sábado, 29 de dezembro de 2012

Bonner & Poeta - Patati & Patatá

Bonner & Poeta  -  Patati & Patatá


TV manipula notícia sobre criação de empregos


Por Fernando Branquinho em 24/12/2012 na edição 726


Na quarta-feira (19/12), no Jornal Nacional, o gráfico atrás da apresentadora Patrícia Poeta mostrava a criação de 1,77 milhão de empregos até agora, em 2012. Considerada a pindaíba econômica do mundo ocidental, qualquer cidadão de outro país olharia com inveja para cá. Mas na Globo não é assim: toda notícia que venha do governo tem que ser “negativada”.
Foi o que fizeram. Este foi o texto lido pela apresentadora:
“A criação de empregos com carteira assinada, este ano, foi 23% menor do que em 2011. É o pior resultado desde 2009. Mas, isoladamente, os números de novembro mostram um aumento de quase 8% no emprego formal.”
Quem estivesse jantando nessa hora sem olhar para a TV não veria o gráfico e faria juízo sobre a informação apenas com o que estivesse ouvindo. Desta vez mudaram a técnica: deram a notícia positiva de forma negativa, e no fim veio o “mas” positivando parcialmente os fatos. Isso é democracia, liberdade de expressão e tudo o mais que eles dizem quando se quer acabar com o oligopólio da mídia? O nome disso é partidarismo de mídia através de manipulação da notícia.
Paranoia? Perseguição à Globo? Coisa de esquerdista, de petista, de lulista, brizolista? Confira aqui mais essa vergonha. Agora veja a notícia por outro ângulo: “Brasil cria 1,77 milhão de empregos com carteira assinada em 2012”.
Os dados do Caged
De janeiro a novembro deste ano, foram abertos 1.771.576 postos de trabalho com carteira assinada no Brasil, o que representa uma expansão de 4,67% no nível de emprego comparado com o final de 2011, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na quarta-feira (19/12) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os dados de novembro, segundo o MTE, mostram continuidade à tendência de crescimento do emprego no Brasil, que registrou pela terceira vez em 2012 um saldo superior ao do ano anterior. Foram declaradas 1.624.306 admissões e 1.578.211 desligamentos no referido mês. Como resultado, o saldo do mês foi de 46.095 novos empregos com carteira assinada no Brasil, correspondentes ao crescimento de 0,12% em relação ao registrado no mês anterior.
Segundo o Caged, apresentaram desempenho positivo no mês o comércio, com 109.617 postos (1,27%), sendo o terceiro melhor saldo para o período; e serviços, com 41.538 postos (0,26%). Por outro lado, alguns setores apresentaram desempenhos negativos. A construção civil teve baixa de 41.567 postos (-1,34%), decorrente de atividades relacionadas à construção de edifícios (-15.577 postos) e construção de rodovias e ferrovias (-8.803 postos), associados a términos de contratos e a condições climáticas.
Complexo sucroalcooleiro puxa emprego para baixo
Na agricultura, houve retração de 32.733 postos (-1,98%), devido à presença de fatores sazonais negativos. A indústria de transformação teve perda de 26.110 postos (-0,31%), proveniente dos ajustes da demanda das festas do fim do ano, queda menor que a ocorrida em novembro de 2011 (-54.306 postos ou -0,65%).
O emprego cresceu em três das cinco grandes regiões, sendo a Sul, com 29.562 postos (0,41%); Sudeste, com 17.946 vagas (0,08%), e Nordeste, com 17.067 empregos (0,28%). As exceções ficaram por conta da região Centro-Oeste (-14.820 postos ou -0,50%), cuja redução deu-se ao desempenho negativo da agricultura (-9.130 postos); da construção civil (-6.393 postos) e da indústria de transformação (-5.929 postos); e da região Norte (- 3.660 postos ou -0,21%), onde a construção civil (-3.371 postos) e a indústria e transformação (-2.084 postos) foram os principais setores responsáveis pela queda no mês.
Por unidade da federação, dezesseis tiveram expansão do emprego. Os destaques foram Rio Grande do Sul (+15.759 postos ou 0,61%); Rio de Janeiro (+13.233 postos ou 0,36%); Santa Catarina: (+8.046 postos ou 0,42%); São Paulo (+7.203 postos ou 0,06%); Paraná (+5.757 postos ou 0,22%) e Bahia (+5.695 postos ou 0,34%). Os estados que demonstraram as maiores quedas no nível de emprego foram: Goiás (-8.649 postos ou -0,75%), devido, principalmente, às atividades relacionadas ao complexo sucroalcooleiro, e Mato Grosso (-5.910 postos ou -0,97%), por causa do desempenho negativo do setor agrícola (-4.798 postos) [ver aqui].
***
[Fernando Branquinho é jornalista, Brasília, DF]

