quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O Boi Voador foi Preso. O Trem Voa Livre






Organização Mundial de Saúde classifica poluição do ar como cancerígena

“O ar que respiramos se tornou poluído com uma mistura de substâncias causadoras de câncer. Sabemos hoje que a poluição é, não só um risco importante para a saúde em geral, como também uma das principais causas das mortes por câncer”, afirmou Kurt Straif, da Iarc, em uma conferência de imprensa em Genebra.
Os pesquisadores da Iarc concluíram que “há provas suficientes” de que “a exposição à poluição do ar provoca câncer de pulmão” e aumenta “o risco de câncer da bexiga”, depois de analisarem estudos envolvendo milhares de pessoas acompanhadas durante várias décadas.
Embora a composição da poluição e os níveis de exposição variem acentuadamente entre diferentes locais, a agência afirma que esta classificação se aplica “a todas as regiões do mundo”. A poluição do ar já era cientificamente considerada como causa de doenças respiratórias e cardiovasculares.
Em comunicado, a agência afirma que os níveis de exposição à poluição aumentaram significativamente em algumas zonas do mundo, principalmente aquelas que se estão se industrializando rapidamente e são muito populosas.
Segundo a Iarc, dados de 2010 indicam que 223.000 mortes por câncer de pulmão foram causadas pela poluição do ar. A agência mediu a presença de poluentes específicos e misturas de químicos no ar e as conclusões apresentadas hoje se baseiam na qualidade do ar em geral.
“A nossa tarefa era avaliar o ar que todas as pessoas respiram e não focarmos em poluentes específicos”, explicou Dana Loomis, da agência. “Os resultados dos estudos apontam na mesma direção: o risco de desenvolver câncer de pulmão é aumenta significativamente para as pessoas expostas à poluição do ar”, acrescentou.
A Iarc vai publicar as conclusões do estudo, de forma pormenorizada, na semana que vem, na revista médica britânica The Lancet.
Fonte : JORNAL DO BRASIL

Apenas no ano de 2010, 223 mil pessoas morreram com cancer de pulmão   por causa  da poluição do ar. 
Interessante notar que campanhas contra o tabaco, que justamente é causador da morte de muitos de seus usuários, proliferam nas mídias  e nas nas propagandas de governos.
Já o ar poluído, só é citado como causador de doenças nos períodos mais frios do ano, onde a associação frio e poluição é apresentado como indutor de problemas respiratórios, fazendo com que as pessoas tenham uma compreensão diluída sobre os efeitos da poluição atmosférica, já que o frio é apresentado como o elemento principal na alteração do quadro clínico nas pessoas.
A maioria da velha mídia, quanto o assunto é a poluição atmosférica produz , uma grande variedade de malabarismos na apresentação das notícias, conduzindo as pessoas a uma compreensão que toda essa questão da poluição atmosférica é algo ainda controverso, defendido apenas por cientistas hipiies ou ecoradicais.
Há um trem sobrevoando o céu do Brasil, tudo bem? É o título do editorial de CARTA MAIOR, em uma chamada para a irracionalidade que comanda o mundo.
Assumir a tragédia das alterações climáticas com todo seu repertório de destruição e problemas para a vida, seria o mesmo que uma declaração de falência do modelo atual de produção e comercializaçaõ de produtos , de geração de energia, de mobilidade urbana, de produção de alimentos e outros.
Já a velha mídia, ora bolas, é a velha mídia. Entre um sensacional show jurássico de rock da década de 1960, a um show da nova musa  fonte de renda do funk, apresenta suas notícias com seu noticiário higiênico e estéril, onde a realidade de fato é ocultada e manipulada, chegando ao ponto de considerar normal um trem voador. Curiosamente, essa mesma mídia que hoje considera normal um trem voar é a mesma que durante o período da ditadura apoiova o regime e exigia a prisão de bois voadores, conforme a canção de Chico, atualmente na alça de mira de globo e outras coisas afins, por conta de biografias prá lá de estranhas que andam surgindo por aí:

...quem foi que falou do boi voador, manda prender esse boi, seja esse boi o que for.
  o boi ainda dá bode, qual é a do boi que revoa, boi realmene não pode, voar à toa.
é fora, é fora, é fora da lei é fora do ar
manda prender esse boi é proibido voar.

O caro e atento leitor já precebeu que como defensores do meio ambiene limpo e saudável, somos todos portadores de uma doença mental gravíssima, classificada na bíblia da psiquiatria como SNDPTEP - síndrome nostálgica depressiva por uma planeta terra de épocas primitivas.

 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ahhhhhhh! Eu Tô Maluco


Acordei doente mental

A quinta edição da “Bíblia da Psiquiatria”, o DSM-5, transformou numa “anormalidade” ser “normal”

ELIANE BRUM
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A poderosa American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria – APA) lançou neste final de semana a nova edição do que é conhecido como a “Bíblia da Psiquiatria”: o DSM-5. E, de imediato, virei doente mental. Não estou sozinha. Está cada vez mais difícil não se encaixar em uma ou várias doenças do manual. Se uma pesquisa já mostrou que quase metade dos adultos americanos tiveram pelo menos um transtorno psiquiátrico durante a vida, alguns críticos renomados desta quinta edição do manual têm afirmado que agora o número de pessoas com doenças mentais vai se multiplicar. E assim poderemos chegar a um impasse muito, mas muito fascinante, mas também muito perigoso: a psiquiatria conseguiria a façanha de transformar a “normalidade” em “anormalidade”. O “normal” seria ser “anormal”.
A nova edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) exibe mais de 300 patologias, distribuídas por 947 páginas. Custa US$ 133,08 (com desconto) no anúncio de pré-venda no site da Amazon. Descobri que sou doente mental ao conhecer apenas algumas das novas modalidades, que tem sido apresentadas pela imprensa internacional. Tenho quase todas. “Distúrbio de Hoarding”. Tenho. Caracteriza-se pela dificuldade persistente de se desfazer de objetos ou de “lixo”, independentemente de seu valor real. Sou assolada por uma enorme dificuldade de botar coisas fora, de bloquinhos de entrevistas dos anos 90 a sapatos imprestáveis para o uso, o que resulta em acúmulos de caixas pelo apartamento. Remédio pra mim. “Transtorno Disfórico Pré-Menstrual”, que consiste numa TPM mais severa. Culpada. Qualquer um que convive comigo está agora autorizado a me chamar de louca nas duas semanas anteriores à menstruação. Remédio pra mim. “Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica”. A pessoa devora quantidades “excessivas” de comida num período delimitado de até duas horas, pelo menos uma vez por semana, durante três meses ou mais. Certeza que tenho. Bastaria me ver comendo feijão, quando chego a cinco ou seis pratos fundo fácil. Mas, para não ter dúvida, devoro de uma a duas latas de leite condensado por semana, em menos de duas horas, há décadas, enquanto leio um livro igualmente delicioso, num ritual que eu chamava de “momento de felicidade absoluta”, mas que, de fato, agora eu sei, é uma doença mental. Em vez de leite condensado, remédio pra mim. Identifiquei outras anomalias, mas fiquemos neste parágrafo gigante, para que os transtornos psiquiátricos que me afetam não ocupem o texto inteiro.
Há uma novidade mais interessante do que as doenças recém inventadas pela nova “Bíblia”. Seu lançamento vem marcado por uma controvérsia sem precedentes. Se sempre houve uma crítica contundente às edições anteriores, especialmente por parte de psicólogos e psicanalistas, a quinta edição tem sido atacada com mais ferocidade justamente por quem costumava não só defender o manual, como participar de sua elaboração. Alguns nomes reluzentes da psiquiatria americana estão, digamos, saltando do navio. Como não há cordeiros nesse campo, movido em parte pelos bilhões de dólares da indústria farmacêutica, é legítimo perguntar: perceberam que há abusos e estão fazendo uma “mea culpa” sincera antes que seja tarde, ou estão vendo que o navio está adernando e querem salvar o seu nome, ou trata-se de uma disputa interna de poder em que os participantes das edições anteriores foram derrotados por outro grupo, ou tudo isso junto e mais alguma coisa?

