentamos, mas que conhecemos por décadas.

Referências mútuas, insumos para assuntos de vidas enfadonhas

Em sociedades em que o trabalho significa apenas uma forma de ganhar a vida, as manhãs de sábado são válvulas de escape.

A maioria aguarda, por dias, cinco dias, pelo dia sem obrigações, sem bronca do chefe, sem cartão de ponto.

Caminhando por Ipanema, mas poderia ser Diadema, Itapema, Saquarema vou revendo os "amigos".

Alguns posso avistar ainda à distância, anunciando um cruzamento pelo passeio.

Logo que sou identificado , a expressão do "amigo" muda.

Olha em direção ao chão, como se estivesse verificando algo nos pés, quando na realidade busca referências internas sobre mim para que possa rearrumar o rosto, e ter a expressão correta para o cruzamento inevitável.

Ao cruzar comigo, os rostos falam no cumprimento mudo, entre "amigos" de décadas que nunca se cumprimentaram mas que dizem tudo o que pesam um do outro, sem saber que a verdade foi dita pelo susto , expresso na face, ao avistar o "amigo"

Avisto um colega com quem trabalhei em uma empresa, há alguns anos.

Estrangeiro, viveu dez anos na cidade, em Ipanema e voltou para seu país.

Certamente estava de férias.

Seu caminhar, pelo calçadão da praia, demonstrava segurança, satisfação, revelando , para ele e outros atentos, conhecimento da cidade, dos hábitos, das esquisitices das pessoas.

Fazemos o mesmo quando visitamos cidades em que já conhecemos.

Sábado é um dia fantástico,para as crianças e adultos.

É no sábado, por exemplo, que se vai comprar aquilo que se viu em um "amigo", ou "amiga", no sábado anterior e que foi motivo de longas conversas na família, entre crianças, adultos.

Na sociedade do consumo turbinado e insustentável, sábado é o dia do consumo.

Consumo de bens, a maioria dispensável, consumo de referências, necessidade de pertencimento, do bairro , da cidade de ser igual entre os "amigos" que se conhecem há décadas.

As crianças, entre amigos, brincam com seus brinquedos.

Os adultos , homens na maioria, levam seus carros para lavagem em um posto de combustível.

Sim, o sábado é o dia nacional da lavagem de carros.

Muitos ficam horas nos postos de combustível aguardando pacientemente o momento em que seus carros serão tocados por mãos estranhas, ameaçadoras, descuidadas, perigosas e, que por isso , devem ser observados atentamente até o momento final, quando o veículo, com um brilho diamantino, é devolvido para o êxtase de seus proprietários.

No meu caminhar, na manhã de sábado em Ipanema, que poderia ser em Saquarema, Diadema, Itapema, avisto um grupo , umas quatro pessoas, todos homens, parados na calçada em descontraída conversa.

Reconheço um dos participantes, com quem mantive contatos em situações profissionais.

Ao me reconhecer, sua expressão de sorriso vai diminuindo, fora flagrado em descontração, sua boca se contrai, necessário uma nova face para o encontro repentino, mesmo que mudo, apenas um cumprimento com movimentos de rostos.


Sábado é o dia do consumo.
 

Consumo que na sociedade de consumo se transformou em um valor em si.

Consumo que é estimulado para adultos e crianças.

Crianças que pedem aos pais e ganham seus brinquedos e, a medida que crescem, descartam alguns, e partem para outros.

Adultos que tem no consumo uma válvula para amenizar angústias, sofrimentos, vazios existenciais, que logo voltarão para mais consumo, pequenos momentos de felicidade, com a novidade.

Na sociedade de consumo de crescimento ilimitado, de bens descartáveis que cada vez duram menos, onde o valor do conhecimento não é um valor, o vazio existencial impera.

No momento em que a conferência da ONU discute a sustentabilidade, o modelo de consumo é insustentável para o planeta, e o consumo como valor não sustenta as pessoas, não garante felicidade.

A sustentabilidade, assim compreendida, é muito mais que a preservação dos recursos naturais do planeta.

O sábado, também, é o dia da insustentabilidade.

As crianças brincando, inevitavelmente, nos levam ao pensamento de Nietzsche;
 

" Maturidade é quando atingimos a seriedade, o comprometimento, a dedicação, a transparência, a sinceridade das crianças quando brincam"

Hoje é sábado , aqui em Ipanema, em outra cidade grande ou pequena,ou em outra localidade agitada ou serena, que pensa em momento de reflexão sobre sustentabilidade, que a vida apenas pelo consumo não vale a pena.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Manifesto



Manifesto da Altercom à sociedade brasileira
Conheça as reivindicações da Altercom - Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação - por uma mídia democrática





A realidade dos meios de comunicação no Brasil aponta, cada vez mais, para dois tipos de concentração: o da informação e o das verbas publicitárias.