Quando a ética e a moral se tranformam em instrumentos de retórica


Para todos nós que acompanhamos a grande imprensa desde outras décadas, não é novidade o que fez, faz e fará o jornal nacional da tv globo.
Também não é a única mídia a agir assim.
Todos os telejornais da mídia privada, os impressos e as emissoras de rádio tem o mesmo comportamento.
As notícias são escolhidas e passadas para o público em uma operação coordenada.
Os analistas, cronistas  e outros são cuidadosamente escolhidos, em dia , mes e assunto , para que possam destilar suas idéias.
Omitir a realidade, os avanços conseguidos pelos governos democráticos e populares do PT, é a estratégia da grande imprensa.
Amplificar, ao máximo, as fragilidades e deficiências do governo também é parte da estratégia.
Sair em defesa da moral, e dos bons costumes, principalmente agora por causa do julgamento da ação penal 470, também pega bem nas tintas e nos decibéis dos arautos da moralidade.
Quem diria, hein,  a direita corrupta, suja, que sempre roubou o país e o povo, que sempre se enriqueceu as custas de governantes aliados , hoje se apresenta com vestes moralistas e éticas.
Entende-se, afinal a direita, onde se situa encastelada a imprensa, foi durante muitas décadas acusada, corretamente, pela esquerda e pelo povo, como corrupta, incentivadora e realizadora de inúmeros e escandalosos malfeitos com a coisa pública, mentora e executora do maior processo de esfacelamento do estado brasileiro em toda a história que proprocionou o enriquecimento de pessoas , instituições e organizações acomodadas na eterna órbita de corrupção e favorecimento de benesses por parte dos governos, principalmente na década de 1990, onde as privatizações do patrimônio público proporcionaram o surgimento de uma nossa classe de milionários.
Apesar de todos os esforços da esquerda para que tais fatos fossem apurados, nada foi feito até hoje. O governo dos tucanos, com o amplo apoio da imprensa, blindou toda e qulaquer iniciativa de apuração de desvios de quantias milionárias para os aliados daquele governo.
Também, na época, o Supremo Tribunal Federal, com seus respectivos membros, não tinha o status que tem atualmente de mega celebridades togadas, trabalhando assiduamente na defesa dos interesses do país e do povo. Talvez o povo , ou grande parcela dele, não soubesse sequer da existência do STF, para o bem dos governos, governantes e a imprensa da década.
Entende-se a fúria da imprensa contra o governo do PT e a cruzada moralista e ética.
Uma questão de vingança. Algo do tipo: " você agora é governo e chegou a minha vez de denunciar"
" quero ver você no governo com o discurso de oposição" " quero ver você defendendo a ética em um sistema onde a corrupçaõ está na raiz", agora você vai ver o que é bom ", etc...
Essa é a realidade do momento que vivemos no tocante ao comportamento da imprensa em defesa da ética e da moral. Tudo passa ,apenas, pelo jogo do poder. O objetivo da oposição e da direita, cantado diariamente através de suas mídias e seus escribas, é a retomada do poder. Para isso , vale tudo, até mesmo o ladrão denunciar atos de corrupção., ao melhor estilo japonês kamikaze da segunda guerra mundial, ou mais recente, os terroristas que explodem bombas presas em seus corpos.
Como exemplo do ódio e fúria contra os partidos de esquerda defensores de total transparências nas ações de governos, pode-se citar a gestão da Luiza Erundina, quando prefeita da cidade de São Paulo pelo PT, no final da década de 1980 e início da década de 1990.
Impecável com a tranparência das ações de seu governo do PT na prefeitura, em sintonia com uma das bandeiras do partido, Erundina , após o término de seu mandato, sofreu uma minuciosa e profunda auditoria do Tribunal de Contas do Município, que trabalhou em sintonia com a gritaria da imprensa, com o claro objetivo de identificar desvios nos anos de gestão na prefeitura do PT. É dever do TCM, aprovar as contas de uma gestão, mas esse dever pode ser mais ou menos rigoroso em funçaõ do cenário político da cidade, estado ou mesmo do governo federal e também por outros interesses que possam afetar os interesses de uma máquina onde a corrupção está entranhada em todas as veias. A auditoria do TCM encontrou desvios de recursos , que poderiam corresponder quase ao prreço de um imóvel de dois dormitórios , de classe média, na cidade de São Paulo.
O valor correspondia ao patrimônio de Luiza Erundina, um apartamento de dois dormitórios da cidade de São Paulo, que se não fosse pela ajuda de amigos teria que vender seu únicó imóvel para pagar a quantia encontrada pela sanha hipocritamente moralista da auditoria do TCM.
A história agora se repete, colocando em cena os mesmos atores, PT, Direita e Imprensa, porém em escala nacional, na esfera federal.
Imagine, meu caro leitor, se na gestão de Erundina o TCM encontrasse as falcatruas do funcionário da prefeitura de São Paulo que atende pelo nome de Aref.
O Sr, Aref, na gestão Kassab, foi flagrado em atos de corrupção e ainda descobriu-se que seu patrimônio ultrapassa a casa de 30 milhões de reais, issso para um reles funcionário público. O prefeito Kassab, como de costume, disse não sabia de nada e que não poderia se responsabilizar por ações isoladas de um funcionário.
A imprensa, timidamente defendeu seu aliado, o prefeito, e o domímino do fato, a responsabilidade maior por malfeitos, aplicada a Erundina, não valeu para Kassab. Cabe ainda ressaltar que a auditoria do TCM na gestão Erundina, avaliou todo o trabalho da prefeita durante quatro anos, e o Sr. Aref, em apenas um flagrante da gestão Kassab, colocou em cena valores absurdos
A moral e a ética quando interessam
Assim sendo, meu caro leitor, o jornal nacional escondendo notícia e manipulando um feito importante para o povo tornou-se uma prática corriqueira, imoral, amoral  e totalmente desprovida de qualquer conteúdo ético, pois o que está em jogo é a destruição de do PT e principalmente de Lula, que depois de fazer mais das suas , elegendo o até então desconhecido Haddad para  a prefeitura da maior cidade do país, mostrou sua pujança política e sua força no cenário que se desenha para 2014.
