Eles afirmam não temer o
confronto com a polícia e defendem a destruição de “alvos capitalistas”.
Conheça a história e a forma de luta que se popularizou com o movimento
antiglobalização e ganha destaque no Brasil
Esta matéria faz parte da edição 125 da revista Fórum.Nas Bancas
“Os ativistas Black Bloc não são
manifestantes, eles não estão lá para protestar. Eles estão lá para
promover uma intervenção direta contra os mecanismos de opressão, suas
ações são concebidas para causar danos às instituições opressivas.” É
dessa forma que a estratégia de ação do grupo que vem ganhando
notoriedade devido às manifestações no País é definida por um vídeo,
divulgado pela página do Facebook “Black Bloc Brasil”, que explica parte
das motivações e forma de pensar dos seus adeptos.
A ação, ou estratégia de luta, pode ser
reconhecida em grupos de pessoas vestidas de preto, com máscaras ou
faixas cobrindo os rostos. Durante os protestos, eles andam sempre
juntos e, usualmente, atacam de maneira agressiva bancos, grandes
corporações ou qualquer outro símbolo das instituições Eles afirmam não
temer o confronto com a polícia e defendem a destruição de “alvos
capitalistas”. Conheça a história e a forma de luta que se popularizou
com o movimento antiglobalização e ganha destaque no Brasil
“capitalistas e opressoras”, além de, caso julguem necessário,
resistirem ou contra-atacarem intervenções policiais.
Devido ao atual ciclo de protestos de
rua, o Black Bloc entrou no centro do debate político nacional. Parte
das análises e opiniões classifica as suas ações como “vandalismo” ou
“violência gratuita”, e também são recorrentes as críticas ao anonimato
produzido pelas máscaras ou panos cobrindo a face dos adeptos. Mas o
Black Bloc não é uma organização ou entidade. Leo Vinicius, autor do
livro Urgência das ruas – Black Bloc, Reclaim the Streets e os Dias de
Ação Global, da Conrad, (sob o pseudônimo Ned Ludd), a define o como uma
forma de agir, orientada por procedimentos e táticas, que podem ser
usados para defesa ou ataque em uma manifestação pública.
(Flickr.com/nofutureface)
Zuleide Silva (nome fictício),
anarquista e adepta do Black Bloc no Ceará, frisa que eles têm como alvo
as “instituições corporativas” e tentam defender os manifestantes fora
do alcance das ações repressoras da polícia. “Fazemos o que os
manifestantes não têm coragem de fazer. Botamos nossa cara a tapa por
todo mundo”, afirma.
O jornalista e estudioso de movimentos
anarquistas, Jairo Costa, no artigo “A tática Black Bloc”, publicado na
Revista Mortal, lembra que o Black Bloc surgiu na Alemanha, na década de
1980, como uma forma utilizada por autonomistas e anarquistas para
defenderem os squats (ocupações) e as universidades de ações da polícia e
ataques de grupos nazistas e fascistas. “O Black Bloc foi resultado da
busca emergencial por novas táticas de combate urbano contra as forças
policiais e grupos nazifascistas. Diferentemente do que muitos pensam, o
Black Bloc não é um tipo de organização anarquista, ONG libertária ou
coisa parecida, é uma ação de guerrilha urbana”, contextualiza Costa.
De acordo com um dos “documentos
informativos” disponíveis na página do Facebook, alguns dos elementos
que os caracterizam são a horizontalidade interna, a ausência de
lideranças, a autonomia para decidir onde e como agir, além da
solidariedade entre os integrantes. Atualmente, há registros, por
exemplo, de forças de ação Black Bloc nas recentes manifestações e
levantes populares no Egito.
Manifestantes se reúnem em rua do Leblon, no Rio de Janeiro, próximos à casa do governador Sérgio Cabral (Foto: Mídia Ninja)
Black Bloc no Brasil
Para Leo Vinicius, é um “pouco
surpreendente” que essa estratégia de manifestação urbana, bastante
difundida ao redor do mundo, tenha demorado a chegar por aqui. “Essa
forma de agir em protestos e manifestações ganhou muito destaque dentro
dos movimentos antiglobalização, na virada da década de 1990 para 2000.
Não é uma forma de ação política realmente nova”. No Brasil, existem
páginas do movimento de quase todas as capitais e grandes cidades, a
maior parte delas criadas durante o período de proliferação dos
protestos. A maior é a Black Bloc Brasil, com quase 35 mil seguidores,
seguida pela Black Bloc–RJ, com quase 20 mil membros.
