quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Brasil Acordou Fedorento. Micheline Abriu a Boca








Michelline Borges é seu nome.
Também soube que é jornalista. 
Sua postagem no feicibuqui virou notícia. 
Copiei suas palavras do site VIOMUNDO, já que você teve seus quinze minutos de fama, como previu Andy Warrow lá pelos anos de 1960.
Em seu texto você pede para ser perdoada pelo preconceito. 
Preconceito não é motivo para perdão, mas sim de pena, pois revela uma incapacidade de conhecer todos as variáveis que compõe um conceito . Conhecendo apenas algumas variáveis não se tem um conceito, mas sim um pré-conceito, preconceito, sobre o assunto que se expressa.
Quando não se tem um conceito sólido, o melhor é não emitir opinião.
Você, ainda, afirma que as médicas cubanas tem cara de empregada doméstica.
Ao fazê-lo, você viaja no tempo, e da sala principal da casa grande distribui ordens e afazeres para seus escravos, todos negros, que trabalham em sua casa. 
Alguns desses escravos irão cuidar de seus filhos, trocando roupas, brincando com eles, cuidando da higiene deles. 
Também irão cuidar de sua alimentação, fazendo suas refeições.
Tudo isso para que você tenha todo o tempo livre, e com isso possa fazer sexo tranquilamente com alguns escravos de sua preferência, já que seu marido não lhe proporciona o prazer que você deseja.
Você também se refere a aparência dos médicos cubanos, dizendo que eles 'não tem cara de médico". Mais uma vez você viaja para a casa grande,  pois por lá os negros são escravos. 
Ainda revela, em seu comentário, uma certa pureza racial, atribuindo aos brancos, assim como você de cabelo loiro , (porém pintado como pode-se ver nas raízes de seu cabelo ),   uma superioridade intelectual para o exercício de algmas profissões, como no passado de sua casa grande.
Nos países africanos, seguindo sua lógica, como seriam os médicos, engenheiros, arquitetos, e mesmo os presidentes dos países daquele continente?
Ao se referir a aparência, pelo fato de serem negros, você certamente deve também definir cabelo bom e cabelo ruim, reforçando um padrão de feio e bonito , certo e errado, onde nada disso existe.
Sua opção pela aparência se explica.
Pela sua foto, acredito que você ainda é jovem, e certamente cresceu na cultura hegemônica dos últimos 25 anos que estabelece uma série de padrões de comportamentos, beleza, gostos culturais que visam a consolidação de uma eugenia, não apenas genética  mas e principalmente social.
Isso porém, o fato de ser jovem e ter crescido nessa cultura, não justifica sua ignorância e estupidez , já que a maioria dos jovens de sua idade tem compreensão completamente diferente da sua.
Você é jornalista da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte , mas suas idéias são idênticas a de muitas pessoas de grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, que conseguem enxergar o mundo apenas através de uma lógica oriunda das praças de alimentação de shoppings centeres, verdadeiros templos do consumo e da alienação, onde a superficialidade supera a profundidade e a aparência dá goleada no conteúdo.
Pelo seu texto, posso concluir, ainda que por inclinação, que para você a aparência é tudo.
Você se olha muito diante do espelho, diariamente ?
Sua fezes tem o formato e o odor de flores ? 
Pobre Micheline. 
Não é paciência que devemos ter em relação a pessoas como você, mas sim pena e cuidados especiais, para que não contaminem as pessoas saudáveis.
A propósito, não existe dengue em Cuba.
Quanto a febre amarela, a vacina disponível no mundo foi desenvolvida através de uma parceria entre o Instituo Bio Manguinhos, brasileiro, e o Instiuto Finley, cubano, já que nenhuma empresa transnacional do setor farmacêutico se interessou em desenvolver o medicamento. O trabalho entre Brasil e Cuba , produziu 19 milhões de doses de vacinas, que foram utilizadas na África por conta de um grande surto da doença.
Para terminar vocẽ ainda pede que deus proteja o nosso povo, em referência a atuação dos médicos cubanos. 
Desejo que deus esteja sempre protegendo o nosso povo, mas não da competência, da solidariedade e do alto astral dos médicos cubanos, mas sim de pessoas como você, um perfil da idiotice, da ignorância, da burrice e da estupidez, um conjunto de características que compõe um poder devastador.
Que deus nos proteja !


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O Trem Raiva da Imprensa

É apenas o início da semana.
Hoje, caro leitor, é terça-feira, gorda em estupidez e irracionalidade.
No carnaval das insanidades , do horror e do surrelismo as alas desfilam e destilam com desenvoltura um repertório de suas próprias identidades.
Quando colunistas de grandes jornais da velha imprensa vomitam racismo e preconceito, onde o que norteia o fato é ajuda humanitária, é um sinal inequívoco do despreparo, do destempero, e ainda, um recibo passado de que argumentos  são insuficientes diante da realidade indesejada. Indesejada, caro leitor, pois o lucro e a ideologia senil proporcionam o ritmo e a marcação para o desfile dos horrores, impedindo qualquer análise equilibrada  e sensata.
É de causar vergonha e constrangimento para todos nós, ver médicos brasileiros produzindo ofensas e xingamentos, no desembarque de aeroportos,  aos cubanos que chegam em nosso país. Esses raivosos médicos, assim como seus pares não menos raivosos da velha e decadente imprensa, sofrem, não se sabe se apenas momentâneamente ou crônicamente ao longo de suas vidas, de bunkers embotamentos cognitivos ( BEC, segundo a terminologia médica atual) que não permite qualquer compreensão de fatos  que se  afastem de suas formações profissionais.  Tal patologia é facilmente identificada, quando pessoas tem um conhecimento ,até mesmo profundo sobre um assunto ( um e somente um) porém comportando-se como primatas selvagens em todas as esferas da vida e do saber, científico e social. Em excelente artigo, hoje em CARTA MAIOR, o jornalista Beto Almeida lembra que no Brasil existem atualmente algo em torno de  70 mil engenheiros estrangeiros trabalhando, principalmente, nas áreas de exploração de petróleo. Ninguém grita. Ninguém nada fala sobre o assunto. No tocante ao trabalho escravo, o site do ministério do trabalho apresenta uma longa  e robusta lista de empresas , principalmente ligadas ao agronegócio (aliado de jornalistas raivosos) onde o trabalho escravo é uma prática corriqueira, apesar das multas constantes aplicadas a essas organizações pelo governo federal. Proliferam, também , denúncias concretas de práticas de trabalho escravo em redes de lanchonete fast food e em indústrias de confecção  de roupas, sem que tais denúncias ganhem um mínimo destaque nos veículos da velha imprensa. Soa irracional e violento acusar os médicos cubanos de escravos do governo brasileiro, justo no momento em que o governo atende aos pedidos dos protestos de junho último, priorizando  a saúde pública gratuita e de qualidade ao disponibilizar para áreas carentes do país profissionais altamente experientes e qualificados como os médicos de Cuba. Os médicos brasileiros que xingam e agridem os cubanos, envergonhando o país, vivenciam um momento através do alto astral dos cubanos em que a vocação por uma profissão fala mais alto do que o lucro, algo que a nossa medicina deixou de lado há algumas décadas quando o profissional de propaganda da indústria farmacêutica, praticamente passou a ser o responsável por prescrever medicamentos e pŕaticas terapêuticas para os pacientes, que no caso são atendios por médicos, um simples veículo do lucro e para o lucro.

Na segunda parte dos desfiles dos horrres, a ala da corrupção apresenta um belíssimo carro alegórico em forma de um grande trem, onde pessoas  sujas mas ao mesmo tempo bem vestidas  compartilham grandes fortunas e momentos de prazer, tudo claro, em detrimento da qualidade de vida da maioria da população, que diariamente é transportada nos transportes coletivos da cidade de São Paulo em condiçoes similares aos  dos navios negreiros de outrora. A alegoria, assim como os adereços complementares, não tem o devido destaque na velha imprensa que omite propositalmente o cortejo  criminoso e hediondo. Entretanto, setores  e pessoas da casa do povo, trabalham na coleta de assinaturas necessárias para a criação de uma CPI que investigue, esclareça, e encaminhe aos  órgãos prisionais os responsáveis por um dos maiories crimes de corrupção da história da país. Infelizmente, são poucas as pessoas nas ruas indignadas, xingando, cobrando, pelo esclarecimento de um crme hediondo que fere a dignidade de toda uma população escravizada e violentada em seus direitos durantes décadas por governos corruptos e criminosos. Qualquer semelhança desses governos com os médicos brasileiros e com a velha imprensa não é fruto de coincidência, pois os valores compartilhados por esses grupos são os mesmos.