Diante do fato, a imprensa passou a vomitar resíduos sólidos de fúria contra o PT, Dilma e Lula, pois a vitória da PT na prefeitura de São Paulo também foi mais uma humilhante derrota, dentre muitas ,nos últimos dez anos, sofrida pela oposição de direita e pela imprensa
Enquanto Bonner e Poeta, no sofrível, medíocre e irrelevante jornal nacional da tv globo, escondem e manipulam as notícias, o povo brasileiro vivencia a realidade.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Elites - A Traumática Aceitação da Realidade

Elites .  A Traumática Aceitação da Realidade

Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil


Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira.

Por Jaime Amparo Alves


Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite "sudestina" ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?

(*) Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin – amparoalves@gmail.com

Fonte: Sul21 / Pragmatismo Político
O Ódio e o Espelho
Lula foi um retirante nordestino.
Foi operário metalúrgico.
Líder sindical.
Um dos fundadores do PT.
Deputado constituinte em 1988.
Presidente da Republica em dois mandatos.
Fez seu sucessor.
Teve , e tem a aprovação da maioria do povo brasileiro.
É reconhecido em todo o mundo como um líder.
Minimizou as drámaticas desigualdades sociais no país.
Lula não é do grupo das elites brasileiras.
Não governou apenas, para as elites
Gosta de festas juninas e futebol
Chora em público.
É um excelente orador.
Tem uma inteligência privilegiada.
Fala com o povo e para o povo.
É de um partido de esquerda.
Não é sociólogo, formado em faculdade.
Imagine, agora, uma elite que ainda tem suas raízes em uma casa grande com tons de verde oliva ?
Uma elite, que engatinha pelos caminhos de uma democracia  ainda jovem.
Imagine, você, caro leitor, uma elite que vivenciou o ressurgimento da democracia no Brasil ao mesmo tempo em que o muro de Berlim desabava, junto com o socialismo real e o capitalismo reinava soberano.
Imagine essa elite que não suporta qualquer alternativa popular, vivendo um período em que governava absoluta.
Imagine uma elite sempre de quatro para os interesses externos e que vê o país e o povo como sub pessoas , subalternos, neo escravos que devem apenas se contentar com pão e circo.
Imagine uma elite que tem em seu dna a vergonha de ser o último país a abondanar a escravidão.
Imagine uma elite separatista, provinciana, que acredita que o seu trabalho só pode render frutos em sua região.
Imagine uma elite que não gosta de pagar impostos, pois estaria subsidiando sub pessoas, preguiçosos, incompetentes e gente vulgar.
Imagine uma elite que rejeita a cultura popular.
Imagine uma elite que rejeita pretos e índios.
Imagine uma elite que defende que o país tenha sempre um papel subalterno, de fornecedor de matérias -primas.
Imagine uma elite que defende que a educação, assim como a saúde devem ser de qualidade somente para aqueles que podem pagar por esses serviços.
Imagine uma elite que acredia que a inicativa privada pode suprir todas as necessidades do país.
Imagine uma elite que acredita que o estado é um impecílio para o desenvolvimento.
Imagine uma elite que defende que governos sejam apenas balcões de negócios para que seus interesses sejam atendidos.
Imaginou ?
Essa é a elite brasileira. Agora você pode, em parte e como ponto de partida, entender o ódio por Lula ,Dilma e o PT.
Como vencedores, sim , Lula, Dilma e o PT são vencedores, isso é inaceitável para os membros do principado do sudeste.
Uma transferência de poder, ainda que limitada, não estava nos planos dos membros do principado.
O povo trabalhando, sendo incluido na sociedade, viajando de avião ( ainda em companhia das elites) é percebido pelos senhores e senhoras do principado como um rebaixamento de seus status.
Onde esse gentio quer chegar ?, questionam sempre os senhores e senhoras da elite.
Lula proporcionou essa inclusão, mesmo com a carta ao povo brasileiro, dentro dos padrões macroeconômicos.
A possibilidade, real e concreta, de que se sintam como brasileiros durante todos os anos, e não apenas em momentos de copa do mundo de futebol , faz com que as elites entrem em desespero.
Lula apontou o espelho para eles.
O maior problema das elites, e é um problema grave e desagregador da sociedade, é que eles não se identificam com as raízes e cultura do país, mas, por outro lado, não são aceitos culturalmente como aquilo que gostariam de ser em relação a outros povos e culturas.
No que são, rejeitam. No que desejam ser, não o são.
Assim sendo vivem em um profundo complexo de identidade que se agravou com a chegada, vitoriosa, do PT e Lula , ou seja do povo, ao poder. 
O ódio pode ser , em parte, compreendido desta forma, já que se veem como o que são : Nada nadando em dinheiro.
Por outro lado, o poder no Brasil sempre foi fonte de enriquecimento ilícito e de favores para os mesmos de sempre, as elites, e com Lula essa gente não largou o osso , mas teve algum trabalho para roer.
E se o povo quiser mais do que vem conseguindo ? Onde vamos parar ? Devem se perguntar diariamente as senhoras e senhores do principado do sudeste.
A ódio não pode ser explicado por apenas um caminho, mas o sucesso de Lula, do povo, é inaceitável.
Foram tantos anos de estudo , no Brasil e no exterior, e um operário que nem o inglês fala, como disse o dono do jornal Folha de SP, vem ensinar para todos nós, os senhores do principado, o caminho certo ?
Não sabe o pobre menino do jornal que a cultura e o conhecimento são construídas pela vida, e recursos financeiros de família muito contribuem para isso, mas a inteligência e até mesmo a genialidade, não escolhem o berço para se manifestar.
São muitos, talvez milhares, os doutores cultos mas de limitadas conexões em suas sinapses.
O ódio pode ser entendido como um encontro deles mesmos com suas realidades, negadas por séculos.

