quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Vergonha tucano midiática

O Facebook admite a seca do Alckmin!

Alckmin admite: foi fraude eleitoral mesmo!

Da página Alckmin admite, no facebook

PiG de São Paulo continua a se portar como o PiG do Maranhão dos Sarney.

Não tem importância: a seca de São Paulo entrou para o Facebook

Alckmin admite: os tucanos levam à falência multipla de órgãos !






Fonte: CONVERSA AFIADA
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O  PSDB  e  sua obra-prima  de  gestão : o  racionamento  em  SP

'Estamos fechando a torneira porque em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água', admitiu presidente da Sabesp. Esse é o legado do choque de gestão?

por: Saul Leblon 
Arquivo















Após um ano de dissimulações, o PSDB oficializou o racionamento de água em SP nesta 4ª feira.

O novo presidente da Sabesp , Jerson Kelman, em entrevista ao SPTV, da Globo, anunciou um corte  drástico no fornecimento, que caiu de 16 mil litros/s na 3ª feira, para 13 mil l/s a partir de agora.

O racionamento anunciado  oficializa uma realidade que já atinge mais de seis milhões de habitantes, cujo abastecimento declina há um ano acumulando um corte de 60% no fornecimento padrão da Sabesp às suas torneiras (de 33 mil l/s para 13 mil l/s).

E isso é só o começo.

 'Estamos fechando a torneira porque em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água', admitiu presidente da Sabesp na entrevista.

Nada como um copo após o outro.

Na reta final da campanha presidencial de 2014, quando o então diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, advertiu na Assembleia Legislativa de São Paulo, que o abastecimento da cidade estava, literalmente, por um fio de água, foi chamado de ‘bandido’ pelo grão tucano, vereador Andrea Matarazzo.

Ele disse aquilo que o PSDB se recusava a admitir: restavam apenas 200 bilhões de litros do volume morto do sistema Cantareira, que provê boa parte da água consumida na cidade.

O pior de tudo: a derradeira reserva de água da cidade encontra-se disponível na forma de lodo.

E será com isso que a sede paulistana terá que ser mitigada caso não chova o suficiente até o final de março.

Como de fato não tem chovido nos mananciais, nem há expectativa séria de que isso ocorra suficientemente até o final da estação das águas, avizinha-se  o que o novo presidente da Sabesp finalmente admitiu: ‘em março, no mais tardar em junho, SP fica sem água'.

Corta e volta para a campanha eleitoral de Aécio Neves em 2014.

O estandarte da eficiência tucana era martelado diuturnamente como um tridente contra aquilo que se acusa de obras e planos nunca realizados por culpa da (Aécio enchia a boca para escandir as sílabas) ‘má go-ver-nan-ça’.

Corta de novo e volta para o presente com o foco na contagem regressiva anunciada por Jerson Kelman, o novo titular do espólio da Cantareira e da Sabesp.

Vamos falar um pouco de governança?

Atribuir tudo à  ingratidão a São Pedro é um pedaço da verdade.

Num sugestivo contorcionismo eleitoral, Aécio negou a esse pedaço da verdade a explicação para a alta nos preços dos alimentos afetados pela seca.

Ou isso ou aquilo.

Estocar comida, que não grãos, caso do vilão tomate, por exemplo, que pressionou os índices de alimentos no período eleitoral,  está longe de ser uma opção exequível em larga escala no enfrentamento de uma seca.

Mas estocar água e planejar dutos interligados a mananciais alternativos, calculados para enfrentar situações limite, mesmo que de ocorrência secular, é uma obrigação primária de quem tem a responsabilidade pelo suprimento de grandes concentrações urbanas.

A Sabesp sob o comando do PSDB detém essa responsabilidade há 20 anos em São Paulo.

Omitiu-se, com as consequências previsíveis que agora assombram o horizonte de milhões de moradores da Grande São Paulo.

Carta Maior lembrou no período eleitoral --enquanto Geraldo Alckmin fazia expressão corporal de seriedade, que Nova Iorque e o seu entorno, com uma população bem inferior a de São Paulo (nove milhões de habitantes), nunca parou de redimensionar a rede de abastecimento da metrópole  movida por uma regra básica de gestão na área: expansão acima e à frente do crescimento populacional.

Tubulações estendidas desde as montanhas de Catskill, mencionou-se então, situadas a cerca de 200 kms e 1200 m de altitude oferecem ao novaiorquino água pura, dispensada de tratamento e potável direto da torneira.

Terras e mananciais distantes são periodicamente adquiridos pelos poderes públicos de NY  para garantir a qualidade e novas fontes de reforço da oferta.

O sistema de abastecimento da cidade reúne três grandes reservatórios que captam bacias hidrográficas preservadas em uma área de quase 2.000 km2.

A adutora original foi inaugurada em 1890; em 1916 começou a funcionar outro ramal a leste da cidade; em 1945 foi concluída a obra de captação a oeste, que garante 50% do consumo atual.

Mesmo com folga na oferta e a excelente qualidade oferecida, um novo braço de 97 kms de extensão está sendo construído há 20 anos.

Para reforçar o abastecimento e prevenir colapsos em áreas de expansão prevista da metrópole.

Em 1993 foi concluída a primeira fase desse novo plano.

Em 1998 mais um trecho ficou pronto.

Em 2020, entra em operação um terceiro ramal em obras desde o final dos anos 90. Seu objetivo é dar maior pressão ao conjunto do sistema e servir como opção aos ramais de Delaware e Catskill, que estão longe de secar.

Uma quarta galeria percorrerá mais 14 kms para se superpor ao abastecimento atual do Bronx e Queens.

Tudo isso destoa de forma superlativa da esférica omissão registrada em duas décadas ininterruptas de gestão do PSDB no Estado de São Paulo, objeto de crítica até de um relatório da ONU, contestado exclamativamente pelo governador reeleito, Geraldo Alckmin.

Se em vez do mantra do choque de gestão, os sucessivos governos de Covas, Alckmin, Serra e Alckmin tivessem reconhecido o papel do planejamento público, São Paulo hoje não estaria na iminência de beber lodo.

Ou nem isso ter  para matar a sede.

Pergunta aos sábios tucanos: caiu a ficha?

É verdade que o Brasil todo desidrata sob o maçarico de um evento climático extremo.

Sinal robusto dos tempos.

 Mas desde os alertas ambientais dos anos 90 (a Rio 92, como indica o nome, aconteceu no Brasil há 22 anos) essa é uma probabilidade que deveria estar no monitor estratégico de governantes esclarecidos.

Definitivamente não se inclui nessa categoria o tucanato brasileiro: em 2001 ele já havia propiciado ao país um apagão de energia elétrica pela falta de obras e a renúncia deliberada ao planejamento público.

Os mercados cuidariam disso com mais eficiência e menor preço –ou não era isso que se falava e se volta a ouvir agora sobre todos os impasses do desenvolvimento brasileiro?