Fechando o desfile desta terça-feira gorda, surgem as organizações globo em um belísssimo e muito bem acabado carro , que sugere uma ilha paradisíaca onde pessoas circulam livremente em belos iates com gigantes furos nos cascos. O maior grupo de comunicação do país, é acusado de criar uma empresa em paraíso fiscal para driblar o fisco e com isso sonegar impostos na casa de 1 bilhão de reais, quantia considerável para equipar e manter muitas unidades de atendimento público a saúde para o  povo brasileiro. Ao final do desfile, uma grande alegoria com a imagem de Roberto Marinho, saudando povo, causou um profundo mal estar no público presente. Uma vergonha over seas, em mares caribenhos, não muito distante da ilha caribenha que nos enche de orgulho e esperança com a presença de médicos que priorizam as pessoas e a vida
 

                                por Vitor Teixeira, via Facebook
A colunista Eliane Cantanhêde, da Folha, escreveu que o avião da Cubana trazendo os médicos era um “avião negreiro“.

                Siemens: a maracutaia era geral !

                        Será que o Ayres Britto vai tirar uma soneca, de novo ? 
                                         E o FHC, comprar outro apê ?
 


Civilização x Barbárie

ELES REPETEM BUSH EM NOVA ORLEANS

Há oito anos, no dia 26 de agosto de 2005, o furacão Katrina chegou aos EUA. No dia 29 atingiria Nova Orleans. Desencadearia uma espiral de devastação que associou desabamentos, inundações, afogamento, fome, sede e saques. Pretos, pobres, velhos e crianças foram as principais vítimas do desastre que custou 1.800 vidas. O governo Bush demorou quatro dias para reagir. Uma semana após o ciclone, áreas continuavam isoladas; populações desassistidas. A popularidade do republicano  vergou sob o peso dos mortos. Não era uma guerra, não cabiam desculpas patrióticas. Novas Orleans deixou patente a inadequação social de um governo que se evocava um anexo dos mercados. Em meio ao desespero, Fidel Castro  ofereceu ajuda.  Cuba se propôs  a colocar 1.600 médicos experimentados em catástrofes para atuar em Nova Orleans. ‘Em 48 horas', prontificou-se o governo cubano. Bush ignorou. Fidel insistiu. Cuba providenciaria  todo o equipamento necessário e 36 toneladas de medicamentos. Silêncio. Há um ciclone de abandono e isolamento médico cujo vórtice atinge cerca de 3500 municípios brasileiros. A  exemplo de Bush, o conservadorismo local prefere ver a pobreza morrer doente a ter um médico cubano prestando assistência emergencial nas áreas mais  carentes do país. Se dependesse dos gásparis, elianes, tucanos e assemelhados o Katrina da carência médica continuaria a devastar o Brasil miserável, enquanto eles pontificam elevadas razões humanistas para recusar a ajuda emergencial de Cuba.

Fonte: CARTA MAIOR 

Com a chegada dos primeiros médicos de Cuba, inevitávelmente o debate irá aprofundar as diferenças, revelando aspectos de civilidade  e a total ausência de civilidade.
A velha imprensa brasileira e a oposição, aliados dos laboratórios farmacêuticos, sentem arrepios na possibilidade de se discutir um modelo de medicina preventiva, voltado para 
a saúde das pessoas. Não é o caso em questão, já que os médicos cubanos, como mesmo afirmaram na chegada, aqui estão em ajuda humanitária. Nas primeiras declarações, em função das perguntas de ansiosos e mandados jornalistas, os cubanos falaram em solidariedade, amor ao próximo e ainda disseram estar satisfeitos com o emprego e salário que recebem em Cuba, isso em alusão a perguntas sobre o fato de que os 10 mil reais de salário que receberão no Brasil serão reduzidos , ficando parte com o governo cubano. Ainda segundo os médicos, a parte do salário que vai para o governo cubano é justa, pois irá ajudar Cuba na manutenção dos hospitais, aquisição de equipamentos e medicamentos. Foi o início do choque de realidades. De um lado, repórteres mandados focados em questões financeiras, do outro lado médicos cubanos focados na saúde das pessoas. Perguntas e respostas revelaram mundos diferentes, visões diferentes sobre uma realidade sensível, onde a vida e morte estão lado a lado, e que no caso brasileiro , segundo a velha imprensa e a oposição, deve ser resolvida e equacionada somente segundo uma lógica financeira. Já na visão dos médicos cubanos, a prioridade está nas pessoas, em uma total  interdependência de dignidades entre o médico e o  paciente.
No primeiro round os repórteres foram a nocaute, pois não estavam preparados para as respostas que receberam. Suas redações não permitem abordagens humanizadas para assuntos de medicina, prática médica e principalmente saúde das pessoas. Acostumados diariamente a abordar as questões de saúde  em um foco que prioriza a doença, os medicamentos, os equipamentos hospitalares e as  intervençoes cirúrgicas, o jornalismo da velha imprensa não teve alternativas intelectuais nem lastro conceitual ,para aprofundar um debate onde uma nova ideologia, que não é tão nova assim, se fez presente de fato  e não somente em discussões ideológicas. O caro e atento leitor percebeu que para os mandados jornalistas brasileiros a medicina, a saúde e a vida  das pessoas são mercadorias, e como tais , inseridas em uma lógica que proporcione lucro e acumulação pára os profissioanis da saúde, que no caso são de fato profissionais da doença. Já para os médicos cubanos, que vivem de salário em Cuba, a remuneração adicional aos seus salários será últil para a manutenção do sistema cubano de saúde, como um todo, onde toda a população da ilha irá se beneficiar. Mais uma vez o choque de realidades. Enquanto mandados jornalistas perguntavam  como se sentiam os cubanos ao terem seus salários reduzidos, em uma clara alusão a uma cultura do  individualismo, os médicos cubanos se colocaram , através de suas respostas, em um perfeito alinhamento com a coletividade, já que mesmo tendo os salários reduzidos ganhariam mais e ainda contribuiriam para o sistema como um todo. Mais um nocaute, na velha imprensa.
O choque de realidades, entretanto, está apenas começando.
Temo por ações de boicotes violentos, armações e armadilhas que possam ser preparadas para os médicos cubanos durante o exercício de suas atividades no Brasil. Independente da necessidade de mais médicos no país, estão também em jogo a eleição de 2014 e  a afinidade ideológica dos governos do PT com Cuba, o que já desembocou em vários programas e projetos de parceria entre os dois países. A oposição e seu braço armado, a velha imprensa, não medirão esforços para desestabilizar o trabalho dos médicos, criando  sempre que possível e mesmo que nada se justifique, factóides e acusações de toda sorte sobre o programa mais médicos e principalmente sobre o trabalho dos médicos no Brasil. Todo o cuidado deve ser tomado para evitar o terrorismo farmacêutico, que será colocado em pratica pelos laboratórios farmacêuticos, médicos brasileiros, oposição e velha imprensa. Ainda na esteira da chegada dos médicos cubanos, correu notícia de que médicos brasileiros poderiam omitir auxílio a pacientes do Sistema Único de Saúde, o SUS, com o objetivo de protestar contra a chegada dos cubanos. Seria a barbárie, o colapso de um modelo de medicina assasino e perigoso que insiste  em priorizar o interesse de grandes corporações no lugar da vida e saúde das pessoas. As declarações de médicos,  ligados a conselhos regionais e federal e também a associações de médicos, assustam pela violência , truculência e ameaças em seus conteúdos.
O agiota que empresta dinheiro para outra pessoa , simplesmente mata a pessoa se o empréstimo não for pago.  Os médicos brasileiros tem demonstrado um comportamento similar aos agiotas, por conta da chegada dos médicos cubanos.

Nesse cenário de violência onde o processo civilizatório é apenas uma retórica, não deve causar estranheza a notícia de que do ano de 2001 até 2011, dez mil pessoas foram assassinadas, no Rio de Janeiro,  pelas forças de segurança pública, sem que se tenha notícia sobre os corpos dessas vítimas. São milhares de Amarildos, que sumiram, foram apagados, principalmente pela polícia. A postura dos médicos brasileiros , destilando violência contra o programa mais médicos  do governo federal, apresenta uma semelhança  com o extermínio efetuado pela polícia fluminense contra milhares de pessoas. São agiotas, polícia e médicos. Na barbárie civilizacional que vivemos, a velha imprensa é o auto falante consolidador de todas as práticas e formas de violênca e opressão contra a sociedade, principalmente, pobres, mulheres e pretos.
Diante dos números e dos fatos , que assustam pela trucuncia e pelas declarações , torna-se de extrema importância que os movimentos sociais e grupos de protestos, assumam o protagonismo da luta, saindo as  ruas em defesa da vida, e de serviços públicos de qualidade e gratuitos, onde prevaleçam valores éticos e altruísticos, como demonstrados pelas declarações dos médicos de Cuba que aqui chegaram.
 

sábado, 24 de agosto de 2013

A Hora é de Ação Direta

O que a Veja não vai dizer sobre os Black Blocs


Em bloco preto, ontem (23), adeptos da tática seguiram pelas ruas de São Paulo até chegarem ao prédio da Abril para ato contra a revista publicada pela editora; a despeito da manipulação da mídia sobre quem são, o Brasil de Fato presenciou que, em sua maioria, eles são jovens que sofrem a violência do Estado nas periferias
24/08/2013
José Francisco Neto e
Erick Miranda
de São Paulo (SP)

“Eu já vi um homem morto com mais de dez tiros em cima de um carrinho de mão na viela da favela de onde eu morava. Não foi bandido. Foi PM.” A frase, dita por um adepto do Black Bloc, foi dirigida a um policial militar que estava junto com a Tropa de Choque fechando a Avenida das Nações Unidas, em São Paulo, durante o ato desta sexta-feira (23) contra a revista Veja.