O Medo da Democracia

 O Medo da Democracia

 

Leandro Fortes: Saudades de 1964

publicado em 26 de dezembro de 2012 às 10:11

por Leandro Fortes, na CartaCapital, reproduzido pelo site do IHU
Em 1º de março de 2010, uma reunião de milionários em luxuoso hotel de São Paulo foi festejada pela mídia nacional como o início de uma nova etapa na luta da civilização ocidental contra o ateísmo comunista e a subversão dos valores cristãos. Autodenominado 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, o evento teve como anfitriões três dos maiores grupos de mídia nacional: Roberto Civita, dono da Editora Abril, Otávio Frias Filho, da Folha de S.Paulo, e Roberto Irineu Marinho, da Globo.
O evento, que cobrou dos participantes uma taxa de 500 reais, foi uma das primeiras manifestações do Instituto Millenium, organização muito semelhante ao Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), um dos fomentadores do golpe de 1964.
Como o Ipes de quase 50 anos atrás, o Millenium funda seus princípios na liberdade dos mercados e no medo do “avanço do comunismo”, hoje personificado nos movimentos bolivarianos de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales. Muitos de seus integrantes atuais engrossaram as marchas da família nos anos 60 e sustentaram a ditadura. Outros tantos, mais jovens, construíram carreiras, principalmente na mídia, e ganharam dinheiro com um discurso tosco de criminalização da esquerda, dos movimentos sociais, de minorias e contra qualquer política social, do Bolsa Família às cotas nas universidades.
Há muitos comediantes no grupo.
No seminário de 2010, o “democrata” Arnaldo Jabor arrancou aplausos da plateia ao bradar: “A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo?” Isso, como? A resposta é tão clara como a pergunta: com um golpe. No mesmo evento brilhou Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta. Como se verá ao longo deste texto, há um traço comum entre vários “especialistas” do Millenium: muitos se declaram ex-comunistas, ex-esquerdistas, em uma tentativa de provar que suas afirmações são fruto de uma experiência real e não da mais tacanha origem conservadora.
Madureira não foge à regra: “Sou forjado no pior partido político que o Brasil já teve”, anunciou o “arrependido”, em referência ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o velho Partidão. Após a autoimolação, o piadista atacou, ao se referir ao governo do PT de então: “Eu conheço todos esses caras que estão no poder, eram os caras que não estudavam”. Eis o nível.
O símbolo do Millenium é um círculo de sigmas, a letra grega da bandeira integralista, aquela turma no Brasil que apoiou os nazistas. Jabor e Madureira estão perfilados em uma extensa lista de colaboradores no site da entidade, quase todos assíduos freqüentadores das páginas de opinião dos principais jornais e de programas na tevê e no rádio. Montado sob a tutela do suprassumo do pensamento conservador nacional e financiado por grandes empresas, o instituto vende a imagem de um refinado clube do pensamento liberal, uma cidadela contra a barbárie. Mas a crítica primária e o discurso em uníssono de seus integrantes têm pouco a oferecer além de uma narrativa obscura da política, da economia e da cultura nacional.
Replica, às vezes com contornos acadêmicos, as mesmas ideias que emanam do carcomido auditório do Clube Militar, espaço de recreação dos oficiais de pijama.
Meio empresa, meio quartel, o Millenium funciona sob uma impressionante estrutura hierárquica comandada e financiada por medalhões da indústria. Baseia-se na disseminação massiva de uma ideia central, o liberalismo econômico ortodoxo, e os conceitos de livre-mercado e propriedade privada. Tudo bem se fosse só isso. No fundo, o discurso liberal esconde um freqüente flerte com o moralismo udenista, o discurso golpista e a des qualificação do debate público.
Criado em 2005 com o curioso nome de “Instituto da Realidade”, transformou-se em Millenium em dezembro de 2009 após ser qualificado como Organização Social de Interesse Público (Oscip) pelo Ministério da Justiça. Bem a tempo de se integrar de corpo e alma à campanha de José Serra, do PSDB, nas eleições presidenciais de 2010. Em pouco tempo, aparelhado por um batalhão de “especialistas”, virou um bunker antiesquerda e principal irradiador do ódio de classe e do ressentimento eleitoral dedicado até hoje ao ex-presidente Lula.
O batalhão de “especialistas” conta com 180 profissionais de diversas áreas, entre eles, o jornalista José Nêumanne Pinto, o historiador Roberto DaMatta e o economista Rodrigo Constantino, autor do recém-lançado Privatize Já. A obra é um libelo privatizante feito sob encomenda para se contrapor ao livro A Privataría Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., sobre as privatizações nos governos de Fernando Henrique Cardoso que beneficiaram Serra e seus familiares. E não há um único dos senhores envolvidos com as privatizações dos anos 1990 que hoje não nade em dinheiro.
Os “especialistas” são todos, curiosamente, brancos. Talvez por conta da adesão furiosa da agremiação aos manifestantes anticotas raciais. A tropa é comandada pelo jornalista Eurípedes Alcântara, diretor de redação da revista Veja, publicação onde, semanalmente, o Millenium vê seus evangelhos e autos de fé renovados. Alcântara é um dos dois titulares do Conselho Editorial da entidade. O outro é Antonio Carlos Pereira, editorialista de O Estado de S. Paulo.
Alcântara e Pereira não são presenças aleatórias, tampouco foram nomeados por filtros da meritocracia, conceito caríssimo ao instituto. A dupla de jornalistas representa dois dos quatro conglomerados de mídia que formam a bússola ideológica da entidade, a Editora Abril e o Grupo Estado. Os demais são as Organizações Globo e a Rede Brasil Sul (RBS).
O Millenium possui uma direção administrativa formada por dez integrantes, entre os quais destaca-se a diretora-executiva Priscila Barbosa Pereira Pinto. Embora seja a principal executiva de um instituto que tem entre suas maiores bandeiras a defesa da liberdade de imprensa e de expressão — e à livre circulação de ideias Priscila Pinto não se mostrou muito disposta a fornecer informações a CartaCapital. A executiva recusou-se a explicar o formidável organograma que inclui uma enorme gama de empresas e empresários.
Entre os “mantenedores e parceiros”, responsáveis pelo suporte financeiro do instituto, estão empresas como à Gerdau, a Localiza (maior locadora de veículos do País) e a Statoil, companhia norueguesa de petróleo. No “grupo máster” aparece a Suzano, gigante nacional de produção de papel e celulose. No chamado “grupo de apoio” estão a RBS, o Estadão e o Grupo Meio & Mensagem.
Há ainda uma lista de 25 doadores permanentes, entre os quais, se incluem o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga e o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho do falecido empresário José Alencar da Silva, vice-presidente da República nos dois mandatos de Lula. O organograma do clube da reação possui também uma “câmara de fundadores e curadores” (22 integrantes, entre eles o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e o jornalista Pedro Bial), uma “câmara de mantenedores” (14 pessoas) e uma “câmara de instituições” com nove membros. Gente demais para uma simples instituição sem fins lucrativos.
Uma das atividades fundamentais é a cooptação, via concessão de bolsas de estudo no exterior, de jovens jornalistas brasileiros. Esse trabalho não é feito diretamente pelo instituto, mas por um de seus agregados, o Instituto Ling,mantido pelo empresário William Ling, dono da Petropar, gigante do setor de petroquímicos. Endereçado a profissionais com idades entre 24 e 30 anos, o programa “Jornalista de Visão” concede bolsas de mestrado ou especialização em universidades dos Estados Unidos e da Europa a funcionários dos grupos de mídia ligados ao Millenium.
Em 2010, quando o programa se iniciou, cinco jornalistas foram escolhidos, um de cada representante da mídia vinculada ao Millenium: Época (Globo), Veja (Abril), O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e Zero Hora (RBS). Em 2011, à exceção de um repórter do jornal A Tarde, da Bahia, o critério de escolha se manteve. Os agraciados foram da Época (2), Estadão (1), Folha (2), Zero Hora (1) e revista Galileu (1), da Editora Globo. Neste ano foram contemplados três jornalistas do Estadão, dois da Folha, um da rádio CBN (Globo), um da Veja, um do jornal O Globo e um da revista Capital Aberto, especializada em mercado de capitais.
Para ser escolhido, segundo as diretrizes apresentadas pelo Instituto Ling, o interessado não deve ser filiado a partidos políticos e demonstrar “capacidade de liderança, independência e espírito crítico”. Os aprovados são apresentados durante um café da manhã na entidade, na primeira semana de agosto, e são obrigados a fazer uma espécie de juramento: prometer trabalhar “pelo fortalecimento da imprensa no Brasil, defendendo os valores de independência, democracia, economia de mercado, Estado de Direito e liberdade”.
O Millenium investe ainda em palestras, lançamentos de livros e debates abertos ao público, quase sempre voltados para assuntos econômicos e para a discussão tão obsessiva quanto inútil sobre liberdade de imprensa e liberdade de expressão. Todo ano, por exemplo, o Millenium promove o “Dia da Liberdade de Impostos” e organiza os debates “Democracia e Liberdade de Expressão”. Entre os astros especialmente convidados para esses eventos estão Marcelo Tas, da Band, e Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, ambos de Veja. Humoristas jornalistas. Ou vice-versa.
O que toda essa gente faz e quanto cada um doa individualmente é mantido em segredo. Apesar da insistência de CartaCapital, a diretora-executiva Priscila Pinto mandou informar, via assessoria de imprensa, que não iria fornecer as informações requisitadas pela reportagem. Limitou-se a enviar nota oficial com um resumo da longa apresentação reproduzida na página eletrônica do Millenium sobre a missão do instituto. Entre eles, listado na rubrica “código de valores”, consta a premissa da transparência, voltada para “possibilidade de fiscalização pela sociedade civil e imprensa”. Valores, como se vê, bem flexíveis.
Josué Gomes e Gerdau também não atenderam aos pedidos de entrevista. O silêncio impede, no caso do primeiro, que se entenda o motivo de ele contribuir com um instituto cuja maioria dos integrantes sistematicamente atacou o governo do qual seu pai não só participou como foi um dos mais firmes defensores. E se ele é contra, por exemplo, a redução dos juros brasileiros a níveis civilizados. O industrial José Alencar passou os oito anos no governo a reclamar das taxas cobradas no Brasil. A turma do Millenium, ao contrário, brada contra o “intervencionismo estatal” na queda de braço entre o Palácio do Planalto e os bancos pela queda nos spreads cobrados dos consumidores finais.
No caso de Gerdau, seria interessante saber se o empresário, integrante da câmara de gestão federal, concorda com a tese de que a tentativa de redução no preço de energia é uma “intervenção descabida” do Estado, tese defendida pelo instituto que ele financia. Gerdau e Josué se perfilam, de forma consciente ou não, ao Movimento Endireita Brasil,defensor de teses esdrúxulas como a de que os militares golpistas de 1964 eram todos de esquerda.
O que há de transparência no Millenium não vem do espírito democrático de seus diretores, mas de uma obrigação legal comum a todas as ONGs certificadas pelo Ministério da Justiça. Essas entidades são obrigadas a disponibilizar ao público os dados administrativos e informações contábeis atualizadas. A direção do instituto se negou a informar à revista os valores pagos individualmente pelos doadores, assim como não quis discriminar o tamanho dos aportes financeiros feitos pelas empresas associadas.
A contabilidade disponível no Ministério da Justiça, contudo, revela a pujança da receita da entidade, uma média de 1 milhão de reais nos últimos dois anos. Em três anos de funcionamento auditados pelo governo (2009, 2010 e 2011), o Millenium deu prejuízos em dois deles.