Ademais de imprevidente, o PSDB desta vez mostrou-se mefistofelicamente oportunista na mitigação dos seus próprios erros.

Ou seja, preferiu comprometer o abastecimento futuro de milhões de pessoas, a adotar um racionamento preventivo que alongaria a vida útil das torneiras, mas poria em risco o seu quinto mandato em São Paulo.

É importante lembrar em nome da tão evocada liberdade de imprensa: a dissimulação tucana não conseguiria concluir a travessia eleitoral sem a cumplicidade da mídia conservadora que, mais uma vez, dispensou a um descalabro do PSDB uma cobertura sóbria o suficiente para fingir isenção, sem colocar em risco o continuísmo no estado.

É o roteiro pronto de um filme de Costa Gavras: as interações entre o poder, a mídia, o alarme ambiental e o colapso de um serviço essencial, que deixa  uma das maiores metrópoles do mundo no rumo de uma seca épica.

O PSDB que hoje simula chiliques com o que acusa de ‘uso político da água’, preferiu ao longo das últimas duas décadas privatizar a Sabesp, vender suas ações nas bolsas dos EUA e priorizar o pagamento de dividendos a investir em novos mananciais.

Há nesse episódio referencial um outro subtexto para o filme de Costa Gavras: a captura dos serviços essenciais pela lógica do capital financeiro.


Enquanto coloca em risco o abastecimento de 20 milhões de pessoas, revelando-se uma ameaça à população, a Sabesp foi eleita uma das empresas de maior prestígio entre os acionistas estrangeiros.

Mérito justo.

Como em um sistema hidráulico, o dinheiro que deveria financiar a expansão do abastecimento, vazou no ralo da captura financeira. Encheu bolsos endinheirados às custas de esvaziar as caixas d’água dos consumidores.

Não é uma metáfora destes tempos. É a síntese brutal da sua dominância.

Mesmo que a pluviometria do verão fique em 70% da média para a estação, o sistema Cantareira --segundo os cálculos da ANA-- ingressará agora no segundo trimestre de 2015 com praticamente 5% de estoque (hoje está com 3,2%).

Ou seja chegará no início da estação seca deste ano  com a metade da reserva que dispunha em abril deste ano; e muito perto da marca desesperadora vivida agora, na antessala das chuvas de verão.

A seca que espreita as goelas paulistanas não pode ser vista como uma fatalidade.

Dois anos é o tempo médio calculado pelos especialistas para a realização de obras que poderiam tirar São Paulo da lógica do lodo.

 Portanto, se ao longo dos 20 anos de reinado tucano em São Paulo, o PSDB de FH e Aécio Neves, tivesse dedicado 10% do tempo a planejar a provisão de água, nada disso estaria acontecendo.

Deu-se o oposto.

 De 1980 para cá, a população de São Paulo mais que dobrou. A oferta se manteve a mesma com avanços pontuais.

O choque de gestão tucano preferiu se concentrar em mananciais de maior liquidez, digamos assim.

Entre eles, compartilhar os frutos das licitações do metrô de SP com fornecedores de trens e equipamentos. A lambança comprovada e documentada sugestivamente pela polícia suíça, até agora não gerou nenhum abate de monta no poleiro dos bicos longos.

‘Todos soltos’, como diz a presidenta Dilma.

A rede metroviária de São Paulo, embora imune a desequilíbrios climáticos, de certa forma padece da mesma incúria que hoje ameaça as caixas d’agua dos paulistanos.

Avulta daí um método – o jeito tucano de governar não pode ser debitado na conta de São Pedro.

O salvacionismo tucano em São Paulo não conseguiu fazer mais que 1,9 km de metrô em média por ano, reunindo assim uma rede inferior a 80 kms, a menor entre as grandes capitais do mundo.

A da cidade do México, por exemplo, que começou a ser construída junto com a de São Paulo, tem 210 kms.

Não deixa de ser potencialmente devastador para quem acusa agora o PT de jogar o país num abismo de má gestão só ter a oferecer à população de SP a seguinte progressão: racionamento drástico imediato, seguido de seca de consequências imponderáveis na vida de uma das maiores manchas urbanas do mundo.

É essa a perspectiva para um serviço essencial na capital do estado onde o festejado choque de gestão está no poder há 20 anos.

Ininterruptos.

Uma questão para refletir:

O legado recomenda uma recidiva da receita para todo o Brasil, como exigem os centuriões do mercado e alguns cristãos novos petistas?

A ver.

Fonte: CARTA MAIOR
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Desde  o início do ano de 2014 que a blogosfera progressista chamava a atenção da opinião pública para a grave crise hídrica de São Paulo.

Vários especialistas em gestão hídrica, consultados por blogues e sites progressistas, foram unânimes em afirmar que São Paulo estava a beira de um colapso hídrico.

O assunto sobre a crise hídrica de São Paulo foi omitido na velha mídia e as afirmações da blogosfera eram sempre desmentidas, principalmente por Alckmin e também por políticos do PSDB, interessados unicamente em preservar seus projetos políticos pessoais, já que2014 seria, como foi, um ano de eleições.

Passadas as eleições e garantida a vitória  de Alckmin pelo ingênuo povo paulista, o governo de São Paulo, finalmente, com mais de um ano de atraso, admite a situação gravíssima por que passa a região metropolitana de São Paulo.

Estamos diante de um estelionato eleitoral.

Esse é o resultado da "competência" dos tucanos, tão alardeada pelos seus aliados , ou seja, pela velha mídia.

Quando no governo federal ,os tucanos promoveram um apagão de energia elétrica no país, e agora, com o tempo de casa no governo de São Paulo,são responsáveis  por uma grave crise de abastecimento de água na região, que certamente trará prejuízos para economia do país, e principalmente,para o sofrido povo paulista.

Ao que se revela no centro da crise, em primeiro lugar , uma incapacidade de planejamento a curto,médio e longo prazo para questões sensíveis, como o abastecimento de água e os transportes coletivos de massa, outro caos do choque de gestão tucana.

Em segundo lugar um estelionato eleitoral, já que  o eleitor que garantiu a reeleição de Alckmin foi  propositalmente engando sobre os reais problemas de São Paulo.

Adicione-se ao caos, as alterações climáticas globais,conhecidas por décadas, inclusive por tucanos de alta plumagem  que com grande desenvoltura discorrem com frequência "profundas " opiniões e análises sobre as questões ambientais, tanto nos aspectos do micro clima dos grandes centros urbanos, como nas questões globais.

Apesar do "profundo conhecimento sobre o tema" nada foi feito para prevenir uma tragédia anunciada.

Quanto a velha mídia, sempre interessada em blindar os "competentes tucanos" se vê, agora, diante da realidade, a mesma realidade apontada desde início de 2014 pelos blogues progressistas, e negada com veemência pelos "especialistas" da velha mídia.