Crédito: Joel Oliveira
O ato dos Black Blocs - tática anarquista que tem como alvo a destruição de símbolos de instituições capitalistas e da força militar - teve como motivação uma matéria distorcida sobre os ativistas que foi publicada pela revista na semana passada.
Com toucas encobrindo os rostos para não serem facilmente identificados, os jovens, como constatou o Brasil de Fato, em sua maioria alvos da violência do Estado nas periferias, seguiram pela avenida Faria Lima até chegarem ao prédio da editora Abril, na avenida Nações Unidas.
A reportagem da Veja, feita no Rio de Janeiro, dizia que os Black Blocs não passavam de jovens drogados e vândalos, descaracterizando os motivos pelos quais lutavam. “O protesto de hoje é pela democratização da mídia. Porque o que a Veja fez foi uma manipulação total”, disse um ativista.
Em dois momentos, vários exemplares da Veja foram queimados diante de dezenas de policiais que apenas observavam a ação. Inicialmente, no Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, e, depois, em frente a sede da Abril, editora que publica a Veja.
Não demorou muito para que a Tropa de Choque, que já se posicionava junto com policias da Força Tática, dispersasse as pessoas com tiros de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Até mesmo crianças que estavam nas proximidades foram atingidas. Indignados com a ação da PM, alguns ativistas quebraram vidros de bancos públicos e privados, fazendo com que o ato terminasse com perseguição policial e a prisão de um manifestante.
Durante o trajeto, na altura da avenida Euzébio Matozo, um segurança particular de uma concessionária de automóveis sacou uma arma de fogo. Houve discussão entre manifestantes e alguns policiais militares que acompanhavam o ato. Apenas uma pedra foi lançada em direção à concessionária em protesto à atitude do segurança.

“Ninguém manda e ninguém obedece”
Em contraste com meios de comunicação que procuram deturpar a configuração dos Black Blocs, o Brasil de Fato apurou que os jovens que praticam ações diretas contra a opressão capitalista são oriundos de bairros pobres e periféricos. Em sua maioria, trabalhadores e estudantes que convivem diariamente com a violência do Estado.
“A gente tá aqui com um motivo muito claro que é a luta contra o símbolo do capital, proteger aqueles que se propõem a ir contra o capitalismo e passar outra mensagem muito clara: ninguém manda e ninguém obedece”, explicou um ativista que se identificou como Amarildo.
“Destruímos bancos porque eles servem ao capitalismo. Eles geram miséria, ódio, tristeza e desavença na população”, complementou.
Durante os protestos, eles andam sempre juntos e, usualmente, atacam bancos, grandes corporações ou qualquer outro símbolo de instituições. “Essa é a defesa do oprimido contra o opressor. Ninguém é invisível. Essa invisibilidade é imposta pelo capitalismo”, finalizou.
Eles também afirmam não temer o confronto com a polícia. “É uma tática de defesa. Nós estamos aqui pra demonstrar que ninguém tem que ficar com medo de ninguém.”

Crédito: Joel Oliveira

Mídia manipuladora
A revolta contra os meios de comunicação que descaracterizam as ações dos Black Blocs era evidente. Além de queimarem exemplares da revista Veja, os ativistas se reuniram para decidir se falariam ou não com a imprensa quando o ato se concentrava ainda no Largo da Batata. Houve um consenso da maioria, e eles aceitaram falar com o Brasil de Fato, a TV Brasil, que é pública, e outras mídias independentes.
A matéria da revista Veja referente aos Black Blocs dizia que eles não passavam de jovens drogados e vândalos. Uma ativista, identificada como Emma, diz ter sido procurada no acampamento no Rio de Janeiro por uma repórter da Veja e também pelo Globo para dar entrevista. No entanto, ela disse que recusou ambos os convites por não concordar com a grande mídia.
Afirmou, ainda, ter dito à repórter da Veja que não conversaria com ela, pois o editor manipularia tudo conforme seu interesse. Porém, enquanto lia a reportagem da revista, por diversas vezes, declarou: “Eu não disse isso”.
Na Carta ao Leitor da mesma edição, a Veja disse que “sempre se pautou pela busca da informação correta em nome do interesse público.” Ao ler, Emma disse: “a população está vendo o que vocês estão fazendo.” E, realmente, viu, e reagiu pelas ruas de São Paulo no ato da noite desta sexta-feira (23).
Fonte: BRASIL DE FATO

Nem tudo que cobre o rosto é black bloc,  literalmente ou em metáfora.
A velha imprensa se apresenta através de seus veículos de mídia com uma cara, mas que não é sua cara verdadeira.
Veja disse que "sempre se pautou pela busca da informação correta em nome do interesse público"
Quando disse isso, certamente estava com o rosto coberto.
Todos sabem que veja e outros encapuzados da velha mídia  jamais se pautam pelo interesse público.
Sua orientação é o privado.
Essas mídias se orientam e se movem por interesses políticos bem definidos, usando o palanque privilegiado do jornalismo para tentar construir consensos que em nada favorecem a maioria esmagadora da população brasileira,
Veja, da editora Abril,  que tem em sua participação acionária a empresa Naspper, da África do Sul, defensora do apartheid daquele país e de orientação política antidemocrática e de extrema direita.
Veja, por mais que tente se esconder, é vista por todos.
Seu jornalismo é uma diarréia crônica, que visa única e  exclusivamente defender os interesses do capital predatório e também atacar de todas as formas todo avanço do processo democrático.
Veja é uma salmonelose jornalística, nociva à qualquer sociedade saudável.
A idéia black bloc que toma conta das cidades atacando alvos símblos do capital, é uma idéia bem interessante e inspiradora. 
Se de fato, de acordo com a matéria de BRASIL DE FATO, os black blocs são em maioria pessoas das periferias e favelas das grandes cidades  , isso é um sinal  de que o 99% acordou, e melhor, resolveu agir em bloco contra as forças que durante séculos exploram e oprimem  a maioria das pessoas. Nesse bloco de opressores estão, também, ás empresas de jornalismo da velha imprensa brasileira. Há exatos 59 anos, quando Vargas deixou a vida para entrar para a História, uma multidão na cidade do Rio de Janeiro dirigiu-se para as instalações da rádio globo e do jornal o globo, destruindo tudo que encontravam pela frente e, incvlusive, tirando do ar a rádio dos marinhos. Essa imprensa, na correta visão do povo, atuava para impedir a avanço da democracia e das consquistas sociais, motivo pelo qual foi eleita com alvo principal da fúria da população. Quase seis décadas depois, a história se repete, com outros personagens, porém com as mesmas táticas usadas pela velha imprensa, assim como com os mesmos objetivos. O tiro no coração e as armas de fogo,  hoje, estão nas palavras e nas narrativas de um  judiciário que a cada dia se distancia mais da justiça para todos. Já  a velha imprensa cumpre o mesmo papel de antes. O povo enfurecido daqueles distantes anos da década de 1950, hoje pode ser muito bem representado pelo processo crescente e inspirador  de ataques as instalações e  a  profisssionais da velha imprensa, além, claro, de todo o movimento popular para democratização dos meios de comunicação.
Nesse contexto a ação direta dos black blocs contra tudo que simbolize o capital não muda as instituições políticas, não muda o conceito de segurança pública e muito menos garante que os governos atuem em benefício do povo. Porém, coloca em cena uma conscientização político social  nas camadas menos favorecidas da população de que a mudança de fato só pode acontecer com um forte protagonismo popular, fazendo com que os poderes, a democracia, e as políticas públicas , sejam repensadas com a participação popular, e, um estado de bem viver possa ser pensado e garantido para todos.
Os inimigos são o capital, a velha imprensa, os bancos, as transnacionais, as empresas de transporte coletivo e os poderes( municipais, estaduais e federal) que não estejam alinhados com um conteúdo programático e políticas  que beneficiem  a maioria da população.
A tentativa de criminalização dos black blocs pela velha imprensa é sinal de medo. A hora é de mais ação.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Jornalismo Declaratório Infringente Continuado