A respeito da relação com o anarquismo,
Vinicius faz uma ressalva. É preciso deixar claro que a noção de que
“toda ação Black Bloc é feita por anarquistas e que todos anarquistas
fazem Black Bloc” é falsa. “A história do Black Bloc tem uma ligação com
o anarquismo, mas outras correntes como os autonomistas, comunistas e
mesmo independentes também participavam. Nunca foi algo exclusivo do
anarquismo. Na prática, o Black Bloc, por se tratar de uma estratégia de
operação, pode ser utilizado até por movimentos da direita”, explica o
escritor.
Para alguns ativistas, o processo de
aceitação das manifestações de rua, feito pela grande mídia e por parte
do público, de certa forma impôs que, para serem considerados legítimos,
os protestos deveriam seguir um padrão: pacífico, organizado, com
cartazes e faixas bem feitas e em perfeito acordo com as leis. Vinicius
demonstra certa preocupação com a possibilidade do fortalecimento da
ideia de que essa forma “pacífica” seja vista como o único meio possível
ou legítimo de protestar. Ele afirma que não entende como violenta a
ação Black Bloc de quebrar uma vidraça ou se defender de uma ação
policial excessiva. “A violência é um conceito bastante subjetivo. Por
isso, não dá pra taxar qualquer ato como violento, é preciso
contextualizá-lo, entender as motivações por trás de cada gesto”,
avalia.
Para ele, a eficácia de uma manifestação
está em saber articular bem formas de ação “pacíficas” e “não
pacíficas”. Foi esse equilíbrio, analisa, que fez com que o Movimento
Passe Livre – São Paulo (MPL-SP) barrasse o aumento da tarifa na capital
paulista. “Só com faixas e cartazes a tarifa não teria caído”, atesta.
“Quem tem o poder político nas mãos só cede a uma reivindicação pelo
medo, por sentir que as coisas podem sair da rotina, de que ele pode
perder o controle do Estado”, sentencia.
Por outro lado, Vinicius alerta que é
preciso perceber os limites para evitar que as ações mais “radicais”
façam com que o movimento seja criminalizado ou se isole da sociedade e,
com isso, perca o potencial de realizar qualquer mudança. Em sua obra,
faz a seguinte definição daqueles que adotam a estratégia Black Bloc:
“Eles praticam uma desobediência civil ativa e ação direta, afastando
assim a política do teatro virtual perfeitamente doméstico, dentro do
qual [a manifestação política tradicional] permanece encerrada. Os BB
não se contentam com simples desfiles contestatórios, certamente
importantes pela sua carga simbólica, mas incapazes de verdadeiramente
sacudir a ordem das coisas”, aponta.
Outra crítica recorrente é o fato de os
BB usarem máscaras ou panos para cobrirem os rostos. Os adeptos da ação
explicam que as máscaras são um meio de proteger suas identidades para
“evitar a perseguição policial” e outras formas de criminalização, como
também criar um “sentimento de unidade” e impedir o surgimento de um
“líder carismático”.
Luta antiglobalização
Com o passar do tempo, segundo Jairo
Costa, as táticas Black Bloc passaram a ser reconhecidas como um meio de
expressar a ira anticapitalista. Ele explica que geralmente as ações
são planejadas para acontecer durante grandes manifestações de
movimentos de esquerda.
O estudioso destaca como um dos momentos
mais significativos da história Black Bloc a chamada “Batalha de
Seattle”, em 1999, contra uma rodada de negociações da Organização
Mundial do Comércio (OMC). Em 30 de novembro daquele ano, após uma tarde
de confrontos com as forças policiais, uma frente móvel de black
blockers conseguiu quebrar o isolamento criado entre os manifestantes e o
centro comercial da cidade. Após vencer o cerco policial, os
manifestantes promoveram a destruição de várias propriedades, limusines e
viaturas policiais, e fizeram várias pichações com a mensagem “Zona
Autônoma Temporária”. Estimativas apontam prejuízos de 10 milhões de
dólares, além de centenas de feridos e 68 prisões.
Para Costa, um dos episódios mais
impactantes – e duros – da história Black Bloc foi o assassinato de
Carlo Giuliani, jovem anarquista de 23 anos, durante a realização
simultânea do Fórum Social de Gênova e a reunião do G8 (Grupo dos oito
países mais ricos), na Itália, em julho de 2001. Ele lembra que, após
vários confrontos violentos – alguns deles vencidos pelos manifestantes,
que chegaram a provocar a fuga dos policiais, que deixaram carros
blindados para trás –, ocorreu o episódio que levou à morte de Giuliani.