Quem com água fere com água é ferido; uma bela ironia.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Pró Farofa

Hilde retira “pisada na bola” praiana. Menos mal, mas segregação ao sol não vem de ontem, não…

13 de janeiro de 2015 | 19:02 Autor: Fernando Brito
grade
A colunista social Hildegard Angel andou, com toda razão, levando uma chuva de críticas por ter sugerido mudar o itinerário dos ônibus e, se necessário, até cobrar ingresso nas praias do Rio para evitar que“hordas e hordas de jovens assaltantes e arruaceiros” invadam a orla.
Menos mal que “cansada de levar pedrada”, ela retirou o texto de seu blog.
Melhor faria se tivesse se retratado do que ela própria chamou, ao escrever, de medidas  ” antipáticas e discriminatórias”.
Mas é assim mesmo, todo mundo está sujeito a dizer besteiras num momento de irritação.
O problema, e não é só dela, é que algumas pessoas se acham com mais direito que os demais a algo que não pertence a ninguém: a praia.
E que, se pertencesse, nestes dias de calor de Saara no Rio de Janeiro, justificaria uma revolução.
Esta é uma história que vem de longe e que vivi de perto.
Até 1984, só uma linha de ônibus passava pelo Túnel Rebouças. uma obra caríssima projetada e iniciada por Carlos Lacerda e terminada por Negrão de Lima, em 1967.
Era o raríssimo 473, Penha-Jardim de Alá(embora seu ponto final fosse no final do Leblon).
Havia outros ônibus ligando a Zona Norte à Zona Sul, mas pelo Flamengo e alguns pelo Túnel Santa Bárbara, entre eles o 456, ou quatro-cinco- méier, porque era do subúrbio do Méier que ele partia e era assim que eu e outros adolescentes o chamávamos, inclusive alguns que se aventuravam a carregar dentro dele uma prancha de surfe, com a qual andavam até perto do Pier de Ipanema.
Pois o Brizola, inconformado que o túnel, construído com o dinheiro de todos, só servisse, quase, aos que tinham carro (e carro era quatro ou cinco vezes mais raro que hoje, naquele tempo), mandou a Companhia de Transportes Coletivos do Estado criar três linhas: a 460, 461 e 462, saindo da estação de trem de São Cristóvão e chegando a Ipanema, Copacabana e Leblon.
Um trajeto, se tanto,  de meia hora, metade do que levava por outras vias.
Foi o que bastou para, insuflada pelo Jornal do Brasil – O Globo ainda era um jornal algo chulé – começasse uma campanha de ataques ao povão que chegava, calorento, esbaforido e alegra à praia.
Joaquim Ferreira dos Santos traduziu este sentimento em uma antológica crônica, no mesmo jornal – que maravilha era o velho “Caderno B” – da qual mostro as primeiras linhas e o espírito,recomendando que seja lida aqui:
“Ipanema, essa senhora cada vez mais gorda e poluída, reclama de novas estrias e dentes cariados em seu corpanzil: agora é culpa dos ônibus Padron, a linha 461 que, há um mês, está trazendo suburbanos para seu “paraíso”, numa viagem de apenas 20 minutos, via Rebouças. É o que dizem seus moradores, inconformados. Ouçam só:
- Que gente feia, hein?! (Ronald Mocdes, artista plástico, morador da Garcia D`Ávila, bem em frente ao ponto do ônibus).
- No outro dia eu saí da loja com um vestido comprido, alinhado, e você precisava ver o que aconteceu. Me chamavam de urubu, um horror. (Débora Palmério Fraga, gerente da Gregorio Faganello).
- É chocante dizer, mas eles estão desacostumados com os costumes do bairro. Nem vou mais à praia aqui. É farofeiro para tudo quanto é lado, olhando a gente de um modo estranho. Ficam passando aquele bronzeador. A sensação é de que eles estão invadindo o nosso espaço. (Maria Luiza Nunes dos Santos, ex-freqüentadora da praia da Garcia D`Ávila e que agora só vai ao Pepino).”
Não foi o pior do JB, legítimo porta-voz da Zona Sul carioca e sua biodiversidade.
Meses depois, o jornal se superaria, com um editorial em que dizia estar Brizola asfaltando os acessos dos morros do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, para que os assaltantes tivessem mais facilidade em subir de volta à favela depois de, digamos, fazerem seus “ganhos”.
É curioso que o túnel da discórdia, que proibia e depois proporcionou, para horror da elite, o acesso dos pobres e pretos “feios” à praia chama-se Rebouças, em homenagem aos irmãos André e Antônio Rebouças, negros baianos que se tornaram engenheiros pelo único caminho que permitia ascensão dos pobres durante o século XIX e boa parte do XX, o Exército Brasileiro.
Um dia, talvez, as pessoas da elite brasileira entendam que a única maneira de “acabar com os pobres” não é lhes por grades, mas fazerem ascender, educarem-se e serem diferentes do que eram seus próprios bisavós ou trisavós: brutos, grosseiros, toscos e brancos.
E que alguém criado nesta sociedade não fique chocado, como eu fiquei, com a feiúra e a miséria das crianças de uma favela (que eles chamam “vila”) gaúcha em que passei, de jipe, nos arredores de Uruguaiana, com Brizola em 1989, perseguido por uma “horda” andrajosa de guris que chapinhavam na lama.
Todos eles louros e de cabelinhos claros, uma cena incompreensível para um carioca que achava que a pobreza era negra ou mulata.
Viva a diversidade humana! Viva a tolerância!
Fonte: TIJOLACO
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Não li o artigo de Hildegard, mas se é verdade o que falam sobre o que teria escrito , Hildegard deu uma termenda pisada na bola.

Tudo bem, nossa colunista social tem crédito aqui no PAPIRO.

Erros acontecem, aliás o calor está intenso e as vezes afeta o raciocínio.

Por outro lado , ela acerta quando diz que é preciso limitar ou acabar com a ação de bandidos que tocam o terror nas praias , com aqueles arrastões que somente as câmeras da TV globo conseguem  flagrar como furo de reportagem.

Errou nas medidas, quando propôs cobrar ingresso nas praias e mudar o itinerário das linhas dos busões que vão pra Ipanema.

A apropriação dos espaços públicos pela iniciativa privada já está chegando um ponto perigoso e ainda propor acabar com uma diversão gratuita da população é querer brincar com fogo.

Quanto as linhas de ônibus , recordo muito bem quando do surgimento da linha 461, Ipanema - São Cristóvão via túnel rebouças, que motivou uma série de críticas racistas  e preconceituosas por parte de alguns moradores de Ipanema.
Na época , morava em Ipanema e junto com alguns conhecidos do bairro, fomos contrários as críticas e ainda aprovamos a iniciativa de Brizola. 