O maior anunciante público do país, o governo federal, em 2013 investiu 2,3 bilhões de reais em publicidade. Desse total, 1,5 bilhão foi para TV; 309 milhões para jornais e revistas; 176 milhões para rádio; 139 milhões para Internet e 176 milhões em outras mídias. Do montante investido em TV, 1,3 bilhões (86%) foram direcionados para as cinco grandes redes de sinal aberto, sendo que só a Globo ficou com cerca de 570 milhões.

Diante desta realidade é forte a tendência ao oligopólio e ao monopólio, bem como a concentração simbólica do pensamento, o que dificulta a manifestação da pluralidade de opiniões. Isto afeta diretamente o direito à liberdade de expressão e o fortalecimento da democracia brasileira.

A Conferência Nacional da Comunicação – Confecom – e os esforços de sistematização do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), apontam para a necessidade de uma regulamentação das comunicações: “a legislação brasileira no setor das comunicações, não está adequada aos padrões internacionais de liberdade de expressão e não contempla questões atuais, como as inovações tecnológicas e a convergência de mídias. (...) Em países como Reino Unido, França, Estados Unidos, Portugal e Alemanha, a existência de instrumentos de regulação não tem configurado censura; ao contrário, tem significado a garantia de maior liberdade de expressão para amplos setores sociais.”

A atual política de “distribuição" das verbas de publicidade utiliza-se do critério da mídia técnica, com base somente na audiência como definidor da aplicação dos recursos, negligenciando princípios constitucionais, como o da diversidade, da função social da comunicação, da vedação à concentração do capital e do tratamento diferenciado às empresas de pequeno porte, entre outros.

Assim, ao proceder dessa forma a Secretaria de Comunicação da Presidência da República– Secom/PR – provoca as seguintes distorções:

1) - Afronta a nossa constituição: arts. 220, § 5º , 170, IV (livre concorrência), VII (redução das desigualdades regionais e socias) e IX (tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte) e ao art. 173, §4º (repressão ao abuso de poder econômico, com vistas à eliminação da concorrência e aumento arbitrário dos lucros).

2) - Afronta o Decreto nº 6555/2008, regulamentado pela Instrução Normativa nº 2/2009, que não traz (nem poderia trazer) nenhuma restrição à distribuição dos investimentos à mídia alternativa (empresas de audiência qualificada e que não podem concorrer, em igualdade de condições - porque iguais não são - com portais como UOL ou Organizações Globo). Ao contrário, distribuir os investimentos, sejam quais forem, é um dever elementar do Estado.

O investimento publicitário em veículos de menor porte fortalece a democracia, a pluralidade de expressão e aquece toda a cadeia produtiva das pequenas empresas do setor, gerando mais empregos.

Nesse sentido, a ALTERCOM – Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação, luta pela democratização da comunicação, reivindicando:

l) a aplicação de 30% das verbas publicitárias dos diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal) em mídias e plataformas não vinculadas a oligopólios e monopólios de comunicação;

ll) o atendimento ao disposto na Instrução Normativa 2 do Decreto 6.555, que garante o amparo legal para essa iniciativa;

lll) a adoção da experiência do Fundo Setorial do Audiovisual como referência para o setor da publicidade governamental, contribuindo assim para a desconcentração financeira e a descentralização regional dos recursos.

IV) A regulamentação do disposto no inciso III do art. 221 da Constituição Federal, para estabelecer os percentuais de regionalização da produção cultural, artística e jornalística das emissoras de radiodifusão sonora e de sons e imagens, respeitando as especificidades da comunicação de tv (radiodifusão de sons e imagens) e do rádio (radiodifusão sonora).

v) – A adoção da ferramenta do GOOGLE ANALYTICS para o controle de desempenho dos veículos de mídia na Internet, por ser de uso gratuito e por oferecer às agências de publicidade e aos anunciantes todas as informações necessárias na avaliação dos investimentos de publicidade.

A verdadeira equidistância da justiça consiste em tratar os desiguais de forma desigual. Portanto, tais reivindicações são urgentes para um maior equilíbrio na produção e divulgação de diferentes pontos de vista sobre a nossa sociedade e os desafios do seu desenvolvimento. Sem isso, perde o Estado brasileiro e perde o fortalecimento de nossa democracia.