Em 2009, quando foi certificado pelo Ministério da Justiça, o instituto conseguiu arrecadar 595,2 mil reais, 51% dos quais oriundos de doadores pessoas físicas e os demais 49% de recursos vindos de empresas privadas.
Havia então quatro funcionários remunerados, embora a direção do Millenium não revele quem sejam, nem muito menos quanto recebem do instituto. Naquele ano, a entidade fechou as contas com prejuízo de 8,9 mil reais.

Em 2010, graças à adesão maciça de empresários e doadores antipetistas em geral, a arrecadação do Millenium praticamente dobrou. A receita no ano eleitoral foi de 1 milhão de reais, dos quais 65% vieram de doações de empresas privadas. O número de funcionários remunerados quase dobrou, de quatro para sete, e as contas fecharam no azul, com superávit de 153,9 mil reais.
Segundo as informações referentes ao exercício de 2011, a arrecadação do Millenium caiu pouco (951,9 mil reais) e se manteve na mesma relação porcentual de doadores (65% de empresas privadas, 35% de doações de pessoas físicas). O problema foi fechar as contas. No ano passado, a entidade amargou um prejuízo de 76,6 mil reais, mixaria para o volume de recursos reunidos em torno dos patrocinadores e mantenedores. Apenas com verbas publicitárias repassadas pelo governo federal, a turma midiática do Millenium faturou no ano passado 112,7 milhões de reais.


A inspiração
O Ipes e o Ibad reuniram a fina flor da reação ao governo João Goulart e foram a base dos movimentos que lançaram o Brasil em 21 anos de escuridão e atraso

As duas fontes de inspiração do Millenium datam do fim dos anos 1950, início dos 60.
Fundado em 1959, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) foi criado por anticomunistas financiados pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, a CIA, como o primeiro núcleo organizado do golpismo de direita nacional.
0 Ibad serviu de inspiração para a instalação, dois anos depois, do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), responsável pelo aparato midiático e propagandístico que viabilizou o golpe de 1964.

Tanto o Ibad quanto o Ipes serviram, como o Millenium, para organizar um fórum multidisciplinar, com forte financiamento empresarial, calcado no anticomunismo e na ideia de que o Brasil, como o mundo, estava prestes a cair na mão dos subversivos.
À época os alvos eram João Goulart, Fidel Castro e Cuba.
Os institutos serviram ainda como central de financiamento, produção e difusão de programas de rádio, televisão e textos reproduzidos em jornais por todo o País. 0 material era anticomunista até a raiz e, como hoje, tinha como objetivo disseminar o medo entre a população e angariar simpatia para os golpistas, anunciados como salvadores da pátria ameaçada pelos ateus e baderneiros socialistas.
Em 1962, a farra de dinheiro em torno do Ibad, sobretudo recursos vindos do exterior, começou a irrigar campanhas eleitorais e obrigou o Congresso Nacional a tomar uma atitude. Um ano depois, uma CPI foi instalada na Câmara dos Deputados para investigar a origem do financiamento. Apesar de boa parte da documentação do instituto ter sido queimada antes da ação policial, ainda assim foi possível constatar um sem-número de doações iiegais captadas pela entidade, principalmente  de empresas norte-americanas.
Em 1963, com base nas conclusões da CPI, o presidente João Goulart conseguiu dissolver o Ibad, mas era tarde demais.

Na cola de Jango continuava o Ipes, fincado na zona central do Rio de Janeiro, como o Millenium. Enquanto o Ibad se desfazia, o Ipes, presidido pelo general Golbery do Couto e Silva, conseguiu integrar os movimentos sociais ligados à direita e estendeu seus tentáculos até São Paulo. Golbery agregou à entidade mais de 300 empresas financiadoras, inclusive alguns dos gigantes econômicos da época, como a Refinaria União, a companhia energética Light, a companhia aérea Cruzeiro do Sul e as Listas Telefônicas Brasileiras.
Assim como o Millenium, o Ipes reunia empresários, jornalistas, intelectuais e políticos, principalmente da conservadora UDN. Durante a ditadura, o instituto ficou responsável pela produção de documentários ufanistas. Fechou as portas em 1972, quando os generais da linha-dura decidiram que não precisavam mais de linhas auxiliares para manter o regime de pé.