IBGE: desemprego em julho cai para 5,6%, uma das menores taxas do mundo e a 2ª menor da história do Brasil. 
País já criou 907 mil empregos no ano e 41 mil em julho, mês afetado por protestos que reduziram oferta de vagas no comércio, sobretudo das capitais
Esses são os fatos e essa é a manchete garrafal da 'Folha', desta 5ª feira: 
'Capitais fecham vagas pela 1ª vez em uma década'
Fonte: CARTA MAIOR
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Desemprego recua para 5,6% em julho, diz IBGE

Rio de Janeiro - A taxa de desemprego fechou julho em 5,6%. O índice é superior aos 5,4% de julho de 2012, mas inferior aos 6% de junho deste ano. O dado foi divulgado hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Pesquisa Mensal de Emprego (PME).O número de pessoas desocupadas ficou em 1,4 milhão em julho, mantendo-se estável em relação a junho deste ano e a julho de 2012. A população ocupada chegou a 23,1 milhões, ficando estável em relação a junho e 1,5% maior que julho do ano passado.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado chegaram a 11,6 milhões, estável em relação a junho e 3,5% a mais que em julho de 2012. O rendimento real atual ficou em R$ 1.848,40, ou seja, 0,9% inferior a junho (que havia sido de R$ 1.864,39), mas 1,5% superior a julho (R$ 1.821,04).
A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) é feita nas regiões metropolitanas do Recife, de Salvador, de Belo Horizonte, do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Porto Alegre.
Fonte: JORNAL DO BRASIL 
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Os textos acima , de CARTA MAIOR e do JORNAL DO BRASIL, apresentam os resultados das pesquisas efetuadas pelo IBGE, sendo o segundo mais detalhado nas informações, natural pois trata-se da própria matéria do jornal enquanto o de CARTA MAIOR é apenas uma chamada.
Chamo atenção para o caro e atento leitor , sobre o conteúdo das informações fornecidas pelo IBGE. 
De uma maneira geral, a pesquisa apresentada pelo IBGE apresenta dados positivos para o país, no tocante a geração de empregos, taxa de desemprego e renda dos trabalhadores. Destaque  para o índice de desemprego de 5, 6%, uma das menores taxas do mundo e , segundo CARTA MAIOR, a segunda menor da história do Brasil.
Se o conjunto da pesquisa apresenta dados positivos, é de se esperar que qualquer manchete sobre o assunto, seja em impresso, rádio ou tv, siga o mesmo caminho, não é, caro leitor ?
Em um jornalismo saudável, sem necroses, as manchetes trariam o cenário positivo apresentado pelos dados, porém, não é o que acontece.
Vejamos duas manchetes na velha mídia, de hoje:
Folha de SP: ' Capitais Fecham Vagas, pela 1ª vez em uma Década'
O Globo online : ' Renda cai pelo 5ª mês consecutivo'
Nos dois exemplos acima  as notícias  são apresentadas em forma de um recorte negativo do país e do governo , mesmo sobre um conjunto de dados positivos.
Vamos imaginar o seguinte cenário:
Uma mullher é agredida pelo marido, em uma discussão em frente a uma padaria. Seguindo a lógica de folha e globo as manchetes seriam:
Folha: 'Padaria fica vazia em horário de movimento'
Globo: 'A Violência e o Pão Nosso de Cada Dia'
Nos dois casos a notícia, o que contempla mais dados e informações, foi a agressão de um homem sobre uma mulher, em horário de grande movimento de pessoas , na frente de uma movimentada e famosa padaria de um bairro da cidade. 
Folha focou o dinheiro que fugiu , momentaneamente, em função de uma conjuntura.
Globo foca na questão da violência urbana, algo que existe em todas as cidades em maior ou menor índice, apelando para um suposta solução divina. 
Nenhum dos dois se concentrou no fato bruto,no que de fato aconteceu, dando margem a diferentes interpretações, mesmo que através de manchetes sobre um evento. 
Assim tem sido o jornalismo da velha mídia ao longo dos anos dos governos populares, democráticos e bem sucedidos do Partido do s Trabalhadores.
Diariamente, os veículos da velha mídia procuram retratar para seus consumidores de informação um cenário de pessimismo, de incompetência do governo, de caos , de corrupção, de algo que está péssimo e ainda pode piorar.
A prioridade do noticiário da velha imprensa e de seu aparato midiático é procurar, sempre, um caminho para demonização do governo federal, mesmo que para isso absurdos noticiosos como o que assitimos hoje, sejam produzidos pelos contorcionistas dos fatos. O assunto apresentado pelo IBGE, no caso específico para o país, permite análises interessantes sobre cenário brasileiro em comparação como cenário mundial, visto que este último apresenta uma situação de crise prolongada, onde os índices de desemprego alcançam valores estratosféricos , ultrapassando a casa de 20%, em vários países. Mesmo no país referência para a velha imprensa e seu aparato midiático, os EUA, os índices de desemprego ( que por lá consideram um trabalhador que trabalhe 4 horas por semana sem nenhuma garantia trabalhista como empregado) andam pela casa de 8%. 
Lula, em certa ocasião, disse que daqui a algumas décadas  alguém fizesse uma pesquisa sobre o Brasil  durante os governos do PT, e para isso pesquisasse os maiores jornais e revistas da época, certamente chegaria a conclusão que foi um momento de terra arrasada para a nação, de profundas crises, pessimismo e desespero, além de numerosos e intermináveis escândalos de corrupçãono governo.
Com o retorno do julgamento do mensalão, que no momento analisa recursos solicitados pelos réus, a velha imprensa mergulha de cabeça e bico no assunto, arriscando-se a perder belas e numerosas penas em sua nova empreitada para demonizar o governo do PT. Cabe lembrar  que tal julgamento foi indecentemente divulgado pela velha mídia e em nada contribuiu para que o PT sofresse derrotas nas eleições municipais de 2012, ao contrário, o partido , Dilma e Lula, foram os principais vitoriosos das eleições. Agora, quando ocorre o julgamento dos recursos, em uma nova overdose de expressões prá lá de estranhas para a grande maioria da população, chega a ser cômico e mesmo ridículo assitir ao esforço das empresas globo de tv, transmitindo ao vivo em suas grades, momentos de debates entre os ministros do STF. Para a maioria do povo que foi fuzilada com a cobertura do julgamento no ano passado, o retorno das togas esvoaçantes, aparece como algo surrealista que tem merecido total indiferença da maioria da população, ainda mais em função das novas e escandalosas notícias sobre corrupção em ninhos   paulistas de belas aves e também sobre as gigantescas trapaças de globo em overseas com direito a sonegação de imposto pesado para os cofres públicos.
Enquanto isso o país começa a receber parte dos médicos cubanos que irão trabalhar em aŕeas onde a nossa medicina mercantilizada não atua. Diante do fato, o surrelista conselho federal de medicina, alerta, ao melhor estilo Bolsonaro's boy que a presença dos médicos cubanos no interior do Brasil pode fomentar uma revolução comunista, uma nova guerrilha do Araguaia, já que o perigo vermelho é especialista em conscientizar pessoas pobres e de pouca instrução. Isso não é brincadeira, caro leitor. Foi dito por um médico, que enquanto cidadão é a exṕressão do obtuso, o que preocupa com contaminações em sua atividade médica, uma vez que a anatomia humana e social são interdependentes. O homem é, também, produto do meio, e se o  meio de formação de nossos médicos contribui para a formação de cidadãos obtusos, é alarmante o momento da medicina no país. É provável que o médico em questão ao ser abordado por uma criança faminta que deseja dinheiro para comer um pão, na rua, por volta dez horas da manhã, diga o seguinte:
- meu filho, não vou dar dinheiro nem comida para vocẽ , pois se fizer vocẽ vai perder a fome e não vai almoçar direito.
Nesse país da imprensa surrealista, a prioridade, no momento, é o fato continuado que caracteriza a organização criminosa.
Aliás, tal prioridade pode muito bem se aplicar a velha imprensa, isso diante dos fatos aqui relatados. 
 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Guerra ao Capital

Black Bloc: “Fazemos o que os outros não têm coragem de fazer”