Um de meus amigos, comerciante no bairro, ficou contente com as novas linhas já que duas funcionárias de seu estabelecimento comercial passaram a utilizar o ônibus e não mais se atrasavam para o trabalho, além de chegarem mais bem dispostas para o batente, pois ficavam menos tempo dentro do transporte coletivo.

Quanto as críticas racistas e preconceituosas, lançamos um movimento intitulado pró-farofa, que incluía levar comida para a praia e adotar  o comportamento dos frequentadores das linhas de ônibus, ou seja, deitar na areia como um bife a milanesa, dar um tibum na água no lugar de um mergulho padrão e outras coisas mais.
Tudo isso tinha por objetivo chocar as dondocas preconceituosas que frequentavam o pedaço comum que também frequentávamos.
Claro, não nos viam com bons olhos no pedaço.

E assim a linha 461, pelo menos no bairro, ficou conhecida como pró-farofa.

Cabe lembrar que outras iniciativas com a de Hildegard foram propostas, mas precisamente para a Barra da Tijuca, quando um Medina propôs criar grandes portais nas entradas do bairro para barrar "pessoas indesejáveis, diferenciadas"

Como não conseguiu colocar os portões, propôs separar a zona oeste da cidade, criando um novo município, onde certamente desejaria ser prefeito, já que no Rio não levava nada.

Quanto a crítica de Brito ao Jornal do Brasil, fiquei surpreso, já que foi o grupo JB através da rádio JB e do jornalista Procópio Mineiro - que depois foi secretário no governo de Brizola - que chamaram a atenção da opinião pública para a fraude em curso nas apurações das eleições para governador de 1982. 

Tal fraude, comandada por uma quadrilha composta pelos milicos, organizações globo e a empresa Proconsult - responsável pela compilação dos votos - tinha por objetivo impedir a vitória de Brizola.
Nenhuma outra mídia do Rio de Janeiro, saiu em defesa de Brizola como o JB, naquele ano de 1982.

Quanto ao fato de o JB ser elitista, como disse Brito, as opções na época eram globo , o dia com sangue de Chagas Freitas e praticamente nada mais.

Mesmo com sua linha editorial ao estilo Country Club de  Ipanema, o velho JB era o jornal que mais se aproximava de um jornalismo equilibrado de centro, e trazia informações relevantes, além de um bom conteúdo cultural.

Praia liberada pra todo mundo com isopor de bebidas e umas comidinhas  e, policias em bom número nos locais da praia em que existirem repórteres da globo de plantão.

Os pobres colunistas de globo

Colunista de O Globo ensina aos leitores quem são “eles”, os pobres

publicado em 13 de janeiro de 2015 às 18:48
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É patológico, doutora?

O plano cobre

13.01.2015 12h27m
Todo pobre tem problema de pressão. Seja real ou imaginário. É uma coisa impressionante. E todos têm fascinação por aferir [verificar] a pressão constantemente. Pobre desmaia em velório, tem queda ou pico de pressão. Em churrascos, não. Atualmente, com as facilidades que os planos de saúde oferecem, fazer exames tornou-se um programa sofisticado. Hemograma completo, chapa do pulmão, ressonância magnética, ultra de bexiga cheia. Acontece que o pobre – normalmente – alega que se não tomar café da manhã tem queda de pressão.
Como o hemograma completo exige jejum de 8 ou 12 horas, o pobre, sempre bem arrumado, chega bem cedo no laboratório, pega sua senha, já suando de emoção [uma mistura de medo e prazer, como se estivesse entrando pela primeira vez em um avião] e fica obcecado pelo lanchinho que o laboratório oferece gratuitamente depois da coleta. Deve ser o ambiente. Piso brilhante de porcelanato, ar condicionado, TV ligada na Globo, pessoas uniformizadas. O pobre provavelmente se sente em um cenário de novela.
Normalmente, se arruma para ir a consultas médicas e aos laboratórios. É comum ver crianças e bebês com laçarotes enormes na cabeça e tênis da GAP sentados no colo de suas mães de cabelos lisos [porque atualmente, no Brasil, não existem mais pessoas de cabelos cacheados] e barriga marcada na camiseta agarrada.
O pobre quer ter uma doença. Problema na tireoide, por exemplo, está na moda. É quase chique. Outro dia assisti a um programa da Globo, chamado Bem-Estar. Interessantíssimo. Parece um programa infantil. A apresentadora cola coisas em um painel, separando o que faz bem e o que faz mal dependendo do caso que esteja sendo discutido. O caso normalmente é a dúvida de algum pobre. Coisas do tipo “tenho cisto no ovário e quero saber se posso engravidar”. Porque a grande preocupação do pobre é procriar. O programa é educativo, chega a ser divertido.
Voltando ao exame de sangue, vale lembrar que todo pobre fica tonto depois de tirar o sangue. Evita trabalhar naquele dia. Faz drama, fica de cama.
Eu acho que o sonho de muitos pobres é ter nódulos. O avanço da medicina – que me amedronta a cada dia porque eu não quero viver 120 anos – conquistou o coração dos financeiramente prejudicados. É uma espécie de glamourização da doença. Faz o exame, espera o resultado, reza para que o nódulo não seja cancerígeno. Conta para a família inteira, mostra a cicatriz da cirurgia.
Acho que não conheço nenhuma empregada doméstica que esteja sempre com atacada da ciática [nervo ciático inflamado]. Ah! Eles também têm colesterol [colesterol alto] e alegam “estar com o sistema nervoso” quando o médico se atreve a dizer que o problema pode ser emocional.
O que me fascina é que o interesse deles é o diagnóstico.
O tratamento é secundário, apesar deles também apresentarem certo fascínio pelos genéricos.
Mesmo “com colesterol” continuam comendo pastel de camarão com catupiry [não existe um pobre na face da terra que não seja fascinado por camarão] e, no final de semana, todo mundo enche a cara no churrasco ao som de “deixar a vida me levar, vida leva eu” debaixo de um calor de 48 graus.
Pressão: 12 por 8
Como são felizes. Babo de inveja.
PS do Viomundo: É para isso que as Organizações Globo defendem a liberdade de expressão

Fonte: VIOMUNDO
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A mensagem de fundo do texto acima  é uma propaganda da indústria média, indústria dos  planos de saúde e indústria alimentícia.

Algo do tipo:
" se você é pobre, preste bem atenção que é chic ter doenças e frequentar os hospitais" 

De fato é assim que a maioria das doenças citadas pela autora, são doenças da civilização dita moderna, ou seja, doenças cardiovasculares, degenerativas, lesões por esforços repetitivos ( ciática da empregada ), doenças derivadas da alimentação hiperindustrializada e outras.

Uma maneira preconceituosa de fazer propaganda.

O fato de pessoas terem a preocupação de verificar a pressão arterial com frequência- algo que pode ser feito gratuitamente até mesmo em tendas pelas ruas  - é uma excelente ação preventiva e deve ser encarado como positivo e , ainda mais, deve ser incentivado  para todos independente se pobres ou ricos.