“Ele partiu para cima de um carro de polícia tentando atirar nele um
extintor de incêndio. Muitos fotógrafos estavam por lá e seus registros
falam por si. Ao se aproximar do carro, Giuliani é atingido por dois
tiros, um na cabeça. E, numa cena macabra, o carro da polícia dá marcha a
ré e atropela-o várias vezes”, narra. Os assassinos de Carlo Giuliani
não foram condenados. Dois anos após o fato, a Justiça italiana
considerou que a ação policial se deu como “reação legítima” ao
comportamento do militante.
Alvos capitalistas
Entre as formas de ação direta do Black
Bloc destacam-se os ataques aos chamados “alvos simbólicos do capital”,
que incluem joalherias, lanchonetes norte-americanas ou ainda a
depredação de instituições oficiais e empresas multinacionais. Costa
explica que essas ações “não têm como objetivo atingir pessoas, mas bens
de capital”.
Zuleide justifica a destruição praticada
contra multinacionais ou outros símbolos capitalistas, porque elas
seriam mecanismo de “exploração e exclusão das pessoas”. “Queremos que
esses meios que oprimem e desrespeitam um ser humano se explodam, vão
embora, morram. Trabalhar dez horas por dia para não ganhar nada, isso é
o que nos enfurece. Por isso, nossas ações diretas a eles, porque
queremos causar prejuízos, para que percebam que há pessoas que rejeitam
aquilo e que lutam pela população”, explica.
Ela reconhece que essas ações diretas
podem deixá-los “mal vistos” na sociedade, já que há pessoas que pensam:
“Droga, não vou poder mais comer no ***** porque destruíram tudo”.
Porém, Zuleide afirma que o trabalhador, explorado por essas
corporações, “adoraria fazer o que nós fazemos”, mas, por ter família
para sustentar e contas a pagar, não faz. “Esse é mais um dos motivos
que nos fazem do jeito que somos”, pontua.
Vinicius explica que, nas “ações
diretas”, os black blockers atacam bens particulares por considerarem
que “a propriedade privada – principalmente a propriedade privada
corporativa – é em si própria muito mais violenta do que qualquer ação
que possa ser tomada contra ela”. Quebrar vitrines de lojas, por
exemplo, teria como função destruir “feitiços” criados pela ideologia
capitalista. Esses “feitiços” seriam meios de “embalar o esquecimento”
de todas as violências cometidas “em nome do direito de propriedade
privada” e de “todo o potencial de uma sociedade sem ela [as vitrines]”.
Sem violência?
Em praticamente todas as manifestações,
independentemente das causas e dos organizadores, tornou-se comum o
grito: “Sem violência! Sem violência!”, que tinha como destinatários os
policiais que, teoricamente, entenderiam o caráter “pacifista” do ato.
Também seria uma tentativa de coibir a ação de “vândalos” ou
“baderneiros”, que perceberiam não contar com o apoio do restante da
massa.
Zuleide reconhece que, inicialmente, a
ação Black Bloc era alvo desses gritos, mas, segundo ela, quando as
pessoas entendem a forma como eles atuam, isso muda. “Os manifestantes
perceberam que o Estado não iria nos deixar falar, nos deixar
reivindicar algo, e começaram a nos reprimir. Quando há confronto [com a
polícia], nós os ajudamos retardando a movimentação policial ou tirando
eles de situações que ofereçam perigo, e alguns perceberam isso”,
afirma.
Apesar de os confrontos com policiais
não serem uma novidade durante as suas ações, os adeptos afirmam não ter
como objetivo atacar policiais. Contudo, outro documento intitulado
“Manifesto Black Bloc” deixa claro que, caso a polícia assuma um caráter
“opressor ou repressor”, ela se torna, automaticamente, uma “inimiga”.
No “Manual de Ação Direta – Black Bloc”,
também disponível na internet, a desobediência civil é definida como “a
não aceitação” de uma regra, lei ou decisão imposta, “que não faça
sentido e para não se curvar a quem a impõe. É este o princípio da
desobediência civil, violenta ou não”. Entre as possibilidades de
desobediência civil são citadas, por exemplo, a não aceitação da
proibição da polícia que a manifestação siga por determinado caminho, a
resistência à captura de algum manifestante ou, ainda, a tentativa de
resgatar alguém detido pelos policiais.