O Amigo da Onça


A direita saindo do armário.
Assim como há 50 anos atrás a direita se organiza para tentar mais um golpe.  Nos distantes anos da década de 1960, a preocupação da direita da época, hoje representada pelos filhos, era o comunismo , já que vivíamos na guerra fria.
Atualmente o comunismo não é ameaça e a democracia se consolida no mundo através da exportação, como declarou Bush II.
Então, qual a ameaça ?
A ameaça, que a direita do milleniun tanto fala ,não existe. Assim como as notícias da grande imprensa são produtos de criação das redações, a ameaça para que a direita destile ódio em seus encontros, também é um produto de grupos de direita como o mileniuun.
Alega, esse grupo da direita, que o bolivarianismo é uma ameaça aos seus interesses. Tal declaração chega a ser ridícula. A Venezuela é o país onde todas as decisões são tomadas pelo povo, em eleições, plebiscistos e referendus, em um claro avanço da democracia participativa.
Seria esse o medo , a ameaça, que a direita mileniun brasileira tanto teme ?
Certamente que sim. Essas organizações e pessoas reunidas sob a rubrica de mileniun, são historicamente avessas a qualquer democracia. Se dizem democráticos e defensores das liberdades, principalmente de expressão, mas na pŕatica são anti democracia e contrários a existência de quaisquer vozes contrárias a sua ideologia.
No momento que a América do Sul avança no processo democrático, eles, a direita mileniun,  criam falsas ameaças para inviabilizar a democracia e as conquistas populares. A direita mileniun não gosta de democracia, não gosta do povo, não gosta de pluralidade. Aliás em seus encontros, como relatou o autor do artigo, não existem pretos. O mileniun não gosta de pretos.
Fazem parte do instituo dos golpes vários artistas sempre presentes nos programas de tv. O entretenimento, na tv, também é uma ferramenta para disseminar os valores do mileniun, seja através da dramaturgia, do humor ou mesmo de programas de auditório, já que o jornalismo tem se mostrado cada vez mais irrelevante e uma parcela da população ainda se deixa levar pelos valores embutidos na programação de entretenimento.
Assim, figuras como Marcelo Madureira, do casseta&planeta, Marcelo Tas, do cqc, Pedro Bial e outros contribuem , com a sua visibilidade para disseminar os valores do mileniun. Além desses Nelson Mota, Carlos Vereza, Arnaldo Jabor também estão sempre presentes nas mídias em apoio a causa.  Orbitando frequentemente esse grupo podem ser vistos Ronaldo, ex jogador de futebol, Jô Soares, Luciano Huck, Caetano Veloso e outros.
Na esteira saudosista de 1964 a Tradição, Família e Propriedade hoje soam um tanto ridículas como bandeiras golpistas.
No tocante a família, o instrumento com grande poder de desagregação é a própria mídia, e não os valores democráticos dos governos populares. Haja visto a campanha empreendida pela mídia em não aceitar a classificação indicativa para programas de tv, principalmente para crianças, em total desrespeito ao estatuto da criança e do adolescente. Cabe lembrar que nas democracias civilizadas, onde a mídia foi domesticada, a classificação indicativa de programas de tv é amplamente aceita.
No tocante a propriedade não há o menor risco para os proprietários, mesmo se o governo fizesse a reforma agrária e o estado brasileiro marca sua presença em setores da economia onde o peso estratégico é significativo.
Atualmente, mais precisamente na semana do natal, o isntituo data folha produziu uma pesquisa que foi amplamente alardeada pela mídia. A pesquisa afirmava que o brasileiro é conservador.
 Você acha, caro leitor ?
 O brasileiro pode ser extremamente conservador no momento de responder perguntas sobre pesquisa de opinião sobre o conservadorismo.Aí, com certeza , ele será o maior dos conservadores e em seguida , dará uma entrevista para uma emissora de tv, completamente nu, falando sobre sua fantasia naquele momento. A verdade do brasileiro não está no que ele diz, mas sim no que ele faz. Atualmente ele está em uma cruzada contra a corrupção. Ele nunca foi tão ético como agora.
No tocante a um golpe de estado, o perigo se concentra em um golpe jurídico, a exemplo do que ocorreu em Honduras e no Paraguai, e também no Brasil por ocasião do julgamento da ação penal 470 que foi escancaradamente conduzida pela mídia mileniun. Aí sim existe um perigo real. No mais apenas manifestações cômicas como " Cansei" podem ocorrer. Aliás, hoje, o jornal folha de SP pede uma ampla reforma em tudo no país. Reforma para onde, cara pálida ? Seria uma volta para os anos da década de 1990 ? O delírio está no ar. Alías dos anos da década de 1990, de importante, mesmo, somente as manifestações supostamente artísticas  que trouxeram novas  formas e entendimentos sobre essa figura complexa que é o brasileiro. A explosão, na decada do grupo musical  " É O Tchan " , com sua bailarinha de short curto e movimentos frenéticos e sugestivos da região pélvica, foi um fenômeno nacional. Mereceu , inclusive , um belo artigo de L. F. Verísssimo, com o seguinte título; " Era o que Estávamos Esperando". A década do neoliberalismo, onde o país quebrou três vezes, com o sociológo a frente foi também marcada por um acontecimenhto aguardado desde tempos imemoriais por todos os brasileiros. Tal acontecimento foi o que de melhor simbolizou o que aconteceu com o povo brasileiro durante aqueles anos de governo tucano. Folha, a reforma que o país precisa, de fato e com urgência, é de um novo marco para as comunicações no país.
Como escreveu o autor, o instituto mileniun é a versão contemporânea, mas jamais moderna, dos golpistas do passado. Enquanto ancorada no saudosismo golpista daqueles anos, e atualmente repleta de humoristas, a versão mileniun poderia trazer como mascote o personagem amigo da onça.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Povo Não É Bobo


O   POVO  NÃO  É  BOBO






*A AGENDA POLÍTICA DO ANO NOVO:

TARSO GENRO: O ESQUEMÃO NÃO DEU CERTO
"O 'esquema' visivelmente não deu certo: Dilma, Lula e o PT, vão ganhar as eleições em 2014 pelo que já legaram ao país. Com isso, não estou dizendo que o Poder Judiciário entrou em algum esquema previamente concebido, mas que foi devidamente instrumentalizado e "aceitou" esta instrumentalização ora falida.Trata-se, agora, nós da esquerda e do PT, de nos prepararmos para as próximas eleições de 2014 com Dilma, mas inaugurando uma nova estratégia. Descortinando -já a partir das próximas eleições presidenciais- os traços largos e os largos braços de um programa destinado a reestruturar a democracia brasileira, para mais democracia com participação cidadã, mais transparência com as novas tecnologias infodigitais, mais combate às desigualdades sociais e regionais. Sobretudo partindo da compreensão que todos "querem mais da vida do que pão e manteiga". (Tarso Genro; leia a análise nesta pág.)  Publicado em Carta Maior em 24.12.12.



A HORA E A VEZ DE RADICALIZAR NA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA


O governador Genro foi direto ao ponto.

O esquema criado pelas oposições e a grande imprensa utilizou o Poder Judiciário como ferramenta para , mais uma vez, tentar eliminar o PT e seus principais quadros.
Entretanto, isso não elimina a possibilidade, real, de existir no Judiciário sob os holofotes atuais, quadros simpáticos a ação das oposições e da grande imprensa.
Independente de algumas molecagens , até mesmo de Procuradores da República, e exibições  de togados diante  das generosas cameras do partido da grande mídia,  a ação foi colocada em prática.
Isso abre um espaço para outras ações, no caso pelo governo.

O discurso dominante na grande imprensa, e também nas oposições, neste momento de pós julgamento da ação penal 470, exalta o surgimento de um novo marco no país, onde a ética , a justiça e a transparência são palavras usadas a exaustão. Fala-se , inclusive, em heróis no judiciário por terem cumprido o seu dever. Há também um lado cômico neste momento de desespero da grande imprensa.

Em sendo assim, como bem colocou o governador Genro, cabe ao PT abraçar e expandir o novo marco que tanto a imprensa exalta.

De início reestruturar a democracia brasileira radicalizando o  processo democrático com ampla , total e irrestrita participação cidadã. A cidade de São Paulo, pode  e deve, ser o motor dessa nova fase, implementando o orçamento participativo  e criando espaços para a participação da população nas decisões do governo. e radicalizando na democracia participativa.

Cabe, e deve, ao PT implementar mídias , inicialmente impressas, de amplo  alcance no território nacional de maneira a introduzir novas visões da realidade do país. Cabe também, ao atual governo, em consonância com a nova fase do país tão alardeada pela grande imprensa, regulamentar os artigos da constituição que dizem respeito a democratização dos meios de comunicação.

Todas as ações do governo , assim como de empresas e instiutições envolvidas  de alguma forma com o estado brasileiro, devem ser motivo de ampla transparência, principalmente por meio das mídias digitais.

E por fim, mas sem esgotar o assunto, o combate às desigualdades sociais e regionais deve ser impulsionado. Em alguns casos, as experiêcnias de vizinhos latino americanos podem ser utilizadas na realidade brasileira. Como exemplo o caso da Venezuela que diariamente fornece 100 mil barris de petróleo para Cuba e em troca recebe os serviços de profissionais em alfabetização, saúde pública , emgenharia, defesa e outros . No caso brasileiro, os profisssionais cubanos , na área social, medicina e organização comunitária poderiam prestar relevantes e importantes serviços ao pais em regiões de alto risco social, contribuindo na consolidação do programa Brasil Sem Miséria.

São oportunidades extraordinárias que o governo brasileiro não pode deixar ao lado. Nesses casos praticar o comércio justo.

Como bem colocou o governador Genro, traços largos e largos braços para muito além de uma política de consumo interno.