A questão do acúmulo de gorduras nas artérias, o colesterol alto, é fruto de uma alimentação irracional que atinge toda a população, independente se pobres e ricos. 
Adicione-se a isso os hábitos sedentários e a obesidade, como doenças que mais crescem em todo o mundo.

Curiosamente, são doenças que afetam as pessoas mais ricas.

Já que a autora citou um programa da TV globo como referência, cabe lembrar que na mesma emissora é grande o número de funcionários, "famosos" que fizeram cirurgias para redução de estômago. 
O número de gordos e obesos, logo doentes,  é maior entre ricos.
Sem contar as diferentes dietas e regimes, que vez por outra surgem como modismos. 
E também as inúmeras plásticas , aplicação de botox, silicone e sabe-se lá o que mais, para pode parecer com algo diferente do que de fato são. 
Os ricos adoram as aparências.

Quanto ao churrasco com cerveja com uma samba de primeira, funcionam como uma terapia, um momento de descontração onde o objetivo maior não é a comida, mas sim a aproximação das pessoas, estar juntos ,festejar, cantar, dançar, algo positivo que herdamos e vivenciamos com orgulho da cultura africana. 
Apesar do churrasco e da cerveja, essa prática funciona como um excelente antídoto às preocupações do dia a dia, onde se relaxam tensões e vive-se de verdade.
Pode-se viver só, fazer todas refeições diárias sozinho, mas churrasco não se faz só.

Quanto aos hábitos alimentares, parece que a autora acertou quanto a algumas preferências dos chamados pobres. 
De fato, os  frutos do mar, especialmente o camarão, são iguarias de primeira, principalmente na cozinha considerada  como a mais apreciada e saudável no mundo, a mediterrânea.
Se pobres gostam de frutos do mar, camarão, é porque não são burros, ao contrário são  bem inteligentes.
A propósito, a doutora que não gosta de samba, deveria ouvir uma samba gravado pela Beth Carvalho, cuja letra fala de um encontro em um  final de semana, de uma turma, claro, em uma praia do município de Magé, na Baía da Guanabara, onde logo na chegada todo mundo pede pra fritar um montão de camarão.
O samba é uma delícia.
O pastel, ahhh  como é bom um pastel !! , é uma das delícias de nossa gastronomia popular e foi um dos grandes sucessos para os estrangeiros que visitaram o Brasil no período da copa do mundo. 
O pastel brasileiro ganhou o mundo.

Quanto a questão  de saúde, o maior interesse das pessoas, pobres ou ricas, é uma medicina preventiva, ou seja, atitudes e práticas saudáveis ao longo da vida que proporcionem saúde, em conjunto com um acompanhamento médico preventivo, como os médicos de família e as clínicas de família.

Essa medicina, que aos poucos o governo vai implantando, não interessa para a indústria médica e nem para os planos de saúde  privados, setores que lucram com a doença e com desinformação, a ponto de muitos médicos, hoje, fazerem parte de quadrilhas criminosas com diagnósticos falsos ,e inúmeras falcatruas que beneficiam os grandes laboratórios farmacêuticos.

Quanto aos medicamentos genéricos, citados pela autora como um fascínio dos pobres, é antes de mais nada uma vitória da sociedade na luta pela quebra de patentes nas mãos e nas garras das indústrias farmacêuticas .

O genérico, nada mais é que a substância principal -  princípio ativo -  de um medicamento conhecido de um laboratório através de uma marca .
A título de exemplo para o caro leitor, o ácido ascórbico - vitamina C - existe nos alimentos, principalmente nas frutas cítricas. 
Também se pode adquirir o ácido ascórbico - vitamina C -através de pastilhas ou em pó como marcas de laboratórios farmacêuticos que o leitor conhece.
O princípio ativo, no caso o ácido ascórbico, é o mesmo ,independente se oriundo das frutas ou se sintetizado em laboratórios farmacêuticos e vendido em pastilhas ou em pó.
Os medicamentos genéricos são princípios ativos sem marca de laboratório farmacêutico e , melhor ainda, são mais baratos.
Comprar genéricos é sinal de sabedoria.

Como  o leitor pode perceber, o texto publicado no globo, é uma propaganda da indústria médica e farmacêutica, de mau gosto, preconceituosa, elitista e mentirosa.

O maior absurdo do artigo dos absurdos, diz respeito ao fato de pobres desmaiarem em velórios, como sendo algo anormal.
Recordo que por ocasião do velório de Roberto Marinho, em 2003, o filho mais alto, mais gordo e careca - aliás os três são carecas - de Marinho desabou em prantos diante do caixão do pai. 
Isso em uma situação em que o defunto tinha 98 anos - já tinha passagem comprada - e já caminhava de mãos dadas com a morte, pois estava doente e fragilizado, algo que os parentes e amigos racionalmente já sabiam que a morte aconteceria em breve.  
Mesmo assim a razão e os bons modos não prevaleceram - na visão elitista - pois algo muito mais profundo falou mais alto, diante da inexorabilidade da morte ali presente. 
E o que dizer de uma artista de globo que depois de anos da morte do filho atropelado, ainda vive aos prantos, em desmaios e profundamente fragilizada ? 
Velórios e enterros em nossa cultura católica, são algo que inevitavelmente levam a algum tipo de desconforto e sofrimento. 
Passar horas ao lado de um corpo na horizontal sem som  e sem imagem  e seguir todo um ritual com etapas fortes e pesadas, não há razão que resista. 
Logo, sentir-se mal em situações como essa  independe de classe social e é perfeitamente normal. 
Aliás, é humano, e humano é algo que a medicina , principalmente a privada, ignora, haja visto o artigo da égua - que me perdoem os equinos - acima. 

Quanto aos exames de sangue, algumas pessoas de fato sentem desconforto ao retirar sangue, no entanto isso independe da classe social, é uma questão do metabolismo de cada um. 
Cabe ainda lembrar, que são  as pessoas do povo, na maioria pobres, que doam sangue aos hemocentros e que ajudam a salvar muitas vidas. 
Rico não doa sangue, rico tira o sangue das pessoas.
A autora ainda afirma que os pobres ficam contentes, felizes, quando recebem o lanche após retirada de sangue.
Pobres e ricos ficam felizes com comidinhas, sendo que os ricos , quando em viagens aéreas, adoram as comidinhas insosas servidas nas aeronaves e ainda tem o hábito de furtar talheres, guardanapos, cobertores, travesseiros, coletes salva-vidas e sabe-se lá o que mais  desde que tenha a marca da companhia áerea.

Em alguns pontos a autora acertou, principalmente quando afirma  que os pobres são felizes e que ela sente inveja dessa felicidade.

Vai  uma branquinha de aperitivo e depois um franguinho ensopado  com quiabo, doutora ?