Também são ensinadas táticas para
resistir a gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e outras formas de ação
policial, além de dicas de primeiros socorros e direitos legais dos
manifestantes. De acordo com o documento, as orientações desse manual
tratam apenas da desobediência civil “não violenta”.
Outra orientação é que seja definido,
antes da manifestação, se a desobediência civil será “violenta” ou “não
violenta”. Caso se opte pela ação ‘não violenta’, essa decisão deve ser
respeitada por todos, visto que não cumprir o combinado pode pôr “em
risco” outros companheiros, além de ser um sinal de “desrespeito”.
Contudo, o mesmo manual deixa claro que o
que “eles fazem conosco” todos os dias é uma violência, sendo assim, “a
desobediência violenta é uma reação a isso e, portanto, não é gratuita,
como eles tentam fazer parecer”.
Uma breve história
1980: O termo Black Bloc (Schwarzer Block) é usado pela primeira vez pela polícia alemã, como
forma de identificar grupos de esquerda na época denominados “autônomos,
ou autonomistas”, que lutavam contra a repressão policial aos squats
(ocupações).
1986: Fundada, em Hamburgo (Alemanha), a liga autonomista Black Bloc 1500, para defender o Hafenstrasse Squat.
1987: Anarquistas
vestidos com roupas pretas protestam em Berlim Ocidental, por ocasião da
presença de Ronald Reagan, então presidente dos EUA, na cidade.
1988: Em Berlim Ocidental, o Black Bloc confronta-se com a polícia durante uma manifestação
contra a reunião do Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
1992: Em São Francisco
(EUA), na ocasião do 500º aniversário da descoberta da América por
Cristóvão Colombo, o Black Bloc manifesta-se contra o genocídio de povos
nativos das Américas.
1999: Seattle contra a
Organização Mundial do Comércio (OMC). Estima-se em 500 o número de
integrantes do Black Bloc que destruíram o centro econômico da cidade.
2000: Em Washington,
durante reunião do FMI e Banco Mundial, cerca de mil black blockers
anticapitalistas saíram às ruas e enfrentaram a polícia.
2000: Em Praga
(República Tcheca), forma-se um dos maiores Black Blocs que se tem
notícia, durante a reunião do FMI. Cerca de 3 mil anarquistas lutam
contra a polícia tcheca.
2001: Quebec (Canadá). Membros do Black Bloc
são acusados de agredir um policial durante uma marcha pela paz nas ruas
de Quebec. Após esse evento, a população local e vários manifestantes
de esquerda distanciaram-se da tática Black Bloc e de seus métodos
extremos.
2001: A cidade de
Gênova (Itália), ao mesmo tempo, recebeu a cúpula do G8 e realizou o
Fórum Social de Gênova, com um grande número de Black blockers, além de
aproximadamente de 200 mil ativistas. A ação ficou marcada pela violenta
morte do jovem Carlo Giuliani, de 23 anos.
2007: Em Heiligendamm
(Alemanha), reunião do G8 foi alvo de uma ação com a participação de
cerca de 5 mil blackblockers . Mobilização Black Bloc de cerca de 5.000
pessoas
2010: Toronto (Canadá),
na reunião do G20. Neste confronto, mais de 500 manifestantes foram
presos e dezenas de outros ativistas foram parar em hospitais com
inúmeras fraturas.
2013: Cairo (Egito). O
Black Bloc aparece com forte atuação nos protestos da Praça Tahir, no
combate e resistência ao exército do então presidente Hosni Mubarak.
Fonte: Artigo “A Tática Black Bloc”, escrito por Jairo Costa, na Revista Mortal, 2010
Fonte: REVISTA FORUM
1 - a fabricação de roupas e mesmo de material esportivo utilizados por atletas, alguns bem badalados na velha mídia, se dá em fábricas que se assemelham aos campos de concentração nazista da segunda guerra mundial. Os funcionários dessas fábricas chegam a trabalhar até 14 horas por dia, recebendo , as vezes, salários inferiores ao salário mínimo, além de sofrerem violência por parte de supervisores no local de trabalho. As roupas fabricadas são vendidas, a um prêço bem salgado, nas principais redes de lojas de departamentos do mundo.
2 - redes de lanchonetes fast food, com lojas em todo o mundo, são frequentemente acusadas de trabalho escravo e violência contra os funcionários. No Brasil são vários os casos.