Fonte: CARTA MAIOR
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Passado e Presente. Indíos e civilização moderna


Imagem 262/271: 16.jan.2015 - Fã do trabalho de Augusto Malta, que registrou as transformações do Rio de Janeiro no início do século 20, o fotógrafo e designer Marcello Cavalcanti passou a mesclar, por hobbie, as imagens documentadas pelo alagoano com fotografias atuais da cidade. Na montagem, um garoto aprecia a vista da orla do Leblon e de Ipanema do topo do Morro Dois Irmãos Augusto Malta Revival/Reprodução

Fonte: BOL
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Do alto do Morro Dois Irmãos um garoto aprecia a vista .

A praia e o bairro  do Leblon do início do século 20 e a praia e o bairro de Ipanema hoje.

Campo e favela.

No lado esquerdo pouco acima, a Lagoa Rodrigo de Freitas.

Ipanema e Leblon eram , no início do século 20 um areal, uma faixa estreita de terra entre a lagoa e o mar, uma restinga.

O que divide Ipanema do Leblon, é o canal  que une a lagoa ao mar, local conhecido como Jardim de Ala.

Leblon e Ala, bem atual.

Curiosamente, os bairros de Leblon e Ipanema passaram por uma revitalização nos últimos anos, sendo que o espaço destinado ao Jardim de Ala continuou o mesmo, não é Ipanema, não é Leblon.

É o Jardim de Ala, por onde  passa um canal que liga a lagoa ao mar, e onde existe a comunidade vertical, de concreto, da cruzada de São Sebastião, o santo padroeiro da cidade do Rio de Janeiro.

Aos pobres, São Sebastião e Ala.

Aos ricos, o Leblon e Ipanema, sendo que o significado de Ipanema no idioma indígena  é água ruim, e não é água de São Paulo.

Água ruim no metro quadrado mais caro da cidade, cujo padroeiro é São Sebastião, nome da comunidade do Jardim de Ala.

Curiosamente, no local conhecido pelos índios como água ruim, passa uma grande tubulação subterrânea conhecida como emissário submarino,  por onde o esgoto doméstico de parte da cidade é lançado ao mar, no mar de Ipanema, a água ruim.

Leblon, que tem esse nome  devido ao proprietário do lugar , o holandês Charles Le Blon . 

No século 19  o local virou uma fazenda de gado, e hoje é  local dos ricos.


Onde o gado pastava hoje vivem os ricos, próximo da água ruim.

Os pobres foram para o lugar onde está o garoto da foto, apreciando a vista.


Na lagoa, que os índios Tamoios chamavam de Piraguá - enseada de peixes - ocorrem grandes mortandades de peixes, devido a poluição, de frente para residências de luxo, onde  o odor de peixe morto é insuportável.

A ocupação de Ipanema e Leblon, mudou o micro clima do lugar, devido a construção vertical de concreto, uma barreira entre a Lagoa e o mar, entre a enseada de peixes e a água ruim, entre a lagoa frágil e a praia de sucesso, entre os indígenas e a civilização moderna e civilizada, e tudo sendo atravessado por por uma gigantesca tubulação subterrânea de esgoto.

O garoto aprecia a paisagem do passado e do presente, o local das vacas e a favela urbana high tech.


         

Internete na frente

Obrigado, Cecília, que brevemente mostrou ao público a verdade

publicado em 16 de janeiro de 2015 às 18:21
Captura de Tela 2015-01-16 às 16.28.23
por Luiz Carlos Azenha