Ainda sobre o artigo, uma observação de VIOMUNDO  comenta que é para isso que as organizações globo defendem a liberdade de expressão.
Ora, não há nada de errado com a liberdade de expressão.
A doutora égua tem todo o direito de emitir suas opiniões e acredito que muitas pessoas concordam e aplaudem o que ela escreveu.
Assim como muitos, acredito que a maioria, discorde radicalmente do conteúdo equino.
Tentar sugerir que algo do tipo não poderia ser publicado, é o outro lado da mesma moeda que deseja cercear a liberdade de expressão de uma maneira geral, local onde globo se situa.
Ao publicar o artigo e não apresentar o contraditório, que acontece com globo e a velha mídia, revela, ou melhor, expõe os valores dominantes nessas organizações, assim como o pensamento dominante na classe médica.
A liberdade de expressão, e é bom que se entenda, não é absoluta, pois se assim fosse os conflitos seriam diários, com desdobramentos inimagináveis, já que as liberdades estariam sendo usurpadas ou atacadas diariamente. No entanto, esse é um assunto para a regulamentação dos meios de comunicação no Brasil, que certamente darão frutos e levarão a domesticação e a prática civilizada da imprensa.
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Jornal carioca não gosta de pobre

Rocinha e favelas repudiam declaração de colunista do 'O Globo'

Jornal do BrasilDavison Coutinho 
Em mais uma tarde verão,températura de quase35º,cariocas curtindo uma linda tarde de sol, me despeço dos alunos e retorno de mais uma aula para continuar minhas pesquisas. É então que recebo de um amigo um infeliz artigo escrito para o jornal o O Globo da colunista Silvia Pilz – Zona de desconforto. Um texto hediondo e preconceituoso, escrito por uma pessoa que não consegue aceitar que os menos favorecidos tenham acesso às “coisas de rico”, ou melhor, não consegue aceitar que pobre tenha acesso aos mesmos serviços e direitos que antes eram da elite.
O texto de Silvia apresenta diversos estereótipos negativos relacionados à pobreza. Segundo Silvia, todo pobre tem problema de pressão, é viciado em usar plano de saúde, gosta de hospitais e exames porque ganha lanchinho para tirar sangue, além de ir para os laboratórios para poder pisar no piso de porcelanato e usar o ar condicionado. Ainda segundo a colunista, o pobre é preguiçoso, pois quando tira sangue trata logo a não ir trabalhar e gosta e quer ter doença.
Davison Coutinho
Davison Coutinho
Se eu já li um texto tão preconceituoso antes, eu não me lembro. Envergonho-me em ter em nossa sociedade pessoas, (nem sei se podemos chamar de pessoas) que pensam de tal forma. E o pior: declaram como se estivessem com a razão. O que me envergonha, ainda mais, é um jornal de repercussão publicar um texto de tamanho preconceito, onde ela demonstra a raiva que tem das pessoas menos favorecidas e atribui vários estereótipos negativos relacionados à pobreza.
Essa senhora reprova e exclui o outro apenas por não ser da mesma classe social que ocupa e, por isso, faz declarações ignorantes. Em meio aos problemas de guerra que vivemos no mundo, precisamos de mais tolerância e amor e não perder tempo lendo ofensas intolerantes e discriminatórias. Não toleramos mais um país ou uma cidade partida por preconceitos.
Lamento, Silvia,  que você seja um ser que não consegue conviver com o outro enquanto humano, e é apenas um acaso informativo de má qualidade e que precisa de reconhecimento para poder aparecer na mídia.
* Davison Coutinho, 24 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.
Fonte: JORNAL DO BRASIL

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Quando as ideologia ( religiões ) perdem o senso do humano

Quando as ideologias (religiões) perdem o senso do humano

Roberto Malvezzi




Gramsci, um dos maiores estudiosos das ideologias, nos dizia que o “senso comum, as religiões e as filosofias são tipos de ideologias”. Dizia ainda que o senso comum é a mais precária delas, as religiões são um pouco mais elaboradas e a filosofia era a ideologia melhor acabada.
A identificação da religião como uma ideologia nunca foi aceita, por exemplo, pelo magistério católico. Todos os documentos originados no Vaticano vão fazer distinção entre religião e ideologia.
Mas, Gramsci deu à ideologia um sentido positivo, como um conjunto de ideias organizadas que orientam a vida particular e de grupos na vida e na disputa pelo poder. Nesse sentido, para ele as religiões também são ideologias. Afinal, quem se orienta pela opção pelos pobres, pela justiça, pela paz, etc., tem um conjunto de ideias articuladas (princípios) que as orientam na vida e luta social.
O assassinato de doze pessoas na França em nome da religião re-suscita essa questão. Afinal, os matadores se pronunciaram em nome de Alá. Porém, logo foram contestados pelo próprio mundo islâmico, que distingue entre os ensinamentos de seu profeta Maomé e a leitura que grupos sectários fazem desse mesmo princípio. Sem dúvida, a chacina torna muito mais difícil a vida dos islâmicos em território europeu.
O fato também serviu para que muitos utilizassem o fato para dizer as vantagens da razão iluminada diante dos obscurantismos das religiões. De fato, em nome da fé a Igreja Católica organizou Cruzadas – inclusive de crianças - criou a Inquisição e promoveu outros horrores ao longo da história, como a própria conquista das Américas em nome da espada e da cruz. As Cruzadas eram guerras exatamente contra os islâmicos.
Mas, se observarmos bem os fatos, veremos que o problema está nas ideologias, todas elas, inclusive as laicas, quando perdem o senso do humano. As conquistas da razão iluminada são indiscutíveis para o progresso da técnica e da ciência, mas os efeitos dramáticos da racionalidade pura se abatem hoje sobre a humanidade e o planeta.
A Primeira Guerra Mundial, a Segunda, a invasão do Iraque pelos Estados Unidos e Afeganistão, a colonização europeia em outros continentes, nenhuma dessas atrocidades foi feita em nome das religiões, mas de interesses e prepotência de nações e seus capitais diante dos mais fracos. A racionalidade moderna gerou milhões de mortes e ainda lançou a bomba atômica sobre o Japão. Pior, está gerando a mudança no clima do planeta, sem que os próprios cientistas saibam exatamente o que pode acontecer a todas as formas de vida, principalmente a humana.
Nem as esquerdas escaparam. Em nome do socialismo Stalin promoveu o expurgo de todos seus adversários. As esquerdas revolucionárias das américas e África nunca conseguiram entender os indígenas – portanto, respeitar -, lideranças tradicionais e costumes diferentes da racionalidade ocidental. Aliás, é sempre bom lembrar que capitalismo e socialismos são apenas as duas faces da mesma racionalidade iluminada do ocidente. A Bolívia ensaia um modelo que inclua o melhor do mundo contemporâneo com o melhor das tradições indígenas, inclusive o que os nativos assimilaram de melhor do cristianismo.
Portanto, as ideologias são inevitáveis, mas cuidado com todas elas, religiosas ou não. Quando em nome de “seu deus” perdem o respeito pela pessoa humana e pela natureza, elas cometem atrocidades.
Roberto Malvezzi (Gogó)
OBS: meu novo e-mail robertomalvezzi@hotmail.com   

Fonte: AMÉRICA LATINA EM MOVIMENTO
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Terrorismo midiático

Terrorismo de estado e terrorismo de mídia: duas formas de violência que precisam ser enfrentadas

Sandro Ari Andrade de Miranda




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Criança vítima da violência em Gaza (Palestina).