3 - operadoras de cartão de crédito tem em suas ações de expansão enviar , pelo correiro, cartões de crédito e um boleto com a fatura dos serviços, sem que as pessoas solicitem tal serviço. Caso o receptor não queira o cartão e ignore aquilo que recebeu, seu nome irá parar na lista dos serviços de proteção ao crédito, já que para as operadoras de cartão de crédito, o simples envio de um cartão com a fatura caracteriza um contrato de adesão ao cartão, a revelia do receptor que nada solicitou. As operadoras de cartão chamam tal estratégia de marketing agressivo, com o objetivo de aumentar sua carteira de clientes.
4 - proprietários das empresas de transporte coletivo e de emissoras de tv são pessoas bilionárias. Tanto o transporte coletivo, como as emissoras de tv são concessões públicas que deveriam ter como objetivo principal o interesse público, oferecendo serviços de qualidade para a população.
5 - agricultura é um grande negócio, alimentos são comoditties onde se especula ganhos futuros com variação de prêços, sementes são propriedades de poucas corporações que definem o que se planta, onde se planta e quem planta. Proprietários de redes de supermercados são pessoas bilionárias.
6 - operadoras de telefonia definem locais para instalação de telefonia móvel em função da lucratividade da região, ignorando as necessidades das populações envolvidas.
7 - as cidades foram assaltadas pelas corporações que definem o valor do metro quadrado, quem pode morar, quem deve ser expulso da região. Os espaços urbanos são desenhados para que o transporte individual prevaleça.
8 - a cultura e o esporte foram tomadas de assalto pelas corporações de mídia, indústria fonográfica, empresas anunciantes desses eventos na tv e grandes corporações. A cultura e o entretenimento passam a ser aquilo que as corporações entendem como lucrativo, e sua veiculação para o público deve seguir a mesma lógica da lucratividade , no tocante aos períodos, dias e horários dos eventos.
E então, meu caro leitor ?
Se o assunto é a violência o caro leitor não acha que todas as formas de violência e opressão deveriam ser amplamente analisadas e debatidas ?
Imagino que o leitor concorda. Entretanto, na pŕatica não é o que acontece.
O marketing agressivo,( ou violento ?) das operadoras de cartão de crédito sequer é questionado pelos grandes veículos de mídia, veículos de mídia que tem nas instituições financeiras seus grandes anunciantes.
O trabalho escravo nas redes de fast food e nas fábricas de roupas, muitas de grife, jamais aparece como denúncia nos grandes veículos de mídia. Veículos de mídia que tem nas redes de fast food e nas lojas de roupas e material esportivo, seus grandes anunciantes.
O transporte coletivo de qualidade, algo raro nas grandes cidades brasileiras, não merece a devida atenção dos grandes meios de comunicação privados , que tem nas montadoras de automóveis seus principais anunciantes.
Um programa de qualidade vida e saúde para a população não tem o devido destaque nos grandes veículos de mídia. Veículos de mídia que tem como principais anunciantes as redes de supermercados que priorizam os alimentos industrializados. Alimentos industrializados que são fabricados com produtos oriundos de agricultura controlada por grandes corporações, que por suas vez , também são grandes anunciantes das emissoras de mídia privada.
No conjunto das empresas privadas de mídia e de seus grandes anunciantes, a cultura e o entretenimento apresentados , sugerem um estilo de vida considerado o ideal e "civilizado", onde os hábitos de nutrição seguem os produtos apresentados, o vestuário um padrão global veiculado em filmes e novelas, o consumo de bens duráveis ou não como um valor de sucesso que confere respeito e credibilidade, e a habitação um padrão condominial , onde todos iguais convivem isolados da periferia em locais assépticos e higiênicos, garantidos por forte aparato de segurança privada.
Ao final chegamos ao controle da violência, que é segurança das pessoas por empresas de segurança privada e seus recursos tecnológicos. que visam garantir a segurança contra um bando de bárbaros, bando esse que nada mais é que a maioria da população. População que sofre toda essa violência citada acima, toda essa opressão e ainda é taxada de violenta quando se manifesta contra a verdadeira violência dos tempos atuais, que é a hegemonia e a profiferação do capital turbinado e todas as suas formas de expressão, por pessoas por serviços e por corporações.
A propósito, a violenta mídia privada brasileira pede, constantemente, que os manifestantes façam protestos de forma pacífica.
Grupo com cerca de cem manifestantes realiza ato na
avenida Paulista, em São Paulo, contra o governo de Geraldo Alckmin,
envolvido em escândalo de corrupção com as empresas estatais CPTM e
Metrô. Uma edição da revista Veja, com os black blocs na capa, foi
queimada, na noite desta terça-
Fonte: BOL