Não conheço os labirintos da APA para alcançar a resposta, mas acredito que vale a pena ficarmos atentos aos próximos capítulos. Por um motivo acima de qualquer suspeita: o DSM influencia não só a saúde mental nos Estados Unidos, mas é o manual utilizado pelos médicos em praticamente todos os países, pelo menos os ocidentais, incluindo o Brasil. É também usado como referência no sistema de classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). É, portanto, o que define o que é ser “anormal” em nossa época – e este é um enorme poder. Vale a pena sublinhar com tinta bem forte que, para cada nova patologia, abre-se um novo mercado para a indústria farmacêutica. Esta, sim, nunca foi tão feliz – e saudável.
O crítico mais barulhento do DSM-5 parece ser o psiquiatra Allen Frances, que, vejam só, foi o coordenador da quarta edição do manual, lançada em 1994. Professor emérito da Universidade de Duke, ele tem um blog no Huffington Post que praticamente usa apenas para detonar a nova Bíblia da Psiquiatria. Quando a versão final do manual foi aprovada, enumerou o que considera as dez piores mudanças da quinta edição, num texto iniciado com a seguinte frase: “Esse é o momento mais triste nos meus 45 anos de carreira de estudo, prática e ensino da psiquiatria”. Em carta ao The New York Times, afirmou: “As fronteiras da psiquiatria continuam a se expandir, a esfera do normal está encolhendo”.
Entre suas críticas mais contundentes está o fato de o DSM-5 ter transformado o que chamou de “birra infantil” em doença mental. A nova patologia é chamada de “Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor” e atingiria crianças e adolescentes que apresentassem episódios frequentes de irritabilidade e descontrole emocional. No que se refere à patologização da infância, o comentário mais incisivo de Allen Frances talvez seja este: “Nós não temos ideia de como esses novos diagnósticos não testados irão influenciar no dia a dia da prática médica, mas meu medo é que isso irá exacerbar e não amenizar o já excessivo e inapropriado uso de medicação em crianças. Durante as duas últimas décadas, a psiquiatria infantil já provocou três modismos — triplicou o Transtorno de Déficit de Atenção, aumentou em mais de 20 vezes o autismo e aumentou em 40 vezes o transtorno bipolar na infância. Esse campo deveria sentir-se constrangido por esse currículo lamentável e deveria engajar-se agora na tarefa crucial de educar os profissionais e o público sobre a dificuldade de diagnosticar as crianças com precisão e sobre os riscos de medicá-las em excesso. O DSM-5 não deveria adicionar um novo transtorno com o potencial de resultar em um novo modismo e no uso ainda mais inapropriado de medicamentos em crianças vulneráveis".
A epidemia de doenças como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) tem mobilizado gestores de saúde pública, assustados com o excesso de diagnósticos e a suspeita de uso abusivo de drogas como Ritalina, inclusive no Brasil. E motivado algumas retratações por parte de psiquiatras que fizeram seu nome difundindo a doença. Uma reportagem do The New York Times sobre o tema conta que o psiquiatra Ned Hallowell, autor de best-sellers sobre TDAH, hoje arrepende-se de dizer aos pais que medicamentos como Adderall e outros eram “mais seguros que Aspirina”. Hallowell, agora mais comedido, afirma: “Arrependo-me da analogia e não direi isso novamente”. E acrescenta: “Agora é o momento de chamar a atenção para os perigos que podem estar associados a diagnósticos displicentes. Nós temos crianças lá fora usando essas drogas como anabolizantes mentais – isso é perigoso e eu odeio pensar que desempenhei um papel na criação desse problema”. No DSM-5, a idade limite para o aparecimento dos primeiros sintomas de TDAH foi esticada dos 7 anos, determinados na versão anterior, para 12 anos, aumentando o temor de uma “hiperinflação de diagnósticos”.
Pensar sobre a controvérsia gerada pelo nova “Bíblia da Psiquiatria” é pensar sobre algumas construções constitutivas do período histórico que vivemos. Construções culturais que dizem quem somos nós, os homens e mulheres dessa época. A começar pelo fato de darmos a um grupo de psiquiatras o poder – incomensurável – de definir o que é ser “normal”. E assim interferir direta e indiretamente na vida de todos, assim como nas políticas governamentais de saúde pública, com consequências e implicações que ainda precisam ser muito melhor analisadas e compreendidas. Sem esquecer, em nenhum momento sequer, que a definição das doenças mentais está intrinsicamente ligada a uma das indústrias mais lucrativas do mundo atual.
Parte dos organizadores não gosta que o manual seja chamado de “Bíblia”. Mas, de fato, é o que ele tem sido, na medida em que uma parcela significativa dos psiquiatras do mundo ocidental trata os verbetes como dogmas, alterando a vida de milhões de pessoas a partir do que não deixa de ser um tipo de crença. Talvez seja em parte por isso que o diretor do National Institute of Mental Health (Instituto Nacional de Saúde Mental – NIMH), possivelmente a maior organização de pesquisa em saúde mental do mundo, tenha anunciado o distanciamento da instituição das categorias do DSM-5. Thomas Insel escreveu em seu blog que o DSM não é uma Bíblia, mas no máximo um “dicionário”: “A fraqueza (do DSM) é sua falta de fundamentação. Seus diagnósticos são baseados no consenso sobre grupos de sintomas clínicos, não em qualquer avaliação objetiva em laboratório. (...) Os pacientes com doenças mentais merecem algo melhor”. O NIMH iniciou um projeto para a criação de um novo sistema de classificação, incorporando investigação genética, imagens, ciência cognitiva e “outros níveis de informação” – o que também deve gerar controvérsias.
A polêmica em torno do DSM-5 é uma boa notícia. E torço para que seja apenas o início de um debate sério e profundo, que vá muito além da medicina, da psicologia e da ciência. “Há pelo menos 20 anos tem se tratado como doença mental quase todo tipo de comportamento ou sentimento humano”, disse a psicóloga Paula Caplan à BBC Brasil. Ela afirma ter participado por dois anos da elaboração da edição anterior do manual, antes de abandoná-la por razões “éticas e profissionais”, assim como por ter testemunhado “distorções em pesquisas”. Escreveu um livro com o seguinte título: “Eles dizem que você é louco: como os psiquiatras mais poderosos do mundo decidem quem é normal”.
A vida tornou-se uma patologia. E tudo o que é da vida parece ter virado sintoma de uma doença mental. Talvez o exemplo mais emblemático da quinta edição do manual seja a forma de olhar para o luto. Agora, quem perder alguém que ama pode receber um diagnóstico de depressão. Se a tristeza e outros sentimentos persistirem por mais de duas semanas, há chances de que um médico passe a tratá-los como sintomas e faça do luto um transtorno mental. Em vez de elaborar a perda – com espaço para vivê-la e para, no tempo de cada um, dar um lugar para essa falta que permita seguir vivendo –, a pessoa terá sua dor silenciada com drogas. É preciso se espantar – e se espantar muito.
Vale a pena olhar pelo avesso: quem são essas pessoas que acham que o “normal” é superar a perda de uma mãe, de um pai, de um filho, de um companheiro rapidamente? Que tipo de ser humano consegue essa proeza? Quem seríamos nós se precisássemos de apenas duas semanas para elaborar a dor por algo dessa magnitude? Talvez o DSM-5 diga mais dos psiquiatras que o organizaram do que dos pacientes.
Há ainda mais uma consequência cruel, que pode provocar muito sofrimento. Ao transformar o que é da vida em doença mental, os defensores dessa abordagem estão desamparando as pessoas que realmente precisam da sua ajuda. Aquelas que efetivamente podem ser beneficiadas por tratamento e por medicamentos. Se quase tudo é patologia, torna-se cada vez mais difícil saber o que é, de fato, patologia. Por sorte, há psiquiatras éticos e competentes que agem com consciência em seus consultórios. Mas sempre foi difícil em qualquer área distinguir-se da manada – e mais ainda nesta área, que envolve o assédio sedutor, lucrativo e persistente dos laboratórios.
Se as consequências não fossem tão nefastas, seria até interessante. Ao considerar que quase tudo é “anormal”, os organizadores do manual poderiam estar chegando a uma concepção filosófica bem libertadora. A de que, como diria Caetano Veloso, “de perto ninguém é normal”. E não é mesmo, o que não significa que seja doente mental por isso e tenha de se tornar um viciado em drogas legais para ser aceito. Só se pode compreender as escolhas de alguém a partir do sentido que as pessoas dão às suas escolhas. E não há dois sentidos iguais para a mesma escolha, na medida em que não existem duas pessoas iguais. A beleza do humano é que aquilo que nos une é justamente a diferença. Somos iguais porque somos diferentes.
Esse debate não pertence apenas à medicina, à psicologia e à ciência, ou mesmo à economia e à política. É preciso quebrar os monopólios sobre essa discussão, para que se torne um debate no âmbito abrangente da cultura. É de compreender quem somos e como chegamos até aqui que se trata. E também de quem queremos ser. A definição do que é “normal” e “anormal” – ou a definição de que é preciso ter uma definição – é uma construção cultural. E nos envolve a todos. Que cada vez mais as definições sobre normalidade/anormalidade sejam monopólios da psiquiatria e uma fonte bilionária de lucros para a indústria farmacêutica é um dado dos mais relevantes – mas está longe de ser tudo.
E não, eu não acordei doente mental. Só teria acordado se permitisse a uma Bíblia – e a pastores de jaleco – determinar os sentidos que construo para a minha vida.
Fonte: REVISTA PRANA