Basta um breve estudo histórico para ver que o terrorismo praticado pelo Estado tem sido comum para manter o status quo de determinados grupos, seja objetivando enfraquecer os opositores, seja como condição de acesso ao poder, seja, simplesmente, como doutrina.
O regime de terror foi uma prática comum do nazismo, que promovia atentados diários contra instituições de esquerda, judaicas ou não brancas. Com a ascensão de Hitler, tornou-se uma doutrina de Estado, uma prática que resultou no holocausto.
Se os principais líderes da Revolução Russa, como Lenin e Trotsky, eram contrários ao terrorismo praticado pelo governo czarista, e pelos movimentos anarquistas, a chegada de Stalin ao poder resultou, inegavelmente, num regime terrorista, com a perseguição contínua a milhares de opositores, incluindo o próprio Trotsky, assassinado no México por seguidores do stalinismo.
Também temos a patrulha anticomunista do Macarthismo norte-americano, doutrina que resultou na perseguição política e de desrespeito aos direitos civis de servidores públicos, artistas, ativistas, sindicalistas ou opositores políticos por agentes do governo estadunidense, num verdadeiro regime do terror contra quem pensava diferente. Aliás, tal conduta ainda é mantida por setores da mídia norte-americana.
Dos EUA também temos o racismo sulista, que resultou na perseguição e morte de milhares de militantes políticos, negros ou brancos, que lutaram por direitos civis. Aliás, nada é mais simbólico como prática terrorista, do que as ações da Ku-Klux-Kan, fundada pelo General Sulista Nathan Bedford Forrest, em 1865, após o fim da guerra civil e da escravidão, com o objetivo de impedir as comunidades negras de se integrarem à sociedade estadunidense, e de receberem os direitos civis e ao voto.
Na América Latina também temos exemplos graves de terrorismo de estado que começam pela escravidão e passam, obrigatoriamente, pela conduta do regime policial instaurado pelas ditaduras militares, com a morte, tortura e desaparecimento de milhares de pessoas em países como o Brasil, a Argentina e o Chile.
Ainda temos o terror criado pela corrida armamentista na guerra fria, especialmente no que se refere à construção de instrumentos de destruição em massa, como armas nucleares, químicas e biológicas.
Aliás, existem exemplos de terrorismo de estado praticado em todos os Continentes, em países como Ruanda, África do Sul (apartheid), Arábia Saudita, Kosovo, Sérvia, México, Irlanda, Austrália, etc. Mas o exemplo mais gritante e atual, e que conta com a omissão da mídia e das grandes potenciais internacionais, é o regime do terror imposto por Israel na Palestina.
Assim, ver Benjamin Netanyahu participar de um manifesto contra o terrorismo não pode ser visto de outra forma, que não a absoluta e completa demagogia política, e um desrespeito para com a verdade.
A violência de estado tem sido o instrumento principal dos governos de Israel para exercer o poder em Gaza e na Cisjordânia, ambos territórios Palestinos ocupados, o que inclui o massacre contínuo de civis, desde mulheres e crianças, a idosos.
Mas se o terrorismo praticado pelo estado é uma medida deplorável, o mesmo deve ser dito sobre o exercitado por sua caixa de ressonância: a Mídia. Aliás, a mídia não apenas oxigena o terrorismo, como o alimenta e o exercita.
O medo é uma forma extremamente eficiente de manter o poder e de atrair atenção, de vender jornais e revistas. É um meio para atrair patrocinadores e de fixar barreiras simbólicas que impedem o fluxo livre de ideias e de pessoas.
Para o professor Adam Lockyer, do Centro de Estados sobre os EUA da Universidade de Sydney, na Austrália, “os meios de comunicação são o oxigênio do terrorismo”. Desde o atentado às Torres Gêmeas em setembro de 2011, há uma simbiose entre mídia e terrorismo, tanto o praticado por extremistas de todas as vertentes, como o praticado pelo Estado, como é o caso da ação de Israel na Palestina.
A mídia serve como elemento de mediação e de legitimação do terrorismo, ao reproduzir preconceitos, afirmar interesses e criar pânico da sociedade. Quem mora nos grandes centros urbanos conhece bem o terrorismo de mídia, e a proliferação contínua de programas de televisão que fazem propaganda da violência e do medo.
O que a mídia brasileira vem fazendo hoje, atacando a economia, é uma conduta tipicamente terrorista, num claro exercício de poder. Mesmo que todos os indicadores, como emprego, renda, e inflação, contrariem a tese dos grandes grupos de comunicação, os mesmo insistem em afirmar que o Brasil atravessa uma crise sem precedentes. Curiosamente, é o mesmo mecanismo utilizado para legitimar a tragédia social do neoliberalismo dos anos 90.
Assim, é muito importante que tenhamos a capacidade crítica de interpretar os fatos e observar quem verdadeiramente alimenta o terrorismo. Se este exercício for feito, é certo que mudaremos a nossa compreensão sobre a violência real e a simbólica.
Publicado em 12 de janeiro de 2015
Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais.

Fonte: AMÉRICA LATINA EM MOVIMENTO
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SAÚDE PÚBLICA