Eles afirmam não temer o confronto com a polícia e defendem a destruição de “alvos capitalistas”. Conheça a história e a forma de luta que se popularizou com o movimento antiglobalização e ganha destaque no Brasil
Esta matéria faz parte da edição 125 da revista Fórum.Nas Bancas
Por Paulo Cezar Monteiro
“Os ativistas Black Bloc não são manifestantes, eles não estão lá para protestar. Eles estão lá para promover uma intervenção direta contra os mecanismos de opressão, suas ações são concebidas para causar danos às instituições opressivas.” É dessa forma que a estratégia de ação do grupo que vem ganhando notoriedade devido às manifestações no País é definida por um vídeo, divulgado pela página do Facebook “Black Bloc Brasil”, que explica parte das motivações e forma de pensar dos seus adeptos.
A ação, ou estratégia de luta, pode ser reconhecida em grupos de pessoas vestidas de preto, com máscaras ou faixas cobrindo os rostos. Durante os protestos, eles andam sempre juntos e, usualmente, atacam de maneira agressiva bancos, grandes corporações ou qualquer outro símbolo das instituições Eles afirmam não temer o confronto com a polícia e defendem a destruição de “alvos capitalistas”. Conheça a história e a forma de luta que se popularizou com o movimento antiglobalização e ganha destaque no Brasil “capitalistas e opressoras”, além de, caso julguem necessário, resistirem ou contra-atacarem intervenções policiais.
Devido ao atual ciclo de protestos de rua, o Black Bloc entrou no centro do debate político nacional. Parte das análises e opiniões classifica as suas ações como “vandalismo” ou “violência gratuita”, e também são recorrentes as críticas ao anonimato produzido pelas máscaras ou panos cobrindo a face dos adeptos. Mas o Black Bloc não é uma organização ou entidade. Leo Vinicius, autor do livro Urgência das ruas – Black Bloc, Reclaim the Streets e os Dias de Ação Global, da Conrad, (sob o pseudônimo Ned Ludd), a define o como uma forma de agir, orientada por procedimentos e táticas, que podem ser usados para defesa ou ataque em uma manifestação pública.

(Flickr.com/nofutureface)
Zuleide Silva (nome fictício), anarquista e adepta do Black Bloc no Ceará, frisa que eles têm como alvo as “instituições corporativas” e tentam defender os manifestantes fora do alcance das ações repressoras da polícia. “Fazemos o que os manifestantes não têm coragem de fazer. Botamos nossa cara a tapa por todo mundo”, afirma.
O jornalista e estudioso de movimentos anarquistas, Jairo Costa, no artigo “A tática Black Bloc”, publicado na Revista Mortal, lembra que o Black Bloc surgiu na Alemanha, na década de 1980, como uma forma utilizada por autonomistas e anarquistas para defenderem os squats (ocupações) e as universidades de ações da polícia e ataques de grupos nazistas e fascistas. “O Black Bloc foi resultado da busca emergencial por novas táticas de combate urbano contra as forças policiais e grupos nazifascistas. Diferentemente do que muitos pensam, o Black Bloc não é um tipo de organização anarquista, ONG libertária ou coisa parecida, é uma ação de guerrilha urbana”, contextualiza Costa.
De acordo com um dos “documentos informativos” disponíveis na página do Facebook, alguns dos elementos que os caracterizam são a horizontalidade interna, a ausência de lideranças, a autonomia para decidir onde e como agir, além da solidariedade entre os integrantes. Atualmente, há registros, por exemplo, de forças de ação Black Bloc nas recentes manifestações e levantes populares no Egito.