Ahhh! eu tô maluco. Ahhhh! eu tô maluco. 
Quem não se lembra dessa canção de Claudinho e Bochecha?
Raul Seixas, o maluco beleza, lá pelo década de 1970 escreveu uma canção em que ele teria sido preso apenas porque estava parado em algum lugar e pensando. 
Hoje, pensar é algo perigoso e pode  sugerir algum tipo de doença mental gravísssima.
Depois dos anos da década de 1960 quando os jovens tentaram subverter toda  a ordem vigente, deu início a um processo de reconstrução de valores , práticas, códigos e percepções, de maneira que os ideais daqueles anos fossem criteriosamente eliminados, e mais, substituídos por valores ainda mais retrógrados do que aqueles que foram motivo de questionamentos e que predominavam nos anos de 1960.
No mundo atual do capitalismo selvagem e turbinado, o lucro incessante e cada vez maior é a regra dominante. Para tanto  o poder econômico  e as corporações se apropriaram das principais formas de construção do comportamento social. 
Leis, doenças, hábitos de nutrição, produtos de entretenimento, dentre outros, são definidos e reproduzidos em função dos interesses das corporações, independente se são saudáveis ou não para as pessoas.
Assim, as doenças mentais ganham um impulso poderoso, rotulando praticamente qualquer pessoa como um doente mental, ou potencialmente propício para o desenvolvimento de uma patologia  associada a psiquê. 
Convido o caro e atento leitor a correr um risco gravísssimo de pensar e refletir sobre o assunto. 
Diante dos fatos as corporações empenhadas no crescimento ilimitado de seus lucros,chegaram ao ponto, de forma racional e orquestrada, de praticamente definir como doente mental toda e qualquer pessoa. Como escreveu a autora do artigo acima, o que era normal, passa a ser anormal, e mais requer um tratamento intensivo com medicamentos de preferência com tarja preta. Lucro garantido. Uma simples e normal mudança de humor ( nossos humores se alteram mais ou menos de três em três dias ) e definida como TDRH - transtorno disruptivo de regulação do humor. 
Se o caro e atento leitor que embarcou nessa viagem perigosíssima comigo começar a questionar a bíblia da psiquiatria, provavelmente será diagnosticado com portador de SQCMC - síndrome do questionamento científico mental consolidado. Uma doença grave. 
Nos dias atuais todo e qualquer questionamento sobre o sistema dominante pode indicar algum tipo de patologia. 
Questionar é proibido.
Isso me trouxe uma lembrança de um encontro com um amigo , anos atrás, nas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro:

- e aí, Venâncio. Tudo bem - perguntei  por conta de uma aproximação frontal inevitável.
- beleza, cara. Especialmente hoje estou bem mais leve - disse com uma expressão de felicidade.
-  éééééé...alguma.... alguma coisa boa na área, perguntei com uma expressão    cheio de dedos.
- boa nada, cara. Excelente. Semana passada dei alta para minha psicanalista.
- como é que é ? Você deu alta prá tua psi ?
- porra , cara. Não aguentava mais. Imagine você que durante meses minha psi vinha me interpretando como alguém que vive questionando tudo, analisando tudo e que issso poderia ser um transtorno...
- não é a essência da psicanálise que o paciente se auto questione, se analise, perguntei interrompendo.
- porra, então. Fiquei meses mostrando prá ela que meu comportamento era normal e que a anormalidade estava na clínica médica dela. Ela ficou puta, e ficamos meses e meses nessa discussão , até que ela assumiu que o problema era dela. Uma vez que ela se conscientizou, achei por bem que era hora de dar alta prá ela.
- ela deve estar agora na fase das costuras , não é, perguntei
- com certeza, e não tenho dúvidas que será uma experiência riquíssima prá ela.
- e você, mermão, que conta de novo ?
- tamo aí, na luta, respondi sem dizer nada
- pô, vamo se encontrar. Pinta aí, cara.
- É, vamo marcar. Aparece lá.

O diálogo acima ilustra muito bem a realidade dos dias atuais. Na área médica, se os profissionais seguirem a risca as orientações das bíblias médicas (todas preparadas para atender os interesses das indústrias farmacêuticas ) podem se perder em meio a diagnósticos delirantes.
Nesse mundo onde todo mundo é maluco, normal é passar cinco horas por dia dentro de uma grande caixa metálica, olhando  ao redor outras caixas de diferentes tamanhos e cores , onde pessoas sózinhas , ou no máximo com um acompanhante, aguardam normalmente a fluidez das máquinas metálicas, de maneira que seu deslocamento se desenrole da forma mais prazeirosa possível, ao som de músicas definidas como corretas, propagandas sem fim, e um noticário sobre decaptações de pessoas, estupros, práticas de canibalismo e outros similarmente normais que são apresentados diariamente. Qualquer  questionamento sobre essa realidade normal é diagnosticado como sendo alguém portador de  TSRCQMNE - transtorno sobre a realidade cognitiva quanto a mobilidade normal estabelecida.
São vários os caos onde a normalidade, se questionada , é motivo de alguma doença. No mundo existem, aproximadamente sete mil ogivas nucleares, entre as conhecias e desconhecidas. Este arsenal, se detonado, é suficiente para destruir toda  a vida no planeta ,e o próprio planeta, pelo menos várias vezes. Qualquer questionamento sobre essa realidade normal, logo é classificada como algo oriundo de alguém com algum déficit intelectual ou mesmo, uma ingenuidade infantil ou sonhadora. Imagine, caro leitor, que este arsenal pode ser comparado, guardando as devidas proporções, a alguém que tenha em sua residência um estoque de 100 mil latas de 500 ml de inseticida. Durante todo o tempo de sua vida, o sujeito matará todos os insetos de sua casa, mais os insetos da casa do vizinho, certamente todos os insetos de todo o condomínio e provavelmente de todos os moradores de seu bairro.
Ainda na normalidade vigente, a poluição ambiental por conta da emissão de uma quantidade absurda de gases tóxicos é responsável por um grande número de doenças nas pessoas. Caso o caro leitor seja um ativista ambiental, e deseje um meio ambiente limpo, pode estar sofrendo de SNDPTEP - síndrome nostálgica depressiva por um planeta Terra de épocas primitivas. E o que dizer da racionalidade um modelo econômico , de produção e  de distribuição que gera uma indecência de lixo pelo mundo, que contribui para a poluição de rios , florestas mares. Nada disso é questionado, pois é compreendido como parte do normal. 
O caro leitor lembra-se da fabricação de uma lata de coca-cola na Inglaterra ? Vale a pena ler novamente: 

A fabricação de uma lata de coca-cola inglesa resulta mais custosa e complicada que a da própria bebida. A bauxita ( minério de alumínio) é extraída na Austrália e transportada para um separador, que, em meia hora purifica uma tonelada de minério, reduzindo-o a meia tonelada de óxido de alumínio. Quando acumulada em quantidade suficiente, o estoque é embarcado em um gigantesco cargueiro que o leva à Suécia ou à Noruega, onde as usinas hidroelétricas fornecem energia barata. Depois de um mês de travessia de dois oceanos, ele passa outros dois meses na fundição. Alí, um processo de duas horas transforma cada meia tonelada de óxido de alumínio em lingotes de dez metros de comprimento. Estes são tratados durante quinze dias antes de embarcar para as laminadoras da Suécia ou da Alemanha. Lá, cada lingote é aquecido a quase 500°C e prensado até atingir a espessura de 0, 30 cm. As folhas resultantes são embaladas em rolos de 10 toneladas e transportadas a um armazem e, depois, a uma laminadora a frio do mesmo país ou de outro, onde voltam a ser prensados até ficar dez vezes mais finas e prontas para a fabricação. O alumínio é então, enviado à Inglaterra, onde se moldam as folhas em forma de latas que, a seguir, são lavadas, secadas, esmaltadas e pintadas com a informação específica do produto. Depois de laqueadas, rebordadas ( ainda não tem tampa), recebem uma camada protetora interna, que evita que o refrigerante as corroa, e passam pela inspeção.  Colocados em paletes, são erguidas pelas empilhadeiras . No momento do uso, são transportadas até a engarrafadora, onde as lavam e limpam uma vez mais e as enchem de água misturada com xarope aromatizado, fósforo, cafeína e gás de dióxido de carbono. O açúcar vem das plantações de beterraba da França depois de passar pelo transporte, a usina, a refinação e o embarque. O fósforo originário de Idaho, nos EUA, é extraído em minas profundas - processo esse que também desenterra o cádmio e o tório radioativo. As empresas de mineração consomem permanentemente a mesma quantidade de eletricidade que uma cidade de 100 mil habitantes a fim de dar qualidade alimentar ao fosfato. A cafeína  vai da indústria química para o fabricante do xarope na Inglaterra. As latas cheias depois de vedadas com uma tampa pop-top de alumínio em um ritmo de 1.500 por minuto, são embaladas em caixas de papelão com as mesmas cores e esquemas promocionais. Estas foram feitas com polpa de madeira oriunda de qualquer lugar, da Suécia à Sibéria e às antigas florestas virgens da Colúmbia Britânica, que são o habitat dos ursos pardos, dos cachorros- do-mato, das lontras e das águias. Uma vez mais empilhadas em paletes, as latas são transportadas ao armazém de distribuição regional, e pouco depois, ao supermercado, onde normalmente as compram em três dias. O consumidor adquire 350 ml de água com açúcar colorida com fosfato, impregnada de cafeína e aromatizada com caramelo. Beber a coca-cola é questão de alguns minutos; jogar a lata fora, de um segundo. Na Inglaterra, os consumidores jogam no lixo 84% das latas, o que significa que a taxa geral de alumínio que jogam fora ( desperdiçada), sem contar as perdas de produção é de 88%. Os EUA ainda obtêm do minério virgem três quintos do alumínio que consomem, gastando vinte vezes mais a energia do metal reciclado sendo a quantidade de alumínio  que jogam fora suficiente para renovar toda a frota de aviões comerciais do país de três em três meses.