Uma cobertura doentia

Por Luciano Martins Costa em 13/01/2015 na edição 833
Comentário para o programa radiofônico do Observatório da ImprensaObservatório, 13/1/2015
O escandaloso caso de médicos que recebiam propina para recomendar próteses caríssimas e nem sempre necessárias, revelado em reportagens do programa  Fantástico, da Rede Globo, ganha nova dimensão com um ou outro episódio que denuncia cirurgiões que realizam cirurgias cardíacas e vasculares utilizando materiais com validade vencida. No entanto, o leitor abre o jornal nos dias seguintes, procura e não acha qualquer referência a esses assuntos.
Curioso, o cidadão ou cidadã mais exigente vai aos arquivos e compara o noticiário sobre saúde desses dias com os acontecimentos de um ano atrás, quando a imprensa promoveu uma enxurrada de notícias negativas sobre o Programa Mais Médicos. Lançado em julho de 2013, por Medida Provisória, foi no início de 2014 que o plano sofreu o grande bombardeio por parte das entidades profissionais da medicina, inicialmente com o argumento de que os médicos formados no exterior não teriam qualificação adequada; depois, as críticas passaram a visar o valor pago aos profissionais trazidos de Cuba.
Em doze meses, o programa superou a meta estabelecida nos estudos que levaram à sua criação, reduzindo em mais de 20% o encaminhamento de pacientes a hospitais, com o atendimento básico ampliado em 35% nos postos de saúde. O resultado vem sendo omitido pela imprensa, num momento em que a medicina corporativa tem seus vícios escancarados no noticiário sobre pagamentos de propina, mau atendimento e ações de quadrilhas que visam os segurados dos planos privados e o Sistema Único de Saúde.
Segundo as reportagens da televisão, a máfia da medicina promove todo tipo de falcatrua para aumentar o rendimento de suas atividades, desde o uso de advogados para forçar o serviço público a pagar por tratamentos e materiais de necessidade duvidosa, até a falsificação de prontuários para aumentar o valor cobrado dos grupos privados de seguridade.
Na comparação entre os dois setores, o lado representado pelo Programa Mais Médicos tem um balanço positivo a oferecer, e a imprensa o ignora; o lado representado pela medicina privatizada mergulha em escândalos, e os jornais apenas fazem uma referência aqui e ali.
Uma pauta tendenciosa
Na edição de terça-feira (13/1), O Globo toca num ponto curioso, ao tentar demonstrar que o Programa Mais Médicos falhou no propósito de descentralizar a oferta de profissionais por meio da distribuição de vagas do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A reportagem afirma que as universidades federais oferecem mais cursos de Medicina nas grandes cidades do Sul-Sudeste e do litoral, enquanto o interior do Brasil é atendido principalmente por faculdades particulares. No entanto, o mapa publicado pelo jornal mostra que houve um grande aumento de vagas no Nordeste, que oferece quase 80% a mais de postos do que as escolas federais do Sudeste.
O assunto apresenta muitas variáveis, como, por exemplo, as três maiores universidades públicas de São Paulo – USP, Unicamp e Unesp – terem vestibulares próprios e não participarem do Sisu, o que altera o quadro geral e exige uma abordagem diferenciada. Além disso, a reportagem deveria considerar outras questões importantes, como o fato de que essas instituições, principalmente a Faculdade de Medicina da USP, não terem como prioridade formar médicos clínicos, mas pesquisadores.
Há casos de médicos com doutorado que são incapazes de fazer um diagnóstico corriqueiro nos postos de saúde. Essa distorção, tema de polêmica nos conselhos universitários, tende a ser corrigida no longo prazo pela determinação de que, desde o dia 1º deste mês de janeiro, os alunos que ingressam na graduação deverão atuar por dois anos em unidades básicas de saúde e nos postos de emergência e urgência do SUS. O propósito dessa medida é estimular a formação de médicos com mais sensibilidade para os aspectos sociais de sua profissão.
Somada à ampliação de vagas – mais 11,5 mil alunos de graduação até 2017 e 20 mil novos especialistas formados até 2020 – esse conjunto de medidas faz parte da estratégia do programa de colocar a medicina a serviço da sociedade.
Por que a imprensa omite esses fatos e não se empenha em investigar o escândalo das propinas? Porque a pauta é definida pelo interesse de desmoralizar o sistema público e justificar a predominância da medicina privada.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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Eis uma forma de terrorismo midiático.

Aliás, quando o assunto é saúde - que a velha mídia trata como doença - o medo e o pânico são os fios condutores das notícias.

Um assunto que leva os telespectadores a pensar sobre a vida e a morte é um prato cheio para o exercício de uma das modalidades do terrorismo midiático.

Com uma frequência no noticiário quase que diária, a "saúde" na maioria esmagadora das vezes é abordada como o risco de se contrair uma doença.

E uma infinidade de doenças reais e imaginárias , são abordadas sempre como viés do medo.

Epidemias, mesmo que ainda em estágio embrionário, servem para enlouquecer o telespectador e, claro, induzir a medidas  profiláticas que sempre geram algum lucro para as indústrias médica e farmacêutica, independente do potencial  da epidemia.

Por outro lado , doenças endêmicas com a dengue, quando apresentam queda nos índices de incidência mesmo em períodos de grande números de casos - como agora no verão - não recebem o tratamento adequado na mídia, pois trata-se de uma notícia sem potencial de pânico nas pessoas.

Os índices de dengue caíram significativamente neste verão no Rio de Janeiro.

O telespectador passivo, e eles ainda existem, certamente pensou que a epidemia do ebola que eclodiu na África estava acontecendo na cozinha de sua casa, tamanho foi o grau de sensacionalismo terrorista destilado pela velha mídia na abordagem do assunto, a ponto de um cidadão africano oriundo de uma país afetado pelo ebola ter sido isolado e confinado no interior do Paraná apenas porque estava gripado.

Tudo bem, que tais medidas são necessárias já que um potencial contágio no caso poderia acontecer em terras brasilis, no entanto a reação de um grande número  de pessoas na cidade onde o africano foi confinado revelou o grau de pânico que se instalara nas pessoas, fruto, certamente, do noticiário terrorista.

Alguns moradores da cidade , quando entrevistados pelos  repórteres terroristas das emissoras de TV também terroristas, disseram sentir um imenso alívio quando souberam que o africano não era a morte em forma de gente.

Já o africano, pediu para não ser identificado pois temia que mesmo depois de confirmado que não tinha ebola, poderia ser vítima de rejeição ou quem sabe até mesmo de um atentado ou coisa parecida.

De todos os envolvidos nesta triste história , o mais lúcido, saudável  e equilibrado foi justamente aquele acusado de ser a morte em forma de gente.

É o terrorismo midiático.

Outro assunto que o terrorismo midiático muito aprecia é a segurança pública, que na velha mídia é tratado como crime.

O medo e o pânico por ações violentas de marginas tomam conta dos corações e mentes da população, já que o assunto é abordado diariamente , e a exaustão,  nas emissoras de TV e de radio privadas.

Cenas e relatos de crimes bárbaros são apresentados diariamente.

As indústrias  de segurança privada e de equipamentos de segurança patrimonial agradecem.

Como o caro leitor pode perceber, na visão da velha mídia terrorista, a saúde pública ,a segurança pública , a educação pública e outros serviços públicos são tratados como algo que não funcionam e que devem ser substituídos pelos serviços prestados por empresas privadas.

A propósito, a Petrobras bateu mais um recorde de produção de petróleo e gás, chegando a casa de algo próximo de 3 milhões de barris diários, colocando o Brasil como o 10º maior produtor de petróleo do mundo.

No caso do programa Mais Médicos, uma iniciativa de sucesso do governo Dilma, a mídia terrorista omite as ações bem sucedidas e sempre que possível procura desvirtuar este sucesso, como ontem um jornal impresso do Rio de Janeiro estampou uma manchete  em que dizia que  pouco mais de 100 médicos cubanos tinham desistido de atuar no Mas Médicos. 

No entanto não disse o percentual que isso representa.

Má fé e terrorismo comandam o noticiário na velha mídia.