Para começar o ano novo que se inicia, de volta para as ruas.

sábado, 22 de dezembro de 2012

O Sanduba Mijado

 O   SANDUBA   MIJADO

 

McDonald's troca receita de hambúrguer após denúncia de chef

12 de dezembro de 2012 19h53




Jamie Oliver denuncia uso de hidróxido de amônio nos EUA. Foto: Getty ImagesJamie Oliver denuncia uso de hidróxido de amônio nos EUA
Foto: Getty Images

Após o chefe de cozinha e ativista Jamie Oliver descobrir - e divulgar em seu programa de TV - que a rede McDonald's utiliza hidróxido de amônio para converter sobras de carne gordurosas em recheio para seus hambúrgueres nos Estados Unidos, a marca anunciou que mudará a receita, segundo informações do jornal Mail Online. "Estamos comendo um produto que deveria ser vendido como a carne mais barata para cachorros e, após esse processo, dão o produto para humanos", disse Oliver. "Por que qualquer ser humano sensato colocaria carne com amônio na boca de suas crianças?", questiona.O processo de conversão da carne é feito por uma empresa chamada Beef Products Inc (BPI), segundo o jornal. O veículo afirma ainda que esse processo nunca foi utilizado no Reino Unido, nem na Irlanda - que utilizam a carne de produtores locais. O McDonald's negou que tenha sido forçado a trocar sua receita por causa da campanha de Oliver. O jornal diz ainda que outras duas redes de comida rápida, Burguer King e Taco Bell, já tinham sido pressionadas e removeram o hidróxido de amônio de suas receitas.Na América Latina, a Arcos Dorados, empresa que opera a marca em toda a região, informa que "o aditivo em questão não é e nunca foi utilizado como ingrediente em qualquer processo da cadeia produtiva da marca". A companhia acrescenta que os hambúrgueres são preparados com 100% de carne bovina e que toda a produção é validada pelas autoridades regulatórias locais.





Comida de Frankstein


Mais um absurdo na história do mac donald's.

Se não bastasse o hamburguer, que é um alimento pobre, agora surge essa denúncia de que  a substância hidróxido de amônio é adicionada no preparo  da carne.

Todas as substâncias derivadas de amônio, ou similares, até mesmo a uréia usada  como fertilizantes, tem  muitas características organolépticas comuns. Uma delas é o odor. Essas substâncias tem um odor forte, as vezes irritante, que varia de intensidade de acordo com o produto. Esse odor é semelhante ao odor da urina humana.

Nas redes e lojas de supermercados de classe média e alta, quando o cliente detecta esse odor em produtos de origem animal, principalmente carne bovina e pescado, ele rejeita acreditando estar o produto estragado. Já nas lojas para as classes populares, o consumidor , também rejeita , alegando estar o produto mijado. O odor é bem semelhante.

Deve ser extremamente desagradável consumir um hambruger, que é feito com cartilagens e restos menos nobres do boi e sabe-se lá mais o que, e que ainda tenha um fedor de banheiro público.

Essa substância também pode ser usada para conservar, junto com o gelo, o pescado.

Deve-se sempre que se for comprar produtos de origem animal, industrializados  ou não, atentar para vários aspectos e um deles o odor. Um forte cheiro de urina pode ser a presença  da  substância hidróxido de amônio, ou , na pior das hipóteses estar mesmo mijado.

Melhor para o consumo são os produtos naturais, preparados  e consumidos em casa.

A TV JB Foi um Fracasso


A   TV JB   FOI  UM  FRACASSO



TV Brasil: baixa de audiência, mas boa de festa


A TV Brasil patinou na audiência durante todo o ano – ficou, normalmente, com traço nas pesquisas. Nem por isto, porém, deixou de comemorar em grande estilo o final de 2013, como se ela tivesse alcançado grandes conquistas.
Para animar a festa de seus empregados, em Brasília, contratou ninguém menos do que os sambistas Diego Nogueira e Sandra Sá. Entre cachês, direitos autorais e salário dos músicos, uma despesa não inferior a R$ 200 mil.
Pelo que se comenta, como a festa foi ainda maior, as despesas mais do que dobraram.
Se isto acontece quando a audiência fica em torno do traço, imagina o que farão quando atingirem algum ponto percentual?




A TV Pública do Brasil

Mais uma notícia da grande imprensa e , como tem ocorrido, as cores da texto não poderiam ser diferentes de marron.

O jornal do Brasil, se mostra indignado, ou inclina o leitor a assim pensar, pelo fato da TV Brasil ter comemorado em festa, seu ano de 2012, com uma despesa de 200 mil reais.

Alega o jornal que um dia já foi sério, que a TV Brasil tem apenas traços na audiência o que não justificaria a festa e despesa. Despesa, que para os padrões e valores que envolvem as emissoras de TV, é irrisório, mesmo para aquelas que teriam traços na audiência.

Cabe lembrar que a grade de programas da TV Brasil é de excelente qualidade, e que , certamente, com os investimentos da EBC, a TV Brasil atingirá , cada vez mais, todo o teritório nacional, se firmando como uma excelente opção de televisão.

No tocante as medições de índices de audiência, o jornal do Brasil, e também outras mídias, poderia abrir essa caixa de medição e explicar corretamente ao leitor. Questiona-se, que tais medições visam favorecer determinadas emissoras e que o padrão de emissão, único e hegemônico no Brasil, deveria ser revisto.

As empresas que se favorecem com as medições de audiências, principalmente globo, não querem outras empresas medindo as audiências, como também não desejam mudar a fórmula atual de medição.

Taí um bom assunto para o jornal do Brasil explorar, pois envolve muito dinheiro, interesses, verbas governamentais de propaganda e outros mais.

Parabéns a TV Brasil !! Vocês tem razão para comemorar.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Uma Nova Era

Uma  Nova  Era











La Sexta Declaración de la Selva Lacandona





Sexta Declaración de la Selva Lacandona. México, Junio de 2005.


Ésta es nuestra palabra sencilla que busca tocar el corazón de la gente humilde y simple como nosotros, pero, también como nosotros, digna y rebelde. Ésta es nuestra palabra sencilla para contar de lo que ha sido nuestro paso y en donde estamos ahora, para explicar cómo vemos el mundo y nuestro país, para decir lo que pensamos hacer y cómo pensamos hacerlo, y para invitar a otras personas a que se caminan con nosotros en algo muy grande que se llama México y algo más grande que se llama mundo. Esta es nuestra palabra sencilla para dar cuenta a todos los corazones que son honestos y nobles, de lo que queremos en México y el mundo. Ésta es nuestra palabra sencilla, porque es nuestra idea el llamar a quienes son como nosotros y unirnos a ellos, en todas partes donde viven y luchan.




Festejos ontem no lago Titicaca na Bolívia, pela chegada do solstício de verão.





A Volta de Tupac Katari


Segundo os povos indígenas das Américas o mundo entra em um novo ciclo, apesar das idiotices da imprensa em insistir sobre o fim do mundo.  A presença marcante da chegada desse ciclo aconteceu em janeiro de 1994, quando os zapatistas se fizeram conhecer com o grito de Chiapas, exatamente no momento em que o México firmava sua participação na área de livre comércio com os EUA e o Canadá, a NAFTA.