Pois é. Tudo isso para fabricar uma lata que vai para o lixo, e mais, que acondiciona um produto que mais se assemelha a um lubrificante de máquina. Produto esse que é amplamente vendido e difundido como sendo um alimento necessário e indispensável para as pessoas , independente de seu paupérrimo valor nutricional. Questionar a lógica de produção da lata, ou mesmo o produto, significa algo muito grave : TQCEEPCPC - transtorno quanto a compreensão da excelência econômica, de produção e  de comercialização de produtos de consumo.
Na racionalidade desse mac mundo feliz tudo é doença, e pelo que se vê as patologias tendem a aumentar em escala exponencial.
Como o lucro dita as regras no mundo, e o lucro não pode parar, vai ficando cada vez mais estreito o limite  do que representa ser normal.
Isso se explica pela fuga ante ao real por parte daqueles que definem o que é real.
Quando a irracionalidade escreve as leis, define a economia, comanda o divertimento, produz os alimentos, de fato são necessárias muitas ogivas nucleares para se defender dos loucos. 

Há um trem cruzando o céu do Brasil, tudo bem?

por: Saul Leblon



Se faltava a cena final do filme a ser feito  sobre o duplo desastre do colapso  neoliberal, tratado com doses adicionais do próprio veneno, a Real Academia Sueca  de Ciências cuidou de providenciá-lo.
Cinco anos após a explosão da bolha imobiliária nos EUA , ela concedeu o Nobel de economia a pesquisas que afrontam as evidências da desordem em curso.
Com graus variados de ênfase, os três economistas laureados  –os americanos Eugene Fama e Lars Peter Hansen e Robert J.Shiller—filiam-se à escola dos mercados racionais.
Intrinsecamente racionais. E esse advérbio de modo tem consequências políticas.
Se há serenidade na loucura, como preconiza o trio, dispensa-se o manicômio das cautelas externas correspondentes.
Sobretudo,  aquelas expressas em protocolos de regulação das finanças pelo Estado, em defesa do interesse público. E do desenvolvimento.
Há um trem cruzando o céu do mundo nesse momento.
Chegará a bom termo, asseguram os arautos das expectativas racionais.
Os passageiros  tem todas as informações disponíveis; saberão fazer as melhores escolhas de pouso e decolagem.
Dispensa-se o anacrônico  trilho estatal.
O comboio poderá rugir e urrar em alguns momentos,  mas no longo prazo a lógica racional  se impõe.
Cabe a ela ordenar  com eficiência os preços dos ‘ativos’( ações, títulos,  imóveis ou outros valores),  fatiados  e pasteurizados para a  precificação diante de seu denominador  comum: o juro.
A Real Academia bem que tentou se precaver das críticas  temperando o prêmio com uma pitada de alerta para o perigo das ‘bolhas’.
Prevê-las é uma especialidade do laureado Robert Shiller, cujos modelos anteciparam o estouro da roleta imobiliária nos EUA.
O ponto, porém, é que o trio, com nuances de tonalidades,  endossa a existência de uma dinâmica intrinsecamente racional que ordena os mercados financeiros. E deles se irradia para o restante da economia e da sociedade.
O 15 de setembro de 2008, com o colapso do Lehman Brothers; as falências em cadeia nos EUA e alhures; os US$ 3,8 trilhões em resgates públicos; os US$ 25 trilhões de perdas para os detentores de ações; os pilantras dos grandes bancos vendendo títulos podres aos próprios clientes, ademais do preço social cobrado, na forma de 30 milhões de desempregados na Europa, o ressurgimento da xenofobia e do fascismo, enfim, tudo isso e muito mais, fica debitado a fatores externos à roleta.
São pequenas refregas na sólida arbitragem diuturna da riqueza fictícia.
Nada que possa macular um organismo devidamente regenerado pela  ‘purga’ de suas excrescências. 
Caso dos viciados em jogatina,  por exemplo. Como Bernard Madoff.
Ou os  hipotecólatras.
Devidamente punidos com a perda da casa e, frequentemente, do emprego também.
Ademais das  nações  indolentes. Que se empanturraram do crédito incompatível com os seus fundamentos
Restituído agora em espécie, com o escalpo da velhice, a fuga dos jovens e o sacrifício do futuro de suas crianças.
É forçoso observar: se os mercados não fossem ‘racionais’, como asseguram os laureados pela academia sueca, como exercer a ferro e fogo a ‘purga’ em curso?
Como o  Tea Party republicano poderia evocar ‘equilíbrio’ orçamentário, depois de uma dívida de US$ 18,6 trilhões, robustecida justamente no resgate dos ditos mercados... racionais?
Como Marina Silva pontificaria sua adesão religiosa ao ‘tripé’ e ao Banco  Central ‘independente’?
O espinho na  garganta da teoria é a danada da  realidade.
Por exemplo. Entre 1959 e 2003, segundo o FMI, a solidez ‘racional’ dos mercados financeiros foi abalada por nada menos que 52 episódios de desmoronamentos prolongados de preços de ações.
Debacles  recorrentes, extremas e espalhadas por duas dezenas de economias.
Como corroborar a ideia de uma racionalidade imanente a ordenar os preços de uma derrocada regular?
Os dados e a experiência vivida  sugerem que se que se trata de um estelionato  classificar  as  bolhas especulativas como aberrações externas às finanças desreguladas.
Elas são intrínsecas à volatilidade financeira e não há nisso juízo moral.
Trata-se de uma característica estrutural.
Estamos falando de um ambiente especulativo imantado de incerteza porque desprovido de qualquer fundamento real de valor que balize seus preços.
Exceto a luta de todos contra todos para maximizar resultados.
A lógica autopropelida  gerou 1929. E explica 2008.
A prevalecer a teoria premiada pela academia sueca, não terá sido a última vez.
Os  impulsos se mantém intactos.
Um ciclo de fastígio do crédito alavanca  as compras de ativos. O valor da papelama  traça espirais ascendentes.
Quando o alvoroço especulativo reduz a demanda por títulos  abusivos e provoca o aumento do custo financeiro, quem precisar de crédito para continuar jogando sofre  um cavalo de pau.
O resto é sabido.
Chega a hora  da ‘purga’ , aquela  que vai higienizar  a ‘racionalidade’ de suas aberrações pontuais.
A economia mundial  vive  há cinco anos sob esse regime de lacto purga.
O processo denominado ‘deflação de ativos’ invade as economias em desenvolvimento pelo canal dos preços das commotidies. E ajusta seu torniquete  elevando os custos de captação de recursos para financiar  o crescimento.
É nesse quadro que a ex-senadora Marina Silva vem expor a sua adesão ao superávit fiscal ‘cheio’.
Lépida e indiferente à complexidade das obrigações  de um Estado democrático, de resistir  à internalização  da ‘purga’  que excreta  emprego , direitos sociais e ameaça a própria democracia.
 aparência de loucura nisso?
Mas é  pura luta de classes.  Travada  na esfera onde os detentores da riqueza cobram em juros seu avocado direito sobre um pedaço do Brasil real.
E o fazem sem trégua. Sobretudo vitaminados pelo ciclo eleitoral.
Diariamente a fatura  é atualizada. E  o valor de cada  fatia é confrontado com o de outras possibilidades . Mais suculentas,  materializáveis no presente ou no futuro;  aqui ou alhures.
Volatilidade e turbulência são inescapáveis ao processo.
É nesses piquetes mutantes que as manadas cegas pela incerteza,  o medo e a usura se  escoiceiam  a postular  mais juros, superávit fiscal  e ‘câmbio livre’ .
De um lado, querem garantia de  ração gorda.
De outro, a porteira aberta para o cassino global e o caminho desimpedido à fuga,  em caso de combustão do pasto nativo.
O Nobel laureou quem enxerga nessa maçaroca alvoroçada a manifestação superior de uma racionalidade autorregulável.
O figurino, visivelmente, não dá conta de vestir o mundo e a luta pelo desenvolvimento nos dias que correm.
Há um trem cruzando o céu do Brasil nesse momento... tudo bem?
‘Chegará a bom termo’, responde  o econeoliberalismo. "Basta que respeitemos as suas asas".