Trabalhar ao vivo, na televisão, é sempre muito complicado. Os críticos de sofá não têm a mínima ideia do que o repórter já enfrentou antes de aparecer na telinha para dar as informações mais recentes.
Para complicar, quem está do lado de cá não imagina o que está sendo dito naquele fone no ouvido do repórter. “Acelera”, “corta”, “acabou”, “fala mais um pouco” — eu mesmo já ouvi de tudo enquanto tentava desenvolver um raciocínio ao vivo, com limite de tempo e “segurando” toda a emissora.
A experiência sempre ajuda. Tive a sorte de fazer 100 transmissões ao vivo de automobilismo, nos boxes, o que me deu certa capacidade de improvisação. Quando Fernandinho Beira-Mar foi preso na Colômbia, usando o celular fiz uma entrevista ao vivo  com o promotor do caso, traduzindo simultaneamente, direto das escadarias da Fiscalia, em Bogotá.
Mas nunca cheguei perto de gente como o Arnaldo Duran, que veio da escola do rádio. Se você colocar o Duran para falar ao vivo sobre qualquer assunto, em qualquer lugar do planeta, ele toma conta da situação de maneira formidável. É capaz de apurar uma informação logo ali na sua frente, sem perder o fio da meada.
Duran na verdade integra um grupo de veteranos que resiste em todas as emissoras, Globo inclusive. Antes de ser o repórter que aparece na TV, o “famoso”, Duran expõe sua humanidade no vídeo, sem nunca se imaginar celebridade.
No campo das transmissões ao vivo, a Globo é refém de seu próprio formato. É tudo tão certinho, tão quadrado, que quando alguém destoa chama a atenção.
No meu tempo, nem mesmo as entradas ao vivo eram improvisadas. O texto era escrito de antemão e pré-aprovado. Se alguém imaginava que aquilo estava sendo dito “no calor dos acontecimentos”, estava enganado.
Hoje, talvez mais que nunca, a Globo é um império editorialmente verticalizado. Isso exige repórteres bem adestrados ou amarrados.
Assim, a emissora será sempre pega de surpresa quando seus profissionais forem forçados a improvisar, por conta de acontecimentos ao vivo, em situações que fujam ao controle dos chefes.
A repórter Cecília Malan foi criticada nas redes sociais por supostamente ter se assustado com tiros em Paris. Normal.
O que me surpreendeu é que, provavelmente sem querer, ela entregou um dos segredos dos correspondentes internacionais de hoje.
Foi quando disse que não tinha condições de contar as novidades por falta de internet.
Registro, antes de avançar, que minha carreira de correspondente internacional começou antes da era Google. Na Manchete, em Nova York, a gente furava as mensagens em fita antes de enviá-las por telex para a editora internacional Teresa Barros, no Rio de Janeiro. Nossas transmissões eram, de fato, via satélite. Dez minutos Nova York-Rio custavam 1.500 dólares.
Quando o correspondente viajava, às vezes contava com o apoio de uma agência internacional, como a Reuters. Mas, na maioria das vezes, tinha mesmo de dar duro: fazer entrevistas, apurar fatos, checar informações com as fontes originais.
Eu sempre preferi dar um tom pessoal às minhas reportagens para escapar da interferência de superiores hierárquicos que estavam muito mais distantes — e menos informados — do que eu sobre os acontecimentos.
Dei sorte. Em Moscou, em 1988, alijado por sorteio de uma entrevista coletiva que encerrava a cúpula Gorbatchev-Reagan, trombei por acaso com o líder soviético dentro do Kremlin. Saiu uma entrevista exclusiva, quando o objetivo original era apenas mostrar as lindíssimas igrejas então convertidas a museus no centro de poder da URSS.
Infelizmente para os correspondentes internacionais, esse tempo acabou.
Hoje eles se tornaram reféns de seus editores no Brasil.
Enquanto estes acompanham dezenas de fontes de informação em tempo real, os repórteres, quando muito, têm uma visão local do evento.
Em Paris, a repórter da Globo reclamava acesso à internet com razão: queria saber o que estava acontecendo longe de seu posto de observação.
É isso o que as emissoras esperam dos correspondentes: que eles ajudem a mascarar o fato de que a maior parte do que transmitem é produzido por terceiros.
São dados e imagens de segunda mão vendidos como de primeira.
Foi-se o tempo de correspondentes como o Reali Júnior, que morou tanto tempo em Paris que era reconhecido inclusive por autoridades locais e tinha fontes, muitas fontes, francesas.
Ao longo dos últimos anos os salários despencaram e ser promovido a correspondente passou a ser, acima de tudo, uma questão de status.
Boa parte do trabalho é feito com “pacotes” de imagens e informações comprados de agências internacionais.
Nos grandes eventos, com transmissões ao vivo, a presença física do correspondente não significa necessariamente que esta equação se altere.
Para as empresas, o correspondente de autonomia limitada, além de mais barato, é mais fácil de controlar editorialmente.
Os veteranos foram sacrificados no altar da redução de custos.
Jovens repórteres aceitam com mais facilidade ler o que outros escrevem. Uma boa presença no vídeo é o que mais conta.
O público, sem acesso aos bastidores, fica fascinado ao se ver representado no centro dos acontecimentos.
Muitas vezes é isso mesmo: uma grande representação.
Neste sentido, o “pecado” de Cecília Malan deveria servir de crédito: ainda que inadvertidamente e por um breve momento, ela abriu a cortina da ilusão.

Fonte: VIOMUNDO
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Interessante observar que não apenas  O PAPIRO como toda a blogosfera progressista vem , cada vez mais, pautando diferentes assuntos , ou seja, não são pautados, pautam-se.