Manifestantes se reúnem em rua do Leblon, no Rio de Janeiro, próximos à casa do governador Sérgio Cabral (Foto: Mídia Ninja)
Black Bloc no Brasil
Para Leo Vinicius, é um “pouco surpreendente” que essa estratégia de manifestação urbana, bastante difundida ao redor do mundo, tenha demorado a chegar por aqui. “Essa forma de agir em protestos e manifestações ganhou muito destaque dentro dos movimentos antiglobalização, na virada da década de 1990 para 2000. Não é uma forma de ação política realmente nova”. No Brasil, existem páginas do movimento de quase todas as capitais e grandes cidades, a maior parte delas criadas durante o período de proliferação dos protestos. A maior é a Black Bloc Brasil, com quase 35 mil seguidores, seguida pela Black Bloc–RJ, com quase 20 mil membros.
A respeito da relação com o anarquismo, Vinicius faz uma ressalva. É preciso deixar claro que a noção de que “toda ação Black Bloc é feita por anarquistas e que todos anarquistas fazem Black Bloc” é falsa. “A história do Black Bloc tem uma ligação com o anarquismo, mas outras correntes como os autonomistas, comunistas e mesmo independentes também participavam. Nunca foi algo exclusivo do anarquismo. Na prática, o Black Bloc, por se tratar de uma estratégia de operação, pode ser utilizado até por movimentos da direita”, explica o escritor.
Para alguns ativistas, o processo de aceitação das manifestações de rua, feito pela grande mídia e por parte do público, de certa forma impôs que, para serem considerados legítimos, os protestos deveriam seguir um padrão: pacífico, organizado, com cartazes e faixas bem feitas e em perfeito acordo com as leis. Vinicius demonstra certa preocupação com a possibilidade do fortalecimento da ideia de que essa forma “pacífica” seja vista como o único meio possível ou legítimo de protestar. Ele afirma que não entende como violenta a ação Black Bloc de quebrar uma vidraça ou se defender de uma ação policial excessiva. “A violência é um conceito bastante subjetivo. Por isso, não dá pra taxar qualquer ato como violento, é preciso contextualizá-lo, entender as motivações por trás de cada gesto”, avalia.
Para ele, a eficácia de uma manifestação está em saber articular bem formas de ação “pacíficas” e “não pacíficas”. Foi esse equilíbrio, analisa, que fez com que o Movimento Passe Livre – São Paulo (MPL-SP) barrasse o aumento da tarifa na capital paulista. “Só com faixas e cartazes a tarifa não teria caído”, atesta. “Quem tem o poder político nas mãos só cede a uma reivindicação pelo medo, por sentir que as coisas podem sair da rotina, de que ele pode perder o controle do Estado”, sentencia.
Por outro lado, Vinicius alerta que é preciso perceber os limites para evitar que as ações mais “radicais” façam com que o movimento seja criminalizado ou se isole da sociedade e, com isso, perca o potencial de realizar qualquer mudança. Em sua obra, faz a seguinte definição daqueles que adotam a estratégia Black Bloc: “Eles praticam uma desobediência civil ativa e ação direta, afastando assim a política do teatro virtual perfeitamente doméstico, dentro do qual [a manifestação política tradicional] permanece encerrada. Os BB não se contentam com simples desfiles contestatórios, certamente importantes pela sua carga simbólica, mas incapazes de verdadeiramente sacudir a ordem das coisas”, aponta.
Outra crítica recorrente é o fato de os BB usarem máscaras ou panos para cobrirem os rostos. Os adeptos da ação explicam que as máscaras são um meio de proteger suas identidades para “evitar a perseguição policial” e outras formas de criminalização, como também criar um “sentimento de unidade” e impedir o surgimento de um “líder carismático”.
Luta antiglobalização
Com o passar do tempo, segundo Jairo Costa, as táticas Black Bloc passaram a ser reconhecidas como um meio de expressar a ira anticapitalista. Ele explica que geralmente as ações são planejadas para acontecer durante grandes manifestações de movimentos de esquerda.
O estudioso destaca como um dos momentos mais significativos da história Black Bloc a chamada “Batalha de Seattle”, em 1999, contra uma rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em 30 de novembro daquele ano, após uma tarde de confrontos com as forças policiais, uma frente móvel de black blockers conseguiu quebrar o isolamento criado entre os manifestantes e o centro comercial da cidade. Após vencer o cerco policial, os manifestantes promoveram a destruição de várias propriedades, limusines e viaturas policiais, e fizeram várias pichações com a mensagem “Zona Autônoma Temporária”. Estimativas apontam prejuízos de 10 milhões de dólares, além de centenas de feridos e 68 prisões.
Para Costa, um dos episódios mais impactantes – e duros – da história Black Bloc foi o assassinato de Carlo Giuliani, jovem anarquista de 23 anos, durante a realização simultânea do Fórum Social de Gênova e a reunião do G8 (Grupo dos oito países mais ricos), na Itália, em julho de 2001. Ele lembra que, após vários confrontos violentos – alguns deles vencidos pelos manifestantes, que chegaram a provocar a fuga dos policiais, que deixaram carros blindados para trás –, ocorreu o episódio que levou à morte de Giuliani.
“Ele partiu para cima de um carro de polícia tentando atirar nele um extintor de incêndio. Muitos fotógrafos estavam por lá e seus registros falam por si. Ao se aproximar do carro, Giuliani é atingido por dois tiros, um na cabeça. E, numa cena macabra, o carro da polícia dá marcha a ré e atropela-o várias vezes”, narra. Os assassinos de Carlo Giuliani não foram condenados. Dois anos após o fato, a Justiça italiana considerou que a ação policial se deu como “reação legítima” ao comportamento do militante.
Alvos capitalistas
Entre as formas de ação direta do Black Bloc destacam-se os ataques aos chamados “alvos simbólicos do capital”, que incluem joalherias, lanchonetes norte-americanas ou ainda a depredação de instituições oficiais e empresas multinacionais. Costa explica que essas ações “não têm como objetivo atingir pessoas, mas bens de capital”.
Zuleide justifica a destruição praticada contra multinacionais ou outros símbolos capitalistas, porque elas seriam mecanismo de “exploração e exclusão das pessoas”. “Queremos que esses meios que oprimem e desrespeitam um ser humano se explodam, vão embora, morram. Trabalhar dez horas por dia para não ganhar nada, isso é o que nos enfurece. Por isso, nossas ações diretas a eles, porque queremos causar prejuízos, para que percebam que há pessoas que rejeitam aquilo e que lutam pela população”, explica.
Ela reconhece que essas ações diretas podem deixá-los “mal vistos” na sociedade, já que há pessoas que pensam: “Droga, não vou poder mais comer no ***** porque destruíram tudo”. Porém, Zuleide afirma que o trabalhador, explorado por essas corporações, “adoraria fazer o que nós fazemos”, mas, por ter família para sustentar e contas a pagar, não faz. “Esse é mais um dos motivos que nos fazem do jeito que somos”, pontua.
Vinicius explica que, nas “ações diretas”, os black blockers atacam bens particulares por considerarem que “a propriedade privada – principalmente a propriedade privada corporativa – é em si própria muito mais violenta do que qualquer ação que possa ser tomada contra ela”. Quebrar vitrines de lojas, por exemplo, teria como função destruir “feitiços” criados pela ideologia capitalista. Esses “feitiços” seriam meios de “embalar o esquecimento” de todas as violências cometidas “em nome do direito de propriedade privada” e de “todo o potencial de uma sociedade sem ela [as vitrines]”.
Sem violência?
Em praticamente todas as manifestações, independentemente das causas e dos organizadores, tornou-se comum o grito: “Sem violência! Sem violência!”, que tinha como destinatários os policiais que, teoricamente, entenderiam o caráter “pacifista” do ato. Também seria uma tentativa de coibir a ação de “vândalos” ou “baderneiros”, que perceberiam não contar com o apoio do restante da massa.
Zuleide reconhece que, inicialmente, a ação Black Bloc era alvo desses gritos, mas, segundo ela, quando as pessoas entendem a forma como eles atuam, isso muda. “Os manifestantes perceberam que o Estado não iria nos deixar falar, nos deixar reivindicar algo, e começaram a nos reprimir. Quando há confronto [com a polícia], nós os ajudamos retardando a movimentação policial ou tirando eles de situações que ofereçam perigo, e alguns perceberam isso”, afirma.
Apesar de os confrontos com policiais não serem uma novidade durante as suas ações, os adeptos afirmam não ter como objetivo atacar policiais. Contudo, outro documento intitulado “Manifesto Black Bloc” deixa claro que, caso a polícia assuma um caráter “opressor ou repressor”, ela se torna, automaticamente, uma “inimiga”.
No “Manual de Ação Direta – Black Bloc”, também disponível na internet, a desobediência civil é definida como “a não aceitação” de uma regra, lei ou decisão imposta, “que não faça sentido e para não se curvar a quem a impõe. É este o princípio da desobediência civil, violenta ou não”. Entre as possibilidades de desobediência civil são citadas, por exemplo, a não aceitação da proibição da polícia que a manifestação siga por determinado caminho, a resistência à captura de algum manifestante ou, ainda, a tentativa de resgatar alguém detido pelos policiais.
Também são ensinadas táticas para resistir a gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e outras formas de ação policial, além de dicas de primeiros socorros e direitos legais dos manifestantes. De acordo com o documento, as orientações desse manual tratam apenas da desobediência civil “não violenta”.
Outra orientação é que seja definido, antes da manifestação, se a desobediência civil será “violenta” ou “não violenta”. Caso se opte pela ação ‘não violenta’, essa decisão deve ser respeitada por todos, visto que não cumprir o combinado pode pôr “em risco” outros companheiros, além de ser um sinal de “desrespeito”.
Contudo, o mesmo manual deixa claro que o que “eles fazem conosco” todos os dias é uma violência, sendo assim, “a desobediência violenta é uma reação a isso e, portanto, não é gratuita, como eles tentam fazer parecer”.
Uma breve história
1980: O termo Black Bloc (Schwarzer Block) é usado pela primeira vez pela polícia alemã, como
forma de identificar grupos de esquerda na época denominados “autônomos, ou autonomistas”, que lutavam contra a repressão policial aos squats (ocupações).
1986: Fundada, em Hamburgo (Alemanha), a liga autonomista Black Bloc 1500, para defender o Hafenstrasse Squat.
1987: Anarquistas vestidos com roupas pretas protestam em Berlim Ocidental, por ocasião da presença de Ronald Reagan, então presidente dos EUA, na cidade.
1988: Em Berlim Ocidental, o Black Bloc confronta-se com a polícia durante uma manifestação
contra a reunião do Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
1992: Em São Francisco (EUA), na ocasião do 500º aniversário da descoberta da América por Cristóvão Colombo, o Black Bloc manifesta-se contra o genocídio de povos nativos das Américas.
1999: Seattle contra a Organização Mundial do Comércio (OMC). Estima-se em 500 o número de integrantes do Black Bloc que destruíram o centro econômico da cidade.
2000: Em Washington, durante reunião do FMI e Banco Mundial, cerca de mil black blockers anticapitalistas saíram às ruas e enfrentaram a polícia.
2000: Em Praga (República Tcheca), forma-se um dos maiores Black Blocs que se tem notícia, durante a reunião do FMI. Cerca de 3 mil anarquistas lutam contra a polícia tcheca.
2001: Quebec (Canadá). Membros do Black Bloc
são acusados de agredir um policial durante uma marcha pela paz nas ruas de Quebec. Após esse evento, a população local e vários manifestantes de esquerda distanciaram-se da tática Black Bloc e de seus métodos extremos.
2001: A cidade de Gênova (Itália), ao mesmo tempo, recebeu a cúpula do G8 e realizou o Fórum Social de Gênova, com um grande número de Black blockers, além de aproximadamente de 200 mil ativistas. A ação ficou marcada pela violenta morte do jovem Carlo Giuliani, de 23 anos.
2007: Em Heiligendamm (Alemanha), reunião do G8 foi alvo de uma ação com a participação de cerca de 5 mil blackblockers . Mobilização Black Bloc de cerca de 5.000 pessoas
2010: Toronto (Canadá), na reunião do G20. Neste confronto, mais de 500 manifestantes foram presos e dezenas de outros ativistas foram parar em hospitais com inúmeras fraturas.
2013: Cairo (Egito). O Black Bloc aparece com forte atuação nos protestos da Praça Tahir, no combate e resistência ao exército do então presidente Hosni Mubarak.
Fonte: Artigo “A Tática Black Bloc”, escrito por Jairo Costa, na Revista Mortal, 2010

Fonte: REVISTA FORUM


1 - a fabricação de roupas e mesmo de material esportivo utilizados por atletas, alguns bem badalados na velha mídia,  se dá em fábricas que se assemelham aos campos de concentração nazista da segunda guerra mundial. Os funcionários dessas fábricas chegam a trabalhar até 14 horas por dia, recebendo , as vezes, salários inferiores ao salário mínimo, além de sofrerem violência por parte de supervisores no local de trabalho. As roupas fabricadas são vendidas, a um prêço bem salgado, nas principais redes de lojas de departamentos do mundo.

2 - redes de lanchonetes fast food, com lojas em todo o mundo, são frequentemente acusadas de trabalho escravo e violência contra os funcionários. No Brasil são vários os casos.

3 - operadoras de cartão de crédito tem em suas ações de expansão enviar , pelo correiro, cartões de crédito e um boleto com a fatura dos serviços, sem que as pessoas solicitem tal serviço. Caso o receptor não queira o cartão e ignore aquilo que recebeu, seu nome irá parar na lista dos serviços de proteção ao crédito, já que para as operadoras de cartão de crédito, o simples envio de um cartão com a fatura caracteriza um contrato de adesão ao cartão, a revelia do receptor que nada solicitou. As operadoras de cartão chamam tal estratégia de marketing agressivo, com o objetivo de aumentar sua carteira de clientes.

4 - proprietários das empresas de transporte coletivo e de emissoras de tv são pessoas bilionárias. Tanto o transporte coletivo, como as emissoras de tv são concessões públicas que deveriam ter como objetivo principal o interesse público, oferecendo serviços de qualidade para a população.

5 - agricultura é um grande negócio, alimentos são comoditties onde se especula  ganhos futuros com variação de prêços, sementes são propriedades de poucas corporações que definem o que se planta, onde se planta e quem planta. Proprietários de redes de supermercados são pessoas bilionárias. 