Fonte : CARTA MAIOR

Eita, trem doido !
O trem voador foi avistado em várias cidades brasileiras.
O fenômeno tem atraído multidões. 
Revoar o voar ! Gritam alguns.
O ecotrem voador encanta. 


 
 

domingo, 13 de outubro de 2013

Os Cantos do Retrocesso

Lula e a mídia alternativa

por Emir Sader em 11/10/2013 às 09:24
Lula se entusiasma com a mídia alternativa. Quem viu seu discurso no Forum de São Paulo – comandado por sua metamorfose ambulante – se deu conta que, entre tantos temas polêmicos e críticos dentro da esquerda, ele fez a exaltação da mídia alternativa. Como se somente agora, depois das manifestações de junho, ele tivesse se dado conta do poder de convocação que essas mídias tem.

Ele é muito bem vindo. Se dizia antes que o acoplamento entre a força popular – naquela época, o movimento operário – e a intelectualidade crítica, geraria um potencial revolucionário insuperável. Hoje, a liderança popular do Lula e o potencial democratizador da mídia.

Já era hora, dado que seu governo e sua própria imagem como liderança política são as principais vítimas do monopólio privado da mídia, em outras palavras, da falta de democratização dos meios de comunicação no Brasil. A transição democrática trouxe de volta a democracia nos seus cânones liberais, sem chegar às estruturas de poder no Brasil.

Não foram democratizados o sistema bancário, a propriedade da terra, as grandes corporações econômicas, os sistemas educacionais e de saúde. O Brasil tornou-se um país democrático, no sentido liberal da palavra, mas não uma democracia nos planos econômico e social.

Os meios de comunicação não apenas não foram democratizados, como se tornaram ainda menos democráticos, mais concentrados. O primeiro ministro de Comunicações depois da ditadura foi Antonio Carlos Magalhães, que representava diretamente a Globo, com órgão oficial da ditadura militar. Ele se encarregou de concluir o processo de distribuição oligárquica das redes de radio e televisão pelo Brasil afora – processo que serviu também para comprar os 5 anos para o governo Sarney.

Os mesmos grupos oligárquicos da época da ditadura seguem dominando os meios de comunicação, as mesmas famílias. Apoiaram a instauração da ditadura e a feroz repressão que se abateu sobre os movimentos populares e a tudo o que havia de democrático no Brasil. Promoveram a transição conservadora para a democracia e se adaptaram perfeitamente bem ao país pós-ditadura, porque seus interesses eram atendidos.

Apoiaram a Collor e a FHC e se opusera ferozmente ao Lula. Mas aí veio a primeira grande surpresa: o candidato da mídia era o Serra, que foi derrotado. Se lançaram ferozmente contra o governo Lula, tornado o inimigo do bloco dominante, de que os grupos da mídia eram parte integrante.

Se sentiram fortes, ao afetarem duramente o governo na crise de 2005 e foram, eles mesmos, vítimas desse sucesso inicial, acreditando que tinham capacidade para derrotar o governo Lula.

O governo subestimou a força da mídia nos seus primeiros anos, mas mesmo quando se deu conta, não teve iniciativas que pudessem mudar a situação. Foi somente nos anos finais do segundo mandato – em particular na campanha presidencial -, que o Lula colocou com força o tema e o governo promoveu um seminário que elaborou uma proposta de democratização da mídia.

Mas essa tendência não teve continuidade no governo Dilma, que retomou uma postura de não avançar na democratização nos meios de comunicação.

O Lula agora passa a uma posição extrema: julga que a internet pode democratizar a formação da opinião publica, sem que necessariamente se toque na propriedade monopolista vigente na mídia tradicional. Como se a internet fosse alternativa à quebra desses monopólios.

Na internet nós tratamos de fazer guerrilha: com dinamismo, inovação, criatividade, mas sobretudo com pontos de vista alternativos, coerentes com os avanços que o Brasil está vivendo. Disputamos agenda, mas com enormes dificuldades, pelo papel de Exército regular que a mídia tradicional continua a ter.

Os jornais vendem cada vez menos e são cada vez menos lidos, mas pautam os rádios e as TVs, que desfrutam de uma presença avassaladora pelo seu caráter monopolista.

Basta ver como essa máquina conseguiu pautar o processo do STF como o tema principal a nível nacional durante meses, em detrimento, por exemplo, do esforço do governo para frear as pressões recessivas sobre a economia, conseguir retomar o crescimento e expandir ainda mais as políticas sociais.

A campanha eleitoral de 2014 será mais um momento de enfrentamento aberto. Diante do fracasso da reforma política por meio do Congresso atual – ele mesmo beneficiário do financiamento privado das campanhas -, Lula recoloca a convocação de uma Assembleia Constituinte para a reforma democrática da política. Nesse marco deve ser inserido o processo de democratização dos meios de comunicação, que tampouco será aprovado por um Congresso que, alem dos lobbies, como diz o próprio Lula, “tem medo da imprensa”.

A convocação da Assembleia Constituinte autônoma tem que ser um passo decisivo no avanço do processo de democratização do Brasil. O governo prioriza seus esforços no maior processo de democratização social que o país já viveu. Agora se trata da democratização política e da dos meios de comunicação.
Fonte: CARTA MAIOR

Parece que a guerrilha, citada por Lula, vem apresentando resultados.
Nós, os guerrilheiros, já fomos chamados de sujos pela velha imprensa. 
Muitos "sujos" tem sido processados por veículos da velha mídia, que pensa que pode impedir a produção de conteúdos que não sigam seu estreito repertório de crenças. Interessante que as pessoas da velha mídia que processam os "sujos" , são, em maioria, defensores de biografias não autorizadas.  Biografias que eles criam para os outros, mas quando são citados em algum lugar... Bem isso é um outro assunto. Vamos  para terroristas e guerrilheiros.

No processo de abertura política do país para a democracia,  ainda na ditadura e no governo do general Figueiredo, isso lá pelo final dos anos da década de 1970 e início dos anos de 1980, setores ultra conservadores e radicais de direita  tentaram impedir o avanço do processo democrático.
Bombas, preparadas nos cantos do retrocesso, explodiam por todos os cantos, causando cantos dolorosos em pessoas inocentes. Foi o caso de uma bomba enviada para a Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, que acabou matando uma secretária daquela Ordem ao abrir um envelope de uma suposta correspondência. Outras bombas explodiam nos cantos das bancas de jornais da cidade. Porém, a bomba mais bombástica explodiu no colo de um sargento do exército brasileiro, dentro de um carro no canto do carona, no pavilhão do Rio Centro zona oeste do Rio de Janeiro, em um show comemorativo ao dia do trabalhador. O artefato rebelde, que matou o sargento e feriu gravemente um capitão do exército (reformado em uma patente superior e desfrutando a vida), se fosse colocado devidamente nos cantos pré determinados certamente causaria uma tragédia sem precedentes, já que no local milhares de pessoas, a maioria jovens, se divertiam pacificamente em show com artistas da música brasileira. A bomba que explodiu no colo do sargento, fazendo com que suas vísceras voassem pelos ares em todos os cantos, era mais uma investida para impedir o avanço do processo democrático e, assim como em outras, a culpa pelo ato terrorista seria atribuída a grupos de esquerda , comunistas, que estariam mostrando suas práticas com o processo de abertura política. O caro leitor que chegou até aqui, neste parágrafo longo, deve estar se perguntando  porque essa história do período da ditadura militar no contexto do artigo das mídias alternativas de CARTA MAIOR. 

A questão é que hoje, em 2013, vivemos no país um momento que guarda algumas semelhanças com o processo de redemocraização do país no último governo da ditadura militar. As manifestações de junho último, ainda motivo de análises em todas as mídias , sujas ou nas que se acham limpas, colocou em cena alguns movimentos sociais que com suas pautas de manifestação convergiam para exigências de mais democracia, com o cumprimento dos direitos de todos os cidadãos como prevê a constituição cidadã de 1988. Assim sendo, o movimento do passe livre que luta pelo passe livre nos transportes coletivos públicos ou por tarifas justas e serviços de qualidade, os grupos que exigem saúde pública de qualidade, outros que pedem por educação pública de qualidade, outros mais que exigem uma reforma política com uma assembléia constituinte visando com isso minimizar significativamente as práticas de corrupção com punição para corruptores e corruptos, mais outros que pedem a democratização dos meios de comunicação, outros ainda que pedem uma reformulação dos órgãos de segurança pública em favor do cidadão, muitos que querem uma democracia participativa com participação direta do cidadão no processo decisório  e outros mais não menos relevantes, tem algo em comum, mesmo que não atuem como um movimento único, como alguns setores da velha mídia se referem aos  protestos .
Todos querem cumprimento dos direitos, direitos iguais para todos e mais democracia.Isso é fato, independente do que se pense sobre o assunto.
É natural que em meio aos protestos outros grupos  apresentem suas pautas, como o movimento altermundista, o movimento pacifista, o movimento ecológico e outros. Alguns grupos , também se apresentam com táticas de  defesa por conta da ação extremamente violenta por parte dos órgãos  de segurança que deveriam garantir a segurança do cidadão. Assim sendo, em meio aos protestos, o conjunto da sociedade, com suas virtudes e mazelas, se faz presente nas ruas; moradores de rua, vendedores ambulantes, ladrões,  crime organizado, prostitutas, descamisados, canibais, et's, loucos de fato e toda sorte de pessoas  que vive em situação de alto risco  e  vê nos protestos oportunidade para auferir vantagens próximas. Impossível que eventuais conflitos não aconteçam.