Nos anos seguintes os povos indígenas da América mostravam sua união em defesa de sua cultura e em total rejeição ao modelo econômico vigente. Foi assim, ainda nos anos da década de 1990 que , na Bolívia, indígenas e camponeses se uniram e expulsaram do país uma empresa que tinha assumido a gestão de recursos hídricos, cobrando tarifas pelo uso da água e com isso inviabilizando a vida de milhares de camponeses e indígenas. Também na Bolívia, os povos indígenas expulsaram do poder o presidente neoliberal.

Uma decendente maia guatemalteca, Rigoberta Menchu, também na época, foi vencedora do prêmio  Nobel da Paz por sua luta pela cultura dos povos ameríndios.

Um índio da etnia Aymara, foi eleito presidente da Bolívia, já na década de 2000, e com isso assegurando os direitos dos povos e a cultura indígena, fazendo da Bolívia um estado plurinacional.

No Equador, o novo governo que chegou também na década de 2000, reconhece e valoriza as tradições locais.  O mesmo vem ocorrendo no Peru, Chile, Colômbia e Venezuela em proporções e motivações diferentes.

Todos os anos, a partir da década de 2000,  grupos indígenas, inclusive chefes de estado da América latina, se reunem  no dia de entrada do solstício de verão, 21.12, no lago  Titicaca para celebrar a época, como faziam seus ancestrias.

Ontem, mais de 15 mil  zapatistas , marcharam em silêncio pelas ruas no estado de Chiapas.

Em toda América Central, milhares de manifestações celebraram a chegada de um novo ciclo.


E a imprensa ?

Aliás, a imprensa parece que foi engolida por uma das mitológicas figuras presentes nas esculturas maias, tamanha foi a quantidade de asneiras e idiotices publicadas.

Talvez tais asneiras carreguem a herança da mediocridade colonizadora nas Américas, principalmente no tocante a cultura e a religião cristã, em uma demonstração explícita de preconceito contra outras formas de manifestação religiosa e cultural

Celebrar a vida, a natureza e o bem viver, nos braços da Mãe Terra, cria um gigantesco incômodo para a cultura ocidental dominante nas Américas , que valoriza realidades mortas, violência e consumismo idiota.

Que seja um novo ciclo de harmonia e vida.

Que assim seja !




 

Evo Morales convoca era de paz e união para barrar 'ganância capitalista'

O dia 21 não marcou o “fim do mundo”, disse o presidente boliviano, mas uma oportunidade de desabilitar “o egoísmo e a ganância capitalista” e unir a humanidade em torno da felicidade. Defensor dos direitos indígenas e descendente do povo Aimara, Evo rejeitou a ideia de que o solstício de verão marcava o “fim dos tempos”, sustentando que o fim do calendário significa uma oportunidade de renovação espiritual.

Segundo o presidente boliviano Evo Morales, o discutidíssimo dia 21 deveria ser celebrado como o início de uma “nova era de paz e amor” no mundo, na qual o sentimento de comunidade e o respeito pela Mãe Terra vencerão a gânancia a que o capitalismo global induz.

Evo Morales disse que solstício de verão marca “o fim de uma vida antropocêntrica e o início de uma vida biocêntrica. É o fim do ódio e o início do amor, o fim da mentira e o início da verdade.” Num convite para a celebração do dia, o boliviano explicou que “para o calendário maia, o 21 de dezembro é o fim do não-tempo e o início do tempo. É o fim de Macha e o início de Pacha, o fim do egoísmo e o início da fraternidade, o fim do individualismo e o início do coletivismo”.

E continuou, “os cientistas sabem muito bem que chegamos ao fim da vida antropocêntrica. É o fim da divisão e o início da unidade, precisamos desenvolver esse tema. Por isso convidamos a todos que acreditam na humanidade, a todos que querem dividir experiência em benefício da humanidade”.

Morales, defensor dos direitos indígenas e descendente do povo Aimara, ajudou a desfazer a ideia de que o solstício de verão marcava o “fim dos tempos” ou o “apocalipse” sustentando que o fim do calendário não significava senão uma oportunidade de renovação espiritual. Embora fundamentada na cultura do povo maia, o governo boliviano adverte que a retórica do “fim do mundo” é uma invenção ocidental sustentada por quem conhece pouco das tradições e da história do povo indígena.

Em setembro, o presidente boliviano disse numa assembleia da Onu que o amor prevaleceria sobre o ódio a partir do último dia 21. Morales mantém esse discurso há muito, junto com a ideia de vivir bien. Durante as celebrações no Lago Titicaca, para as quais Evo se dirigiu numa embarcação indígena, ele sublinhou a importância de um equilíbrio harmonioso entre a vida e o planeta, apesar de que muitos questionam a aplicação dessas ideias na Bolívia, onde a economia depende basicamente das indústrias de gás, petróleo e mineração.

Um excerto mais longo da fala de Evo Morales na Onu pode ser encontrado no Indian Country Media Network:

“Eu gostaria de anunciar um encontro internacional no dia 21 de dezembro deste ano. Um encontro para encerrar a era do não-tempo e receber a nova era de equilíbrio e harmonia para a Mãe Terra. Falar da sabedoria de nossos irmãos indígenas do México, Guatemala, Bolívia e Equador tomaria muito tempo, mas, basicamente, este é um convite para um debate sobre os seguintes tópicos:

Número 1: crise global do capitalismo

Número 2: governança global, capitalismo, socialismo, comunidade e cultura
da vida

Número 3: crise climática, relação entre homem e natureza

Número 4: energia como bem comum

Número 5: consciência da Mãe Terra

Número 6: recuperação de costumes ancestrais

Número 7: o viver bem como solução para a crise global, porque eu gostaria de afirmar novamente que se pode viver melhor preservando recursos naturais

Número 8: soberania alimentar

Número 9: integração, fraternidade, comunidade, economia, direito à
comunicação e à saúde.

E Shankar Chautari, também do períódico inglês The Guardian, relata de uma recente visita às regiões maias das Américas do Sul e Central que havia pouca ou nenhuma percepção de que o dia marcava o fim de qualquer coisa no sentido físico.

Em nossa viagem, encontramos muitos maias para conhecer suas reações quanto ao suposto fim do mundo. A maioria ficou desconcertada com a pergunta, outros negaram qualquer razão que apontasse para o fim.

Quando dizíamos que por trás do 'apocalipse' havia sabedoria tradicional maia, eles polidamente diziam não conhecer qualquer profecia ou texto.
Em todos os lugares que visitamos, fosse em cidades grandes como Merida ou pequenas como Uayamon, encontramos o povo local conduzindo sua vida em perfeita calma, sem qualquer preocupação de que o fim estivesse próximo.

David Stuart, um notório pesquisador da cultura maia da Universidade do Texas, observou em seu livro The Order Of Days: The Maya World and the Truth About 2012 (A Ordem dos Dias: o Mundo Maia e a Verdade sobre 2012) que “nenhum texto maia, seja ele antigo, colonial ou moderno, profetixou o fim dos tempos ou do mundo”.

Matéria original: https://www.commondreams.org/headline/2012/12/21

Tradução de André Cristi