6 - operadoras de telefonia definem locais para instalação de telefonia móvel em função da lucratividade da região, ignorando as necessidades das populações envolvidas.

7 - as cidades foram assaltadas pelas corporações que definem o valor do metro quadrado, quem pode morar, quem deve ser expulso da região. Os espaços urbanos são desenhados para que o transporte individual prevaleça.

8 - a cultura e o esporte foram tomadas de assalto pelas  corporações de mídia, indústria fonográfica, empresas anunciantes desses eventos na tv e grandes corporações. A cultura e o entretenimento passam a ser aquilo que as corporações entendem como lucrativo, e sua veiculação para o público deve seguir a mesma lógica da lucratividade , no tocante aos períodos, dias e horários dos eventos.

E então, meu caro leitor ?
Se o assunto é a violência o caro leitor não acha que todas as formas de violência e opressão deveriam ser amplamente analisadas e debatidas ?
Imagino que o leitor concorda. Entretanto, na pŕatica não é o que acontece.
O marketing agressivo,( ou violento ?) das operadoras de cartão de crédito sequer é questionado pelos grandes veículos de mídia, veículos de mídia que tem nas instituições financeiras seus grandes anunciantes.
O trabalho escravo nas redes de fast food e nas fábricas de roupas, muitas de grife, jamais aparece como denúncia nos grandes veículos de mídia. Veículos de mídia que tem nas redes de fast food e nas lojas de roupas e material esportivo, seus grandes anunciantes.
O transporte coletivo de qualidade, algo raro nas grandes cidades brasileiras, não merece a devida atenção dos grandes meios de comunicação privados , que tem nas montadoras de automóveis seus principais anunciantes.
Um programa de qualidade vida e saúde para a população não tem o devido destaque nos grandes veículos de mídia. Veículos de mídia que tem como principais anunciantes as redes de supermercados que priorizam os alimentos industrializados. Alimentos industrializados que são fabricados com produtos oriundos de agricultura controlada por grandes corporações, que por suas vez , também são grandes anunciantes das emissoras de mídia privada.
No conjunto das empresas privadas de mídia e de seus grandes anunciantes, a cultura e o entretenimento apresentados , sugerem um estilo de vida considerado o ideal e "civilizado", onde os hábitos de nutrição seguem os produtos apresentados, o vestuário um padrão global veiculado em filmes e novelas, o consumo de bens duráveis ou não como um valor de sucesso que confere respeito e credibilidade, e a habitação um padrão condominial , onde todos  iguais convivem isolados da periferia em locais assépticos e higiênicos, garantidos por forte aparato de segurança privada.
Ao final  chegamos ao controle da violência, que é segurança das pessoas por empresas de segurança privada e seus recursos tecnológicos. que visam garantir a segurança contra um bando de bárbaros, bando esse que nada mais é que a maioria da população. População que sofre toda essa violência citada acima, toda essa opressão e ainda é taxada de violenta quando se manifesta contra a verdadeira violência dos tempos atuais, que é a hegemonia e a profiferação do capital turbinado e todas as suas formas de expressão, por pessoas  por  serviços e por corporações.
A propósito, a violenta mídia privada brasileira pede, constantemente, que os manifestantes façam protestos de forma pacífica.

Grupo com cerca de cem manifestantes realiza ato na avenida Paulista, em São Paulo, contra o governo de Geraldo Alckmin, envolvido em escândalo de corrupção com as empresas estatais CPTM e Metrô. Uma edição da revista Veja, com os black blocs na capa, foi queimada, na noite desta terça-

Fonte: BOL

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Veja Chapada

A garota black bloc na capa da Veja responde à revista
“Emma” aponta os erros na matéria em que foi o personagem central
Por Mauro Donato, no Diário do Centro do Mundo

Emma (Reprodução)
“Emma, de 25 anos, integrante dos black blocs no Rio”, conforme legenda que identifica o rosto coberto por uma camiseta na capa da Veja, está indignada. E afirmou que irá redigir uma “Carta aberta à Veja”.
Na tarde de sábado, logo após a revista chegar às suas mãos, Emma, acampada no Ocupa Cabral, apoderou-se do celular que fazia transmissão ao vivo pelo TwitCasting e passou mais de uma hora vociferando contra a publicação (vídeo aqui).
Revoltada, demonstrava discordar de A a Z da matéria. Ainda na capa, ela aponta um erro que considera primário ao inseri-la como membro de um grupo. “Black bloc não é grupo e sim uma tática de manifestação. Não tenho como ser integrante de uma coisa que não existe.” A chamada (O bando dos caras tapadas) também desperta ira quanto ao trocadilho que ela diz ser “digno do Zorra Total” e que jornalistas deveriam se envergonhar de trabalhar numa revista como aquela.
Auxiliada por um mascarado que a ajuda a folhear a revista cujas páginas estão rebeldes por causa do vento da praia, Emma vai analisando e xingando trechos preconceituosos e moralistas. Sua revolta (e dos que estão ao redor) aumenta diante do relato sobre consumo de drogas e sexo promíscuo. “Entre um baseado e um gole de vodka, (…) vinho barato e cocaína ! Onde isso?”
Ela segue jogando molotovs na Veja até chegar ao quadro de fundo cinza, parte que considera ter sido feita especialmente para si. Abaixo de uma foto em que aparece lendo História da Riqueza do Homem, de Leo Huberman, o texto procura atingi-la de modo a reduzir suas insatisfações a desvarios adolescentes. Emma ridiculariza a tentativa da revista de expor intimidades e frases soltas apenas para diminuí-la.
O mascarado também faz seu desabafo: “Isso foi tudo inventado. A grande mídia faz assim, ela conta a história que ela quer. Essa matéria aqui é completamente mentirosa, não é nem falaciosa, é mentirosa mesmo. A intenção é manipular a opinião pública”, diz ele.
Emma aponta a câmera para as barracas: “Olha lá, todo mundo transando e se drogando.” Ela se enfurece com o golpe baixo ao ser chamada de namoradeira e suspeita que gente infiltrada a delatou na passagem em que “fica” com dois acampados num mesmo dia.
As fotos nas quais ela aparece (capa e miolo) são assunto polêmico. Ainda que através de uma elíptica fenda apenas se revelem os olhos azuis, sobrancelhas finas e um pouco do nariz, todos de traços sugestivamente médio-orientais e de ar misterioso, fica evidente que Emma mexe com a curiosidade. Enquanto conta que o fotógrafo se fez passar por membro de agência internacional, Emma recebe um elogio à sua beleza através do chat interativo. “Obrigada, mas a reportagem não mexeu com meu ego. Não adianta nada a foto estar bonita se o conteúdo é escroto”, disse. “Não vendi foto nenhuma, publicaram isso sem minha autorização”. Uma senhora que estava ao lado pergunta se ela pode processar a revista por uso indevido de imagem. “Sim”, responde Emma. Um outro espectador bem humorado diz ter sentido falta de um poster central na revista. “Poster o caralho, já falei para parar com a idolatria. Não vim aqui para mostrar a bunda, vim mostrar o que tenho no cérebro.”
Emma diz ter sido procurada no acampamento por uma repórter da Veja e também pelo Globo. Dá a entender que recusou ambos os convites por não concordar com a grande mídia. Afirmou ter dito à repórter da Veja que não conversaria com ela pois o editor manipularia tudo conforme seu interesse. Contudo, enquanto lia a reportagem, por diversas vezes declarou: “Eu não disse isso, desse jeito.”
Além dos equívocos denunciados por Emma, a matéria afirma que os blacks blocs são um grupo pequeno e não chegariam a duzentos miilitantes. Apenas na frente da Assembleia Legislativa de São Paulo, na semana passada, havia um grupo de aproximadamente cem indivíduos. Comunidades black blocs no Facebook são encontradas em São Paulo, Caxias do Sul, Minas, Ceará, Niterói, Rio de Janeiro. Só a do Rio possui mais de 23 mil “curtidores”.
Também não é verdade quando a revista afirma que black blocs haviam queimado uma catraca durante uma manifestação (o ato é simbólico e religiosamente proporcionado pelo MPL, não teve nada a ver com black blocs) ou quando alega que nenhum McDonald’s ou Starbucks escapem ilesos de protestos em que haja pelo menos um mascarado (na noite de sexta-feira, novamente na Assembleia, nenhuma guerra de spray ou gás ocorreu mesmo na presença de 60 ou 70 black blocs).
Criticando professores universitários admiradores do movimento, a Veja incita a polícia a enquadrar os “arruaceiros” pelo crime de formação de quadrilha, algo ainda não feito, obviamente, por não ser possível juridicamente (como foi dito por um membro dos Advogados Ativistas aqui no Diário).
Na Carta ao Leitor da mesma edição, lê-se que “VEJA sempre se pautou pela busca da informação correta em nome do interesse público.” Ao encerrar sua participação no Twitcasting, Emma diz para a Editora Abril: “A população está vendo o que vocês estão fazendo.”