E os conflitos aconteceram, e mais, passaram a ser a pauta principal dos meios de comunicação  que se acham limpos, deixando de lado o verdadeiro significado das manifestações. Certamente uma escalada de violência em manifestações de rua,ainda mais com um apelo de mais democracia,  apenas interessa aqueles grupos que no passado como no presente não toleram o processo democrático, não querem o avanço da democracia e de tudo fazem, em todos os cantos do presente como fizeram nos cantos do passado, para impedir o caminho natural de transferência do poder ao povo, algo que se completa em uma democracia real e plena.

A insistência da velha mídia em criminalizar grupos com táticas de defesa , mais precisamente os black blocs, assim como nos cantos do passado explosivo pode estar escondendo os verdadeiros interessados em impedir o avanço da democracia. Cabe lembrar que essa velha imprensa, que acusa de sujos todos aqueles que produzem conteúdos informativos e opinativos que não estjejam dentro dos estreitos limites de suas crenças, no passado como no presente pŕoximo sempre esteve ao lado dos grupos que impediam o avanço da democracia. Isto posto, a insistência do noticiário em afirmar que a violência que acontece durante as manifestações está deixando com medo a população e com isso os protestos podem se esvaziar, parece mais uma opinião  publicada e desejada , que tem como objetivo tirar as pessoas das ruas e impedir a consolidação das exigências da população. E mais, tal violência pode estar sendo patrocinada, também , por órgãos de segurança pública com o intuito de preservar determinados governantes. Foram em grande número, os flagrantes da ação policial como detonadores de atos de violência , assim como na tentativa de forjar falsas provas contra manifestantes, previamente escolhidos pela velha imprensa como os únicos responsáveis pelos conflitos.

O que está em jogo é uma tentativa de velhos grupos de ultra direita e anti democráticos, que historicamente não tem capacidade e força para colocar o povo nas ruas,e que tentam impedir o avanço da democracia, assim como fizeram em cantos do passado e tentam repetir agora na frente do presente.

A população não pode deixar de sair às ruas e manifestar suas posições por mais democracia, mas deve tomar medidas para se proteger daqueles que deveriam protegê-la, e mais, deve registar com câmeras , já que todos somos mídias, todo e qualquer movimento de pessoas que tenha por objetivo incitar o caos, a violência e o retrocesso.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A Campanha


E assim caminha a oposição para as eleições de 2014.
Curioso notar que o ultra conservadorismo e o atraso estão sempre presentes.
Nas eleições de 2010 o candidato do PSDB transformou a campanha eleitoral em uma reunião de idade média no Santo Ofício de Roma.

Fonte: CONVERSA AFIADA
Para 2014, pelo que teremos de candidaturas da oposição, o país irá mergulhar no parque dos dinossauros. 
Spielberg, agradece.

Juntos, mas disputando o primeiro lugar, as candidaturas de direita analisarão durante a campanha e à  luz  obscura do Santo Ofício , a origem das espécies.
Darwin será condenado e queimado em praças públicas, para delírio e êxtase de tucanos e dinossauros.
O arquipélago de Galápagos será transformado na nova Sibéria, ou nova ilha do diabo, para onde todos os hereges serão levados para confinamento. 
Xapuri e Moóca serão as novas rotas de peregrinos, ávidos pelo momento de revelação.
Campos e Neves, atônitos porém complacentes, estarão presentes em todos os cortejos saudando os fieís seguidores de suas respectivas doutrinas.  
Fazer mais! Vamos conversar ! Democratizar a democracia! Chega de trololó ! gritam os ensandecidos seguidores .
Nas usinas midiáticas de desinformação, dados de pesquisas, análises da conjuntura, gráficos  XY, de bolachas, blocos , ou seja  de todas as formas, serão produzidos e apresentados como provas irrefutáveis da avassaladora aceitação pelo campo popular das candidaturas. 
Para tanto, profissionais de grande conhecimento e visão de futuro, disponibilizarão horas e mais horas  em suas análises.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Uma Guerra entre Anárquicos

Polícia Militar do Rio de Janeiro é "pior do que gangues", afirma 'Der Spiegel'

Polícia Militar do Rio de Janeiro é "pior do que gangues", afirma 'Der Spiegel'
Reportagem da revista alemã afirma ainda que governo Sérgio Cabral é 'mais violento do que a ditadura
Fonte: JORNAL DO BRASIL

Fonte: BRASIL DE FATO

Uma polícia que assusta, mata e extrapola todos os limites de civilidade.
A segurança pública no Rio de Janeiro é uma caso de polícia, e aí não se restringe apenas a polícia militar. 
A polícia civil também tem uma folha corrida de crimes, chegando ao ponto de recente chefe desta polícia ser o comandante de uma quadrilha criminosa. Hoje ele está atrás das grades,  e pelo que se tem conhecimento converteu-se em mais um fervoroso devoto do Senhor. Algo que acontece com frequência no sistema prisional do Rio de Janeiro. 
Um fenômeno. 
Cadeias que evangelizam.
As polícias do Rio de Janeiro se utilizam da mesmas práticas das gangues.
Poucos anos atrás, o crime organizado da cidade inaugurou uma nova técnica de ação, que consistia de um grupo de criminosos fortemente armados, na caçamba de uma camionete, levando terror pelas ruas. 
Surgia o bonde, logo incorporado pelas polícias do estado.
As grandes corporações também nada mais são, que grandes gangues.
Além dos problemas de todo grande centro urbano , o carioca também tem que se defender da polícia.
A violência da polícia contra os professores em protesto nos últimos dias chocou toda população.
Essa polícia , que não prende grandes criminosos de colarinho branco, que é ineficaz na maioria das investigações,  que detêm de forma autoritária e violenta as pessoas pobres, que não prioriza as solicitações e denúncias sobre crimes contra a população pobre, essa polícia é o avesso da segurança desejada por todos. 
Um contingente de pessoas fortemente armado que exerce as prerrogativas de poder em benefício próprio e em benefício de corporações e pessoas endinheiradas.
Assim como o Judiciário, seu parente mais culto, a polícia também serve a poucos , e criminaliza muitos, principalmente as pessoas com poucos recursos financeiros.
Lembro  que em uma ocasião, mais precisamente no ano de 2004, solicitei auxílio dos serviços da políca civil do município de Saquarema, região dos lagos do Estado Rio de Janeiro. Fui recebido pelo delegado adjunto, ou vice -delegado, ou qualquer outra designação para alguém logo abaixo do delegado na hierarquia de uma delegacia polical. Informei meu caso, que o vice ouviu atentamente, e ao final fui informado que a delegacia não poderia disponibilizar recursos materias e humanos para a minha solicitação, já que por ser uma pessoa de poucos recursos não seria assunto prioritário para a delegacia, isso independente da gravidade ou urgência do caso, conforme disse o vice sem o menor constrangimento.
Essa lógica que predomina na polícia, no judiciário, e também nas relações interpessoais, não é fruto do acaso ou da vontade divina. 
Ela é parte integrante  das regras que predominam no estado, independente dos textos, normas ,leis, cartas que regem a organização da sociedade. 
A hegemonia do capital, que se consolidou a partir dos anos da década de 1990, produziu estados reais dentro dos estados legais, estados de fato no lugar dos estados de direito. 
Tudo isso com o comando e grande influência de grandes corporações, onde também se situam os grandes meios de comunicação. 
A anomia assim gerada é fruto do capitalismo anárquico que a partir dos últimos anos do século XX , em grande parte do mundo, vem sendo questionado pelas pessoas através de grandes mobilizações e protestos nas ruas de várias cidades pelo mundo. 
E é aí que se situa o conflito, as grandes batalhas de hoje nas ruas, e outras batalhas mais que virão, por aqui e em todo o mundo. 
Nos grandes meios de comunicação, aliados do capitalismo anárquico, exige-se dos manifestantes um comportamento civilizado, festivo, quem sabe até mesmo monástico ,democrático e dentro das regras do jogo democrático, justo contra um lado que há decadas vem subvertendo todas as regras de democracia,  de direitos humanos,  de civilidade e  de valorização dos serviços públicos. 
Naturalmente, o confronto  direto que vem ocorrendo entre manifestantes e as forças de "segurança pública", em muitas cidades do mundo, vem sendo reportado pelos grandes veículos de mídia como ações violentas e anti-democráticas de grupos de manifestantes, chamados de vândalos. Repudia-se , nos grandes veículos de mídia, a depredação do patrimônio de empresas privadas por parte dos manifestantes, rotulando-os como sonháticos ou vândalos que atacam símbolos do capital, em uma retórica maniqueísta que propositalmente omite as razões, ou não se permite avaliá-las dentro da conjuntura local e mundial, onde a anomia reina de fato, depredando para em seguida sequestrar, bens, patrimônios e serviços públicos essenciais para a população. 
A visibilidade da ação direta dos manifestantes assim como seus alvos, contrasta com a ação dissimulada e violenta do capital que sequestra os estados, motivo pelo qual, grande parcela da população , conduzida pelo noticiário dos grandes meios de comunicação, tende a rejeitar  as motivações dos manifestantes.
Certamente o confronto direto com a escalada da violência não é o melhor caminho, mas tem sido útil para chamar a atenção da população quanto ao embate entre dois polos claramente anárquicos, o estado sequestrado pelo capital e as táticas de ação direta de parte dos manifestantes contra esse sequestro. 
Assim sendo , não é de se estranhar que a tática black bloc tenha sido o alvo preferido dos meios de comunicação, já que se propõe a desacatar aquele que desacata a democracia.
A desobediência civil , diante do estado da arte é desejável e bem vinda e certamente a conscientização da população irá evoluir, dará novos saltos, muitos passarão a reconhecer a raiz dos problemas e , assim se espera, novas táticas  e técnicas de ação direta menos agressivas, surgirão para produzir os efeitos desejados.

O Analfabeto Político

Bertolt Brecht


“O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. 
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.” 
Fonte: CONVERSA AFIADA

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Democracia em Risco

PM usa arma de fogo contra manifestante durante protesto dos professores, no Rio


Jornal do BrasilCláudia Freitas

Em meio ao confronto entre Batalhão de Choque e membros do grupo Black Bloc, na noite desta segunda-feira (7/10), durante protesto dos profissionais de Ensino do Rio de Janeiro, um policial militar apontou uma arma de fogo para um dos manifestantes e, em seguida, imobilizou-o com um golpe conhecido como "voadora". O Jornal do Brasil flagrou o momento de violência em que o PM aponta a arma para o rapaz, que não foi identificado no local.
Ao avaliar a foto publicada pelo Jornal do Brasil, o professor e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ignácio Cano, considerou a postura do policial militar inapropriada, já que o manifestante não apresentava um risco aparente para o PM e não estava armado. Ignácio explica que a avaliação técnica da foto demonstra que a polícia usou de muita truculência, enquanto deveria seguir os princípios de proporcionalidade. "Entendemos até que o policial que está numa operação desta natureza corre riscos e deve ficar alerta, mas não justifica ele usar uma arma de fogo em direção a um manifestante que está desarmado. Esse policial aumenta os riscos de acidente, pois ele pode atirar de repente", destacou Ignácio.
A cena provocou revolta e muitos jovens tentaram impedir que o PM levasse o rapaz para a delegacia. A Polícia Militar enviou para as ruas um efetivo menor de policiais, mas não conseguiu evitar as depredações do patrimônio da cidade e nem as cenas de truculência e extrema violência. Na semana passada, a manifestação dos professores que aconteceu durante a votação do plano de cargos e salários, na Câmara Municipal, terminou com vários educadores feridos, presos e um rastro de destruição pelas ruas do Centro da cidade.
>>Mais um dia de caos e violência nas ruas do Centro do Rio
>>Black blocs incendeiam ônibus e jogam bomba no consulado americano
O manifestante estava saindo de uma agência bancária localizada na Avenida Rio Branco, próximo ao Consulado de Angola, que tinha acabado de ser destruída pelos "mascarados", quando foi abordado violentamente pelo policial. O PM fez a abordagem já usando a arma de fogo e, com a ajuda de outros policiais do Choque, imobilizaram o rapaz. A confusão chamou a atenção de jovens que participavam do protesto e eles pediram a liberação do manifestante. Advogados da Ordem dos Advogados do Brasil OAB/RJ) foram chamados para prestar atendimento ao rapaz detido e encaminhado em uma viatura da PM para a delegacia.
O Jornal do Brasil encaminhou as imagens para a Polícia Militar do Rio, que enviou uma nota justificando que o policial fotografado estava responsável por uma cabine e ele foi cercado por um grupo de manifestantes, que ameaçaram depredar a cabine. "Sua ação foi profissional, inclusive, como mostra a imagem, mantendo o dedo indicador fora do gatilho", diz a nota.
Fonte : JORNAL DO BRASIL
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MÍDIA & MANIFESTAÇÕES DE RUA

Virou rotina

Por Mauro Malin em 09/10/2013 na edição 767
Virou rotina a colaboração da mídia jornalística com as polícias militares (leia-se governos estaduais), black blocs e provocadores infiltrados pelas autoridades. Finalidade: esvaziar e/ou manipular passeatas no Rio e em São Paulo.
A demonstração está nas imagens abaixo. Os jornais valorizam a violência de centenas, não a manifestação pacífica de milhares. E, sobretudo, não perguntam por que as polícias militares ou agem violentamente contra manifestantes pacíficos, ou, alternativamente, observam passivamente os agentes da violência até que eles cheguem a extremos.
Começou em São Paulo
Esse padrão foi observado pela PM de São Paulo nas manifestações de junho. No dia 13 de junho houve uma tentativa de esvaziar mediante o uso de violência extrema todo o processo iniciado pelo Movimento Passe Livre. Foi o dia em que uma repórter da TV Folha e um fotógrafo autônomo foram atingidos nos olhos por balas de borracha. Como se disse aqui, tratou-se de ato destinado a sufocar os protestos (“Gás de provocação”).
Depois, as autoridades mudaram de tática. Aparentemente, os comandantes teriam ficado preocupados com a má repercussão da pancadaria e passado a determinar que os policiais assistissem passivamente até mesmo às ações de manifestantes que empregam a violência como arma. Na verdade, deixaram sistematicamente que a situação chegasse a um ponto em que se justificasse o emprego da força (não a ponto de deixar mortos e feridos graves, até aqui).
Contra os professores
Nas recentes manifestações de professores no Rio de Janeiro, a sequência foi idêntica. Na terça-feira (1/10), a PM fluminense partiu para a ignorância, como se dizia antigamente. A constatação é do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame: “Houve, sim, preliminarmente, excesso dos policiais, mas esse excesso veio também, por vezes, dos dois lados” (noticiário da Agência Brasil, 5/10).
O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB, Wadih Damous, declarou: “O que vemos no Rio é uma política de extermínio de manifestantes, pondo em risco a vida das pessoas com o uso indiscriminado de balas de borracha e sprays de pimenta” (Agência Estado, 7/10).  Essa retórica fora de propósito não ajuda a entender as coisas. Damous deve ter se expressado mal, ou não sabe o significado da palavra “extermínio”. Em todo caso, constata-se que a violência policial causou comoção.
Na segunda-feira seguinte (7/10), a PM-RJ passou à segunda modalidade. Deixar acontecer e depois dar combate. Nem o Globo, cujo noticiário segue um padrão de calhordice cada vez mais esmerado, deixou de notar que “a PM reduziu o número de policiais mandados ao local e, desta vez, demorou para reprimir a ação dos mascarados”.
A quem interessa?
Quem chegou mais perto de fazer a pergunta correta (mas não de tentar respondê-la) foi o Dia. Em box no alto da página 5 (“Sepe condena vandalismo no protesto”), reproduz declaração do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro segundo a qual “agentes infiltrados na manifestação iniciaram o vandalismo com a intenção de esvaziar as próximas passeatas”. Um diretor do Sepe, Jalmir Ribeiro, foi mais explícito. Segundo ele, pode ter havido “PMs infiltrados entre os professores e sindicalistas”.
Nenhum dos jornais faz a pergunta óbvia: por que a PM usa esse duplo padrão, do qual no final das contas resulta a mesma coisa, a pressão para esvaziar os protestos? A resposta, que acabará aparecendo em declaração de alguma personalidade política mais independente, é: a PM funciona a serviço da tentativa de evitar prejuízo político e tirar o maior proveito possível para o grupo do governador Sérgio Cabral Filho no xadrez eleitoral de 2014.
E por que a pergunta não é feita? Porque esses veículos são, em grau maior ou menor, aliados políticos de Cabral e do prefeito Eduardo Paes. Aventar as razões dessa aliança ultrapassa os limites deste tópico.
Show de pirotecnia
Eis as imagens das primeiras páginas de terça-feira (8/10). Da manchete do Extra foi copiado o título deste tópico. A imagem da esquerda é do jornal O Estado de S. Paulo. Só o título das fotos está acima da dobra. Foi o único jornal que deu a foto do mascarado em cima de um carro tombado da Polícia Militar.
A mídia Ninja também deu, comprazendo-se. Mas seus ativistas não pretendem ter compromisso com a defesa da democracia, tal como entendida pelos constituintes de 1988, que representavam os cidadãos votantes de 1986. Se o carro da democracia capotar, a tarefa do ninja de plantão será fotografar a derrocada. Antes de ser preso e...