Mais uma mentira violenta de velha imprensa. Para criminalizar , vale dizer que os manifestantes são usuários de drogas e bebidas alcoólicas, a mesma conversa fiada. 

Já que Veja tocou no assunto, vale a leitura, abaixo, de parte de uma postagem do PAPIRO, Diários de Botequim - 1 As Confissões de Lúcia.

- vamos procurar minha amiga. Marquei com ela .
Andando com dificuldades no meio daquela multidão, olhando nas mesas já todas ocupadas, Ciro encontrou sua amiga. Uma mulher loira, bem vestida, simpática  que estava acompanha de uma amiga. Depois das apresentações de praxe, fiquei sabendo que a amiga de Ciro era Telma e que sua amiga era Lúcia, uma morena, de estatura mediana, de meia idade e sorridente. Com dificuldade conseguimos mais três cadeiras e ocupamos a mesa com as duas mulheres. Como éramos três homens e duas mulheres, não perdi tempo em conversas e tirei Lúcia para dançar. De imediato rolou uma química na dança, o que facilitou nossa conversa. Enquanto dançávamos sem parar, para desespero do arrumadinho Nelsinho que ficou sozinho na mesa, trocávamos informações aprofundando o conhecimento sobre ambos. Ciro estava em êxtase com Telma, fazendo as mais variadas evoluções pelo salão.  Lúcia era jornalista, tinha quarenta e quatro anos e já era avó de dois meninos, que moravam com a filha única na cidade São Paulo.  Independente, bem sucedida na profissão, trabalhava como repórter há vinte anos em um grande grupo de comunicação do Rio de Janeiro, dedicando mais tempo a emissora de rádio do grupo, onde vivia pela cidade cobrindo a desgraça do Brizola, como ela costumava dizer. Nossa amizade foi imediata. Depois daquele baile, e dois outros mais em que nos encontramos no mesmo lugar, passamos a ter encontros frequentes em um bar do bairro de Botafogo, sempre pelo fim da tarde, que era reduto de profissionais da imprensa. Circulavam por lá jornalistas, repórteres de rua, motoristas, fotógrafos , cinegrafistas e outros profissionais de diferentes grupos de comunicação do Rio de Janeiro. Durante boa parte do ano de 1993 convivi com aquelas pessoas, até que em um dia, Lúcia me convidou para vivenciar um dia de trabalho seu. Conforme combinado, isso já pelo final daquele ano, entrei em um carro de reportagem do grupo.  O motorista, Lúcia e eu saímos em direção a zona norte da cidade. Logo de saída, o motorista tirou  um baseado do porta luvas do carro e acendeu sem a menor cerimônia compartilhando com Lúcia.
- mas já pela manhã, e no trabalho, peguntei.
- é todo dia, respondeu o motorista
- e vocês não tem medo de serem flagrados pela polícia, peguntei.
- a polícia não aborda veículos da imprensa, respondeu de imediato Lúcia.
- e por aqui prá onde a gente vai nós conhecemos todos eles, disse o motorista.
- muitos, inclusive , dão a informação correta onde se pode comprar coisa boa, ou até vendem prá gente. disse Lúcia.
- polícia boa, hein, comentei.
- existem várias polícias, disse Lúcia e continuou. Existem aqueles policiais que fazem o trabalho correto, não são corruptos. Existem aqueles, de um outro grupo, que são aliados do crime. E existe, ainda o terceiro grupo, daqueles que são concorrentes do crime. Esses últimos são os piores. Prá onde a gente está indo a polícia é aliada dos bandidos. Por lá a gente pode comprar tranquilo nossos cigarrinhos e até mesmo, servir de fornecedor para a classe média da cidade, principalmente na zona sul.
- vocês da imprensa, como fornecedores, perguntei.
- claro, disse o motorista. Ninguém pára carro da imprensa nas ruas e ainda dá prá melhorar o salário. A gente entrega em casa, só prá bacana de classe média alta e rica.
- quer dizer que imprensa e polícia por vezes são cúmplices , peguntei provocando Lúcia.
- a imprensa faz o jogo da polícia e a polícia faz o jogo da imprensa. As vezes, quando um caso tem grande repercussão, aí não dá para aliviar a polícia, mas na maioria das vezes quem paga é povo. Se alguém de uma comunidade carente tem um parente atingido e morto por uma bala perdida da polícia, o assunto pode até ser notícia, por um ou dois dias, mas depois o assunto cai propositalmente no esquecimento na imprensa, o policial não é punido e aquela conversa toda de análise de onde partiu o tiro é só enganação. Se for um caso de grande repercussão , os policias são até mesmo detidos, julgados, mas logo estão de volta. As pessoas pobres que se virem. Chega a dar pena. Elas pedem prá gente divulgar mas a gente sabe que se for pobre não tem espaço nas redações. Lúcia continuou. Agora mesmo nós vamos apurar uma denúncia que certamente servirá para atacar o governo do Brizola. Aliás, a gente não faz outra coisa. Notícia sobre o governo do Brizola , e isso é orientação do chefe, é para desgastar o governo. Coisa boa que o governo faz é proibido divulgar. Nem adianta tentar fazer uma matéria especial que não passa e ainda a gente corre o risco de perder o emprego.
- mas os fatos são os fatos. disse.
- isso é o que você pensa, disse em  meio a sorrisos dela e do motorista. A notícia não é o fato. A notícia , para a maioria da imprensa, é aquilo que ela, a imprensa, deseja que seja. E aí entram vários interesses, políticos , mercantis , religiosos e outros. O papel da maioria da imprensa, ou melhor o negócio da maioria da imprensa não é a informação e sim o exercício do  poder. A informação é a embalagem para o produto poder. Você passou a conviver conosco nesse meses, percebeu que frequentamos locais onde estão somente profissionais do setor. Por isso o corporativismo é forte, por que sabemos qual é a verdadeira realidade do jornalismo. Não existe pureza, honestidade, ética e muito menos credibilidade no trabalho da maioria da imprensa.
- mas existem profissionais honestos, não ?
- claro que existem, mas não podem sair da linha editorial da empresa, É uma honestidade com limites, com censura interna. Se sair da linha são mandados prá rua. Então, a gente prá não perder o emprego faz o jogo. Mas o interessante é que a maioria dos repórteres, pessoal de apoio, jornalistas de baixo são eleitores do Brizola ou do PT, ou seja , contrários aos interesses da alta direção.
- esquizofrênico, não ? perguntei
- bastante, mas é a realidade. Confesso que não tive coragem para jogar todo esse nojo pro alto. Você lembra das eleições municipais de 1992, perguntou Lúcia.
- claro, mas do que especificamente, perguntei.
- com o Brizola como governador veio uma orientação  de cima da empresa para atacar a candidata do PT. Prá eles era inaceitável que a cidade do Rio de Janeiro também ficasse nas mãos da esquerda. O Tonico sabe bem disse, disse olhando para o motorista. Naquela eleição foi montado um esquema, dez dias antes do primeiro turno, prá derrubar a Bené. Aquela onda de arrastões em prédios da zona sul da cidade foi organizada e colocada em prática por gente da imprensa. Pessoal que tem acesso as favelas  e incitou a violência, junto com os chefes do crime , pra espalhar pânico na classe média, dizendo que se a Bené vencesse as eleições, como iria vencer, ela como favelada iria favorecer os favelados, a cidade se tornaria um caos , etc... Em paralelo inflaram o Cesar Maia ,que só tinha  1% das intenções de voto, como o candidato bem preparado e culto, ideal para assumir a cidade. O resultado você sabe.
- mas isso é terrorismo, comentei.
- como eu disse prá você, o negócio da imprensa não é jornalismo, informação, esclarecimento. O negócio da imprensa é o exercício do poder.
Chegamos em local da zona norte, em uma comunidade carente, onde a polícia fazia uma operação.
- isso e só enganação, disse Lucia e continuou. É só prá aparecer que  estão trabalhando contra o crime. A matéria tem que seguir a linha de que o Brizola não deu,com o tempo, a devida atenção no combate ao crime. Já os fatos, que se danem.
- e a população , com é que fica ?
- não fica. Para a imprensa a população deve pensar e acreditar naquilo que imprensa deseja que a população acredite. Se você for espeto e bem informado, dá sobreviver, caso contrário será mais um que terá a consciência modelada.
O dia fora longo e surpreendente para mim. Ao chegar em casa liguei a TV para assistir as "notícias" e terminar o dia "bem informado".


E então , caro leitor ?
Veja a realidade da notícia e da não notícia.
Para a notícia , vale a mídia alternativa. Porém, caso o leitor deseja a não notíca , vale a veja