O Dia destinou a capa inteira às fotos assustadoras.

É uma disputa de sensacionalismo, dentro de uma diretiva de solidariedade política aos governos. Essa mídia jornalística está brincando com fogo. A evolução possível deste cenário, com a imprensa curvada diante da estratégia das polícias militares (de seus chefes políticos), aponta na direção de potenciais prejuízos para as liberdades democráticas. Não falta quem esteja à espera de um momento propício à aceitação popular de restrições ao direito de manifestação. Para dizer o mínimo.
Fonte: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
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Os professores da rede pública de ensino do Rio de Janeiro estão em greve.
Já são dois meses de greve.
A greve é um direito de todo trabalhador, assim como as manifestações de rua.
Se a categoria dos professores decidiu pela greve, deve-se ao fato que negociações com os governos estadual e municipal não foram bem sucedidas, caso contrário não teríamos greve.
Uma vez consolidada a greve, a população pode ter mais esclarecimentos sobre a cruel realidade em que vivem os profissionais de ensino público, uma das mais importantes profissões e que deveriam ser bem tratados e reverenciados por todos nós.
Não é o que acontece.

Na agenda de reivindicações dos professores da rede pública de ensino, está a criação  de um plano de cargos e salários para a categoria.
E então a pergunta é inevitavel:
Em 2013, século XXI, terceiro milênio, os professores da rede pública de ensino do Rio de Janeiro ainda não tem um plano de cargos e salários ? 
Para um leitor atento percebe-se que o ensino público não esteve , e provavelmente não está, na pauta de prioridades dos governos estadual e municipal, atual e anteriores.
Há exatos trinta anos, o governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, e seu secretário de educação, Darcy Ribeiro, lançaram um ambicioso programa de educação pública com a criação dos CIEPS - centros integrados de educação pública - onde professores, alunos e funcionários da área de educação ingressavam em um novo patamar na educação pública do estado, com escolas em tempo integral e valorização da categoria.
Na ocasião a mesma imprensa que hoje distorce o noticiário, colocando-se ao lado da polícia e dos governos, demonizou sem tréguas e de todas as formas o programa do governo estadual, de forma que no governo seguinte o programa caísse no esquecimento com sucateamento das escolas construídas e desprezo total pelos profissionais da educação pública.
Isso não significa que o programa fosse perfeito, mas com certeza era um avanço na valorização dos profissioanis da educação e  no ensino. 
Trilhava os caminhos libertários e democráticos, investindo prioritariamente na educação pública de alta qualidade, condição para um país forte e soberano.
Na realidade atual, os governos estadual e municipal transformaram-se em balcões de negócios, onde somente os interesses privados são valorizados.
Não há espaço para a educação pública, para a saúde pública, para o transporte público.
As planilhas de custo substituíram a política.
Os investimentos dos governos estadual e municipal, em primeira ordem, devem causar impacto na sociedade para alterar o insconsciente coletivo da população, no tocante ao moderno e civilizatório, mesmo que na maioria das inserções dos governos nos espaços públicos, tais premissas não se revelem verdadeiras. 

A título de exemplo, a comunidade da Rocinha adiou o projeto de construção de um teleférico, entendendo a comunidade que obras de saneamento básico, ainda sem previsão de início,  são prioritárias.
Tubulações não são visíveis pela população, não rendem votos.
Qualquer semelhança com os governos militares do período da ditadura não é mera coincidência, em todos os aspectos. 
A começar pela polícia militar, herdeira natural da barbárie cometida contra os opositores do regime nos anos de chumbo. As práticas não mudaram, e ainda foram incorporadas novas munições contra os que lutam por democracia, direitos humanos e serviços públicos de qualidade. 
Enquanto a ditadura não for passada a limpo, o tão alardeado processo civilizatório e modernizante, ficará apenas no impacto visual, na aparência, nos discursos de engomadinhos governantes.
Os textos acima, do JORNAL DO BRASIL e do OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, são reveladores.
Este blogue tentou copiar as fotos citadas pelo JB, mas como é do conhecimento do caro leitor, O PAPIRO sofre, diariamente, tentativas de censura e invasão de hackers por parte de veículos da velha imprensa, algo de amplo conhecimento de todos. 
Entramos assim em outro aspecto da semelhança entre a ditadura militar e os governos  estadual e municipal do Rio de Janeiro. Para a velha e decadente imprensa, em destaque no artigo do OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, a proliferação de mídias que acontece com a utilização de plataformas digitais é entendido como algo que deve ser em princípio ignorado, se não for possível deve ser desmoralizado, ainda se não for possível deve ser contido e criminalizado.
Assim sendo, é nessa conjuntura que acontece a greve dos professores do Rio de Janeiro, assim como as interpretações apresentadas pela maioria esmagadora dos veículos da velha imprensa.
Uma vez em greve, as próximas etapas de negociação entre as partes devem ocorrer em um outro patamar, diferente das negociações antes da greve. 
É o que se espera de governos responsáveis. 
O noticiário da velha imprensa, a partir de ontem, terça -feira, vem priorizando a opinião dos governantes, estadual e municipal, no tocante as negociações, passando para a opinião pública a idéia de intransigência  dos grevistas. 
Seriam , de fato, os grevistas os intransigentes ? 
Com uma imprensa aliada do que existe de mais reacionário e retrógrado na sociedade a população fica orfã de esclarecimentos.
É grave a informação de que policias militares estejam infiltrados entre os manifestantes para incitar o caos.  
É provável que sim, mas não são os únicos na escalada do caos. 
Criminosos , bem organizados, se aproveitam das manifestações para saquear locais, previamente mapeados, durante as manifestações. 
Grupos de extrema direita, neonazistas, se infiltram nos protestos  para na escalada do caos criar condições favoráveis para um retrocesso democrático. 
A lei de segurança nacional, do período da ditadura militar, foi utilizada em São Paulo para criminalizar manifestantes. 
Na lógica discursiva e calhorda da velha imprensa, rostos cobertos e roupas pretas são sinais inequívocos da presença de  simpatizantes da tática black bloc, o que não necessáriamente é verdade.
Novos protestos estão agendados e o apoio da população aos professores deve ser total. 
Seria interessante também que a população do Rio de Janeiro, incorporasse outros temas nas manifestações, como a extinção da polícia  militar e a urgente democratização dos meios de comunicação, de maneira que a história não se repita, já que velhos atores de um passado sombrio estão em cena.
 
 


terça-feira, 8 de outubro de 2013

A Oposição Natureza Morta

O sonho dos medrosos

O que querem PT, Marina, Aécio e Eduardo Campos?

O medo do PT, de Lula ou de Dilma, em uma bipolarização que possa permitir a engenheiros da política perceber um racha no Brasil, parece ser compartilhado por Marina Silva e Aécio Neves.
O sonho de Marina era impossível: fazer um partido contrariando a lei. O que significa que ela não queria fazer um partido.
O sonho de Aécio é fazer um partido que una banqueiros, estudantes, MST, Sem Teto, ricos e pobres. Uma conquista competente que parece uma daquelas piadas de mineiro, que falam tudo para que todos possam ouvir sem se chatear.
O Jornal do Brasil acha que o candidato dos sonhos dos dois seria uma união com os três. Mas nenhum dos três até hoje apresentou qualquer programa de governo.
Marina prega a sustentabilidade, que ninguém sabe o que é, mas ela deve saber.
Aécio Neves prega o "vamos conversar um papo reto", que também por trás deve ter um grande programa.
O governador Eduardo Campos diz que "é possível fazer mais".  O país quer saber o quê. Na saúde, na educação, na distribuição da riqueza, na moradia...
Vamos fazer mais um papo reto com sustentabilidade. Espera-se que seja um grande programa de governo.
Marina Silva e Eduardo Campos
Enquanto isso o empresariado, aquele que mais se privilegiou no governo Lula e Dilma, o do sistema financeiro, começa a ter medo de Dilma. Hoje ela, com seu temperamento inflexível e forte, para tentar a reeleição, precisa negociar com aqueles 300 que Lula adjetivou.
No seu segundo mandato, com certeza vai querer negociar com sua biografia
Fonte : JORNAL DO BRASIL

Marina ,Aécio e Campos , o trio MAC, não tem nada de novo, nenhum projeto.
Eles tem apenas uma obsessão, que é derrotar o PT.
Não se pode descartar o retorno dos que não foram. 
Serra vem aí, rezando por fora, repaginado como devoto de São Francisco de Assis, o santo protetor da natureza. 









 

Na eleição de 2014 a oposição natureza vem com tudo.
Ainda teremos, conforme informação da mídia, o PV na disputa presidencial, talvez com mais uma ego trip de um de seus quadros.
E o que fará o PPS, o partido do ex-comunista e atual anti-comunista, popular na sigla e discurso de partido grande mas com apenas cinco parlamentares no congresso nacional ?